terça-feira, 26 de março de 2013

Polêmicos e revolucionários, mais de 200 “drones” voam no país sem regra

Tahiane Stochero .Mais de 200 drones – veículos aéreos não tripulados (vant, na sigla em português) – estão em operação no Brasil sem que exista regulamentação para o uso civil e comercial destas aeronaves. O número foi obtido a partir de levantamento realizado pelo G1 com fabricantes, importadores, empresas e órgãos de governos estaduais.

Os drones – zangão ou zumbido, em inglês – desempenham funções que antes dependiam de aviões e helicópteros tripulados, buscando maior eficiência e alcance, redução de custo e mais segurança (veja nos vídeos ao lado drones em ação no Brasil e voos dos dois tipos mais comuns).

A nova tecnologia virou polêmica nos Estados Unidos e em todo o mundo depois que o país desenvolveu avançados modelos armados e passou a usar regularmente os "aviões-robôs" para destruir alvos no Oriente Médio.

Milhares de pessoas já foram mortas em ataques de drones, muitas delas inocentes, todas sem julgamento ou chance de defesa. A revista "Time", na edição da última semana de março de 2013, publicou a reportagem intitulada "Então, quem nós podemos matar?" (So, Who Can We Kill?), com um debate sobre a moralidade do uso bélico dos drones. O tema é recorrente nas principais revistas e jornais americanos. Entre membros da Organização das Nações Unidas (ONU), a preocupação é de que mais países passem a utilizar os drones como arma, numa escalada das mortes à distância.

Apesar de popularizado pela controversa utilização militar, é o uso civil dos drones que pode transformar inúmeros serviços. Com formatos e tamanhos variados, o número de máquinas voadoras controladas remotamente deve crescer em ritmo acelerado nos próximos anos no país e no mundo, devido à facilidade de voo, ao baixo custo e às inovações tecnológicas preparadas para cada modelo, como uso de câmeras, filmadores, sensores de raio-x, dentre outros.

Entusiastas falam em "revolução dos drones" e projetam milhares de aparelhos nos céus, em breve, seja a serviço do governo e de empresas ou para realizar tarefas cotidianas como entregar produtos, regar o gramado, acompanhar crianças até a escola ou guiar turistas pela cidade.

Hoje, distantes das indústrias, estudantes e apaixonados por tecnologia desenvolvem drones artesanais, aproveitando processadores, baterias e componentes retirados de smartphones e outros equipamentos eletrônicos.

Em alguns países, vants são usados para inspeção de linhas de transmissão, de rodovias ou grandes obras por transmitirem imagens em tempo real. Neste caso, são utilizados modelos pequenos, de até 2 kg, que sobrevoam centenas de quilômetros diariamente, bem próximos aos cabos da rede, identificando fios rompidos, ocupações irregulares e outros problemas.

As informações enviadas para a central são precisas, e o serviço de manutenção é acelerado. No Brasil, algumas empresas já estão começando a testá-lo no lugar de helicópteros.

Outro trabalho realizado por drones é o levantamento aéreo de terrenos, para cartografia, geografia e topografia, bem como serviços de filmagem para engenharia, mineração e indústria cinematográfica. Governos fazem uso da novidade principalmente nas áreas de segurança e de prevenção de desastres.

Só a AGX Tecnologia, uma das 15 indústrias que produzem esse tipo de aeronave no Brasil, diz ter vendido mais de 100 vants desde 2005, de acordo com o diretor Adriano Kancelkis. Entre os clientes estão órgãos públicos, consultorias ligadas ao ramo ambiental e fazendeiros que usam os drones para monitorar lavouras.

Outra empresa, a BRVant, já vendeu ao menos 35 para militares, agricultores e órgãos públicos, e também exportou outros para a América Latina. Segundo o proprietário, o engenheiro formado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) Rodrigo Kuntz, a falta de entendimento entre Aeronáutica e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) sobre as regras necessárias para que esses aviões possam operar e serem certificados impede que as vendas sejam maiores.

“Assassinato sem julgamento”


Os Estados Unidos perceberam o potencial militar e passaram a usar drones para atacar alvos suspeitos de terrorismo no Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Somália, além de monitorar outros países. A eficácia das missões é contestada por organizações de direitos humanos, que apontam um grande número de inocentes entre as vítimas e contestam a legalidade do recurso. Críticos falam em "assassinatos sem julgamento", "guerra suja" e "violação das leis internacionais".

A Fundação Nova América, baseada em Washington, contabiliza 350 ataques desde 2004, a maioria durante o governo de Barack Obama, com número de mortos entre 1.963 e 3.293, incluindo entre 261 e 305 civis. Segundo o Escritório de Jornalismo Investigativo, em Londres, o número de vítimas fatais em ataques americanos com drones é maior, entre 2.627 e 3.457, sendo entre 475 e 900 civis. No dia 20 de fevereiro, o senador republicano Lindsey Graham, defensor do uso de drones em ataques militares, disse que o número de mortos soma cerca de 4.700 pessoas, incluindo inocentes.

