domingo, 19 de maio de 2013

Contra pirataria, Brasil expande ação naval na África

Para proteger riquezas marítimas como as reservas do pré-sal e combater crescentes ameaças de pirataria e narcotráfico no Atlântico Sul, a Marinha brasileira tem investido em sua capacidade de patrulhamento e expandido suas operações do outro lado do oceano, em águas africanas.
A estratégia, que segue um movimento da diplomacia nacional rumo ao continente, também abarca o interesse de vender armamentos brasileiros a países africanos, objetivo visto com reserva por ativistas. As ações ocorrem ainda num contexto em que forças americanas, britânicas e francesas demonstram crescente interesse pelo Atlântico Sul.Subchefe de estratégia do Estado Maior da Armada, o contra-almirante Flávio Augusto Viana Rocha disse à BBC Brasil que, nos últimos anos, países africanos com litoral no Atlântico e Moçambique, no Índico, passaram a ter para a Marinha a mesma importância que nações sul-americanas vizinhas.
Uma das razões para a atenção dada à região é sua proximidade com o território nacional. A distância entre Natal e Dacar, capital senegalesa, é menor que a linha que une os extremos do Brasil.
Nas últimas semanas, num sinal do avanço nas relações, o navio-patrulha brasileiro Apa visitou a Mauritânia, Senegal, Gana, Angola e Namíbia. A embarcação foi a segunda de três que o Brasil comprou da Grã-Bretanha a fazer um tour por portos africanos. Nos próximos meses, o navio-patrulha Araguari deverá percorrer trajeto semelhante.
Em seu périplo, tripulantes do Apa ministraram cursos para marinheiros africanos, e o navio realizou exercícios de combate a piratas com forças locais. Enquanto arrefece na costa da Somália, na costa oriental da África, a pirataria tem se agravado na margem ocidental do continente, especialmente no Golfo da Guiné, que ocupa faixa paralela ao litoral do Norte e Nordeste do Brasil.
A Organização de Comércio Marítimo Internacional registrou 15 casos de pirataria na região no primeiro trimestre de 2013, dos quais 11 ocorreram na costa da Nigéria. O país é dono das maiores reservas petrolíferas da África Subsaariana e principal exportador do produto ao Brasil.
Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, a Marinha não pretende combater os criminosos na costa africana, mas sim capacitar forças locais para a tarefa. O treinamento também busca evitar que a pirataria afete a rota comercial entre as regiões, principalmente as compras brasileiras de petróleo.

Amazônia azul

A aquisição dos três navios-patrulha e a construção de outras embarcações do tipo no Brasil buscam ainda aprimorar a vigilância da chamada Amazônia Azul, como a Marinha se refere às águas jurisdicionais brasileiras, que ocupam área equivalente à Amazônia Legal.
Para essa missão, que ganhou importância com a descoberta do pré-sal, a força tem como principal investimento o submarino de propulsão nuclear, em desenvolvimento em parceria com a França. Com grande autonomia de navegação, essa embarcação pode, em tese, impedir ou dificultar bastante a aproximação da costa nacional de forças navais hostis.
Outras preocupações da Marinha são o contrabando, o tráfico de pessoas e o comércio de drogas. O último relatório da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) revelou que portos na costa ocidental da África entraram na rota da cocaína que deixa o Brasil rumo à Europa.
O tema tem sido tratado por países sul-americanos e africanos no fórum Zopacas (Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul), criado em 1986 com a missão de manter o oceano livre de conflitos.
A coordenação entre forças brasileiras e africanas deverá evoluir nos próximos meses, já que, segundo o contra-almirante Flávio Rocha, a Marinha aceitou um convite da União Africana para revisar sua estratégia de defesa marítima. Forças nacionais discutem ainda com marinhas africanas a expansão de sistemas de monitoramento marítimo conjuntos e a realização de manobras amplas.
Por ora, o Brasil tem na África do Sul, maior força militar do continente, seu principal parceiro africano para exercícios. A cada dois anos, tropas de ambos os países realizam manobras com a Índia, no exercício Ibsamar, e com Uruguai e Argentina, no exercício Atlasur. Forças brasileiras e sul-africanas também desenvolvem conjuntamente um míssil ar-ar e um míssil ar-superfície.
O país africano em que forças brasileiras exercem maior influência, porém, é a Namíbia, cujo litoral ocupa faixa paralela à que vai do sul da Bahia a Santa Catarina. Desde que se tornou independente da África do Sul, em 1990, a Namíbia já teve 1.315 marinheiros formados pela Marinha brasileira, que mantêm no país duas missões para manutenção de navios e treinamento.
Militares brasileiros também realizaram os estudos para a extensão da plataforma continental da Namíbia, que foi chancelada pela ONU e ampliou a área em que o país pode explorar recursos. Agora, diz o contra-almirante Rocha, o Brasil executa o mesmo estudo em Angola e, em breve, deverá fazê-lo em Cabo Verde.
A Marinha vem ainda expandindo sua oferta de cursos de formação e aperfeiçoamento para militares africanos. Desde 2011, África do Sul, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Nigéria e Senegal, além da Namíbia, enviaram marinheiros para o Brasil. A prática de oferecer treinamento a forças aliadas é comum entre potências como EUA e França.

