domingo, 14 de julho de 2013

Israel pode agir contra o Irã antes dos EUA, diz primeiro-ministro

O Irã está se aproximando "cada vez mais" da produção de uma arma nuclear e Israel pode agir antes dos Estados Unidos, advertiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, neste domingo (14).
"Estão se aproximando cada vez mais da linha vermelha, embora ainda não a tenham atravessado", afirmou Netanyahu ao programa "Face the Nation", da rede CBS News.
Netanyahu explicou que Israel tem um calendário mais curto do que Washington, o que implica a possibilidade de ações unilaterais para acabar com o polêmico programa nuclear iraniano.
"Nossos relógios estão marcando um ritmo diferente. Nós estamos mais perto deles que os Estados Unidos. Somos mais vulneráveis e, portanto, teremos que solucionar esta questão de como deter o Irã, talvez antes que os Estados Unidos o façam", disse.
Netanyahu afirmou que os iranianos estão construindo "centrífugas mais rápidas que os permitirão cruzar a linha a uma velocidade muito maior, isto é, dentro de algumas semanas".
Ele também se mostrou cético em relação à possibilidade de mudança de postura do novo presidente iraniano, o clérigo moderado e ex-negociador nuclear Hassan Rohani, que assumirá o poder em 3 de agosto.
"Ele critica seu antecessor (o presidente Mahmud Ahmadinejad) por ser um lobo e ter a pele de um lobo. Sua estratégia será a de um lobo com pele de cordeiro, sorrir e produzir uma bomba", afirmou Netanyahu.
O líder israelense pediu que os EUA deixem claro para Rohani que não permitirão que o Irã construa uma arma nuclear e que a força militar "esteja realmente sobre a mesa".
"Se as sanções não funcionarem, saibam que estamos preparados para realizar ações militares, é a única coisa em que prestarão atenção", afirmou.
O Ocidente defende que o Irã está desenvolvendo uma arma nuclear, enquanto Teerã insiste que seu programa tem fins totalmente pacíficos.
As sanções econômicas causaram o isolamento do país islâmico.
SNB

Brasil gasta só 8,9% do previsto com defesa cibernética

Maneira oficial mais direta de prevenir espionagens e ataques de hackers contra sistemas sensíveis do Estado, a política de defesa cibernética comandada pelo Exército Brasileiro ainda engatinha em termos orçamentários.
Mais que isso, como revela levantamento feito pela Folha nos detalhes de gastos dessas ações, o pouco dinheiro usado é direcionado para iniciativas sem relação direta com segurança de redes de informações estratégicas.
O objetivo da "Implantação do Sistema de Defesa Cibernética", que faz parte da Política Nacional de Defesa, é claro: contribuir "com o esforço governamental para garantir o funcionamento de setores essenciais ao desenvolvimento econômico e social do país de maneira contínua e confiável".
Neste ano, R$ 90 milhões foram reservados para a missão --menos que os R$ 100 milhões citados pelo ministro Celso Amorim (Defesa) em depoimento no Congresso nesta semana, após a revelação de que o Brasil é um dos principais alvos do esquema de espionagem americano delatado pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden.
No entanto, até a última quarta-feira, apenas R$ 8 milhões (8,9%) tinham sido usados --no jargão orçamentário, "empenhados", ou seja, dinheiro garantido para fornecedores.
Quase a metade desse valor foi destinada para a compra de jipes militares e cabines para a instalação de estações de comunicação. O edital da licitação deixa claro que o objetivo central da compra é o uso em combate ou situações de tensão social.
O mecanismo permite a transmissão de imagens e acesso à internet mesmo longe de centros urbanos. Mas não tem qualquer relação direta com prevenção de ataques de hackers ou espionagem de fluxo de dados.
Outros R$ 282 mil foram gastos em equipamentos e acessórios para garantir a segurança do prédio do Centro de Inteligência do Exército, em Brasília. Na lista, adesivos para carros, cartões magnéticos, cancelas e catracas.
Uma das funções do Sistema de Defesa Cibernética é estimular a capacitação de profissionais --no caso, militares-- na área. No entanto, esse tipo de iniciativa também está em baixa.
Neste ano, apenas três militares, segundo o detalhamento da execução orçamentária, foram custeados pela rubrica para se aperfeiçoarem no exterior.
Um deles foi o general José Carlos dos Santos, comandante do Centro de Defesa Cibernética do Exército.
Acompanhado de um tenente-coronel, passou uma semana no Reino Unido, conhecendo as instalações de uma unidade semelhante do Ministério da Defesa local.
O valor gasto com as passagens desses militares foi de R$ 21,4 mil, inferior aos R$ 26,4 mil gastos pelo Exército com um serviço de bufê para atender aos participantes do Seminário de Inteligência Cibernética, realizado em Brasília.
Somente o deslocamento de ida e volta do general consumiu R$ 13,7 mil --ele viajou em classe executiva, conforme norma do Exército para oficiais de sua patente.
OUTRO LADO
O Comando do Exército defendeu, em nota, o uso feito dos recursos destinados neste ano à implantação do Sistema de Defesa Cibernética.
No caso da compra dos jipes e cabines, por exemplo, o Exército afirma que essas unidades móveis de comunicação "atuarão em rede" e que, portanto, estão englobadas no propósito da estratégia cibernética, que prevê "atuação em rede e a defesa dessas redes contra ataques".
Em relação à proteção da portaria do Centro de Inteligência do Exército, o argumento é parecido: o projeto de defesa cibernética prevê atuação na área de "inteligência".
Como o centro de inteligência tem "sistemas delicados", inclusive na área cibernética, a segurança dessas instalações é necessária.
Sobre o dinheiro investido em capacitações, o Exército destaca cursos e outros eventos realizados em território nacional, além de idas a diversos países --mas ao longo dos últimos anos, e não somente em 2013.
Entre os países visitados, conforme o Exército, estão Estados Unidos, Índia, Suécia, Turquia, Argentina, Colômbia e Chile.
Em nota divulgada após a publicação da reportagem, o assessor especial de comunicação do Ministério da Defesa afirma que "o fato de, até o momento, ter havido o empenho de apenas parte desse valor não significa que os recursos não serão desembolsados ao longo deste exercício financeiro" e que "o orçamento da área cibernética tem histórico de execução que registra uma concentração de empenho dos recursos no segundo semestre do ano".
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Leia a íntegra da nota:
"A propósito da matéria publicada nesta Folha na edição de hoje, 14/07, com o título 'Brasil gasta só 8,9% do previsto com defesa cibernética', esclareço:
A Lei Orçamentária Anual (LOA) prevê investimentos de R$ 90 milhões para as ações da defesa cibernética em 2013. O fato de, até o momento, ter havido o empenho de apenas parte desse valor não significa que os recursos não serão desembolsados ao longo deste exercício financeiro. O orçamento da área cibernética tem histórico de execução que registra uma concentração de empenho dos recursos no segundo semestre do ano. Há projetos e contratações em curso no âmbito da defesa cibernética este ano que permitem a execução integral do montante financeiro previsto na LOA. A previsão de recursos inserida na LOA também não impede eventual destinação de crédito adicional para a área, como ocorreu no ano passado em razão da conferência Rio+20.
Luiz Gustavo Rabelo
Assessor Especial de Comunicação Social do Ministério da Defesa"
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
FOLHA... SNB

