sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mark Weisbrot: A razão para o Brasil acolher Snowden

revelação de que o Brasil foi o maior alvo da espionagem cometida pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) no hemisfério fora a população do próprio país não deve constituir surpresa. Para o establishment da política externa norte-americana, o Brasil é simplesmente mais um sul-americano com governo de esquerda que ele não quer --apenas maior.
É verdade que o NSA vem espionando em grande escala os governos ainda mais legais e até servilmente obedientes da União Europeia --parte disso teria sido feito com finalidades comerciais. Mas os interesses de Washington no Brasil são diferentes, e ninguém deve se deixar enganar por gestos de cortesia como a visita de Estado que a presidente Dilma fará aos Estados Unidos em outubro.
Uma parte da elite brasileira quer acreditar que Washington vê o Brasil sob ótica diferente daquela com que enxerga seus vizinhos com governos de esquerda, como Argentina, Venezuela, Equador, Bolívia ou Uruguai, e que, se o Brasil se distanciasse desses países, receberia tratamento diferenciado.
É uma fantasia. Especialmente desde que Lula foi eleito, em 2002, e começou a seguir uma política externa independente, o Brasil vem sendo um obstáculo à estratégia americana de "voltar para trás", ao estilo da Guerra Fria Ðou seja, a restauração de sua supremacia no "quintal" dos Estados Unidos.
Embora em fóruns como a Organização Mundial do Comércio, os Estados Unidos tenham uma política comercial externa movida por interesses corporativos privados, suas relações exteriores como um todo são definidas principalmente pela meta de reforçar e preservar seu império.
Por essa razão, o mais importante objetivo de Washington é que todos os países se aliem à sua política externa.
Nos anos recentes, os EUA apoiaram a derrubada de governos democraticamente eleitos na Venezuela, o fizeram com sucesso em Honduras e no Paraguai e até mesmo no empobrecido Haiti, não devido a interesses comerciais, mas porque queriam ver instalados comandos alinhados com sua estratégia global para a região.
É animador ver senadores do PT e também de partidos oposicionistas pedindo que o Brasil conceda asilo a Edward Snowden, o heroico delator que forneceu essas informações vitais ao Brasil e ao mundo.
Como já declarou a Anistia Internacional, o governo norte-americano comete "violações evidentes dos direitos humanos" de Snowden ao procurar impedi-lo de buscar asilo. Venezuela, Bolívia e Nicarágua demonstraram princípios e coragem ao oferecer asilo a Snowden, e o Brasil deveria fazer o mesmo.
Nenhum desses países quer iniciar uma briga com os Estados Unidos, e se o Brasil unir-se a eles, o enfrentamento se tornará menos provável: os EUA recuaram rapidamentedas ameaças que fizeram à China e à Rússia depois de esses países ignorarem os pedidos de extradição feitos por Washington.Esperemos que o governo concretize seus planos de investigar a violação dos direitos de seus próprios cidadãos. Agora talvez também seja um bom momento para investigar os esforços feitos dentro do Brasil pelo governo americano, em 2005, para enfraquecer o Partido dos Trabalhadores --esforços revelados em documentos do governo americano edivulgados por este jornal.
O governo norte-americano comete toda essa espionagem ilegal para que possa utilizar contra seus adversários as informações que colhe. Esses "adversários" normalmente sãocidadãos comuns e suas organizações --tanto em casa quanto no exterior.
É positivo, também, o fato de Dilma ter expressado sua solidariedade à Bolívia no caso da ultrajante violação da soberania desse país cometida por potências europeias que, atuando como capangas de Washington, desviaram o avião do presidente Evo Morales.
A solidariedade entre os governos independentes na região é a única maneira de se preservar essa independência.
MARK WEISBROT,
FOLHA SNB 