Diplomacia militar

O estreitamento dos laços em defesa entre o Brasil e países africanos tem sido facilitado pela rede de adidâncias militares brasileiras no continente. Encarregadas de contatos com as forças locais, as representações estão presentes em sete países africanos, e há planos de cobrir outros seis em breve, segundo a Marinha.
O governo espera que a expansão da rede propicie mais negócios no setor. Nos últimos anos, o Brasil vendeu uma corveta à Guiné Equatorial e Super Tucanos (aviões militares da Embraer) a Angola, Senegal, Burkina Faso e Mauritânia.
Outros países africanos querem a instalação de empresas brasileiras em seus territórios. Recentemente, a Odebrecht e a Atech disputaram uma concorrência para a construção de uma fábrica de armas na Argélia, mas o negócio não avançou. A Atech também está desenvolvendo sistemas de vigilância para Senegal e Angola.
Organizações que monitoram a venda de armas brasileiras cobram mais transparência nesses negócios. Camila Asano, da ONG Conectas, defende que o Brasil seja um dos primeiros signatários do ATT (Tratato sobre o Comércio de Armas, em inglês), aprovado em abril na ONU. O acordo, que será aberto para ratificações em 3 de junho e passará a vigorar a partir da 50ª adesão, define critérios para a exportação de armas e exige a divulgação de todas as transações.
Para Daniel Mack, do Instituto Sou da Paz, a Política Nacional de Exportação de Material de Emprego Militar (Pnemem), que vigora desde a ditadura militar, está obsoleta. Ele afirma que o Brasil deve não só ratificar o ATT como tornar a legislação nacional sobre venda de armas ainda mais abrangente, proibindo, por exemplo, exportações a órgãos não estatais.
Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, os equipamentos bélicos exportados à África são para proteção do Estado, e não para uso contra a população civil. Ele diz que o Brasil sempre seguiu sanções da ONU sobre vendas de armas.
"Verifique as guerras civis na África e veja quem forneceu armamentos por cima e por baixo do pano para grupos que não respeitavam nem resoluções da ONU, nem o direito internacional. Nós não queremos vender por baixo do pano, não venderemos", diz Amorim.
BBC BRASIL ..SNB

Ministro diz que defesa do Atlântico Sul pode ocorrer sem militarização

A expansão das atividades navais da Marinha do Brasil em direção à África ocorre em um momento em que Estados Unidos, Grã-Bretanha e outras potências também demonstram interesse pelo Atlântico Sul. Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, o Brasil defende a segurança da região, porém não a sua militarização.
"O Brasil não é um país que tenha inimigos, mas ele não pode descuidar de seus interesses e ninguém pode descuidar da sua própria defesa", disse Amorim à BBC Brasil."O Atlântico Sul é uma área natural do nosso interesse, independentemente de outros países estarem fazendo isso ou aquilo".
Segundo o pesquisador da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Hector Saint-Pierre, o ato mais significativo dos Estados Unidos em relação à região foi a reativação, em 2008, de sua Quarta Frota.
Entre os principais objetivos da medida estava manter a presença americana nos mares da região da América do Sul. Mas isso não ocorre por meio de concentração de tropas, e sim pela participação, por exemplo, em exercícios militares com forças locais. Ou ainda pela realização de uma série de ações humanitárias – como o envio de navios-hospitais.
Porém, apenas uma estrutura administrativa foi criada. Nenhum grupo de navios de combate foi deslocado permanentemente para a Quarta Frota. Geralmente quando é preciso fazer uma operação naval, outras embarcações americanas são deslocadas para a região.

