terça-feira, 14 de maio de 2013

Novo foguete europeu dá show de versatilidade


O segundo voo do novo foguete VEGA, da ESA (Agência Espacial Europeia) foi um sucesso, completando uma missão tríplice, que colocou três satélites em três órbitas diferentes.
Foram lançados dois satélites de observação da terra, o Proba-V, da ESA e o VNREDSat-1A, do Vietnam.
A seguir, foi lançado o primeiro satélite científico da Estônia, o inovador ESTCube-1, que vai testar uma nova tecnologia de propulsão espacial, chamada vela solar-elétrica.
Foguete multiuso
Essa missão múltipla exigiu cinco acionamentos dos motores do foguete.
Depois da queima dos dois primeiros estágios de combustível sólido, o Proba-V foi liberado em uma órbita circular a uma altitude de 820 km, na costa oeste da Austrália, 55 minutos após o início do voo.
O principal objetivo da missão é monitorar a cobertura vegetal do Planeta Terra.
Depois de liberar o Proba-V, o módulo superior fez uma terceira queima, após o que a parte superior do Vega, em forma de ovo, foi ejetada.
Depois de uma quarta queima, em uma órbita a uma altitude de 704 km, o VNREDSat-1A foi liberado 1 hora e 57 minutos depois do lançamento.
O ESTCube-1 foi ejetado três minutos mais tarde.
Uma quinta e última queima pôs o foguete em uma trajetória que garante sua reentrada na atmosfera, de acordo com a nova regulamentação do lixo espacial.
O lançamento marcou o início da transição da ESA para a Arianespace como operador de lançamento do Vega. A Arianespace fez a análise do voo, a preparação e as operações, e o marketing que permitiu que o lançamento contasse com uma carga comercial.
Satélite da vegetação
A carga primária do Proba-V é um minissatélite de 160 kg construído pela Qinetiq Space Belgium.
O Proba-V baseia-se na plataforma que suportou duas anteriores missões da ESA e transporta o equipamento Vegetation, que irá mapear o coberto vegetal global a cada dois dias, seguindo-se à primeira geração de captadores de imagem a bordo dos satélites franceses Spot 4 e 5.
O Proba-V está na mesma órbita que o Spot-5, de forma a tomar o seu lugar que ele se aposentar no próximo ano.
O equipamento Vegetation é uma sofisticada tecnologia de captação de imagem, concebida para fornecer imagens com 350 metros de resolução, em quatro bandas no visível e no infravermelho, com uma largura de banda muito elevada, permitindo a cobertura de todas as áreas entre os 35-75ºN e 35-56ºS.
Além deste instrumento principal, o Proba também transporta uma série de cargas tecnológicas, tais como um receptor para detectar aeronaves em voo, um amplificador de comunicações baseado na última tecnologia de semicondutores de nitreto de gálio, um novo par de monitores de radiação e uma experiência defotônica, para testar as fibras ópticas no espaço.

Outra missão de grande interesse é o ESTCube-1.Vela solar-elétrica
Este picossatélite, pesando apenas 1,3 kg, foi projetado e construído por estudantes da Universidade de Tartu, com uma contribuição do Instituto Meteorológico Finlandês.
A sua missão consiste em soltar um cabo de 10 metros no espaço para realizar manobras aproveitando o fluxo de plasma, o que contribuirá para o desenvolvimento de velas solares electroestáticas que poderiam permitir realizar viagens interplanetárias sem combustível.
Ao contrário das velas solares normais, que possuem um fino tecido reflexivo para receber o impacto do vento solar, a vela solar-elétrica se parece mais a armação de um guarda-chuva - imagine um guarda-chuva sem o pano.
Esses fios são mantidos energizados por um pequeno canhão de elétrons, a bordo da espaçonave.
É a interação entre esses fios energizados e o vento solar que gera o empuxo para empurrar a espaçonave - o potencial dos fios repele os prótons do vento solar, ganhando impulso a partir desse choque.
Pelo menos essa é a teoria - o ESTCube-1 irá dizer se ela está correta ou não e se a eficiência do mecanismo merecerá testes maiores.
SNB

Mega, site de Kim Dotcom, poderá rastrear quem baixou projeto de arma impressa em 3D


O portal de armazenamento Mega, do alemão Kim Dotcom, poderá rastrear todos os seus usuários que baixaram arquivos para construir armas usando impressoras 3D, informou, nesta terça-feira (14), a imprensa neozelandesa.
Segundo o site "Stuff", o executivo-chefe do Mega, Vikram Kumar, afirmou que a empresa pode determinar a direção do IP daqueles que baixaram de seus servidores as cópias de uma arma batizada como "The Liberator" (A Libertadora, em tradução livre) e, inclusive, obter o e-mail destes usuários em alguns casos.No entanto, Kumar ressaltou que primeiro é necessário obter uma ordem judicial solicitando estas informações. De acordo com o ele, essa medida depende de como a Justiça americana interpretará a Lei de Armas.
A embaixada dos Estados Unidos na Nova Zelândia não se pronunciou sobre a possibilidade de as autoridades do país norte-americano emitirem a ordem judicial em questão.
As instruções para a construção da pistola citada, a primeira de fabricação caseira, foram fornecidas por meio de portais como o Mega, conhecido por ser "rápido e gratuito", para evitar que as autoridades rastreassem as atividades dos usuários.
Divulgação
Imagem das peças que compõem uma pistola Liberator, feita em impressora 3D
Imagem das peças que compõem uma pistola Liberator, feita em impressora 3D
Desde então, mais de 100 mil cópias gratuitas do manual de fabricação da arma, elaborado pela empresa americana Defense Distributed, foram baixadas, principalmente por usuários da Espanha e dos EUA. Depois que as autoridades norte-americanas começaram a investigar a "Defense Distributed" pela suposta violação das leis de controle de armas, o Mega retirou os arquivos com o manual do ar.
De acordo com Ira Rothken, advogado de Kim Dotcom, que aguarda em liberdade condicional o início do julgamento de sua extradição aos Estados unidos em um caso de suposta pirataria informática, as autoridades americanas não pediram ao Mega para apagar os arquivos da arma citada.
"Se o Mega alojou o arquivo da arma fora dos Estados Unidos, a lei desse país não se aplica ao portal de armazenamento", comentou Rothken em declarações citadas pelo portal "New Zealand PC World".
A pistola, cujos componentes de plástico foram criados por uma impressora capaz de produzir objetos em 3D, foi inventada por Cody Wilson, um estudante de Direito de ideologia libertária que defende que qualquer um pode construir sua própria arma sem ser submetido aos controles sobre posse de armas de fogo.
FOLHA DE S PAULO...SNB