Snowden se reúne com ativistas de direitos humanos em Moscou

O técnico de informática Edward Snowden, que informou sobre o esquema de espionagem a telefones e dados de internet feito pelos Estados Unidos, se reúne nesta sexta-feira com representantes de grupos de direitos humanos e advogados russos.
Snowden foi o responsável por revelar o esquema de monitoramento de dados de internet e de telefones feito pelos Estados Unidos a milhões de pessoas e dezenas de governos de todo o mundo. Ele está no aeroporto desde o dia 23 e teve o asilo diplomático aceito por Bolívia, Nicarágua e Venezuela.O evento foi convocado pelo delator através de uma carta enviada a organizações como Human Rights Watch, a Anistia Internacional e o Defensor do Povo russo. Eles foram levados à área de trânsito de Sheremetyevo, onde Snowden os esperava.
Segundo a agência de notícias Interfax, 13 pessoas também participam do encontro, que acontece em uma sala especial na área de trânsito do aeroporto russo. Mais cedo, o informante disse que fará uma declaração após a reunião.
Dentre os assuntos que deverão ser debatidos no encontro, estão as dificuldades impostas pelos Estados Unidos para que ele consiga asilo. Na carta, ele critica o país por fazer "uma perseguição maníaca aberta, a qual põe em perigo os passageiros dos voos que se dirigem a uma série de países latino-americanos".
Para ele, a pressão a diversos países para que não lhe concedam asilo viola a Declaração Universal de Direitos Humanos. "Nunca na história um grupo de países conspirou para pousar um avião presidencial para buscar um refugiado político", afirmou, em referência ao bloqueio à aeronave do presidente da Bolívia, Evo Morales.
SAÍDA
Ainda não há previsão de quando ele deixará a capital russa em direção a um dos países latinos que lhe deram asilo. Ele também deverá enfrentar dificuldades para seguir em um voo comercial, já que países europeus deverão bloquear o espaço aéreo caso haja suspeita de que ele passe por lá.
Na quinta (11), um desvio de rota do voo da Aeroflot que liga Moscou à Havana, única ligação da Rússia com a América Latina, fez com que dezenas de jornalistas fossem ao aeroporto José Martí, na capital cubana, à espera do delator.
O anúncio não foi feito por nenhum governo, mas a expectativa aumentou devido à publicação de um mapa pelo jornal "Washington Post" em que o avião russo voou mais ao sul, aparentemente para evitar o espaço aéreo americano. Pouco depois, o próprio jornal disse que o desvio se deveu ao mau tempo na Groenlândia.
Pouco após o início da reunião, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, voltou a dizer que a Rússia deixaria o delator ficar se não prejudicar a relação de Moscou com os Estados Unidos, uma condição que Snowden não aceita.
MONITORAMENTO
A revelação do esquema de espionagem causou uma crise diplomática entre os Estados Unidos e diversos parceiros estratégicos, como a Europa, o Japão e a Rússia. O monitoramento também recebeu fortes críticas de países latino-americanos, como o Brasil.
A América Latina ainda aumentou o tom contra os americanos após o avião de Evo Morales ser bloqueado na Europa quando ele voltava de Moscou, na semana passada. Devido ao incidente, que foi atribuído aos Estados Unidos por diversos países, Bolívia, Nicarágua e Venezuela anunciaram o asilo ao delator.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.
FOLHA ...SNB

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Possibilidade de vazar informações do pré-sal preocupa, diz ministro

Felipe NériDo G1, em Brasília
O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou nesta quinta-feira (11) em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, que existe preocupação em caso de vazamento de informações sobre o pré-sal.
O ministro foi ao Senado para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de monitoramento pelos Estados Unidos no Brasil. No domingo, reportagem do jornal “O Globo” revelou que, na última década, pessoas residentes ou em trânsito no Brasil, assim como empresas instaladas no país, se tornaram alvos de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês) por telefonemas e e-mail.
“Temos preocupação enorme com a possibilidade de vazamento de informações estratégicas. As informações sobre as jazidas do pré-sal, embora a Petrobras tenha aparato com grande segurança”, afirmou. “Se colocar informação dessas na rede, tem grande possibilidade de isso ficar exposto, principalmente se mandar e-mail ou qualquer comunicação, com possibilidade de alguém interceptar.”
“Quando foi anunciado o pré-sal, isso foi discutido em reuniões internas com o presidente da República, foi discutido o que se faria”, afirmou.