HUMILHADO, ELE SE CALOU

Assim como se queixa de ter sido "humilhado", porque, sob suspeita de dar fuga a um procurado pelo governo dos Estados Unidos, seu avião foi impedido de sobrevoar o espaço aéreo de países europeus, o cocaleiro presidente da Bolívia, Evo Morales, impôs uma humilhação ultrajante ao nanoministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, no final de 2012, em episódio mantido em segredo pelo governo brasileiro até agora. Amorim visitara La Paz e se preparava para decolar quando seu avião foi cercado e revistado, inclusive com cães farejadores, a mando do cocaleiro, desconfiado que o ex-chanceler do governo Lula levava um senador de oposição asilado na embaixada do Brasil. A informação é de diplomatas e funcionários que não podem ser identificados, em razão de represálias. A humilhação ao Brasil foi ainda maior, considerando que o ministro era transportado por um avião da FAB.
Esta semana, Morales exigiu e obteve a solidariedade dos parceiros do Mercosul, mas ele se comporta exatamente como seus supostos detratores, mantendo cerco em La Paz à versão boliviana do ex-agente americano Edward Snowden. O senador oposicionista Roger Pinto Molina se viu obrigado a pedir asilo político à embaixada do Brasil em La Paz, onde se encontra há mais de um ano. Ele quer deixar a Bolívia, porque teme até ser assassinado, mas Morales se recusa a conceder-lhe salvo conduto, para sair da embaixada em segurança até sair do país.O governo brasileiro novamente se acovardou, diante da agressão ao ministro da Defesa, e apenas emitiu na ocasião uma "nota de protesto" que permaneceu secreta, ou seja, apenas foi lida pelo destinatário - que, claro, a ignorou.
Além do senador Moloina, há muitos bolivianos asilados, tentando se proteger da perseguição de Evo Moraes. Inclusive um candidato à presidência e também magistrados que ousaram prolatar sentenças contra o governo do cocaleiro,  tiveram de se asilar para não morrerem.
Habeas corpus extraterritorial
O jurista Fernando Tiburcio Pena, que defende o senador Roger Pinto Molina, impetrou um "habeas corpus extraterritorial", junto ao Supremo Tribunal Federal. Trata-se do primeiro caso do gênero no Brasil, segundo explica o advogado, que usa como precedente uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que entendeu cabível o direito de habeas corpus a um prisioneiro em Guantánamo. O habeas corpus deve ser julgado em agosto no plenário do STF. O objetivo da medida é obrigar o governo brasileiro a colocar à disposição do senador um veículo diplomático, para que ele possa deixar o território boliviano sob a jurisdição do Brasil durante todo o percurso. Veículo diplomático é protegido pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e, em razão disso, o senador não poderá ser removido à força do carro. Mas a Bolívia de Evo Morales não costuma respeitar regras e tratados internacionais, nem muito menos os mais elementares princípios democráticos.

Repórter: Documentos do Snowden poderia ser "Worst Nightmare 'EUA

RIA Novosti) - A jornalista que foi o primeiro a publicar documento secreto vazado por Edward Snowden, disse no sábado o contratante fugitivo de inteligência dos EUA controla as informações que poderiam tornar-se "pior pesadelo" do governo dos EUA se revelou.
Em entrevista ao jornal argentino La Nación, feita durante sua visita ao Rio de Janeiro, jornalista do Guardian Glenn Greenwald disse Snowden tem informações mais prejudicial armazenados em diferentes partes do mundo.
"Snowden tem informação suficiente para causar mais danos ao governo dos EUA em um único minuto do que qualquer outra pessoa já teve", Greenwald foi citado pela Reuters.
"O governo dos EUA deve ser de joelhos todos os dias pedindo que nada acontecerá com Snowden, porque se algo acontecer com ele, todas as informações serão reveladas e que poderia ser o seu pior pesadelo", disse ele.
Snowden, que é procurado por Washington sob a acusação de espionagem e roubo de propriedade depois que ele vazou detalhes de programas secretos de vigilância do Estado, foi escondido numa zona de trânsito no aeroporto de Moscovodesde a sua chegada em 23 de junho de vôo a partir de Hong Kong.
Durante uma reunião com uma dúzia de proeminentes advogados russos e ativistas de direitos no aeroporto na sexta-feira, Snowden anunciou planos para pedir asilo temporário na Rússia na esperança de arranjar uma eventual passagem segura para a América Latina.
SNB