Malvinas

Já a Grã-Bretanha mantém uma presença permanente no Atlântico Sul, com o objetivo principal de proteger seus territórios ultramarinos, segundo Saint-Pierre.
Os principais focos de atenção são as ilhas Malvinas (Falklands para os britânicos), Georgia do Sul e Sandwich, no sul do Atlântico, próximo à Argentina – guardadas permanentemente por ao menos um navio de guerra britânico (atualmente o HMS Clyde, um navio de patrulha).
A Grã-Bretanha mantém também portos nas ilhas Santa Helena, Ascension e Tristan da Cunha – posicionadas aproximadamente na metade do trajeto entre a América do Sul e a África.
Além da presença militar permanente em seus arquipélagos, a Grã-Bretanha envia regularmente navios de guerra ao litoral do oeste da África – com missões semelhantes às dos navios brasileiros de patrulha: treinar as Marinhas locais e ajudá-las a combater a pirataria crescente, além de cumprir objetivos de aproximação diplomática.
No ano de 2012 foi notório o envio ao oeste da África de uma das joias da Marinha Real, o HMS Dauntless – um destróier de 150 metros de comprimento, totalmente movido a eletricidade (45% mais eficiente que seus antecessores) e com os mais modernos sistemas de armas da atualidade. Ele aportou em diversos países africanos, recebeu tripulações locais e participou de exercícios militares.
Neste ano, desde março, a fragata HMS Argyll desempenha as missões de treinamento e combate à pirataria. Ela já fez escalas na Nigéria e na Namíbia.
A França, cujos navios de guerra participam ativamente de operações da União Europeia de combate à pirataria e escolta de navios civis no golfo de Áden (a leste da África), também mantém operações navais no oeste africano.
No ano passado, alguns de seus navios de guerra participaram de exercícios de larga escala com a Marinha britânica e outras dez nações próximo à costa do Senegal, para treinar forças africanas no combate ao tráfico de pessoas, pirataria, tráfico de drogas e pesca ilegal.
Segundo Saint-Pierre, embora não possua embarcações militares em caráter permanente no Atlântico sul, a China possui grande interesse na região – dentro de sua política de proteção a navios civis em rotas comerciais. "Cerca de 80% do comércio (marítimo) chinês passa pelo Atlântico Sul", disse o pesquisador à BBC Brasil.

Diplomacia

"Todo e qualquer país que tenha tráfego marinho robusto, caso do Brasil, China, tem obrigação de proteger seu tráfego marítimo, é natural", disse o contra-almirante Flávio Augusto Viana Rocha, subchefe de Estratégia do Estado Maior da Armada do Brasil.
O governo brasileiro prega a defesa do Atlântico Sul e o combate a crimes como a pirataria e o tráfico de drogas, mas se opõe ao desdobramento de forças de ataque no oceano.
Além de manter a cooperação militar com os países do oeste africano, o país atua no campo diplomático no âmbito da Zopacas (Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul) – um canal de negociação que envolve 24 países há mais de 20 anos. O bloco discute a não proliferação de armas nucleares na região e a redução dos contingentes militares de seus membros atuando em outras regiões do mundo.
"O Atlântico Sul é uma área de cooperação, área onde se fomenta a parceria. Agora estamos nos planejando estrategicamente, num futuro próximo, para estarmos mais ainda preparados para qualquer postura diferente dessa", disse o contra-almirante Rocha.
BBC BRASIL...SNB