Apesar de ter dito no início da audiência que "não há novidade" sobre a existência de casos de espionagem internacional, Bernardo negou que o governo tivesse conhecimento dos denunciados pela imprensa, incluindo uma suposta base de interceptação de dados em Brasília.   “Se houve funcionamento dessa base, foi coisa clandestina [...]. Não há acordo secreto dentro do aparato do estado”, declarou.O ministro também demonstrou preocupação com a necessidade de proteção contra esse tipo de incidente. “O fato de nós sabermos que existe esse tipo de monitoramento, captura de dados, essa ‘xeretagem’ de dados no plano internacional, não pode nos fazer concordar com isso, não podemos deixar de ficar indignados com fatos como esse. Temos que reconhecer a necessidade de os estados, de um modo geral, se protegerem de incidentes e até de guerras cibernéticas”, afirmou.
Nesta quarta, também em audiência no Senado, o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse haver “vulnerabilidade” nos sistemas de proteção cibernética no país. O ministro chegou a  afirmar que não usa e-mail para tratar de assuntos importantes. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, informou que o governo estuda levar as denúncias de espionagem para discussão em fóruns internacionais.
Ao longo da semana, o governo anunciou medidas para apurar as denúncias de espionagem no Brasil pelos Estados Unidos. Além de convocar o embaixador norte-americano em Brasília, Thomas Shannon, para prestar esclarecimentos sobre o caso, o Executivo anunciou a criação de um grupo técnico interministerial para realizar investigações, além da abertura de inquérito pela Polícia Federal. O caso também é investigado pela Anatel.
SNB

Perguntas para Snowden

COLUNISTA, WALTER, PINCUS, THE WASHINGTON POST, É COLUNISTA, WALTER, PINCUS, THE WASHINGTON POST - O Estado de S.Paulo
Edward Snowden decidiu sozinho procurar jornalistas e em seguida um emprego na unidade do Havaí da Booz Allen Hamilton como administrador de sistemas de tecnologia da informação (TI) para juntar documentos sigilosos sobre as atividades mundiais de vigilância da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês)? Snowden disse ao South China Post, em junho, que pegou o emprego no fim de março porque "garantia acesso a listas das máquinas espalhadas pelo mundo que a NSA invadia".
Ele trabalhou menos de três meses na Booz Allen, mas quando chegou a Hong Kong, em meados de maio, Snowden tinha quatro computadores com documentos da NSA.
Teria sido encorajado ou dirigido por gente do WikiLeaks a assumir o emprego como parte de um plano mais amplo para expor operações da NSA a jornalistas selecionados? No caso do soldado americano Bradley Manning, julgado por revelar milhares de documentos sigilosos ao WikiLeaks, foi Julian Assange e sua organização que orientaram a coleta de documentos, segundo promotores americanos.
Como Snowden escolheu seus receptores? Em janeiro, Snowden contatou a diretora de documentários Laura Poitras usando e-mails codificados. Sem dar seu nome, afirmou que tinha informações sobre a comunidade de inteligência. Poitras disse no mês passado que, em fevereiro, Snowden havia feito um primeiro contato similar com Glenn Greenwald, do jornal The Guardian. Greenwald escreveu em 10 de junho: "Laura Poitras e eu estivemos trabalhando com ele (Snowden) desde fevereiro". Barton Gellman, um colaborador regular do Washington Post, escreveu no mês passado que ele também foi contatado pela primeira vez em fevereiro, inicialmente por Poitras e depois, indiretamente, por Snowden.
Como Snowden decidiu sobre esses três indivíduos antes de ir trabalhar na Booz Allen e antes de ter todos os documentos que queria divulgar? Poitras e Greenwald são conhecidos ativistas pela liberdade de expressão, com conexões anteriores, incluindo papéis como fundadores da organização Freedom of Press Foundation. Um dos objetivos dessa organização é apoiar grupos que se envolvem com o jornalismo transparente e apoiar denunciantes de malfeitorias públicas, como o WikiLeaks.
Poitras havia sugerido que Snowden contatasse Gellman, que participara com ela em um programa de bolsas do Centro para Legislação e Segurança da Universidade de Nova York. Greenwald aparece como o autor da matéria inicial do Guardian em 5 de junho e Gellman e Poitras, como autores da matéria no Washington Post em 6 de junho.
Assange e o WikiLeaks ajudaram a encaminhar Snowden a esses jornalistas? Poitras e Greenwald mantiveram relações estreitas com Assange e o WikiLeaks. Desde o ano passado, Poitras trabalha em um filme sobre os EUA pós-11 de Setembro, com foco na NSA, no qual Assange e o WikiLeaks participam. Assange confirmou isso em entrevista em 29 de maio.
Nessa entrevista, Assange tocava em pontos abordados por Greenwald na reportagem com base em documentos de Snowden que saiu uma semana depois. Assange descreveu como a NSA estivera coletando "todos os registros de ligações dos EUA, cada registro de cada ligação de todos ao longo dos anos". "Esses registros de chamadas já entraram no complexo de segurança nacional."
Ele sabia antes da matéria do Guardian descrevendo a ordem judicial americana que permitiu a coleta pela NSA dos registros de chamadas telefônicas de milhões de clientes da Verizon americana? As revelações de Snowden refletem ainda outra técnica da WikiLeaks: dirigir materiais para se adequar a públicos específicos em momentos específicos. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
SNB