Topol-M prepara-se para lançamento


Jornalistas e cadetes futuros foram mostrados um direito lançador Topol-M após exames de entrada para a Academia das Forças de Mísseis Estratégicos da Rússia (SMF). Assista a um vídeo RIA Novosti, mostrando a preparação do míssil balístico para o lançamento.
O míssil Topol-M, com um alcance de cerca de 7.000 milhas (11.000 km), é dito ser imune a qualquer defesa de mísseis anti-balísticos atual e planejada dos EUA. Ele é capaz de fazer manobras evasivas para evitar uma matança usando o terminal fase interceptores, e carrega segmentação contramedidas e chamarizes.
O SMF são susceptíveis de ser equipado com mais de 170 Topol-Ms (baseado em silos e móvel) em 2020.
RIA Novosti
SNB

Brasil exigirá respeito à privacidade na rede

U AIKO OTTA, EDUARDO RODRIGUES / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O governo brasileiro não tinha uma política unificada para a internet, disse ao Estado o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Vários órgãos cuidam de aspectos específicos da rede, mas a denúncia de espionagem de telefonemas e transmissão de dados de empresas e de pessoas do Brasil pelos EUA mostrou a necessidade de maior articulação.
Agora, a reação do governo segue três frentes: levantar na Organização das Nações Unidas uma discussão sobre a governança da rede mundial de computadores, investir mais em infraestrutura de rede no País e garantir o livre uso da internet com respeito à liberdade individual.
Nessa última área, técnicos analisam com lupa as políticas de privacidade de sites como Facebook e Google para ver se as autorizações contidas nelas estão ou não de acordo com a legislação brasileira. O governo também quer obrigar esses sites a manter cópias de dados no Brasil. A seguir, os principais trechos da entrevista com o ministro das Comunicações.
A revelação da rede de espionagem vai mudar a internet?
Estamos verificando que essas denúncias representam uma grave ameaça a essa imagem que a internet tem, de ambiente livre e democrático, onde você pode exercer o seu direito de escolha. Ao se manter essa tendência de controlar tudo e saber tudo o que as pessoas estão fazendo - até mesmo o conteúdo do seu e-mail -, nós podemos ter uma reversão e as pessoas vão começar a se policiar, se autocensurar. Teremos, com isso, uma situação não de liberdade, mas de autocensura. Isso é inaceitável.
O que fazer?
Isso não vai ser resolvido no Brasil. O problema é que a internet tem regras de governança exclusivamente ditadas pelos EUA, por meio de uma entidade privada ligada ao Departamento do Comércio. Temos defendido que é preciso ter governança multilateral e multissetorial. Países e sociedades têm que estar representados. Mas os EUA resistem muito e barram qualquer tentativa de discussão em fóruns internacionais.
Parece que há uma discussão difícil pela frente. Como conciliar liberdade e segurança?
Não sou contra ter segurança na internet, assim como você faz vigilância em aeroportos, em fronteiras. Mas você não faz isso devassando a vida das pessoas. Várias pessoas falam: "Se você está na internet, você está em um ambiente público". Uma coisa é você compartilhar aquilo que você faz em ambiente público na internet. Outra, que não é normal, é que alguém leia seus e-mails. Essa separação entre a vida pública e a vida privada tem de ser feita também na internet. Uma coisa é ter segurança para todos, outra coisa é permitir que se faça uma devassa na vida pública. Até porque tem uma parte dessa espionagem que se torna bisbilhotice.
O senhor esteve com o embaixador dos EUA, Thomas Shannon. Eles estão mostrando disposição em cooperar ou estão reticentes?
As duas coisas. Na conversa, o embaixador deu elementos para concluirmos que eles não estão negando que aconteça (a espionagem). Há uma coleta de informações no nível de metadados, que são informações agregadas sobre telefonemas e e-mails. Há processamento desses metadados e, eventualmente, se entra de forma mais aprofundada nessas informações. Ora, se ele pode ver os metadados e depois, se precisar, ver a gravação, tem de ter a gravação de tudo. Se vai ver o conteúdo do e-mail, é porque tem cópia.
Como relativizar o domínio dos EUA na rede?
O nível de concentração de empresas americanas de internet é colossal. Além disso, como os datacenters são todos quase que invariavelmente situados nos EUA, você está sempre se comunicando com servidores americanos. Criamos incentivos a datacenters no Brasil e tiramos todos os impostos para a compra de equipamentos. Mas eu acho que vamos ter de obrigá-los a armazenar os dados aqui.
Por quê?
Por um motivo também de soberania nacional. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) esteve investigando um caso de lavagem de dinheiro e pediu para o Google cópias de um e-mail, mas não conseguiu porque os dados ficam guardados nos EUA. Com essas denúncias, vimos que lá eles entregam tudo. Aqui, alegam que não podem entregar. O ideal seria a empresa manter o registro aqui, para que os dados estejam disponíveis se a Justiça brasileira pedir. Isso não estava originalmente no marco civil da internet, mas agora estamos discutindo essa inclusão.