A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou em janeiro uma investigação sobre as vítimas civis de disparos de drones e pretende identificar possíveis casos de "execuções extrajudiciais". Segundo o relator especial Ben Emmerson, "o aumento exponencial do uso da tecnologia dos drones em diversas situações representa um verdadeiro desafio para o direito internacional atual".

Na sociedade americana, houve manifestações por maior transparência nas regras usadas para os ataques. Segundo a ONU, 51 países já possuem essa tecnologia e há preocupação de que outros países resolvam usar o drone como arma além das fronteiras, como fazem os EUA, sem um inimigo claro. Em meio à pressão, Obama reconheceu que os americanos "merecem saber mais sobre os ataques" e prometeu trabalhar junto ao Congresso.

Os Estados Unidos possuem mais de 7.800 drones ao redor do mundo. Um terço do total de aeronaves da força aérea do país não é tripulado, e quase metade dos pilotos em formação vai comandar esse tipo de equipamento futuramente.

Avião-robô é realidade no Brasil
O uso militar e principalmente as aplicações civis dos veículos aéreos não tripulados fizeram o Brasil investir na nova tecnologia, transformando-se em um centro emergente de pesquisa, fabricação e utilização de drones.
O Brasil conta com 15 das 44 indústrias de drones na América Latina e reúne ao menos outras 5 empresas desenvolvendo sistemas, segundo a Associação Internacional de Veículos Não Tripulados (AUVSI) e a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde).

Apesar de pouco conhecidos e discutidos, os drones são realidade em vários setores do país, sendo usados nas áreas de energia, mineração, agricultura, rodovias e construção civil, além de ajudar no trabalho de órgãos policiais, ambientais e de defesa civil. Centros de pesquisa e desenvolvimento de projetos, montados em universidades com financiamentos do governo e da iniciativa privada, trabalham na construção de vants dos mais variados tamanhos, formas e serventias. Outros modelos são importados de países que já usam drones há mais tempo.

PF usa para fazer prisão no Paraná

No final de 2012, a Polícia Federal utilizou um vant israelense para seguir uma embarcação suspeita na tríplice fronteira com o Paraguai e a Argentina, em uma operação sigilosa contra o tráfico de drogas e o contrabando de armas.

A aeronave transmitiu em tempo real imagens de boa qualidade, feitas à noite, a investigadores do Núcleo Especial de Polícia Marítima da Polícia Federal (Nepom), que puderam realizar a prisão em flagrante dos criminosos. Outra ação usando o equipamento também teve êxito, e suspeitos de tráfico em região próxima à Usina de Itaipu foram presos.

A PF não deu maiores detalhes das operações, mas disse que o drone israelense tem custo operacional até 10 vezes inferior ao de um helicóptero tripulado. As duas unidades do modelo Heron, fabricados pela Israel Aerospace Industries Ltd (IAI), chegaram ao Brasil em 2010 ao custo de aproximadamente R$ 80 milhões cada. Os vants ficam alojados na Base Aérea de São Miguel do Iguaçu (PR) e são os únicos de uso civil certificados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) no país.

Bope receberá em 2013

O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e a Defesa Civil do Rio de Janeiro vão contar ainda em 2013 com cinco unidades de um drone produzido pelo governo em parceria com o Instituto Militar de Engenharia (IME), do Exército. A aeronave foi utilizada durante as chuvas na Região Serrana e no distrito de Xerém, em Duque de Caxias, no início do ano.

"As imagens captadas por ela nos deram um conjunto rico de informações sobre onde era prioritário atuar, onde havia entulhos a serem retirados e para mapear o terreno e entender o que havia ocorrido", afirma o coronel Douglas Paulich Júnior. "A aeronave não tripulada irá revolucionar o trabalho de prevenção a desastres".

A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que o projeto de operação dos vants ainda está em estudo e que ainda não há conclusão sobre como os aparelhos serão empregados.
O modelo tem dois metros de envergadura e é elétrico, com alcance de 10 quilômetros e uma hora de autonomia de voo. Cada equipamento custa R$ 180 mil e transmite imagens em tempo real para uma espécie de óculos usado pelo operador em terra.

"Pretendemos fazer um vant brasileiríssimo, 100% nacional, inclusive com os sistemas e os sensores. Além da produção, vamos treinar os pilotos da polícia e dos bombeiros. O Bope separou até um grupo para um curso de três meses. Nosso objetivo é que saibam operar com segurança", diz o major Jacy Montenegro Magalhães Neto, gerente do projeto no IME.

PM usa na área ambiental em SP

A Polícia Militar de São Paulo comprou dois modelos da empresa AGX em 2012 e aguarda certificação dos equipamentos junto à Anac para usar na área ambiental.
Como teste, os drones foram usados para monitorar uma embarcação em área de exploração proibida e registrar em imagens os trabalhos ilegais realizados nas margens de um rio. A PM também estuda o uso para policiamento e no apoio a bombeiros em operações de salvamento no mar.

