terça-feira, 9 de julho de 2013

Cruzeiro pela Antártida no barco de Amyr Klink

Quantas vezes você já teve vontade de ser meio Amyr Klink? Digo: sair pelo mundo em um veleiro e se aventurar por mares inóspitos, desbravar continentes gelados, esbarrar em focas, pinguins e baleias e enfrentar os humores do oceano – mesmo que seja para constar no currículo como medalha de bravura? E, olhe, nem estou falando em dar a volta completa no continente antártico. É só para se sentir, assim, um destemido aventureiro e ter o gostinho de contar para os amigos e futuros netos que esteve lá, quase no fim do mundo.
Amyr Klink deve conhecer bem essa inveja (boa) que suas viagens despertam. Tanto que se uniu à operadora Latitudes (latitudes.com.br) para oferecer um pouco dessa emoção. A partir de janeiro, seu barco Paratii 2 começa a fazer viagens à Antártida com até oito passageiros a bordo (em setembro, o “teste operacional” começa com curtos passeios pela costa brasileira).
Uma experiência muito diferente da que é oferecida hoje pelos cruzeiros tradicionais, com muito mais passageiros e sem o apelo de ser o barco do próprio Amyr. O velejador não deverá acompanhar as viagens – embora tenha ficado tentado quando começou a falar do roteiro para os jornalistas. Mas todo o planejamento, expertise e rota de navegação é dele e sua equipe estará a bordo – tem até médico que é exímio cozinheiro.
A intenção é fazer a viagem quatro vezes por ano, com duração de 15 dias cada – sendo 12 somente em território antártico, número superior ao dos pacotes tradicionais. Para isso, o itinerário vai pular uma parte turbulenta e conturbada: o mar de ondas gigantes do Estreito de Drake. Quem fizer questão de encarar o Drake terá a chance, sim, na primeira e na última viagens de cada temporada.
Os demais seguirão pelo ar do Brasil a Punta Arenas e, de lá, em voo fretado até King George Island, uma das ilhas do arquipélago das Shetland Islands. Ali se dará o encontro com o Paratii 2, que foi reformado para ganhar o terceiro banheiro e acomodar melhor os hóspedes em cinco camarotes.
Hospedagem.Não há luxo, mas conforto, o que já é muito frente a algumas embarcações que operam na Antártida. E, devido às características do veleiro, como o calado mais baixo, será possível navegar por lugares em que os outros não chegam – os navios se comunicam para que evitem se cruzar e, assim, deem aos cerca de 15 mil turistas anuais a sensação de estarem sós no mundo, o que o Paratii 2 faz sem precisar de arranjo prévio. O barco tem outras vantagens, assegura Klink: pode encalhar e desencalhar sem problemas, o que permite navegar em locais rasos, compete em velocidade com os grandes e dispensa âncoras. Ah, e ele garante que não balança como os outros.
O Paratii 2 acomodaria até 20 passageiros, diz o velejador, mas a ideia é realmente fazer uma viagem para poucos e bons – que vão pagar, em média, US$ 25 mil cada. “Queremos um turismo em que você é o protagonista e não simples passageiro. Que tenha experiências autênticas, contato com a natureza e conexão com a cultura local”, conta ele, que já foi avesso ao turismo na Antártida.
Na solidão do continente branco, o encontro consigo próprio, com os animais, as belezas naturais e as pessoas é onde reside a graça da viagem, garante ele. “Adquiri esse vírus há 27 anos, quando viajei para lá a primeira vez e, sem querer, acabo contaminando os outros.” Um mal que podemos chamar de “quero ser Amyr Klink”.
Aryane Cararo - O Estado de S.Paulo
SNB

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