Adoção de novos equipamentos de combate da Rússia atrasada sobre Armas Ligeiras

(RIA Novosti) - equipamentos de combate de vanguarda dos soldados russos não foi colocado em serviço ainda devido a atrasos na afinação de armas leves do novo conjunto, um funcionário da Defesa disse na quinta-feira.
No início de junho, o vice-premiê Dmitry Rogozin, que supervisiona a indústria de defesa, visitou o Degtyarev planta de propriedade privada de armas ligeiras na Rússia central e disse que os testes do Ratnik (Warrior) set havia sido concluída e que poderia ser entregue aos soldados dentro de um mês.
Na quinta-feira, Rogozin, escreveu em seu microblog Twitter que o equipamento, que pode ser usado pela infantaria regular, operadores de lança-foguetes, metralhadoras, motoristas e batedores, apenas poderia ser adotada após os testes finais estaduais foram concluídas até o final do ano.

As Forças Terrestres confirmou essa informação para RIA Novosti.
O conjunto Ratnik é composta por mais de 40 componentes, incluindo armas de fogo, coletes e aparelhos ópticos, de comunicação e de navegação, bem como suporte de vida e sistemas de fornecimento de energia.  Será demonstrado como um conjunto completo na Rússia Armas Expo 2013, que será realizada em setembro 25-28, na região dos Urais, Rogozin disse.Outras nações têm kits de combate futuristas semelhantes, incluindo os EUA Land Warrior, da Alemanha ZDI, punho da Grã-Bretanha, ComFut da Espanha, IMESS FELIN da Suíça e da França.
Rogozin afirmou anteriormente que o equipamento russo seria superior aos seus homólogos da OTAN.
SNB