GRUPO DE TRABALHO DO SABIA-MAR REALIZA WORKSHOP COM OS PROVÁVEIS USUÁRIOS DA MISSÃO


O Grupo de Trabalho da Missão SABIA-Mar (composto por membros da Agência Espacial Brasileira (AEB), da indústria, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Comissão Nacional de Atividades Espaciais da Argentina (CONAE)) promoveu, nos dias 13 e 14 de maio, na sede da Agência Espacial Brasileira (AEB), o Workshop SABIA-Mar Usuários Brasileiros. O encontro foi uma oportunidade para que as instituições nacionais que poderão se beneficiar com o SABIA-Mar apresentassem suas necessidades, expectativas e planos para utilização das imagens a serem geradas. O objetivo é que os dois satélites a serem desenvolvidos atendam ao maior número de demandas possível.
Segundo o presidente da AEB, José Raimundo Coelho, a Agência Espacial Brasileira está inovando na forma de conceber novas missões de satélites no Brasil. “Queremos que os usuários e a indústria estejam envolvidos em todo o processo. A missão SABIA-Mar é a primeira a ser realizada a partir dessa visão”, afirmou ao abrir o workshop. “Esta é a primeira de muitas reuniões que realizaremos com usuários de satélites”, concluiu.
Durante a reunião foi apresentado o estado atual do projeto, foram discutidos os requisitos de missão existentes até o momento e expostas aplicações potenciais. “É necessário saber o que os futuros usuários do SABIA-Mar precisam. Todos devem participar das atividades”, afirmou o gerente brasileiro da missão e engenheiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Marco Antônio Chamon, durante o evento.
Para o oceanógrafo da Petrobras Fernando Batista, o SABIA-Mar será essencial para o aumento da robustez do conjunto de dados hoje gerado por outros satélites; na alimentação de modelos de circulação oceânica; para melhor entendimento da circulação oceânica ao largo da costa brasileira; entre outros.
A pesquisa em bio óptica e sensoriamento remoto (SR) da cor do oceano e o ensino e extensão em SR dos oceanos são os pontos positivos que o SABIA-Mar trará de acordo com Melissa Carvalho, do Programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina.
Os participantes receberam um formulário para preencherem com todas suas demandas e considerações. Ao final, os dados serão compilados em um relatório que será enviado para todos e poderá servir como base para o desenvolvimento dos satélites.
Também participaram do workshop o Comando da Marinha, a Comissão de Coordenação de Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE), o Scripps Institution of Oceanography dos Estados Unidos, as Universidades Federal do Ceará e Federal do Rio Grande, a Universidade de São Paulo, dentre outras organizações.
A Argentina realizou, em março deste ano, evento semelhante.
SABIA-Mar - A missão SABIA-Mar é um sistema completo de Observação da Terra dedicado ao sensoriamento remoto de sistemas aquáticos oceânicos e costeiros incluindo águas interiores, baseado em uma constelação de dois satélites e uma infraestrutura operacional, logística e de segmento solo desenvolvidos para alcançar os objetivos propostos pelo Brasil e pela Argentina. Além da missão primária, os artefatos poderão, também, observar águas interiores, e obter dados em escala global da cor dos oceanos.
Os satélites terão aproximadamente 500 kg. Cada um levará uma câmera multiespectral, mas há possibilidade de cargas úteis secundárias. A princípio, eles utilizarão como base a Plataforma Multimissão (PMM), que é uma plataforma genérica para satélites desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A partilha das tarefas no desenvolvimento dos satélites será igualitária entre os dois países.
Atualmente estão sendo desenvolvidas concomitantemente as Fases 0 (análise da missão e identificação das necessidades) e A (análise de viabilidade técnica e industrial) da missão.
As aplicações dos satélites poderão ser usadas na pesca e na aquicultura, no gerenciamento costeiro, no monitoramento de recifes de coral, de florações de algas nocivas e de derrames de óleo, na previsão do tempo, na análise da qualidade das águas, entre outras.
Entre agosto e setembro deste ano, o estudo em elaboração pelos grupos de trabalho brasileiro e argentino completará a denominada Fase A do projeto. Seu resultado trará de forma organizada os requisitos para a missão, o conceito de operação do sistema, os conceitos preliminares a serem adotados para o projeto dos satélites, os cronogramas de desenvolvimento e estimativas de custo, dentre outras informações.
Workshop SABIA-Mar Indústrias Brasileiras – Na sexta-feira (17) será realizado, em São José dos Campos (SP), o Workshop SABIA-Mar Indústrias Brasileiras. O objetivo da reunião é compartilhar com a indústria nacional informações técnicas relevantes sobre a missão e discutir o modelo de industrialização a ser adotado, assim como as possíveis formas de financiamento. Adicionalmente, o encontro também servirá para coletar opiniões e recomendação da indústria, e saber de suas expectativas para este novo projeto.
O forte envolvimento da indústria espacial brasileira na concepção e desenvolvimento das missões de satélites é uma das diretrizes estratégicas do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE).
AEB...SNB

Enigma de Tunguska pode ser explicado em breve

Boris Pavlischev
VOZ D RU

O evento de Tunguska pode ser explicado em breve. Andrei Zlobin, colaborador do Museu Geológico Vernadsky de Moscou, divulgou no site de publicações científicas preliminares (arXiv.org) fotografias de pedras com lados derretidos e de alegados restos de corpo celeste.

Em seu artigo, o geólogo conclui que os fragmentos encontrados confirmam o fato da queda de um cometa na região de Tunguska em 1908. Muitos peritos, sem contestar esta teoria, consideram contudo prematuro tirar conclusões, partindo destes “artefatos”.
Em seu artigo, Andrei Zlobin afirma que a temperatura no terreno não subiu muito em resultado da explosão atmosférica, fazendo tal conclusão ao analisar anéis do cerne de velhas árvores. Por conseguinte, pedras não podiam derreter-se em terra. Contudo, o autor do artigo diz ter colhido ainda em 1988 no local da explosão mais de cem fragmentos do suposto corpo espacial, alguns dos quais são derretidos. Provavelmente, estes fragmentos tivessem incandescido durante a ignição do corpo na atmosfera. Este corpo foi um cometa de gelo e não um meteorito, fato com que se pode explicar o número tão pequeno de destroços.
Uma grande explosão no céu aconteceu em junho de 1908 em uma região da Sibéria próxima ao rio Podkamennaya Tunguska. Cientistas descobriram árvores caídas numa superfície em forma de círculo de 50 quilômetros de diâmetro. A explosão não formou uma cratera e não foi possível encontrar fragmentos de meteorito. Mais tarde, pesquisadores encontraram algo parecido com um fragmento transparente de vidro, que não foi estudado e se perdeu. A ciência desconhece outros fragmentos do corpo celeste.
Agora, de repente, um cientista declara sobre a existência de centenas de fragmentos. Pedras fundidas podiam de fato chegar do espaço, mas tal não significa sua ligação ao evento de Tunguska, afirma o chefe da seção de física de sistemas estelares do Instituto de Astronomia da Academia de Ciências da Rússia, Oleg Malkov:
“Para mim é estranho ouvir que de repente apareceu centena de fragmentos após as expedições realizadas nos anos 20 do século passado, que não descobriram nada. Se estes fragmentos pertencem de fato ao meteorito de Tunguska, devem ser apresentadas provas mais sérias. Podemos admitir que este foi um fragmento do núcleo de um cometa. É nomeadamente neste caso que nada devia ser encontrado. Mas o fato de ter sido descoberto algo testemunha, pelos vistos, que não se trata de um cometa, mas de algo mais denso, como pedra ou metal”.
A queda da bólide provocou incêndios na taiga, o que pode testemunhar que as temperaturas foram altas na região da explosão, diz o chefe da seção de física e de evolução de estrelas do Instituto de Astronomia da Academia de Ciências da Rússia, Dmitri Vibe:
“Olhando simplesmente para as pedras, é impossível tirar conclusões sobre sua natureza e origem. Não são publicados ainda quaisquer resultados de sua análise. Desconhecemos suas propriedades, sua composição química e isotópica. Primeiro é necessário analisá-las e só depois fazer conclusões sobre a natureza do corpo de Tunguska e se estas pedras tenham qualquer ligação a este evento ou sejam fragmentos de um outro meteorito”.
Pergunte-se também por que razão Andrei Zlobin guardou silêncio tantos anos e só agora começou a falar e decidiu publicar um artigo, sem fazer uma análise de seus “artefatos”? Na opinião do diretor do Observatório de Zvenigorod, Serguei Barabanov, Zlobin está interessado em fazer publicidade em torno de sua personalidade. É muito provável que o evento de Tunguska fosse provocado pela queda de uma parte de um cometa de diâmetro não superior a cem metros. Mesmo se a bola de gelo tivesse fragmentos sólidos, eles deveriam evaporizar-se.
Este verão mais uma expedição parte para a região de Tunguska. É possível que ela se aproxime da resposta à pergunta sobre os acontecimentos que tiveram lugar na taiga há mais de cem anos
SNB