O comando da PM da Bahia está criando, dentro do seu grupamento aéreo, uma subunidade encarregada de planejar como os vants poderão ajudar no combate ao crime na divisa com Pernambuco, em uma região conhecida como Polígono da Maconha. "Já empregamos em testes e vamos adquirir alguns aviões ainda em 2013. É uma ferramenta maravilhosa, tanto para o patrulhamento de rodovias, acompanhamento de queimadas, quanto para inteligência, para monitorar ações de traficantes", diz o capitão Arlindo Bastos de Miranda Neto.

Drone para inspeção de energia

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) já investiu R$ 4 milhões para construir um drone, em parceria com a Fundação para Inovações Tecnológicas (Fitec), visando à redução de custos na inspeção de redes de transmissão de energia, hoje feita com helicópteros. Com possibilidade de viajar até 100 quilômetros, voando a 150 metros do solo para obter imagens detalhadas nas missões de inspeção, o protótipo ainda passa por testes e aguarda licença da Anac para operar.

"Já é possível, com ele, identificar casos de invasão de faixa de servidão (área abaixo e próxima da linha de transmissão que não pode ter ocupação), de realizações de obras, com movimentação de terras, próximos às estruturas, de ocorrências de erosões no pé da torre e de vegetações abaixo da linha, coisas que podem colocar em risco o sistema elétrico", afirma Jaelton Avelar Fernandino, gerente de Gestão Tecnológica da Cemig.
A Petrobras firmou uma parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para criar um drone apto a fiscalizar mais de 14 mil quilômetros de faixas de oleodutos, trabalho hoje realizado a pé pelos técnicos da empresa. O objetivo é desenvolver um aparelho capaz de verificar possíveis invasões e irregularidades, avaliar danos que possam colocar em risco a distribuição de óleo e agilizar os trabalhos de manutenção. Testes preliminares foram feitos em uma área do Exército no Rio de Janeiro, mas a decisão sobre adotar ou não os drones ainda não foi tomada.

"Ainda não temos a dimensão de quanto um vant pode reduzir custos e nos garantir rapidez na identificação de problemas. Isso só será possível quando levarmos para o uso real em um processo sistemático. Espero que até 2014 consiga ter uma avaliação, para que a empresa decida ou não como empregar a aeronave", diz Heitor Araujo, do departamento de tecnologia da Petrobras.

A Energia Sustentável do Brasil, consórcio que administra a construção da Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, usou drones para monitorar a retirada da vegetação do reservatório da usina. As imagens localizaram áreas de desmatamento ilegal na floresta amazônica e foram entregues ao Ibama para avaliação.

Na agricultura, drones são usados por empresas que atuam com levantamentos topográficos, mapeamento aéreo, consultoria ambiental, controle de pragas, correção de problemas, entre outros serviços. Diversas empresas investem no desenvolvimento de sistemas sofisticados de sensores e de gravação e transmissão de dados.

A AGX, empresa que desde 2002 foca no uso agrícola dos drones, já vendeu modelos para vigilância de usinas de cana de açúcar e para agricultura de precisão. Os vants tem preços que variam entre R$ 60 mil e R$ 800 mil, dependendo das configurações e do tipo de sistema instalado, e podem voar até quatro horas seguidas. Entre os clientes, além de empresas e de cooperativas, estão fazendeiros que fazem uso particular dos dispositivos.

Um novo modelo, construído em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), o Centro Tecnológico do Exército (CTex) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) foi lançado há poucos dias com uma novidade: um airbag capaz de proteger a aeronave em pouso vertical.

"Com o vant, ganha-se muito em relação a corte de despesas e segurança, quando se compara com o uso de um helicóptero. O vant pode obter imagens de alta qualidade com um custo operacional por hora de R$ 10. Enquanto que a hora de um voo de helicóptero fica em R$ 1.500 ou mais", afirma Adriano Kancelkis, diretor da AGX.

"O emprego do vant no Brasil é muito promissor, principalmente para fotos aéreas, planejamento urbano, controle de tráfego de rodovias, identificação de pontos críticos em estradas ou em grandes obras, controle de plantações ou na pecuária", diz Luiz Munaretto, diretor da Organização Brasileira para o Desenvolvimento da Certificação Aeronáutica (DCABR), que trabalha em parceria com a Anac para regulamentar o uso de drones no país.