O governo discute também um anteprojeto de lei sobre segurança de dados. O que vai propor?
Mesmo antes de as denúncias de espionagem atingirem o Brasil, eu já tinha enviado ao ministro (da Justiça, José Eduardo) Cardozo a minha avaliação de que nós precisaríamos acelerar o aperfeiçoamento da legislação. Essa lei trata de armazenamento e proteção de dados pessoais. Deve estar pronta entre 10 e 15 dias e deve ser enviada ao Congresso no segundo semestre. É um texto mais abrangente que abarca também os dados eletrônicos.
Os sites têm políticas de privacidade com as quais é preciso concordar para ter acesso aos serviços. Então, eles têm autorização para compartilhar dados, não?
A maioria das pessoas nem lê direito aquilo, mas sabe que alguém ganha dinheiro com os dados. Ali, está sendo dada uma autorização às empresas (para ter acesso aos dados), mas não acredito que as pessoas pensem que o conteúdo dos e-mails será lido, ou pior, que será entregue a uma agência de segurança dos EUA. Também duvido que a legislação brasileira considere que a autorização de pegar dados também sirva para fornecê-los a terceiros. É uma coisa a se pensar, em se fazer uma legislação que fale: "Olha, não é válida uma autorização que seja tão ampla que possa se voltar contra os direitos dos usuários". Estamos avaliando se as cláusulas estão de acordo com a norma brasileira.
Quando o sr. fala que a sociedade civil deveria participar da governança da internet, o que tem em mente?
No Brasil, temos o Comitê Gestor da Internet, no qual o governo tem assento, mas é minoria. Talvez pudesse ser algo desse tipo. A verdade é que o organismo americano é muito fechado. Ele tem um conselho consultivo, que acata se quiser.
Há chances de os europeus
apoiarem a iniciativa do Brasil de
tornar o controle da internet algo
multilateral?
Acho que sim. Em Dubai (conferência da União Internacional de Telecomunicações, em dezembro de 2012), a Europa se dividiu. Vários países votaram com a nossa proposta (de criar um organismo multilateral para a internet), mas houve pressão e alguns recuaram. Acho que esses acontecimentos podem ensejar uma mudança de opinião. Com certeza, o que ocorre aqui no Brasil, com a opinião pública pressionando, está ocorrendo na Europa.
No geral, como o governo pretende agir nesse caso da espionagem?
Posso definir três eixos do que o governo brasileiro quer fazer. Um é investimento em infraestrutura para ter mais acesso e mais qualidade na internet. O segundo eixo é garantir o livre uso da internet com direito à liberdade individual, com a ressalva de que tem de ter segurança institucional. Outra coisa é reformar a governança internacional, porque além de tratar da questão da espionagem, isso é capaz de baratear e tornar mais rápida a nossa internet.
Como isso ocorreria?
Hoje, os computadores centrais da internet são todos no Hemisfério Norte: dez nos EUA, dois na Europa e um no Japão. Cada clique que damos demora alguns milissegundos para ter uma resposta, porque a informação vai e volta. Sem contar que a internet não é de graça. O Brasil paga, no trânsito de informações com os EUA, cerca de US$ 650 milhões.
Quanto seria possível economizar?
Se tivéssemos um servidor raiz aqui, com certeza reduziria para um terço.
O governo dos EUA ofereceu a vinda de técnicos para cá, mas o governo brasileiro ainda avalia se é o caso. Por quê?
Nós vamos discutir o que com esses técnicos? Vem um cara da NSA (Agência de Segurança Nacional, na sigla em inglês) explicar como funciona o sistema deles? Não estamos interessados. Se querem fazer uma comissão de alto nível para discutir problemas da internet, aí sim, é outro assunto.
Mesmo se propuserem cooperação como a que têm com países europeus, em que o próprio governo captura dados e compartilha?
Com certeza não, porque a sociedade brasileira não concordaria. Cooperação tecnológica, com certeza. Brincar de Big Brother, não dá.
O governo criou um grupo de trabalho para discutir a espionagem. Houve algum avanço?
Vamos mandar outro relatório para a Presidência da República e Itamaraty. Nossa expectativa é a de que isso ajude a subsidiar um novo pedido de explicações. E, com certeza, vamos desdobrar isso em uma discussão em organismos internacionais. A verdade é que o governo não tinha uma política unificada. Vários ministérios incidem sobre essa questão da internet, mas não temos uma política consolidada e é o momento de termos isso, de estabelecer como o governo responde a situações como essa.
É intenção buscar algum tipo de censura aos EUA pelos organismos internacionais?
Não. O que tenho notado que a presidente quer fazer é definir a posição do Brasil e propor à ONU o que achamos que deveria ser feito.
SNB