Na Rússia será desenvolvido programa de armas hipersônicas

Oleg Nekhai
VOZ D RU

Um programa de criação de armas hipersônicas será preparado na Rússia até o início de junho. São mais de 60 empresas que participam na elaboração deste. Trabalhos relativos a mísseis hipersônicos haviam sido conduzidos ainda na altura de existência da União Soviética.

Em 2009, as pesquisas nesta matéria foram retomadas por encargo do Ministério da Defesa da Rússia.
Trata-se de um programa integral especial destinado à criação de armas hipersônicas. A entidade principal incumbida de levar a efeito os trabalhos do projeto é a corporação de Armamentos de Mísseis Táticos. Na Rússia, o desenvolvimento do hipersom não constitui algo conceitualmente novo, pois as pesquisas neste domínio foram realizadas ainda no século passado, assinala o editor-chefe do jornal Nezavisimoye Voyennoye Obozreniye (Resenha Militar Independente), Viktor Litovkin:
"Na época soviética, havia projetos muito promissores, mas devemos nos dar conta de que passou bastante tempo. Aqueles projetos ficaram tão só projetos, porquanto não havia dinheiro para sua materialização. Aliás, não havia também necessidade especial para tal... Mas presentemente, quando no Ocidente está sendo desenvolvido este tipo de armamentos, não podemos permanecer de braços cruzados, porque em determinadas circunstâncias estas armas poderiam ser dirigidas contra nós. Por isso, devemos criar algo nosso, utilizando a experiência dos desenvolvimentos realizados antes da década de 1990. Naturalmente, dali passaram mais de vinte anos, durante os quais apareceram novos materiais, software e equipamentos eletrônicos do hardware, assim como novos conceitos de criação de armamentos – tudo isso vamos tomar em conta".
De acordo com estimativas de especialistas, os mísseis hipersônicos poderão desenvolver uma velocidade incrível – dez ou mesmo mais vezes maior da do som (1.200 km/h). Semelhantes armas não são destinadas à defesa antimísseis, mas sim à superação desta, especifica o vice-diretor do Instituto de Análise Política e Militar, Alexander Khramchikhin:
"São armas de ataque, não são de defesa antiaérea nem antimísseis. Sua vantagem consiste, antes de mais nada, em grande velocidade. Se tais armas estão sendo criadas, é pouco provável que alguém possa controlar quais ogivas seriam instaladas neles. Embora, no fundo, devido a alta velocidade, esse armamento possui tal energia cinética que não necessita, em princípio, de portar ogivas nucleares nem mesmo convencionais, podendo destruir alvos precisamente pela energia do golpe".
Sabe-se que os EUA estão efetuando desenvolvimentos em matéria de armas hipersônicas, o que lhes abre uma perspectiva de criarem um míssil multifuncional antes de 2015 ou 2018. A Rússia não vai procurar ultrapassar os EUA para criar este tipo de armas antes de 2015 ou 2016, esclarece Viktor Litovkin:
"Ainda não é um fato consumado que os EUA teriam, para 2015, armas hipersônicas capazes de funcionar. E não se trata simplesmente das armas mas sim dos sistemas de armamentos. Pois, os elementos de armas não integrados em sistemas são incapazes, hoje em dia, de desempenhar qualquer papel no campo de batalha. Por exemplo, o avião dotado de tal míssil tem um maior potencial. Enquanto o míssil desprovido de veículo portador não tem potencial algum, se não pode ser lançado a partir de um bombardeiro de grande alcance ou um submarino. Devem existir sistemas integrados de armamentos – não só portadores dessas armas mas também sistemas de controle e de detecção de alvos, para além de muitos outros componentes que fazem parte do conceito de sistema de combate. Por isso, vamos criar nossos próprios sistemas de armas hipersônicas".
Ora, os especialistas russos defrontam-se com um desafio nada fácil de realizar. No entanto, o programa especial a ser elaborado determinará os pontos de referência exatos para o trabalho simultâneo em várias direções. Desenvolvimentos neste domínio possibilitarão criar sistemas de armas com propriedades conceitualmente novas.
SNB

Congresso analisa maior projeto de astronomia do Brasil


Herton Escobar - O Estado de S.Paulo
O maior projeto da história da astronomia brasileira está nas mãos do Legislativo. Dois anos depois de ter sido assinado pelo ex-ministro da Ciência e Tecnologia Sergio Rezende, o acordo de adesão do País ao Observatório Europeu do Sul (ESO) chegou ao Congresso para ratificação.
O ESO é o maior consórcio de pesquisa astronômica no mundo, formado por 14 países europeus, com vários telescópios e radiotelescópios de última geração instalados no topo dos Andes Chilenos. O contrato de adesão, no valor de R$ 565 milhões em dez anos, faria do Brasil o primeiro membro de fora da Europa e daria a astrônomos brasileiros acesso pleno a todas as instalações do grupo, além de permitir a participação do País na construção do maior telescópio no mundo, o Telescópio Europeu Extremamente Grande (E-ELT), prevista para começar no fim deste ano.
"O encaminhamento do acordo ao Congresso Nacional reafirma o apoio dado pelo governo brasileiro ao setor de astronomia no Brasil", afirma o secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luiz Elias, em uma carta enviada à presidência da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) em 18 de março.
O projeto foi encaminhado pela Casa Civil ao Congresso há mais de dois meses, em 19 de fevereiro, mas isso não foi anunciado publicamente. O texto deverá passar por quatro comissões no Congresso. A primeira é a de Relações Exteriores e Defesa Nacional, na qual o deputado Emanuel Fernandes (PSDB-SP) atuará como relator. Não há prazo específico para que o Brasil ratifique o acordo, mas o cronograma de construção do E-ELT exigirá agilidade dos parlamentares, caso o Brasil queira fazer parte do projeto - não apenas como usuário científico, mas como construtor e fornecedor de tecnologia. O projeto é orçado em $ 1 bilhão.
O acordo é polêmico. A maior parte da comunidade científica o apoia, mas há pesquisadores que consideram o projeto caro demais, desigual e até desnecessário para a astronomia nacional, que já tem acesso (direto ou via colaboração) a esses e outros telescópios de ponta.
Para os defensores da adesão, é uma oportunidade que o Brasil não pode perder. "A adesão do Brasil ao ESO nos colocará no topo das pesquisas em astronomia no planeta, assegurando-nos ao mesmo tempo participar em colaborações científicas e industriais avançadas, com grandes vantagens para o País", diz a presidente da SAB, Adriana Válio, do Centro de Radio Astronomia e Astrofísica Mackenzie, da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
"É impossível ser competitivo com acesso a pouquíssimos instrumentos - e a maioria de baixa performance - como é essencialmente a nossa situação atual", diz a pesquisadora Beatriz Barbuy, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo.
SNB