Copa do Mundo e Olimpíada

Em 18 de fevereiro, a Força Aérea Brasileira (FAB) recebeu dois aviões não tripulados feitos pela empresa israelense Elbit, que custaram R$ 48,174 milhões e serão montados em Santa Maria (RS), de onde devem operar a partir de março. Sem serem equipados com armas, os modelos vão reforçar a segurança nas sedes da Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada de 2016. Em junho deste ano, o sistema será testado durante a Copa das Confederações.
Até 2014 deve ficar pronto o Falcão, drone de mais de 800 kg que está sendo produzido pela brasileira Avibras com investimento do Ministério da Defesa e que será vendido pela Harpia (parceria da Embraer, Avibras e a israelense Elbit).

O modelo está entre os favoritos para ser adquirido pelos militares brasileiros. Um dos projetos, inclusive, é equipar o vant com mísseis e bombas para fins de combate.

"O drone é a evolução do poder de combate, ele sintetiza tudo. Ele tem sensores capazes de localizar qualquer coisa, consegue transmitir a informação em tempo real para qualquer lugar – o que só o drone é capaz – e pode neutralizar e eliminar a ameaça naquele exato momento. É uma arma completa", diz o general Alvaro Pinheiro, especialista em terrorismo e defensor da capacidade brasileira em operar drones com armas.

"O projeto existe, mas vai ficar para o futuro. Por enquanto, o foco prioritário é vigilância e monitoramento. O assunto é ainda bastante delicado. Precisamos primeiro avançar na atuação de vants de reconhecimento", afirma Renato Tovar, diretor da Avibras.

Entre as ações militares que as Forças Armadas planejam fazer empregando drones também estão o monitoramento de fronteiras, a segurança de instalações estratégicas como usinas e plataformas, a proteção da Amazônia, e a defesa da costa brasileira.

Fim da privacidade e riscos à aviação


A capacidade de circular sem serem percebidas, guiadas remotamente a partir de informação recebida por sensores e câmeras, faz com que os drones sejam motivo de desconfiança. Em vários países há debate sobre ética e moral no emprego de drones, principalmente no que se refere a questões de privacidade.

Há temor de que a falta de transparência no uso dos veículos encubra possíveis abusos no monitoramento de áreas e pessoas, com interceptação de conversas telefônicas, fotografias e filmagens feitas de maneira irregular. Países e indústrias já estão sujeitos à espionagem, por exemplo.

A verdade é que a tecnologia dos drones avança mais rapidamente do que o mundo é capaz de refletir sobre o seu uso e seus benefícios, abrindo espaço para projeções paranóicas de um futuro em que não será possível escapar do raio de ação dos drones. Com os céus repletos de pequenas aeronaves equipadas com alta tecnologia, como saber quem está operando o aparelho, quais informações estão sendo recolhidas e que usos serão feitos desses dados?

As autoridades temem ainda o risco de colisão com aviões e obstáculos aéreos, bem como a possibilidade de que o equipamento caia sobre áreas habitadas, colocando em risco a vida de pessoas em solo. Controlados de uma cabine, os drones circulam sem garantia de que os operadores tenham total conhecimento da situação no ar.

"Vant é como um avião. Não se pode impor as mesmas regras para um ultraleve e para um Airbus voarem. São tipos e tamanhos diferentes, com funções diferentes. Há vants pequenos e grandes, usados para coisas diferentes", explica o engenheiro Flávio Araripe, referência no tema no Brasil desde 1980, quando começou a estudar drones dentro da Aeronáutica.

O caminho seguro para que vants consolidem-se como ferramentas benéficas à sociedade é a regulamentação e a fiscalização das aeronaves e de seus operadores. O responsável pelo controle da aviação civil nos Estados Unidos deve divulgar ainda em 2013 normas referentes aos voos domésticos de drones. Vários países aguardam o documento para servir de base na criação de suas próprias leis.

Atualmente, a operação civil ainda é bem controlada nos Estados Unidos, restrita a liberação de licenças individuais e proibida em regiões habitadas.

No Brasil, a Anac reconhece a importância do uso civil dos drones, tanto para indústria como para a sociedade, mas afirma que, "devido aos novos desafios e características associadas ao voo remoto, são necessárias adequações na regulamentação deste tipo de aeronave para garantir níveis de segurança".

Na prática, apesar da pressão de empresas do setor, apenas os dois vants da Polícia Federal estão aptos a voar após terem recebido um Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave), expedido para casos especiais, garantia de que a agência fez a avaliação do projeto técnico e de aeronavegabilidade, atestando as condições de segurança da aeronave.

A agência esclarece que, mesmo nos países em que existe a regulamentação sobre o tema, ainda há limitações na legislação devido à inexistência de especificações de aparelhos e de seus operadores, "que vão desde os critérios técnicos que um projeto deve atender até o treinamento necessário para as pessoas envolvidas", garantindo "que os vants possam ser integrados com segurança no espaço aéreo".

Tanto as normas da Anac quanto as regras do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), da Aeronáutica, proíbem totalmente o voo de drones sobre cidades brasileiras. As demais operações precisam ser comunicadas à Aeronáutica com antecedência de 15 a 30 dias, para evitar que os veículos dividam o espaço aéreo com aviões comerciais.