sábado, 13 de julho de 2013

As regras para o pré-sal

Estado de S.Paulo
Só oito anos depois de encontrados os primeiros indícios de existência de petróleo na camada de pré-sal da Bacia de Santos e seis anos depois de concluídas as análises que indicaram volumes recuperáveis entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo e de gás natural, o governo está conseguindo apresentar à consulta pública as regras para a exploração do óleo dessa área. E agora cobra de todos a pressa que nunca teve. Pior: às regras leoninas - por causa da esmagadora participação do Estado - do regime de partilha que será aplicado à exploração do pré-sal, a minuta do edital do leilão da área de Libra, marcado para 21 de outubro, acrescenta outras que reduzem ainda mais o campo de atuação do capital privado. Ainda assim, a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, acredita que o leilão atrairá muitas empresas. O País torce para que ela esteja certa.
Os interessados disporão apenas de dez dias corridos para analisar o pré-edital colocado em consulta pública pela ANP desde quarta-feira (10/7) e apresentar as sugestões de alterações. É muito pouco tempo para isso. De acordo com o cronograma da ANP, a versão final do edital deverá ser publicada em 23 de agosto. Dessa data até 9 de setembro, as empresas interessadas deverão apresentar a documentação que as habilitará a participar do leilão em outubro.
O prazo não é curto apenas na fase que antecede o leilão. Poderá ser também para as etapas seguintes, a serem cumpridas ao longo dos 35 anos do contrato. O edital prevê quatro anos para a fase de exploração e cinco para a de desenvolvimento do projeto. Restam, na melhor das hipóteses, 26 anos para a efetiva produção de petróleo. Se houver atrasos nas etapas anteriores, o que não é raro em projetos desse porte, menor será o tempo de produção, ou seja, menor será o prazo de que os investidores privados terão para recuperar seu investimento e auferir o lucro esperado e legítimo. Não haverá a possibilidade de prorrogação do contrato.
Além do prazo relativamente curto para o retorno do investimento, o que também deverá comprimir os resultados do projeto para os investidores é a participação mínima de 75% do governo nas receitas da produção de Libra, que tem reservas estimadas entre 8 bilhões e 12 bilhões de barris de petróleo. Essa fatia inclui os R$ 15 bilhões a título de bônus de assinatura a serem pagos pela empresa ou consórcio que vencer o leilão, os tributos decorrentes da atividade (Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e o excedente em óleo que será entregue à União, no porcentual mínimo de 41,65%.
A oferta de excedente em óleo para a União é o critério que definirá o vencedor do leilão. A fatia mínima foi fixada tendo como base o preço do barril de petróleo entre US$ 100,01 e US$ 120. O porcentual a ser entregue para a União variará de acordo com o preço do óleo e com a produtividade dos poços. Esta é uma das novidades do pré-edital.
O governo e a Petrobrás - com participação mínima de 30% no consórcio já assegurada na legislação do pré-sal - terão poder nas principais decisões do consórcio, como investimentos, locais a serem perfurados e número de plataformas. Por meio da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), o governo disporá de 50% dos votos do comitê técnico, com poder de veto. A Petrobrás terá no mínimo 15%.
Sobram 35% dos votos para os sócios privados. Estes "não poderão decidir nada", observou para o Estado o geólogo e consultor de petróleo John Forman. Que farão os investidores se, em determinado momento, o governo decidir contratar plataformas no Brasil, mesmo sendo mais caras e não atendendo inteiramente às especificações e exigências técnicas? Outro ponto apontado como problemático para os investidores é a limitação da retirada, pelo consórcio, a no máximo 50% das receitas nos primeiros dois anos de produção; depois, o limite baixará para 30%.
Há, entre os analistas, o temor de que as regras anunciadas não assegurem a remuneração do investimento no prazo de duração do contrato.
SNB

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Brasil o segundo maior da União Insta Mantega parar Entre Protesto

Segunda maior central sindical do Brasil pediu o ministro da Fazenda , Guido Mantega, a demitir-se como trabalhadores tomaram hoje as ruas para exigir a redução da semana de trabalho e mais investimentos em saúde e educação.
"Mantega perdeu o direito de dirigir a economia, porque ele não tem mais nenhuma credibilidade", Paulo Pereira da Silva, o presidente da federação sindical Forca Sindical, disse por telefone de São Paulo. "O mercado, os empresários, os trabalhadores - ninguém acredita nele."
Silva disse que a presidente Dilma Rousseff também precisa substituir governador do banco central Alexandre Tombini, que ontem elevou a taxa básica de juros pela terceira reunião consecutiva em uma tentativa de diminuir a inflação cuecas que o limite superior de sua faixa-alvo.
O crescimento econômico no ano passado foi o mais lento desde o segundo maior mercado emergente do mundo contraiu em 2009, na sequência do colapso do Lehman Brothers Holdings, Inc. 's. Alta dos preços ao consumidor ameaçam desacelerar os gastos do consumidor e frustrar a recuperação econômica deste ano.
Fundo Monetário Internacional esta semana cortar previsão de crescimento do Brasil do produto interno bruto de 2,5 por cento em relação a sua estimativa de 3,4 por cento em abril. O credor previsões baseadas em Washington mercados emergentes irá expandir de 5 por cento em 2013.
Trabalhadores sindicalizados levantou sinais de fogo Mantega como eles também demonstrou hoje para reforma agrária e política. A agitação segue protestos em todo o país no mês passado por um fim à corrupção no governo e melhores serviços públicos.

Política econômica

Maior federação sindical do Brasil, conhecido como CUT, também participou dos protestos de hoje e criticou a política econômica do governo, enquanto parando de chamar para qualquer um de demissão. As manifestações eram menores que os protestos do mês passado, que atraiu mais de 1 milhão de pessoas.
A estrada principal que conduz da cidade de São Paulo estava bloqueada por manifestantes 5000, com manifestações menores, interrompendo o tráfego em toda a área da Grande São Paulo, de acordo com a página do Twitter da Polícia Militar. Rodovias em 13 outros estados foram bloqueados por protestos, com as maiores perturbações no Rio Grande do Sul, de acordo com O Globo site G1 's.
Demonstração também juntar de hoje foi o Movimento Fare gratuito, cujo protesto contra a 20 centavo (nove centavos) aumento da tarifa de ônibus em todo o país provocou protestos do mês passado.
Mais de 22 mil trabalhadores em 20 fábricas no Estado de São Paulo participaram da greve, parando a produção na General Motors Co. (GM) , Embraer SA (EMBR3) , Avibras Indústria Aeroespacial e TI Automotive Ltd., Shirley Rodrigues, porta-voz do Sindicato dos Metalúrgicos , disse por telefone.
Para contatar o repórter nesta história: Anna Edgerton em Brasília
.bloomberg.com
SNB