Disputa no Mar da China aumenta tensão na Ásia


A região do Mar do Sul da China, onde se encontram as ilhas Spratly, Paracel e Scarborough Shoal, é disputada por sete países e incidentes diplomáticos têm elevado a tensão na área.
Na última semana, Taiwan conduziu exercícios militares na região, como forma de reforçar seu poder local. A ação aconteceu depois que a guarda costeira filipina matou o pescador taiwanês Hung Shi-cheng em águas sobre as quais ambos os países disputam soberania.As Filipinas se desculparam pelo incidente, mas Taiwan não aceitou o pedido e impôs diversas sanções ao país. Entre elas, a retirada da representação diplomática taiwanesa e a proibição da contratação de trabalhadores filipinos.
A área em questão, no Mar do Sul da China, se estende por mais de 410 mil quilômetros quadrados e tem sua soberania disputada em diferentes trechos por China, Taiwan, Filipinas, Vietnã, Malásia, Indonésia e Brunei.
De acordo com a regulação internacional adotada pela ONU em 1982, UNCLOS, cada país tem uma área de 200 milhas náuticas de exclusividade econômica frente à costa, mas por causa da proximidade entre eles, muitas vezes os limites se sobrepõem, causando disputas.
No caso da China, boa parte da distância da costa excede esse limite, mas Pequim argumenta que há mais de dois mil anos a região é predominantemente chinesa.

Riqueza

Além de ser um corredor estratégico de comércio, a região é fértil para a indústria pesqueira e rica em hidrocarbonetos.
Segundo estimativas do Departamento de Informação de Energia dos Estados Unidos, o Mar do Sul da China tem reservas de 11 bilhões de barris de petróleo e 5,3 trilhões de metros cúbicos de gás natural (190 trilhões de pés cúbicos).
O mesmo estudo cita um levantamento da estatal chinesa de petróleo COONOC de 2012 que estima reservas de 125 bilhões de barris de petróleo e 14 trilhões de metros cúbicos de gás natural (500 trilhões de pés cúbicos).
Se comprovada a estimativa da COONOC, os recursos do Mar do Sul da China seriam superiores aos encontrados no pré-sal brasileiro, que somam de 70 a 100 bilhões de barris em óleo e gás.
"Há vários interesses envolvidos: indústria pesqueira, petróleo, rotas comerciais. Desses três, a questão do petróleo ainda é a mais incerta, mas apenas o potencial já justifica", avalia Angela Ba, especialista em ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) e professora da Universidade de Delaware, nos Estados Unidos.
"Mas ainda que os interesses materiais estejam por trás das questões de soberania nessa área, o que observamos nos últimos anos é uma politização das disputas que tornam mais prováveis escaladas de violência, como no caso das Filipinas e Taiwan agora."

Estratégia

Pequim alega que toda a área pertencia historicamente à China e em 1947 apresentou um mapa para sustentar esse argumento. Taiwan, que é independente desde 1949, também reclama os mesmos territórios por se intitular República Chinesa.Os demais países que clamam soberania, Filipinas, Vietnã, Malásia, Indonésia e Brunei, compõem juntamente com Tailândia, Singapura, Laos, Mianmar e Camboja o bloco econômico e político ASEAN.
Apesar de unidos em um bloco, não há consenso entre esses países quanto a forma de lidar com as disputas. Nesse contexto, Pequim aproveita para negociar diretamente com cada governo.
Para Josh Kurlantzick, pesquisador do Conselho de Relações Internacionais dos Estados Unidos e autor de livros sobre a China, a influência estratégica é o principal motivo do conflito entre os países.
Em 2012 a China estabeleceu uma unidade política administrativa nas ilhas Paracel, chamada Sansha City, para supervisionar as os territórios disputados. As Filipinas e o Vietnã contestaram a ação.
Apesar de assertiva, a postura Chinesa não deverá deslanchar para uma ação militar, segundo Peter Chalk, analista de segurança marítima na Ásia pela Rand Corporation.
"Pequim não tem interesse em nenhuma ação que possa restringir a liberdade de navegação no Mar do Sul da China porque se beneficia diretamente do volume de comércio global que transita por aquela área" explica Chalk.
BBC BRASIL..SNB