Avião mineiro ‘Bumerangue Ex-27’ tem motor e hélice na traseira


FRANCA - Um avião diferente chamado 'Bumerangue Ex-27' sobrevoou Ituiutaba, no Triângulo Mineiro, na segunda-feira, 13. Desenvolvido com o apoio de profissionais das universidades Federal de Minas Gerais (UFMG) e Federal de Uberlândia (UFU), a aeronave tem o motor e a hélice na parte traseira.
Em fase final de testes, o Bumerangue tem condições de voar por até quatro horas sem abastecimento, em um trajeto de cerca de dois mil quilômetros. Quando entrar em produção, deverá custar cerca de US$ 250 mil.

A aeronave começou a ser desenvolvida há seis anos pela Fábrica Brasileira de Aeronaves (Fabe), empresa sediada em Uberlândia. Para poder ser comercializado, o Bumerangue precisa completar 500 horas de voo.
Com capacidade para quatro passageiros, o protótipo recebeu o prêmio de primeiro lugar na categoria Aeronave Experimental ao ser lançado na Expo Aero Brasil.

De acordo com o empresário Douglas Cunha, da Fabe, o avião é o mais rápido da categoria e também o de melhor custo benefício no País.
Equipado com paraquedas balístico, trem de pouso retrátil e piloto automático, o aparelho já está em fase final de ensaios em voo e a próxima etapa será um programa de apresentação em todo o território nacional. "A partir daí começa a captação das intenções de compra para o início da linha de produção", explica o empresário.
 especial para o Estadão....SNB

A guerra dos aviões sem piloto


O Estado de S.Paulo
Esta semana, a Marinha lançará um drone (avião não tripulado) de combate inteiramente autônomo - sem nenhum piloto no joystick - do convés do porta-aviões George H. W. Bush. O drone tentará pousar a bordo do navio, uma façanha que poucos pilotos humanos são capazes de realizar.
Esse exercício é o começo de um novo capítulo da história militar: a guerra de drones autônomos. Mas é também uma virada nefasta numa rivalidade militar potencialmente perigosa que está sendo formada entre os Estados Unidos e a China.
O X-47B, um avião invisível apelidado de "Robot" (Robô) pelos marinheiros, é um pássaro grande - 11,4 metros de comprimento e cerca de 19 metros de envergadura - que voa em velocidades subsônicas com um alcance de mais de 3.200 quilômetros. Mas é a tecnologia no interior do Robot que faz dele um elemento capaz de mudar o jogo no Leste Asiático.
Sua decolagem, combate e pouso completamente computadorizados criam a possibilidade de haver dezenas ou centenas de seus sucessores engajados num combate ao mesmo tempo.
Ele também é capaz de suportar níveis de radiação que matariam um piloto humano e destruiriam a eletrônica de um jato normal. Além de bombas convencionais, sucessores desse avião de teste poderão ser equipados para carregar um micro-ondas de alta potência, um dispositivo que emite um feixe de radiação capaz de fritar redes elétricas de um inimigo tecnologicamente equipado, destruindo todas as coisas a elas conectadas, entre as quais as redes de computadores que conectam satélites, navios e mísseis de precisão.
E essas, é claro, estão entre as principais coisas nas quais a China investiu durante sua modernização militar. Enquanto a Marinha dos Estados Unidos lança um drone autônomo, a Marinha chinesa brinca de esconde-esconde com um voo pilotado do convés de um porta-aviões.
Em novembro, a Marinha chinesa pousou um caça a jato J-15 no convés do porta-aviões Liaoning, o primeiro do país.
Embora a China ainda tenha um longo percurso para desenvolver uma frota de porta-aviões que rivalize com a dos Estados Unidos, o pouso revela suas ambições.
Com quase 500 mil marinheiros e aproximando-se rapidamente de 1 mil embarcações, sua Marinha já é, por certos parâmetros, a segunda maior do mundo.
Com essa nova Marinha, Pequim pretende projetar seu poder a uma série de cadeias de ilhas no Pacífico: a primeira se estende ao sul da Península Coreana, na costa oriental de Taiwan, contornando o Mar do Sul da China, e a segunda vai do Japão para sudeste até as Ilhas Bonin e Marshall, abarcando as Ilhas Marianas do Norte, um território dos Estados Unidos, e Guam - uma base americana crucial no Pacífico ocidental.
Alguma literatura não oficial dos militares chineses chega a mencionar uma terceira cadeia: as Ilhas Havaianas.
Para projetar esse tipo de poder, a China depende não só da quantidade de seus navios, mas também da qualidade de sua tecnologia.
Manter os americanos a meio oceano de distância requer a capacidade de ataques de precisão de longo alcance - o que, por seu lado, requer o reconhecimento por satélite, guerra cibernética, comunicações codificadas e redes de computadores em que a China investiu quase US$ 100 bilhões na última década.
Idealmente para ambos os países, os esforços da China criariam um novo equilíbrio de poder na região. Mas para compensar a vantagem numérica e os avanços tecnológicos da China, a Marinha dos Estados Unidos está apostando pesadamente em drones - não somente os X-47B e seus sucessores, mas drones de reconhecimento antissubmarinos, drones de comunicações de longo alcance, até drones submarinos.
Uma simples combinação de um drone de reconhecimento Triton e um avião antissubmarino tripulado P-8A Poseidon pode varrer 6,7 milhões de quilômetros quadrados de oceano numa única missão.
Corrida pela tecnologia. A corrida armamentista entre as maiores Marinhas do mundo compromete a possibilidade de se chegar a um novo equilíbrio de poder, e eleva a possibilidade de colisões inesperadas à medida que os Estados Unidos mobilizarem centenas e até milhares de drones e a China procurar maneiras de fazer frente ao novo desafio.
E os drones, por serem mais baratos e dispensarem um piloto humano, baixam as barreiras a um comportamento agressivo por parte dos líderes militares americanos - como farão com a Marinha da China tão logo ela faça sua própria e inevitável investida nas capacidades de drones (aliás, há relatos da semana passada de que a China está preparando seu próprio drone invisível para testes de voo).
Por si mesmas, as rivalidades navais não desencadeiam guerras. Em tempos de paz, aliás, as operações navais são uma forma de diplomacia que oferece a rivais exibições saudáveis de força que servem como elementos de dissuasão de uma guerra. Mas elas também precisam ser cercadas de relações políticas maiores.
No momento, a relação Estados Unidos-China é, sobretudo, no plano econômico. Enquanto essa relação permanecer vibrante, um confronto não é do interesse de nenhuma das partes. Mas se esse elo fino se partir restará pouca coisa de uma relação política maior, para não falar de uma aliança, para ocupar seu lugar.
A única barreira entre crise e conflito, então, seriam duas Marinhas ainda maiores e mais perigosas preparadas para travar um tipo de guerra com base em aviões não tripulados que ainda não compreendemos completamente e, por isso, somos mais propensos a enveredar por uma delas. / TRADUÇÃO DE CELSO PACIORNIK
SNB