"Nenhum país atualmente permite voo livre de vant. Sempre é um processo de autorização especial, concedido caso a caso. O maior desafio, no mundo todo, é tentar integrar a aeronave remotamente pilotada às aeronaves pilotadas", afirma o capitão José Augusto de Almeida, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), um dos especialistas do tema no país.
Em outubro de 2012, a Anac publicou no Diário Oficial a Instrução Suplementar (IS) 21-002, que prevê requisitos básicos para certificar os veículos. Drones totalmente autônomos são proibidos. Interessados em obter a licença devem enviar para a agência informações sobre o modelo e o propósito da operação.

"O Brasil lidera na América do Sul, e também desponta no mundo, com iniciativas que envolvem o acesso de aeronaves remotamente controladas ao espaço aéreo. É um tema que envolve várias preocupações com a segurança", diz John Scull Walker, que integra um grupo que propõe regras para o uso de drones dentro dos Estados Unidos e outro que discute e regula internacionalmente o tema.

"O governo brasileiro está sendo o mais ativo na América Latina na abertura de seus céus para as vantagens e benefícios de aeronaves remotamente controladas e também no crescimento da indústria. No mundo todo, a regulação é restritiva em relação a áreas urbanas e a aplicação, apesar de crescente, é ainda muito limitada", diz Gretchen West, vice-presidente da Associação Internacional de Veículos Não Tripulados (AUVSI).

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não informa o número de vants no país porque o cadastro de aviões experimentais, usado para as aeronaves remotamente pilotadas, também engloba outros tipos de modelos, não sendo possível separar só os drones. Em 2012, a Anac tinha registrado 4.750 aeronaves experimentais. Apenas as duas unidades usadas pela PF, no entanto, estão autorizadas a voar.

Com o "boom" dos drones, a Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos expediu, desde 2007, mais de 1.400 licenças de operação para veículos de uso doméstico, sendo que 327 seguem listados como "ativos". Boa parte dos pedidos foi feito por unidades policiais, universidades, agências federais e departamentos de transporte. Só a agência responsável pela proteção das fronteiras conta com dez aeronaves para monitoramento dos limites com o México e o Canadá.

Estados Unidos, Israel, Irã, Rússia, China, Inglaterra, Itália e Paquistão lideram a produção e a utilização militar de drones, segundo a Federação Global UVS International, enquanto que Austrália, Canadá, França, Inglaterra e Espanha figuram entre os países mais avançados no uso civil e comercial das aeronaves.

Número de voos com “drones” dobra, mas só duas unidades têm certificado

Fabricantes brasileiros de vants pressionam Anac a autorizar voo comercial. Atualmente, só duas unidades de uso civil, da PF, têm certificado para voar.

Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo

O Departamento de Controle Aéreo (Decea) foi informado oficialmente de 61 voos com vants (veículos aéreos não tripulados) em 2012 no Brasil, mais que o dobro dos 29 registrados no ano anterior, segundo números da Aeronáutica obtidos com exclusividade pelo G1. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), os pedidos foram feitos por forças policiais, órgãos públicos e empresas.
As notificações de voos de drones precisam ser feitas com antecedência de até 30 dias para que o espaço aéreo seja reservado e os pilotos de aeronaves tripuladas sejam avisados. No local em que um vant atua, aviões não podem entrar.

"As notificações, chamadas de Notam, não são uma autorização, mas avisos de reserva de espaço aéreo. Se recebemos notificação de um vant que não é registrado na Anac, damos informações de que é preciso se regularizar", diz o major Cyro Cruz, representante do Brasil nas discussões da Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO) sobre o tema. "Pode haver pessoas operando vant e que não comunicam a FAB também. Mas se isso ocorre, está fora da norma", completa.

Na prática, apenas os dois vants para uso civil, da Polícia Federal, estão aptos a voar após terem recebido um Certificado de Autorização de Voo Experimental (Cave), expedido para casos especiais, garantia de que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) fez a avaliação do projeto técnico e de aeronavegabilidade, atestando condições de segurança da aeronave.

A Anac não informa o número de vants no Brasil porque o cadastro de aviões experimentais, usado para as aeronaves remotamente pilotadas, também engloba outros tipos de modelos, não sendo possível separar só os drones. Levantamento do G1, no entanto, aponta que pelo menos 200 drones estão em operação no país.

A agência diz que existem requerimentos de outros interessados solicitando autorização para voar com vants civis no território brasileiro e que esses pedidos estão sendo analisados pela área técnica responsável. Apesar de reconhecer a importância do uso civil dos drones, tanto para indústria como para a sociedade, o órgão afirma que "são necessárias adequações na regulamentação deste tipo de aeronave para garantir níveis de segurança".