sábado, 18 de maio de 2013

ÁGATA 7 - Forças Armadas iniciam operação em 16,8 mil km de fronteira



As Forças Armadas iniciaram na manhã deste sábado a Operação Ágata 7 em toda extensão da fronteira brasileira com os dez países sul-americanos. Com o emprego de 25 mil militares e a participação de agentes das polícias federal, rodoviária federal, militar e de agências governamentais, esta edição é a maior mobilização realizada pelo governo brasileiro no combate aos ilícitos entre Oiapoque (AP) e Chuí (RS). 
Antes de a operação ser deflagrada, o governo manteve contatos com os países vizinhos para o repasse de informações sobre o emprego do aparato militar. A Ágata integra o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF) sob a coordenação do Ministério da Defesa e comando do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). A execução cabe à Marinha, ao Exército e à Força Aérea Brasileira (FAB).
A Ágata 7 acontece às vésperas da Copa das Confederações, competição esportiva que será realizada em seis cidades-sede – Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. Em função deste evento, o Ministério da Defesa optou por uma mobilização que envolvesse os 16,886 quilômetros de fronteira. Nas edições anteriores, as ações ocorreram em trechos da divisa do Brasil com os países sul-americanos.
Durante a mobilização, militares estarão atentos aos principais crimes transfronteiriços como narcotráfico, contrabando e descaminho, tráfico de armas e munições, crimes ambientais, contrabando de veículos, imigração ilegal, problemas indígenas e garimpo.
A operação foi instruída por meio do Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), criado por decreto da presidenta Dilma Rousseff, em junho de 2011. Atualmente, a Ágata conta com a participação de 12 ministérios e 20 agências governamentais, além de aglutinar instituições dos 11 estados da região de fronteira.
Forças Armadas
Como a operação se desenvolve ao longo de toda a fronteira terrestre, as tropas contarão com os centros montados nos Comandos Militares da Amazônia (CMA), em Manaus (AM); do Oeste (CMO), em Campo Grande (MS); e do Sul (CMS), em Porto Alegre (RS). Nesses locais atuarão militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. No entanto, as três Forças utilizarão homens e equipamentos das Organizações Militares, além de poderem contar com reforço de outras regiões.
A Marinha fará uso de navios patrulha fluvial, helicópteros UH-12, navios de assistência hospitalar e lanchas. Participam da operação destacamentos operacionais dos fuzileiros navais do Batalhão de Operações ribeirinhas, capitanias, agências e destacamentos fluviais.
O Exército fará o emprego de aeronaves, além de blindados e veículos leves para o transporte das tropas. A Força terrestre desenvolverá ações de bloqueios de rodovias montados em pontos estratégicos da fronteira brasileira.
No caso específico da Força Aérea Brasileira (FAB), o centro de operação ficará no Comando Geral de Operações Aéreas (COMGAR), com sede em Brasília. Para tanto, a Aeronáutica tem à disposição os aviões Super Tucano (A-29), os caças F5EM, os aviões radares, os VANTs e os helicópteros.
Os agentes governamentais, como as Polícias Federal e Rodoviária Federal, Receita Federal, bem como Anatel, Aneel, ANP, DNPM, ICMBio, Funai e Ibama, atuarão em conjunto em suas respectivas áreas.
Operação Ágata
Em quase dois anos, o Ministério da Defesa, por meio do EMCFA, já realizou seis edições da Operação Ágata. A faixa de fronteira situa-se 150 quilômetros a partir da divisa. Esse território compreende 27% do território nacional onde estão 710 municípios, sendo 122 cidades limítrofes e 588 não limítrofes.
A fronteira tem 16.886 quilômetros de extensão, sendo 7.363 quilômetros de linha seca e 9.523 quilômetros de rio, lagos e canais. São 23.415 quilômetros de rodovias federais. Os estados de fronteira são: Amapá, Pará, Roraima, Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os países vizinhos são: Guiana Francesa, Guiana, Suriname, Venezuela, Colômbia, Bolívia, Peru, Paraguai, Argentina e Uruguai.
Além do combate aos ilícitos, a Ágata contempla também Ações Cívico-Sociais (Acisos), que consistem em levar o atendimento médico, odontológico e hospitalar aos locais onde concentram famílias carentes. De acordo com o balanço integrado, as seis edições da Ágata resultaram em 59.717 procedimentos, 18.304 atendimentos médicos e 29.482 odontológicos. Cerca de 9 mil pessoas foram vacinadas e distribuídos 195.241 medicamentos.
Fonte: MD...SNB