Apostas empresário russo no EUA Companhia de Rent-a-satélite

(RIA Novosti) - investidor russo e Internet empresário Dmitry Grishin investiu US $ 300.000 em uma nova fabricação de satélites de pesquisa inovadores da empresa para uso por particulares, o site de notícias de tecnologia The Verge, disse .
NanoSatisfi com sede na Califórnia vai lançar o seu primeiro "satélite cubo", descrito como "um vaso pequeno, padronizado que pode ser modificado com peças off-the-shelf e melhorado por uma comunidade de construtores de código aberto" 4 de agosto. O satélite estará disponível para alugar para pesquisa pessoal por US $ 250 por semana, The Verge informou quinta-feira.
NanoSatisfi levantou uma inicial 106,330 dólares de capital através da multidão popular, financiamento site " Kickstarter . "O sucesso do recurso atraiu mais US $ 1,2 milhões em financiamento de sementes, com Grishin de $ 300,000 sendo o mais recente investimento, de acordo com o The Verge.
Grishin, é o co-fundador e presidente do Grupo Mail.Ru, descrito no site da empresa como "a maior empresa de Internet no mundo de língua russa." Ele também é o único investidor no Grishin Robotics , um fundo de 25 milhões dólares dedicado para apoiar a robótica pessoais a nível mundial.
SNB

Rússia para oferecer serviços de pós-vendas para a Malásia Jet negócio - Ministro

RIA Novosti) - A Rússia está interessada em adicionar manutenção pós-venda e treinamento para futuros contratos de armas com a Malásia, ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse quinta-feira, em uma aparente tentativa de dar à Rússia uma vantagem competitiva em um próximo concurso jato de combate .
"Estamos interessados ​​em continuar a cooperação militar [com a Malásia], e não apenas sob a forma de entrega de armas, que tivemos muito poucos antes, mas também no fornecimento de pós-venda de manutenção do equipamento vendido eo treinamento da Malásia pessoal para operar este equipamento ", disse Lavrov em entrevista coletiva conjunta com o seu homólogo da Malásia, Anifah Aman.
Rússia entregou 18 caças MiG-29A para a Malásia em 1994-1995, seguido de 18 Su-30 MKM lutadores em 2009. Ele também vendeu Malásia 12 Mi-171Sh helicópteros de transporte militar.
Oferta de manutenção e treinamento de Lavrov pode ter vindo em resposta a problemas anteriores vividas pela Real Força Aérea da Malásia em manter sua frota de MiG-29 operacional.
"A Malásia comprou os MiG-29 a um preço relativamente baixo, mas mais tarde o RMAF teve de lidar com maiores gastos em reposição de peças e manutenção", ex-ministro da Defesa, Dr. Ahmad Zahid Hamidi, disse em 2010, quando questionado sobre o desempenho da aeronave , a Estrela site de notícias on-line local relatou.Executivos MiG culpou os problemas de confiabilidade na compra de partes da Ucrânia e da Índia, em vez de pelo fornecedor inicial da Malásia, segundo a revista Take-Off.
Rússia abriu um centro de assistência na Malásia, em 2012, e um centro de treinamento de pilotos em 2011, Lavrov disse.
Russa fabricante de aviões Sukhoi e do Ministério da Defesa da Malásia assinou um contrato de US $ 100 milhões este ano para a manutenção da frota de caças Su-30MKM da Malásia, funcionários da indústria de defesa da Rússia disse anteriormente.
A Malásia tem recentemente seleccionados cinco fabricantes em um concurso para 18 aviões de combate para entrega em 2015 para substituir o envelhecimento de fabricação russa MiG-29.
O russo Su-30MKM é um candidato, juntamente com a Grã-Bretanha promoveu Eurofighter Typhoon, o sueco Saab JAS-39 Gripen, Dassault Aviation Rafale da França, e da Boeing F/A-18E/F Super Hornet.
SNB

Commandos Disarm "terroristas" durante Kobalt-2013 Exercício


A-2013 Kobalt exercício, em curso na região de Rostov, no sul da Rússia, envolve armas e táticas especiais (SWAT), unidades do Coletivo Força de Reacção Rápida da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC). Soldados dos seis países CSTO estão melhorando suas habilidades interoperabilidade.
SNB
RIA Novosti