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O contrabandista número 1


JOSHUA E., KEATING, FOREIGN POLICY - O Estado de S.Paulo
Um dos episódios mais infames da sangrenta revolta ocorrida após a disputada eleição no Zimbábue de 2008 foi o do chamado "navio da vergonha" - um cargueiro chinês descoberto transportando armas de pequeno porte, granadas lançadas por foguetes e morteiros para o assediado regime de Robert Mugabe. Os países vizinhos não permitiram que o navio ancorasse em seus portos, mas o incidente apenas reforçou a percepção de que a China havia se tornado negociante de armas para os mais brutais bandidos da África, fossem tiranos como Mugabe ou o ditador genocida do Sudão.
Mas essa imagem não está inteiramente justa: sobre venda de armas para regimes suspeitos, os Estados Unidos ainda ocupam decididamente o primeiro lugar.
Numa recente pesquisa para o International Studies Quaterly, os cientistas políticos Paul Midford e Indra de Soysa analisaram as remessas de armamento chinês e dos Estados Unidos para a África de 1989 a 2006, utilizando dados coletados pelo Stockholm International Peace Research Institute. E concluíram que não havia nenhuma correlação estatística entre a China e os regimes que ela supria com armas, enquanto os carregamentos de armas dos Estados Unidos estavam levemente correlacionados - e de maneira negativa - com a democracia. Em linguagem clara, a China tinha menos probabilidade de vender armas para ditadores do que os americanos.
"Não significa que a China está ali para fazer o bem. Os chineses estão defendendo seu interesse nacional", afirmou Midford. "Mas não encontramos nenhuma evidência de que eles estão tentando difundir um 'consenso de Pequim' ou promover regimes que são especificamente autocráticos".
O estudo se concentrou na África, mas preocupações no campo dos direitos humanos também foram levantadas com relação às armas enviadas pelos Estados Unidos para autocracias do Golfo Pérsico, como Arábia Saudita, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, que, coletivamente, contribuíram para o salto de mais de 300% nas vendas de armas americanas em 2011, em meio às crescentes tensões com o Irã.
Midford sublinhou que o objetivo do estudo não foi sugerir que os Estados Unidos preferem vender armas para ditadores. "Os Estados Unidos decidiram apoiar autocratas por razões geopolíticas, assim como a China", afirmou. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
SNB

Aviões-robô buscam o mercado civil


Fabricantes brasileiros de veículos aéreos não tripulados esperam regulamentação da Anac para poder vendê-los para uso comercial e garantir sua sobrevivência
SÃO PAULO – Eles são aviões ou helicópteros sem piloto e com computador de bordo. Vêm em vários tamanhos e pesos. São ideais para serviços monótonos, perigosos ou caros demais quando realizados por humanos. Podem ser chamados de drones – termo difundido no exterior – ou pelo nome usado no Brasil: vant (veículo aéreo não tripulado).No noticiário, os drones ou vants aparecem quase sempre em um contexto bélico, como os que são usados em missões americanas no Paquistão e Afeganistão. No Brasil, drones já fazem parte de operações da polícia e das Forças Armadas.
Mas agora cresce o número de vants que podem ser aplicados em atividades civis como resgate, agricultura, mineração, construção civil, energia e segurança. O potencial é imenso. Um estudo britânico calcula que, em quatro anos, os equipamentos devem criar um mercado de US$ 400 bilhões. Não à toa, novas empresas de tecnologia já têm projetos na área.
Alguns são pequenos como um inseto e cabem na palma da mão. Modelos maiores podem chegar a 25 quilos (na área militar, há vants do tamanho de um avião pequeno).
No Brasil, existem 12 fabricantes. Muitos deles fornecem equipamento para as Forças Armadas e a polícia. Grande parte quer expandir as vendas para clientes civis, mas esbarra em um entrave: a falta de regulamentação para o uso comercial por parte da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
“A indústria local tem produto, está montada, tem capacitação, mas não pode fazer operação comercial”, diz Antônio Castro, coordenador do comitê de vants da Associação Brasileira de Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde). Para ele, a demora põe as empresas em risco.
Ulf Bogdawa, sócio da fabricante de vants gaúcha SkyDrones é um dos que apostam no potencial comercial dos equipamentos. “A única maneira de sobreviver é vender para o mercado civil”, diz ele. “Nessa falta de compasso entre tecnologia e legislação, as empresas estão numa sinuca.”
A Anac não proíbe o uso comercial, mas empresas interessadas precisam obter autorização por meio de um requerimento oficial à agência, que avalia a segurança do projeto. Castro, da Abimde, diz que até hoje somente a Polícia Federal obteve a aprovação.
Por meio de sua assessoria, a Anac informou que “existem estudos” para uma regulamentação do uso comercial dos vants. A agência informou também que os critérios são discutidos com outros países por motivos de segurança e também para “dar competitividade” à indústria brasileira.
Para Castro, a Anac tem demonstrado “boa vontade”, realizando reuniões com empresários. Rodrigo Kuntz, sócio da BRVant, fabricante de Mogi das Cruzes (SP), diz que os encontros servem para “a indústria nacional entrar em forma”. Para o empresário, há companhias que não entenderam a diferença entre aeromodelismo e vants e fazem equipamentos adaptados de modelos chineses inferiores.
As principais normas que o setor gostaria de ver definidas são as categorias de veículos, de acordo com peso de decolagem (vants de uso civil têm até 25 quilos), e regras de operação para cada uma delas.
“Quem opera precisa ter formação específica e certificação de acordo com o equipamento que vai dirigir”, diz Adriano Kancelkis, sócio da AGX, fabricante de vants de São Carlos (SP) que tem 35 funcionários.
Os vants podem ser aliados da chamada agricultura de precisão. Um dos possíveis usos é o mapeamento de plantações afetadas por ervas daninhas. Depois, a aplicação de herbicida pode ser efetuada pelos vants apenas nos locais necessários. Numa plantação de soja, o aparelho pode identificar plantas menos nutridas e aplicar fertilizante isoladamente.
A inspeção de linhas de transmissão elétrica é outro trabalho que pode ser facilitado. “A Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) tem 30 mil quilômetros de linhas, cuja inspeção é obrigatória. Hoje, ela é feita com helicóptero, que custa R$ 3 mil a hora de voo”, diz Castro.
Os preços de vants variam entre R$ 30 mil a R$ 300 mil, conforme o tamanho. Os menores funcionam com bateria elétrica e os maiores geralmente têm motor de combustão.
ESTADO DE S PAULO ...SNB