Microsoft ajudou NSA a quebrar criptografia do Outlook e do Skype

A Microsoft colaborou intensamente com os serviços de inteligência dos Estados Unidos para permitir que as comunicações dos usuários fossem interceptadas.
A empresa inclusive ajudou a NSA (Agência Nacional de Segurança) a quebrar seu próprio sistema de criptografia, segundo documentos citados nesta quarta-feira no jornal inglês "Guardian".
Os dados vazados por Edward Snowden ilustram a escala de cooperação entre empresas do Vale do Silício e a inteligência americana nos últimos três anos.
SKYPE VULNERÁVEL
Comprado pela Microsoft em 2011, o Skype também trabalhou junto com técnicos da inteligência para habilitar o acesso do software de espionagem Prism.
A agência recebeu instruções da companhia para burlar a criptografia no site do software Outlook antes mesmo de seu lançamento. A empresa também ajudou a NSA a acessar seu serviço de computação em nuvem SkyDrive, segundo a reportagem.
A NSA dedicou atenção especial nos últimos dois anos a trabalhar com a Microsoft para aumentar sua capacidade de acesso ao Skype, que tem cerca de 663 milhões de usuários no mundo.
Um documento insinua que o monitoramento do Prism sobre o Skype quase triplicou desde que um novo dispositivo foi adicionado em julho de 2012. "Os audios dessas sessões eram processados inteiramente, mas sem companhia do vídeo. Agora, analistas terão a imagem completa", diz um documento.
A coleta de dados pela NSA sobre o Skype teria começado no dia 6 de fevereiro de 2012.
Especialista em tecnologia da ACLU (União das Liberdades Civis Americanas, na sigla em inglês), Chris Soghoian diz que as revelações devem surpreender muitos usuários do Skype. "No passado, o Skype fez afirmações contundentes a usuários sobre a impossibilidade de as conversas serem espionadas", disse.
OUTRO LADO
As últimas revelações aprofundam a tensão entre as gigantes de tecnologia e a administração do presidente Barack Obama.
Este vem sendo pressionado por aquelas para permitir que sejam divulgados detalhes sobre a colaboração entre empresas e NSA, no que analistas identificam uma tentativa dos executivos de se afastar das críticas ao governo dos EUA.
Em uma declaração a respeito, a Microsoft afirmou que não está a salvo de atender a exigências legais do governo quando lança ou atualiza produtos. A companhia ainda reiterou seu argumento de que só fornece dados de usuários "em resposta a exigências governamentais, e apenas com relação a usuários ou contas específicas".
Em sua última campanha de marketing, a Microsoft enfatizou seu compromisso com a privacidade no slogan: "Sua privacidade é nossa prioridade".
Documentos revelados anteriormente por Snowden, porém, dão a entender que a NSA teria "acesso direto" aos diretórios das grandes companhias de internet, incluindo Microsoft, Skype, Apple, Google, Facebook e Yahoo.
O serviço secreto americano tem recebido autorizações de Cortes secretas para coletar informações de usuários. Quando o alvo é americano, é necessário um mandado judicial. No caso de estrangeiros, porém, bastaria a convicção do agente secreto.
THE "GUARDIAN"
SNB