ÁGATA 7 (Vídeo) - Veja como será a atuação das Forças Armadas

As Forças Armadas iniciaram na manhã deste sábado a Operação Ágata 7 em toda extensão da fronteira brasileira com os dez países sul-americanos. Com o emprego de 25 mil militares e a participação de agentes das polícias federal, rodoviária federal, militar e de agências governamentais, esta edição é a maior mobilização realizada pelo governo brasileiro no combate aos ilícitos entre Oiapoque (AP) e Chuí (RS). Veja no vídeo:

Fonte: Agência Força Aérea ..SNB

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Por que a Rússia continua vendendo armas à Síria?

Em uma feira de armas nos arredores de Moscou, cinco tanques russos movimentam-se graciosamente para frente e para trás, com seus canhões subindo e descendo com marcações típicas de uma valsa. Esse atípico “balé dos tanques” foi criado por um coreógrafo do prestigiado Balé Bolsho
Mas essas armas não foram concebidas para dançar.

De uma hora para outra, os mesmos tanques começam a performance esperada por todos os presentes: milhares de balas são lançadas em uma fração de segundos e o local de demonstração praticamente desaparece em uma grande nuvem de fumaça.
Observando das arquibandas estão potenciais clientes: delegações da África, Ásia, Oriente Médio e Golfo.
A Rússia é hoje o segundo maior exportador de armas do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Um dos clientes é especialmente polêmico. Nesse ano, a Síria deve encomendar as baterias antiaéreas russas Buk-M2E, sistemas de defesa antiárea Pansir-S1, segundo alguns relatos, caças Mig-29.
Os negócios foram fechados antes do pico de violência na Síria, mas, apesar do conflito que se arrasta por mais de dois anos, a Rússia nunca demonstrou a intenção de cancelar esses contratos.
"Se o contrato foi assinado antes, precisamos cumpri-lo", argumenta Igor Sevastyanov, vice-presidente da Rosoboronexport, a exportadora de armas estatal do país. "Nós cumprimos nosas obrigações internacionais de acordo com as regras internacionais".

Dois pesos, duas medidas?

A Rússia recorre ao mesmo argumento para os helicópteros militares que está tentando enviar para a Síria.
São helicópteros de ataque da era soviética que os russos estão reformando. Na semana passada, um navio cargueiro do país que estava transportando as aeronaves foi impedido de entrar em águas britânicas e teve de retornar a Moscou, embora a Rússia esteja determinada a realizar a entrega.
Países como a Grã-Bretanha e os Estados Unidos vêm acusando a Rússia de apoiar o presidente da Síria, Bashar al-Assad, com carregamentos de armas. Já a Rússia rebate a acusação dizendo que o Ocidente trabalha com "dois pesos e duas medidas"
"Por que os Estados Unidos estão determinados em vender armas para o Bahrain depois que as autoridades bahrenitas, com a ajuda dos sauditas, sufocaram a Primavera Árabe no país?", questiona Ruslan Pukhov, analista de comércio de armas do centro de estudos russo CAST.
"A Rússia não vê nenhum problema em vender armas para a Síria uma vez que a CIA (agência de inteligência americana) e os serviços secretos da França e da Inglaterra suprem os rebeldes com armas via Turquia".
Os contratos de armas entre a Rússia e a Síria são avaliados em bilhões de dólares. Mas Moscou nega que o dinheiro seja a principal razão para continuar enviando carregamentos militares às autoridades sírias.
Autoridades russas temem que se os rebeldes tirarem Assad do poder, radicais islâmicos podem tomar seu lugar e representar uma ameaça à segurança nacional da Rússia.
"Não se trata de kalashnikovs ou helicópteros. Trata-se de coisas muito perigosas batendo à nossa porta", argumenta Andrei Klimov, vice-presidente do Comitê de Relações Exteriores do Parlamento russo. “Essa área é muito próxima ao nosso país e queremos evitar qualquer agressão vinda do exterior. Do contrário, podemos ter um problema sério perto das nossas fronteiras".