domingo, 12 de maio de 2013

Marinha testa combustível nuclear na Noruega


ROBERTO GODOY - Agência Estado
Os dias são frios e claros na pequena cidade de Halden, no sul da Noruega - menos este ano, na primavera. No dia 10 de março, um domingo, a manhã ficou subitamente nublada no antigo condado de 3 mil anos. E no severo Instituto de Tecnologia da Energia, o IFE, outro fato incomum: o combustível nuclear que vai abastecer o submarino atômico brasileiro funcionou pela primeira vez - como vai funcionar em 2023, quando o navio já estará construído. "Foi emocionante", define o comandante André Luis Ferreira Marques, do Programa Nuclear de Marinha (PNM).
A façanha dos especialistas saídos de Iperó, na região de Sorocaba, distante 130 quilômetros de São Paulo, não é pequena. "O ensaio científico é sofisticado e exige qualificação impecável da equipe envolvida", destaca o oficial. O grupo, ligado ao Centro Aramar, preparou o teste durante três meses - embora certas providências e decisões tenham sido tomadas até um ano antes disso. A escolha dos laboratórios de Halden tem a ver com o fato de o Brasil não dispor, ainda, de um bom reator de pesquisa. Só agora o governo federal está providenciando a construção do modelo nacional, destinado a atender necessidades médicas, do setor agrícola e de energia.
Outro fator determinante, é a atitude do governo norueguês em relação ao PNM, identificado em Oslo como "estritamente pacífico", logo, com acesso ao complexo de experiências e provas.
Para realizar a "qualificação técnica do combustível nuclear", o nome oficial do exame, foi preciso negociar a compra do urânio a ser utilizado. A aquisição foi feita pela Noruega: um lote pequeno, de 20,2 gramas. O Brasil domina o ciclo do combustível e, sim, tem o material estocado. Todavia, a legislação exige que toda movimentação, saída e entrada no País, seja autorizada pelo Congresso.
A quantidade era pequena e a pressa era grande, uma boa justificativa para o recurso destinado a superar a dificuldade burocrática.
A pastilha de urânio foi desenhada e produzida de acordo com as especificações definidas no CTMSP, o restrito Centro Tecnológico da Marinha, que funciona agregado à Universidade de São Paulo (USP) e mantém o núcleo Aramar, em Iperó. "É um conhecimento limitado, que está sendo desenvolvido no Brasil faz 34 anos", explica Ferreira Marques. O comandante não estava em Halden, no dia da verificação. Acompanhou o ciclo por meio de relatórios eletrônicos, transmitidos pela equipe.
Fórmula 1. Os resultados do teste revelaram que o combustível nuclear poderia fazer o submarino de 100 metros e 4 mil toneladas mergulhar além dos 350 metros, navegar com agilidade esperada e a velocidades na faixa de 50 km/hora. "O combustível de um reator do tipo usado em usinas de geração de energia, trabalha como um caminhão, pesado e forte - o produto criado para abastecer o propulsor de um submarino é um Fórmula 1; rápido, crítico, de respostas imediatas e alto desempenho", diz o comandante Marques, para quem "todas as metas foram atingidas, e sob condições reais de operação".
O programa da Marinha avança rapidamente. No Centro Aramar o cronograma apertado corre de forma integrada com o do Pro Sub, focado na construção, em Itaguaí, no litoral sul do Rio de Janeiro, de um estaleiro, uma base, e o primeiro lote de novos submarinos, quatro convencionais diesel-elétricos, e um de propulsão nuclear. A execução está contratada com a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), associada com a para-estatal DCNS, da França, parceira na transferência de tecnologia. Ambos os empreendimentos, o PNM e o Pro Sub, vão receber, ao longo desse ano, R$ 2,5 bilhões. O dinheiro virá do PAC Equipamentos, o Programa de Aceleração do Crescimento que cobre setores da Defesa.
Nos 90 mil metros quadrados que integram a área de Aramar, acabou a fase em que o local era tratado como Sítio da Marinha e, sem dinheiro, as atividades eram limitadas apenas à manutenção dos prédios e à produção lenta das ultracentrífugas, as máquinas que transformam o urânio energeticamente "pobre" no elemento do tipo "rico", mais vigoroso e adequado à alimentação de reatores (para movimentar navios, o enriquecimento fica no limite de 4%, o padrão do Brasil; para armas, o índice é superior a 90%; o processo nacional é permanentemente inspecionado por agências internacionais).
Depois da entrega da Usina de Gás, a Usexa, em 2012, todas as prioridades estão concentradas na obra do LabGene, o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica. É um conjunto de onze prédios, cinco dos quais ancorados diretamente na rocha de base, capazes de resistir a terremotos, tornados e inundações. Neles, serão exercidas as atividades com elementos radioativos. O LabGene implica o maior contrato do sistema - vai custar R$ 220 milhões. O PNM consumiu, desde 1979, cerca de US$ 1,6 bilhão. Virtualmente suspenso na administração de Fernando Collor de Mello, voltou a atividade em 2007, por decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O valor destinado até 2015 é de R$ 1.040 bilhão em 7 parcelas atualizadas.
Com isso, o LabGene estará pronto para operar em 2016. No conjunto, em meio ao cerrado, a Marinha vai aprender coisas importantes como a montagem e a troca das varas de combustível - e também a técnica de integração entre o reator e sua célula, no navio. A longo prazo o ProSub é ambicioso. Prevê, até 2047, uma frota formidável, com seis submarinos nucleares e 20 convencionais - 15 novos e mais cinco outros revitalizados. O custo estimado de cada navio atômico passa pouco dos 550 milhões. O primeiro sairá por 2 bilhões, consideradas a transferência da tecnologia, e a capacitação do País para projetar essa classe de embarcação militar.
SNB

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Pirataria e terrorismo na África podem afetar Brasil, diz Amorim