Caso NSA evoca lembranças do nazismo e do comunismo nos alemães

DA DEUTSCHE WELLE
Denúncias de espionagem e controle estatal feitas por Edward Snowden reavivaram na memória de muitos alemães as tristes lembranças do nazismo e da Stasi. Apesar de não haver protestos, a indignação é perceptível.
Um governo quer coletar o maior número possível de informações sobre seus cidadãos, mas estes se recusam a colaborar e invocam seu direito à privacidade. A resistência é tão grande que pessoas de várias classes sociais saem às ruas para protestar. Marchas e manifestações se espalham pelo país.
Isso tudo aconteceu em 1983 na Alemanha. Na época, o governo queria fazer um censo detalhado da população. Todos os alemães maiores de idade deveriam preencher um questionário com informações básicas, como moradia, estado civil e ocupação profissional.
Diante da dimensão da coleta de dados revelada pelo ex-consultor da CIA Edward Snowden, a ira de 30 anos atrás parece até ridícula. Se o que ele disse é verdade, a Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) consegue, por meio do controle de telefonemas e e-mails, saber muito mais sobre as pessoas do que qualquer questionário de um censo.
E, segundo as denúncias, a NSA não espiona apenas cidadãos dos Estados Unidos, mas também de vários outros países, incluindo a Alemanha e também o Brasil.
"DITADURA DO CONTROLE"
E como reagiram os alemães desta vez? Segundo uma recente pesquisa de opinião, quatro em cada cinco esperam uma posição firme da chanceler federal Angela Merkel, que deveria exigir explicações dos Estados Unidos em vez de deixar o caso cair no esquecimento. Mas protestos de rua não foram registrados.
"Os tempos mudaram", afirma o professor de política e história Ulrich Sittermann, da Universidade de Bremen, ele próprio um dos manifestantes que saiu às ruas na década de 1980. Sittermann lembra-se bem do contexto em que as manifestações surgiram.
"Elas eram um elemento dos novos movimentos sociais", comenta. "Havia o movimento contra a energia nuclear, o movimento em favor dos direitos das mulheres. E, nesse contexto de manifestações, surgiu também o movimento contra o censo", relembra.
Hoje apenas uma minoria protesta contra a espionagem online e o desrespeito à privacidade porque os alemães estão tão acostumados a usar e-mails e Facebook que poucos conseguem ver com clareza os riscos dessas mídias, opina Sittermann.
Ele considera essa situação perigosa. Sem resistência popular, a Alemanha pode se tornar uma "ditadura do controle", diz.
OUTRAS FORMAS DE PROTESTO
Mesmo não indo às ruas, os alemães têm encontrado outras maneiras de expressar sua indignação com as atividades de espionagem dos americanos, reveladas por Snowden. Em fóruns na internet, nas seções de cartas dos grandes jornais e no próprio Facebook é possível perceber a indignação causada pelas denúncias. E também a admiração de muitos alemães por Snowden.
A editora da seção de cartas do jornal alemão Die Zeit, Anna von Münchhausen, comenta que a maioria dos leitores respondeu "sim" a uma enquete com a pergunta "você ajudaria Edward Snowden a se esconder?".
"Algumas pessoas chegam a fazer comentários do tipo 'Snowden colocou a própria vida em perigo pela liberdade das pessoas, nós todos deveríamos protegê-lo'", conta Münchhausen.
Outros leitores comparam a situação atual com a da antiga Alemanha Oriental, quando a Stasi, o serviço secreto dos comunistas, era onipresente.
"Eu me lembro dos tempos obscuros da Alemanha Oriental, que afundou devido à própria incapacidade. Também eu fui sistematicamente espionado, e hoje isso se repete, só que de maneira muito mais profissional e perfeita", comentou um leitor.
UMA QUESTÃO DE LIBERDADE
Essa comparação e uma ainda mais antiga na história alemã --a lembrança do nazismo-- parecem mexer com muitos alemães, avalia Münchhausen. Talvez por isso eles estejam muito mais chocados com as revelações de espionagem do que a maioria dos americanos.
"Aqui na Alemanha essa situação toca num nível bem diferente de medo e preocupação, pois temos uma história com um Estado fascista, que espionava e controlava sistematicamente seus cidadãos, o que causou sofrimento em milhares de pessoas", diz Münchhausen.
Já os americanos têm outras experiências históricas. "Desde o 11 de Setembro, a luta contra o terrorismo foi posta acima de tudo, e para esse fim todos os meios são válidos", diz o especialista em mídias sociais Nico Lumma.
As reações que ele observou nas redes sociais alemãs nas últimas semanas não são tão tolerantes quanto as dos americanos.
"As pessoas estão irritadas com o alcance dessa espionagem. Acho que a maioria já tinha suspeitado que isso acontecia, mas agora esperam que o governo alemão deixe claro para os EUA que a coisa não pode continuar desse jeito", opina Lumma.
Segundo ele, o tom geral entre os alemães é que não se trata de uma questão de proteção de dados, mas de liberdade.
FOLHA DE S PAULO
SNB