Jogo de poder

A geopolítica também é um ponto crucial. A Rússia teme que se Assad renunciar ou for deposto, a influência do país no Oriente Médio desaparecerá com ele.
"Síria é o único país no Oriente Médio que segue os nossos conselhos, esse é um país onde nós podemos exercer certa influência tangível", disse Pukhov.
"Claro, a perda da Síria significará uma perda completa da influência na região. Isso terá um valor simbólico para as autoridades russas e o estabelecimento da política externa como um sinal da Rússia como uma grande potência".
A Rússia ainda se vê como uma superpotência, como um país que possui tantos direitos como os Estados Unidos para vender armas para quem quer que seja, e ainda ganhar a influência onde puder.
Mas o Kremlin é pragmático. Se Moscou começar a sentir que há mais perdas do que ganhos em apoiar o presidente Presidente Assad, o líder sírio poderá sofrer pressão tanto do Ocidente quanto do Oriente.
"Nós na Rússia não temos ilusão sobre esse regime", afirmou o parlamentar russo Andrei Klimov, "A única coisa que nós queremos é ter uma saída pacífica para esse problema. Não queremos prolongar o regime por décadas ou por séculos. Nosso objetivo é achar uma solução pacífica para isso o mais breve possível."
BBC BRASIL ..SNB

Os Riscos Para Lançamento do CBERS em 2013


A detecção de falhas em alguns conversores de energia do satélite CBERS-3 durante sua campanha de integração na China, levou à suspensão das atividades de montagem e teste do satélite no início do ano.

Desde o mês de março, o INPE vem realizando testes térmicos com os equipamentos e componentes sobressalentes do lote de conversores DC/DC que apresentou problemas.

Os resultados obtidos, entretanto, não foram nada animadores. Enquanto as normas técnicas aplicáveis exigem que nenhum componente de um determinado lote deixe de funcionar quando submetido a testes ambientais, vários componentes (incluindo um equipamento) não resistiram e falharam.

Apesar destes resultados, setores do governo (incluindo a AEB e o próprio MCTI) continuaram pressionando nos bastidores para que o lançamento do satélite não fosse mais adiado.

No início de abril, uma delegação brasileira, composta por representantes do INPE e da AEB, esteve na China para apresentar os resultados dos testes realizados no Brasil, bem como discutir com os parceiros chineses como proceder diante desta situação.

Na ocasião, duas possibilidades foram consideradas: 1ª) adiar por tempo indeterminado (no mínimo dois anos) o lançamento do CBERS-3, até que todos os componentes que vêm apresentando problemas fossem substituídos por outros fornecidos por outro fabricante, ou 2ª) implementar apenas as correções estritamente necessárias nos equipamentos considerados “vitais” para a missão do satélite, de forma a viabilizar o lançamento do mesmo até o final de 2013.

Ao final, acabou-se optando pela segunda alternativa, mas, na verdade, ambas apresentavam seus riscos.

Caso se optasse por um adiamento muito longo do lançamento, de forma a viabilizar a substituição completa dos componentes que vêm apresentando falhas, poderia haver à necessidade de substituição ou retrabalho de outros equipamentos do satélite, que teriam suas vidas-úteis atingidas, tornando o prejuízo ainda maior.

Por outro lado, a opção de se substituir ou reparar apenas os equipamentos “vitais” do satélite, além de não reduzir significativamente os riscos de falha, poderá levar o satélite a cumprir apenas “parte” de sua missão. Ou seja, a opção parece ter se baseado na teoria do “mal menor”.

Sabe-se que a AEB já assinou contratos complementares com as empresas que fornecem equipamentos para o CBERS para que implementem o retrabalho e testes necessários. Também se sabe que o acordo firmado entre o Brasil e a China para se lançar o CBERS-3 este ano pressupõe uma total revisão do projeto do satélite CBERS-4, de forma a não se transferir também para este satélite os riscos detectados no CBERS-3.

Fato é que até o momento o futuro da parceria entre Brasil e China na área espacial, que já dura mais de duas décadas, continua incerta e dependerá fundamentalmente do sucesso, ainda que parcial, da missão do CBERS-3.

Caberá ao INPE, por sua vez, fazer uma profunda avaliação deste programa, de forma a evitar que problemas como estes voltem a se repetir.
SNB