Também esclarece que, mesmo nos países em que existe a regulamentação sobre o tema, ainda há limitações na legislação devido à inexistência de especificações de aparelhos e de seus operadores, "que vão desde os critérios técnicos que um projeto deve atender até o treinamento necessário para as pessoas envolvidas", garantindo "que os vants possam ser integrados com segurança no espaço aéreo".
O Brasil é o único país da América Latina a integrar o grupo global que debate a legislação de aviões não tripulados na Organização Internacional de Aviação Civil (ICAO).

Setor pede regulamentação

Querendo lucrar com os investimentos de mais de R$ 100 milhões nos últimos anos, a Associação Brasileira de Indústria de Defesa (Abinde) entregou no último dia 14 à Anac um requerimento pressionando a agência a permitir que drones voem com fins comerciais e até mesmo voem sobre cidades, duas coisas que não são autorizadas atualmente. O órgão quer que aviões não tripulados de até 7 kg possam voar sem certificação e sem expedir Notam, a notificação enviada à Aeronáutica.

A Anac trata como aviões não tripulados hoje apenas aeronaves com peso superior a 25 kg e que pretendem voar a mais de 400 metros de altitude. Pela sugestão da Abinde, seriam criadas categorias para os vants (veja tabela ao lado), tratando com menor rigor aeronaves pequenas.
Para drones de até 25 kg, os fabricantes pedem que os voos possam ser feitos sem licença, sem que seja necessário expedir à FAB uma notificação e também que não seja exigido que as aeronaves portem transponders (que mostram no radar sua posição) ou sensores de localização, alegando que estes instrumentos são caros e não seriam necessários para segurança.

As indústrias pedem ainda que drones de até 7 kg possam operar até mesmo sem registro.

A Aeronáutica restringe voos de drones a altitudes acima de 150 metros (para áreas não povoadas) ou mais de 600 metros, para locais em que haja construções. A proposta do setor é seja autorizado voos a baixa altitude – até 150 metros – para vants menores.
Nesses casos, seria exigida apenas uma licença de operação para as empresas que iriam fazer uso das máquinas. O uso comercial seria autorizado para segurança pública e polícia, serviços de emergência, fotografia comercial, levantamento de dados, defesa civil, trabalhos com meio ambiente e agricultura.

"Muitos países estão ainda avaliando social e economicamente os benefícios para desenhar uma legislação que permita desenvolver as capacidades civis e comerciais da indústria nacional de drones. A AUVSI apoia extremamente iniciativas de regulação interna dos países que permitam o uso responsável e seguro destes aviões, duas coisas extremamente importantes para que o futuro", diz Gretchen West, vice-presidente da Associação Internacional de Veículos Não Tripulados.

"Pedimos que a regulamentação seja feita para todos aviões de até ou mais 150 quilos, pois é o parâmetro que a Europa usa para vants. Só que precisamos com urgência que as classes menores, mais demandadas e com menor risco em caso de acidente por impacto, sejam autorizadas imediatamente, pois a regulação é muito mais simples", defende Ulf Bogdawa, diretor da SkyDrones Aviônica, um dos autores da proposta apresentada á Anac.

Pesquisa realizada por grupo internacional aponta que 80% dos vants usados no mercado civil mundial são de até 10 quilos. Ulf faz trabalhos desde 2010 no Rio Grande do Sul usando drones para monitorar o público em jogos de futebol e fiscalizar embarcações em portos.

"Inglaterra, França e Alemanha já estão fazendo o uso comercial. Na Austrália, a legislação que autoriza drones de até 2kg é de 2002. O Brasil está atrasado e isso está prejudicando demais a indústria", diz ele. "O que queremos é um começo, um pontapé na liberação do uso comercial. Um drone de até 2 kg, se cair sobre uma pessoa, tem um peso irrisório, não fará grandes estragos".

Responsabilidades dos piloto

Segundo o major Cyro Cruz, o pedido da Abinde tem que ser analisado com cautela e preocupação com a segurança. Ele pondera que a regulação, quando autorizar o voo de drones no Brasil, deve considerar a formação necessária para um piloto que irá comandar a aeronave.

"Os drones têm uma série de vantagem em relação ao uso de aeronaves maiores, por serem mais furtivas, poderem sair de algum lugar de forma mais rápida, e não exporem a tripulação a riscos. Mas exatamente pelo fato do piloto não estar a bordo é que está a maior dúvida. Voando dentro do avião, o piloto tem consciência espacial, consegue perceber se algo se aproxima, o que ocorre. O comandante em terra, pelo contrário, não tem esta visão. Qual é a capacidade de reação que um piloto de drone terá em situação de risco?", questiona Cruz.

Equipamentos que permitem aos pilotos serem alertados do risco de colisão e que deixem a aeronave ser visualizada nos radares são ainda caros para o emprego em vants. "Sempre haverá um atraso no tempo para responder a um perigo. Hoje, em nenhum país o espaço aéreo é compartilhado entre aviões e drones", diz o major.