Com sua vizinhança na América do Sul em paz e potenciais ameaças surgindo do outro lado do Atlântico, o Brasil vem ampliando seus esforços de defesa no oceano e estreitando os laços militares com países africanos.
A estratégia, que também abarca interesses comerciais como a venda de armamentos brasileiros para a África, segue um movimento amplo da diplomacia nacional rumo ao continente que ganhou fôlego no governo Lula, quando o Itamaraty era chefiado por Celso Amorim.Hoje ministro da Defesa, Amorim diz à BBC Brasil que a aproximação entre militares brasileiros e africanos busca ainda combater o narcotráfico e evitar que a pirataria no Golfo da Guiné, na costa atlântica da África, prejudique o Brasil.
O movimento, segundo o ministro, também visa preparar as forças brasileiras e africanas caso a crise no Mali respingue no Atlântico. Naquele país, próximo da costa ocidental africana, grupos extremistas – entre os quais a Al-Qaeda no Magreb Islâmico – se uniram a movimentos separatistas tuaregues em batalha contra o governo central, hoje apoiado por tropas francesas.
"Se (o conflito) chegar na costa ocidental africana, começa a chegar perto dos interesses brasileiros e temos que estar alertados para isso."
Leia os principais trechos da entrevista com Amorim, concedida no Ministério da Defesa, na última quinta-feira.
BBC Brasil - Qual o objetivo da aproximação militar entre o Brasil e países africanos?
Celso Amorim - A nossa estratégia de defesa tem uma dimensão de cooperação e outra de dissuasão. Dissuasão é contra quem tiver de ser, mas, na América do Sul, tem sido tradicionalmente de cooperação. É natural que o mesmo conceito se aplique à África, que compartilha conosco o oceano, uma área até hoje pacífica, com raríssimas exceções, e que desejamos manter assim.
Por outro lado, os países africanos têm conosco um comércio crescente, há interesses crescentes do Brasil na África, e eles têm interesse também em cooperação para garantir que o Atlântico Sul continue a ser um oceano pacífico, mas também para enfrentar novas ameaças, como pirataria, contrabando e tráfico de drogas, que podem até vir mescladas com outras mais graves, o que não ocorreu até agora.
BBC Brasil - O senhor se refere ao terrorismo?
Amorim - Não podemos ignorar que existe essa questão. Quando houve o problema na Líbia, antevíamos que isso teria consequência um pouco mais para o sul da África. Um ano e meio depois, tivemos o problema no Mali. O Mali já está muito próximo da costa ocidental africana.
Espero que isso não ocorra. Se chegar na costa ocidental africana, começa a chegar perto dos interesses brasileiros e temos que estar alertados para isso. Sempre em colaboração com os principais responsáveis, que são os próprios africanos.
BBC Brasil - Em que estágio está a colaboração com essas nações?
Amorim - Essas coisas evoluem aos poucos, mas, do ponto de vista político, já há aproximação com a África há algum tempo. Ela obviamente se acentuou muito no governo Lula e agora com Dilma, mas ela é mais antiga.Com a Namíbia, porque nos pediram já há muito tempo, o Brasil começou a cooperar ativamente na formação da Marinha. Com os países de língua portuguesa, havia alguma cooperação, e continua a haver, mas temos que acentuar, acelerar isso e desenvolver relações bilaterais com esses países, não só os de língua portuguesa.
Os países africanos veem no Brasil um país que coopera e que não traz nenhuma carga emocional negativa de outros tempos. É um país em desenvolvimento, que tem preocupações semelhantes.Não vou esconder que também há um interesse comercial. O Brasil produz equipamentos que podem ser úteis para esses países. Aliás, já temos vendido alguns, outros estão em fase de estudo e análise, mas esse não é o objetivo principal.
Outros países estão interessados que indústrias brasileiras possam se estabelecer no seu território. Outros não têm nem condição disso, estão só interessados em adquirir, receber um equipamento, mas sempre têm interesse também em participar de exercícios.
BBC Brasil - Esse lado comercial não pode suscitar críticas da comunidade internacional se armas brasileiras forem vendidas para países com regimes contestados, como a Guiné Equatorial?
Amorim - Os países que contestam gostam muito de contestar os outros e vender eles próprios. Os grandes conflitos na África não foram alimentados com armas brasileiras, conflitos ligados a questões como diamantes, petróleo. Nossa relação é com Estados, que têm que defender sua integridade física.
Não é uma cooperação voltada à segurança interna desses países, é voltada à defesa de Estados soberanos, reconhecidos como tais pelas Nações Unidas.
BBC Brasil - O governo não se preocupa com o risco de que armas brasileiras vendidas a países africanos sejam usadas contra civis?
Amorim - Temos muita preocupação, mas o tipo de equipamento que vendemos é equipamento de defesa do Estado. Vendemos Super Tucanos (aviões militares da Embraer) e, se eventualmente chegarmos a vender navios-patrulha, isso não é para usar contra população civil.
O Brasil acompanha, segue resoluções da ONU, tem muita preocupação com esses fatos. Mas a nossa ótica não é necessariamente a de países desenvolvidos.
Vejo muitas situações em países específicos em que, às vezes, a visão de países desenvolvidos, ricos, sobretudo ex-potências coloniais, não é a mesma da nossa. Às vezes (eles) têm uma visão muito particular da situação e querem expurgar as próprias culpas descobrindo outros males.
BBC Brasil - Mas se, por exemplo, o Estado brasileiro financia a construção de uma fábrica de armas na Argélia por empresas brasileiras (conforme concorrência em curso naquele país disputada pelas brasileiras Odebrecht e a Atech), o Brasil não fica em situação próxima das ex-potências coloniais?
Amorim - É uma relação de Estado, com um país soberano, que não está sob sanções da ONU. Tenho uma certa experiência, não sou muito ingênuo nessa situação.
Pegue o drama da Síria: um lado fornecendo armas para o governo, o outro, direta ou indiretamente, fornecendo armas para os rebeldes. De violações os dois lados são acusados, mas, quando convém, você salienta um aspecto.
Não vou ficar aqui citando países. Mas verifique as guerras civis na África e veja quem forneceu armamentos para grupos que não respeitavam nem resoluções da ONU, nem o direito internacional. Por cima do pano e por baixo do pano. Nós não queremos vender por baixo do pano, não venderemos.
BBC Brasil - Quais os objetivos das manobras que a Marinha brasileira tem realizado em países africanos?
Amorim - Manobras, mesmo, eu diria [que se aplica] mais ao que temos feito com a África do Sul. Mas aí não é só com África, é um programa do Ibas (fórum que agrega Índia, Brasil e África do Sul), um grupo de três países em desenvolvimento, democráticos, plurirraciais.
Os outros, chamar de manobra talvez seja um pouco de exagero. Quando temos uma embarcação militar, em vez de esses navios-patrulha fazerem sua viagem inaugural para portos de países desenvolvidos, onde nós talvez não tenhamos muito a oferecer, eles têm visitado portos africanos e realizado pequenos exercícios para interceptar barcos piratas, exercícios ligados à ocupação de barcos inimigos, que são muito apreciados.
O Brasil tem a maior costa atlântica do mundo. É mais do que natural que tenhamos essa cooperação, que a gente amplie esses treinamentos que já vêm recebendo alguns países.
Tudo depende do tamanho do país. Cabo Verde, por exemplo, é um país arquipélago no meio do Atlântico. É do nosso interesse, além do lado de solidariedade com um país africano em desenvolvimento membro da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), evitar que haja problemas numa região próxima do Brasil e parte das nossas rotas marítimas.
BBC Brasil - O Brasil já foi instado por algum desses países a agir de forma mais combativa, inclusive interceptando navios piratas, como França ou EUA fazem frequentemente na costa africana?
Amorim - Cada país tem suas doutrinas e nós teremos a nossa. Em primeiro lugar, sempre respeitosa ao desejo do próprio país e sempre analisando cada situação. Eu não excluo que uma coisa dessas possa acontecer a pedido deles, mas também não creio que seja muito imediata.Mas acho que estamos fortalecendo laços que podem servir idealmente para habilitar o próprio país a fazer sua defesa.