EUA acusa a Rússia de dar "Plataforma Propaganda 'Snowden

RIA Novosti) - A Casa Branca nesta sexta-feira criticou a Rússia por fornecer uma "plataforma de propaganda" para o anúncio fugitivo de inteligência dos EUA contratante Edward Snowden que ele iria pedir asilo na Rússia, dizendo que o presidente dos EUA, Barack Obama e Vladimir Putin trataria o impasse no final do dia.
"Proporcionar uma plataforma de propaganda para o Sr. Snowden contraria declarações anteriores do governo russo de neutralidade da Rússia e que eles não têm controle sobre sua presença no aeroporto," voz da Casa Branca Jay Carney disse em entrevista coletiva.
Carney disse que o telefonema planejado entre Obama e Putin "tem sido nos livros por vários dias", e que Obama iria resolver o impasse sobre Snowden, que se reuniu com advogados russos e ativistas de direitos em uma zona de trânsito no aeroporto de Moscovo na sexta-feira para discutir sua oferta de asilo na Rússia, na esperança de eventual passagem segura para a América Latina.
"Ele vai ter essa conversa", disse Carney.
Pró-Kremlin parlamentar Vyacheslav Nikonov disse a repórteres no aeroporto que Snowden está disposto a aderir a uma condição previamente declarado pelo Kremlin que ele pudesse permanecer na Rússia, se ele promete parar o trabalho visa "prejudicar os nossos parceiros americanos."
Carney disse a repórteres sexta-feira que o anúncio de Snowden mina "garantias russas de que eles não querem que o Sr. Snowden a mais danos interesses dos Estados Unidos", embora tenha acrescentado que a posição dos EUA "é que não acreditamos que este deveria, e nós não queremos fazer mal à nossa importante relação com a Rússia. "
"Nós continuamos a discutir com a Rússia a nossa visão fortemente considerou que existe justificação legal absoluta para ele ser expulso, por ele ser devolvidos aos Estados Unidos para enfrentar as acusações que foram feitas contra ele para o vazamento não autorizada de informação classificada, "Carney disse.
Fotos e filmagens de vídeo da reunião de Snowden com advogados e ativistas de direitos sexta-feira foram publicadas pelos meios de comunicação internacionais, tornando-se primeiro vislumbre do público sobre o fugitivo desde que ele chegou em Sheremetyevo em um 23 de junho de vôo de Hong Kong.
Snowden é procurado por Washington sob a acusação de espionagem e roubo de propriedade depois que ele vazou detalhes de programas secretos de vigilância do Estado, e os Estados Unidos tem pressionado repetidamente Rússia para ajudar a facilitar o seu retorno por expulsá-lo do aeroporto.
As autoridades russas, no entanto, têm afirmado repetidamente que ele está fora de seu alcance, porque ele não deixou a área de trânsito e formalmente atravessou o território russo.
Departamento de Estado dos EUA porta-voz Jen Psaki em entrevista coletiva sexta-feira que os Estados Unidos estão "decepcionados que a Rússia facilitado" reunião aeroporto de Snowden, permitindo que os advogados e ativistas de direitos para a zona de trânsito Sheremetyevo.
"Mr. Snowden, como já falei, não é uma denúncia, não um ativista de direitos humanos ", disse Psaki. "Ele é procurado por uma série de acusações criminais nos Estados Unidos."
Carney disse sexta-feira que os Estados Unidos continuam a fazer o seu caso com as autoridades em Moscou.
"Estamos trabalhando com os russos e deixaram claro aos russos nossos pontos de vista sobre o fato de que o Sr. Snowden foi acusado de crimes muito graves, e que ele deveria ser devolvido para os EUA, onde ele será concedido pleno devido processo legal e todo o direito à sua disposição como um cidadão dos Estados Unidos ", disse Carney.
Os Estados Unidos cancelou passaporte dos EUA de Snowden, mas disse que iria fornecer-lhe os documentos de viagem de um tempo para voltar para casa.
SNB

PARAQUEDISMO - Tecnologia auxilia juízes no Campeonato Brasileiro

Equipamentos eletrônicos usados pelos árbitros na 25ª edição do Campeonato Brasileiro de Paraquedismo das Forças Armadas medem o desempenho dos atletas durante saltos de precisão. Um deles é uma filmadora com lente capaz de aproximar o objeto em até 1.600 vezes. Chamada de canhão, a câmera registra todos os movimentos do paraquedista desde o salto do avião a 2.500 metros de altura. Os novos equipamentos aposentam antigos binóculos e lunetas que eram usados pelos árbitros para aferir os resultados durante as competições. Um dos destaques do campeonato é a equipe de salto livre Falcões, formada por militares da Força Aérea Brasileira (FAB). Os atletas da FAB disputam as modalidades de Formação em Queda Livre (FQL) e Precisão de Aterragem. Uma equipe de reportagem da  Agência Força Aérea acompanha o campeonato realizado em Resende, no Rio de Janeiro. Veja.