Ele aposta que a tecnologia consiga, no futuro, criar meios de tornar o vant mais seguro para que possa, inclusive, dividir o mesmo espaço que aeronaves tripuladas. Esse é o maior desafio no cenário internacional.

Cruz pondera que o Brasil deve acompanhar o desenvolvimento internacional na questão. A FAA (Federação de Administração da Aviação), dos Estados Unidos, divulgou em janeiro que 81 instituições, entre polícias, universidades, órgãos públicos e empresas, pediram para operar drones nos EUA. O órgão não informou quantos foram autorizados, mas promete divulgar ainda em 2013 as primeiras normas para emprego dos aviões não tripulados dentro do país.

"Vários fatores que devem ser definidos na certificação de um drone, como peso, altitude, critérios de segurança, como serão os links de operação e transmissão de dados. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) tem que se posicionar sobre quais canais de comunicação estarão disponíveis para a transmissão de dados, se haverá faixas de frequência de rádio exclusivas. Há critérios de privacidade, direito de imagem e também responsabilização por danos a terceiros que precisam ser definidos. Não é algo simples assim sair autorizando", diz o capitão José Augusto de Almeida, mestre em engenharia aeronáutica e mecânica do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

Procurada pelo G1, a Anatel não respondeu qual é o processo de enlace de dados atual para vants e se há estudos para adequação de critérios para que mais aeronaves possam enviar informações no país.

Primeiro pedido


A empresa XMobots, de propriedade do engenheiro Giovani Amianti, foi a primeira a propor à Anac a certificação de um vant, em 2010. Amianti começou a produzir drones em 2007 e possui dois modelos: o Apoema e o Nauru, com preços que variam de R$ 500 a R$ 800, para o primeiro, e R$ 180 a R$ 250, no caso do segundo.

"Pedimos a certificação do Apoema em uma época em que a Anac estava em um estágio incipiente de regulamentação da vants e trabalhamos juntos para tentar estabelecer diretrizes para que fosse autorizado e o nosso modelo servisse de cobaia", diz o engenheiro.

"Estávamos trabalhando para nos adequar aos requisitos quando a Polícia Federal obteve o seu. Atualmente, estamos com o processo de certificação de outro avião e esperamos obtê-lo em até quatro meses, para que possa ser vendido", diz Amianti. "O futuro é promissor, porém muitas barreiras ainda precisam ser vencidas. Vant é um equipamento aeronáutico e não um brinquedo".

Anac estuda permitir uso comercial

Anac informou ao G1 que não possui uma regulamentação específica relacionada à operação de Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS) com fins lucrativos e que, quando recebe um pedido para isso, o caso não é caracterizado como aeronave experimental.

A solicitação deve apontar quais seriam os fins do vant, para que possa ser analisado o nível de segurança do projeto e os riscos associados à operação. O pedido então é analisado pela diretoria da agência, que autoriza ou não.

A agência participa da ICAO e de grupos internacionais que reúnem representantes de diversos países para discutir a legislação de drones e está elaborando um plano de trabalho contemplando sua expectativa quanto à regulamentação do tema no Brasil.

Atualmente, os vants são cadastrados como experimentais e recebem um certificado de autorização de voo sem fim comercial. Mas há estudos internos no órgão "visando a elaboração de uma regulamentação interina que permita o uso não-experimental (incluindo o comercial) de vant no Brasil enquanto são definidos os critérios para a certificação de tipo de aeronave".

"A aviação brasileira hoje tem grande destaque no mundo devido tanto quanto a expressiva indústria quanto a sua grande frota de aeronaves comerciais, executivas e privadas. Os vants não são exceção e atualmente existem projetos bastante interessantes em desenvolvimento por empresas brasileiras que tem recebido grande atenção internacional", disse a agência em nota.

Segundo a Anac, os critérios estão sendo discutidos para evitar riscos e dar competitividade à indústria aeronáutica brasileira permitindo o acesso dela ao mercado exterior.

Segurança da Copa 2014 terá "drones" da FAB e PF; Exército estuda compra

Copa das Confederações servirá como teste no monitoramento com vants. Defesa usa aeronaves para vigiar fronteiras e tem projeto de drone armado.

Tahiane Stochero Do G1, em São Paulo

A segurança do espaço aéreo brasileiro durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 terá apoio de pelo menos seis veículos aéreos não tripulados – vants, como os drones são chamados em português – da Polícia Federal e da Aeronáutica. Os equipamentos já serão usados para monitoramento durante os jogos da Copa das Confederações, entre 15 e 30 de junho, que servirá de teste para os eventos dos anos seguintes.
O Exército, que desenvolve projetos de vants com empresas e institutos de pesquisas, pediu em 2013 a abertura de um crédito suplementar na Lei Orçamentária Anual para a compra de drones, também pensando em reforçar a segurança durante a Copa.