BBC Brasil - Ainda não houve pedidos?
Amorim - Houve pedido para nós ajudarmos, mas não muito claro se era com meios nossos ou ajudando os meios dos países.
BBC Brasil - Alguns estudos recentes apontam a pirataria no Golfo da Guiné, na costa ocidental da África, como um problema crescente, enquanto a pirataria na costa da Somália, no Chifre da África, tem diminuído. A pirataria no Golfo da Guiné pode prejudicar o Brasil?
Amorim - É claro. Boa parte do petróleo que importamos vem do Golfo da Guiné ou imediações. Já temos conversado muito com países como Angola e outros, África do Sul, Namíbia, sobre possibilidades de exercícios conjuntos mais amplos.
Fomos convidados a participar como observadores de uma reunião africana relativa à segurança do Golfo da Guiné. Mas a responsabilidade primordial é dos países ribeirinhos.
Nós poderemos ajudar por dois motivos: solidariedade, que é real na nossa política externa sobretudo em relação à África, mas também por interesse nosso: rotas marítimas, petróleo, empresas brasileiras.
BBC Brasil - O uso do Atlântico Sul para o transporte de drogas tem se tornado mais visível e gerado crescente preocupação no exterior. O que o Brasil faz para evitar que embarcações com drogas partam daqui rumo à África?
Amorim - Temos ações no nosso território, mas obviamente existe essa preocupação, ela é uma das razões que nos movem. Não é segredo para ninguém que há preocupação muito grande da comunidade internacional com a situação na Guiné-Bissau.
Trabalhamos no passado com ideia de ajudar a reformar as Forças Armadas da Guiné-Bissau, mas isso depende do próprio país. A situação hoje não facilita essa cooperação, mas (estamos) na expectativa de que país se redemocratize rapidamente e resolva ou encaminhe o problema que existe com relação ao narcotráfico.
BBC Brasil - O governo então condiciona seus acordos militares na África à situação de cada país?
Amorim - Não é que façamos distinção entre países, mas é preciso que haja um processo. Não precisamos esperar que tudo esteja perfeito. Se formos esperar que tudo esteja perfeito, você não consegue talvez até melhorar a situação do próprio país, que é o objetivo.
Esse foi um erro que se cometeu em relação à Guiné-Bissau no passado. Há quatro, cinco anos, havia uma consciência clara do que era preciso fazer, mas alguns países, sobretudo grandes doadores, de quem se dependia para levar adiante os planos, ficaram a dizer não. Acabou não se fazendo nada, e a situação se agravou tremendamente.Mas também não posso de repente ceder, ainda que seja uma lancha-patrulha, sem ter certeza de que ela não vai parar na mão de narcotraficantes. A linha divisória é essa.
BBC Brasil - Alguns analistas veem uma militarização no Atlântico Sul. Eles citam o reforço militar da Grã-Bretanha nas ilhas Malvinas (Falklands, para os britânicos), ações da Marinha da China para assegurar seu comércio com a África e a reativação da Quarta Frota americana. Essas movimentos preocupam o Brasil?
Amorim - Não quero citar movimentos específicos, porque não tenho preocupação com esse ou aquele país. Somos contra uma militarização e, sobretudo, somos contra o desdobramento de forças no Atlântico Sul que possam ser de ataque, que usem armas de destruição em massa, nucleares ou outras.
O Brasil sempre tem combatido isso na diplomacia, e nós também na Defesa temos essa política. O Brasil não é um país que tenha inimigos, mas ele não pode descuidar de seus interesses e ninguém pode descuidar da sua própria defesa.
O Atlântico Sul é uma área natural do nosso interesse, independentemente de outros países estarem fazendo isso ou aquilo. Queremos evoluir no Atlântico Sul, enfrentando problemas como o da pirataria, mas sem transformá-lo num apêndice do Atlântico Norte.
BBC Brasil - Tem havido uma mudança no foco da Defesa brasileira do Cone Sul para o Atlântico Sul?
Amorim - Não gosto muito da expressão Cone Sul – a maior parte do Brasil não é Cone Sul. Agora, por uma série de fatores – maior política de integração, maior entendimento entre lideranças políticas, maturidade das sociedades –, a América do Sul é hoje uma área de paz.
Claro que tem que manter forças, porque existem grupos irregulares, bandos armados, o Brasil tem uma fronteira extensíssima. Mas, sendo a América do Sul uma zona de paz e havendo ameaças novas e algumas das antigas também (no Atlântico Sul), até por rivalidades entre terceiros, temos interesse em evitar eventuais conflitos que não estamos prevendo hoje.
Quando você prepara defesa, não é para os próximos dois nem três anos, mas 20, 30, 40 anos. Temos que estar preparados para nos defender e defender nossos interesses.
BBC Brasil - Existe algum cuidado especial com a defesa das reservas do pré-sal?
Amorim - Claro que existe. Essa é uma das explicações para o programa forte da Marinha brasileira, no caso dos navios-patrulha, e outros de porte menor para defesa mais local, sendo fabricados no Brasil.
O próprio submarino de propulsão nuclear, o objetivo principal de termos esse submarino é termos capacidade ampla de movimentação. Algumas dessas decisões antecedem as descobertas do pré-sal, que acentuaram essa preocupação.
BBC Brasil - O senhor imagina um cenário em que o Brasil possa ser chamado a intervir militarmente num país africano? Para, por exemplo, atuar na Guiné-Bissau de modo semelhante ao que a França agiu recentemente na Costa do Marfim?
Amorim - Intervir é uma palavra de que não gostamos, e intervir militarmente menos ainda. Mas acho que podemos ajudar se houver concordância de líderes democraticamente eleitos na Guiné-Bissau, se houver concordância dos países da CDAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), se houver um pedido da ONU.Há uma porção de condicionantes prévias, como [as que regem a presença de forças brasileiras] no Haiti. Mas não consideramos nossa força no Haiti de intervenção: é uma força de paz que está lá para garantir ordem enquanto se processa estabilização não só política, mas social no país.
BBC Brasil - Quando ocorrerá a retirada total das tropas brasileiras no Haiti?
Amorim - Queremos que ela seja progressiva. A última redução implicou do nosso lado em redução de 400 [militares]. Estamos levando o nível de nosso contingente para aqueles quantitativos que prevaleciam antes do terremoto. Não posso fazer um cronograma como se estivesse construindo uma estrada. Não é assim.
BBC Brasil - O Brasil poderá enviar militares à República Democrática do Congo agora que o comandante da força da ONU no país será brasileiro, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz?
Amorim - Acho que o "force commander" (comandante da força), por enquanto, está de bom tamanho. Ele não nos pediu nada.
BBC Brasil - Mas é possível?
Amorim - Temos que estar presentes onde podemos fazer diferença. No momento, temos engajamento muito forte no Haiti, que ainda vai durar um tempo, embora não seja nossa intenção de maneira alguma nos perpetuarmos.
Temos uma presença naval no Líbano muito importante. É a primeira vez que o Brasil tem uma presença no Mediterrâneo, que é um teatro tradicional militar, naval. Temos que analisar cada solicitação com muito cuidado.
Agora, se o general precisar de algum apoio do Estado Maior, vamos fazer o possível para ajudar. Não estou falando de tropas, estou falando de apoio, observadores etc.
BBC Brasil - O Brasil tem condições de manter suas Forças Armadas em todas essas frentes externas – Haiti, Líbano, crescente cooperação com países africanos e outros – tendo tantos desafios internos na área de defesa?
Amorim - Os desafios internos não são da área de Defesa, são da área de segurança e quem cuida disso são Polícia Federal e Ministério da Justiça. Nós ajudamos em fronteira e em situações excepcionais, mas essa não é a missão primordial das Forças Armadas. A missão primordial é a defesa do país.
Então não vejo que tenhamos de maneira alguma nos enfraquecido por ter mandado tropas para o Haiti ou a fragata ao Líbano, até porque essas missões também servem para colocar nossos militares em situações reais. Isso tem papel muito positivo na formação, no treinamento das nossas Forças Armadas.
BBC Brasil - O impasse quanto à compra de caças para a Aeronáutica terá um desfecho em breve?
Amorim - Espero que sim. É a única coisa que posso dizer.
BBC BRASIL...SNB