Fonte: Agência Força Aérea
SNB

Mark Weisbrot: A razão para o Brasil acolher Snowden

revelação de que o Brasil foi o maior alvo da espionagem cometida pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) no hemisfério fora a população do próprio país não deve constituir surpresa. Para o establishment da política externa norte-americana, o Brasil é simplesmente mais um sul-americano com governo de esquerda que ele não quer --apenas maior.
É verdade que o NSA vem espionando em grande escala os governos ainda mais legais e até servilmente obedientes da União Europeia --parte disso teria sido feito com finalidades comerciais. Mas os interesses de Washington no Brasil são diferentes, e ninguém deve se deixar enganar por gestos de cortesia como a visita de Estado que a presidente Dilma fará aos Estados Unidos em outubro.
Uma parte da elite brasileira quer acreditar que Washington vê o Brasil sob ótica diferente daquela com que enxerga seus vizinhos com governos de esquerda, como Argentina, Venezuela, Equador, Bolívia ou Uruguai, e que, se o Brasil se distanciasse desses países, receberia tratamento diferenciado.
É uma fantasia. Especialmente desde que Lula foi eleito, em 2002, e começou a seguir uma política externa independente, o Brasil vem sendo um obstáculo à estratégia americana de "voltar para trás", ao estilo da Guerra Fria Ðou seja, a restauração de sua supremacia no "quintal" dos Estados Unidos.
Embora em fóruns como a Organização Mundial do Comércio, os Estados Unidos tenham uma política comercial externa movida por interesses corporativos privados, suas relações exteriores como um todo são definidas principalmente pela meta de reforçar e preservar seu império.
Por essa razão, o mais importante objetivo de Washington é que todos os países se aliem à sua política externa.
Nos anos recentes, os EUA apoiaram a derrubada de governos democraticamente eleitos na Venezuela, o fizeram com sucesso em Honduras e no Paraguai e até mesmo no empobrecido Haiti, não devido a interesses comerciais, mas porque queriam ver instalados comandos alinhados com sua estratégia global para a região.
É animador ver senadores do PT e também de partidos oposicionistas pedindo que o Brasil conceda asilo a Edward Snowden, o heroico delator que forneceu essas informações vitais ao Brasil e ao mundo.
Como já declarou a Anistia Internacional, o governo norte-americano comete "violações evidentes dos direitos humanos" de Snowden ao procurar impedi-lo de buscar asilo. Venezuela, Bolívia e Nicarágua demonstraram princípios e coragem ao oferecer asilo a Snowden, e o Brasil deveria fazer o mesmo.
Nenhum desses países quer iniciar uma briga com os Estados Unidos, e se o Brasil unir-se a eles, o enfrentamento se tornará menos provável: os EUA recuaram rapidamentedas ameaças que fizeram à China e à Rússia depois de esses países ignorarem os pedidos de extradição feitos por Washington.Esperemos que o governo concretize seus planos de investigar a violação dos direitos de seus próprios cidadãos. Agora talvez também seja um bom momento para investigar os esforços feitos dentro do Brasil pelo governo americano, em 2005, para enfraquecer o Partido dos Trabalhadores --esforços revelados em documentos do governo americano edivulgados por este jornal.
O governo norte-americano comete toda essa espionagem ilegal para que possa utilizar contra seus adversários as informações que colhe. Esses "adversários" normalmente sãocidadãos comuns e suas organizações --tanto em casa quanto no exterior.
É positivo, também, o fato de Dilma ter expressado sua solidariedade à Bolívia no caso da ultrajante violação da soberania desse país cometida por potências europeias que, atuando como capangas de Washington, desviaram o avião do presidente Evo Morales.
A solidariedade entre os governos independentes na região é a única maneira de se preservar essa independência.
MARK WEISBROT,
FOLHA SNB 

Snowden se reúne com ativistas de direitos humanos em Moscou

O técnico de informática Edward Snowden, que informou sobre o esquema de espionagem a telefones e dados de internet feito pelos Estados Unidos, se reúne nesta sexta-feira com representantes de grupos de direitos humanos e advogados russos.
Snowden foi o responsável por revelar o esquema de monitoramento de dados de internet e de telefones feito pelos Estados Unidos a milhões de pessoas e dezenas de governos de todo o mundo. Ele está no aeroporto desde o dia 23 e teve o asilo diplomático aceito por Bolívia, Nicarágua e Venezuela.O evento foi convocado pelo delator através de uma carta enviada a organizações como Human Rights Watch, a Anistia Internacional e o Defensor do Povo russo. Eles foram levados à área de trânsito de Sheremetyevo, onde Snowden os esperava.
Segundo a agência de notícias Interfax, 13 pessoas também participam do encontro, que acontece em uma sala especial na área de trânsito do aeroporto russo. Mais cedo, o informante disse que fará uma declaração após a reunião.
Dentre os assuntos que deverão ser debatidos no encontro, estão as dificuldades impostas pelos Estados Unidos para que ele consiga asilo. Na carta, ele critica o país por fazer "uma perseguição maníaca aberta, a qual põe em perigo os passageiros dos voos que se dirigem a uma série de países latino-americanos".
Para ele, a pressão a diversos países para que não lhe concedam asilo viola a Declaração Universal de Direitos Humanos. "Nunca na história um grupo de países conspirou para pousar um avião presidencial para buscar um refugiado político", afirmou, em referência ao bloqueio à aeronave do presidente da Bolívia, Evo Morales.
SAÍDA
Ainda não há previsão de quando ele deixará a capital russa em direção a um dos países latinos que lhe deram asilo. Ele também deverá enfrentar dificuldades para seguir em um voo comercial, já que países europeus deverão bloquear o espaço aéreo caso haja suspeita de que ele passe por lá.
Na quinta (11), um desvio de rota do voo da Aeroflot que liga Moscou à Havana, única ligação da Rússia com a América Latina, fez com que dezenas de jornalistas fossem ao aeroporto José Martí, na capital cubana, à espera do delator.
O anúncio não foi feito por nenhum governo, mas a expectativa aumentou devido à publicação de um mapa pelo jornal "Washington Post" em que o avião russo voou mais ao sul, aparentemente para evitar o espaço aéreo americano. Pouco depois, o próprio jornal disse que o desvio se deveu ao mau tempo na Groenlândia.
Pouco após o início da reunião, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, voltou a dizer que a Rússia deixaria o delator ficar se não prejudicar a relação de Moscou com os Estados Unidos, uma condição que Snowden não aceita.
MONITORAMENTO
A revelação do esquema de espionagem causou uma crise diplomática entre os Estados Unidos e diversos parceiros estratégicos, como a Europa, o Japão e a Rússia. O monitoramento também recebeu fortes críticas de países latino-americanos, como o Brasil.
A América Latina ainda aumentou o tom contra os americanos após o avião de Evo Morales ser bloqueado na Europa quando ele voltava de Moscou, na semana passada. Devido ao incidente, que foi atribuído aos Estados Unidos por diversos países, Bolívia, Nicarágua e Venezuela anunciaram o asilo ao delator.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.
FOLHA ...SNB