Em 18 de fevereiro, a FAB recebeu dois aviões não tripulados feitos pela empresa israelense Elbit, que custaram R$ 48,174 milhões e serão montados em Santa Maria (RS), de onde devem operar a partir de março. Duas outras unidades do modelo, que foram enviadas em 2010 para testes, ficarão no país pelo menos até o fim do Mundial.

Uma ordem de serviço para que a tropa e os drones estejam a postos para uso foi expedida pelo Comando de Defesa Aérea Brasileira (Comdabra) e já chegou ao Esquadrão Hórus, no Rio Grande do Sul, que abriga os equipamentos, segundo o coronel Donald Gramkow, comandante da unidade.
A primeira ação de vigilância de eventos internacionais usando drones foi em 2012, quando o Brasil sediou a Rio +20 (Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável). Militares vigiaram dia e noite o local onde mais de 100 chefes de Estado estavam reunidos. Essa ação e os aprendizados da Copa das Confederações servirão de base para a construção de uma doutrina para o empregos de drones na Copa, na Olimpíada e em possíveis outros casos.

"Na Rio +20 e nas Operações Ágata, feitas nas fronteiras pelo Ministério da Defesa, realizamos várias missões conjuntas com outros órgãos de segurança pública, com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Polícia Federal e instituições estaduais e federais que possibilitaram a troca de informações e de inteligência. Enquanto monitóravamos o local com o vant, em tempo real, todos podiam ver as imagens em um centro de controle de acesso restrito. Em algumas vezes, percebemos que havia algo suspeito e avisamos o policiamento em terra para agir", afirma o coronel Gramkow.

A PF tem dois drones israelenses Heron, feitos pela Israel Aerospace Industries Ltd (IAI), que chegaram ao país em 2010 por aproximadamente R$ 80 milhões.
 Esses vants, que ficam na Base Aérea de São Miguel do Iguaçu (PR), são os únicos para uso civil certificados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e são usados para obtenção de informações de inteligência e apoio ao combate ao narcotráfico e ao contrabando na fronteira com o Paraguai.

Os drones da PF, que estavam parados em 2012 devido a uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) voltaram a operar secretamente em dezembro do ano passado, auxiliando, inclusive, na realização de prisões. O TCU informou que o processo está em andamento e ainda em sigilo, e que não poderia fornecer informações. O projeto inicial englobava 14 aeronaves ao custo de quase R$ 600 milhões. Quase R$ 80 milhões já teriam sido gastos.

Centro de controle

Cada aeronave não tripulada é monitorada de um centro de controle, onde piloto e operador de sensores contam com mais de 10 telas de vídeo para que possam, por exemplo, localizar alvos, ver a posição do avião no radar e desviar de possíveis obstáculos no percurso.

"Os soldados acompanham as imagens enviadas e podem usar ainda outros instrumentos, como sensores de infra-vermelho, raio-x e imageador radar, que pode desenhar e mapear uma região mesmo com tempo encoberto por nuvens ou mau tempo", diz Gramkow.
Com esse recurso, é possível detectar a presença de pessoas armadas nos estádios ou nas áreas restritas aos atletas, por exemplo. Não há definição sobre que jogos serão monitorados pelos drones, mas o emprego dos equipamentos será permanente durante a Copa.
Imagens captadas por drones podem permitir que a artilharia antiáerea do Exército intercepte com maior rapidez aeronaves que, por ventura, tentarem invadir a área dos estádios. O vant israelense da FAB, chamado de hermes, tem peso máximo de decolagem de 450 kgs e voa por até 16 horas seguidas. Seu raio de alcance é de até 200 km, voando a uma altitude que varia entre 3.048 metros e 4.900 metros.
Ao contrário dos Estados Unidos, que formam pilotos especificamente para drones, a FAB optou por manter o seu piloto de vant voando outro tipo de aeronave. "Piloto ruim não é o que não sabe pilotar, mas o que não sabe decidir, o que é inseguro e pode provocar acidentes. Um piloto de vant, sentado em uma sala, precisa ter consciência situacional, saber onde está voando e o que pode ocorrer, para poder reagir rápido", diz o coronel.

Exército estuda compra

Até 2014 deve ficar pronto o Falcão, drone de mais de 800 kg, que está sendo produzido pela brasileira Avibras com investimento do Ministério da Defesa e que será vendido pela Harpia (empresa formada por Embraer, Avibras e a israelense Elbit, uma das líderes do ramo).
O modelo está entre os favoritos para ser adquirido pelos militares brasileiros, que já realizam uma pesquisa de mercado para a compra.

Além dos eventos internacionais no país, o Exército quer usar vants no monitoramento dos 17 mil km de fronteiras que o Brasil tem com 10 países. As aeronaves farão parte ainda do Sistema Proteger, que irá monitorar a Usina Hidrelétrica de Itaipu e outros locais estratégicos para o país. 

Em relação à Copa, o Exército diz aguardar mudanças na legislação em relação a operação de vants em áreas povoadas para analisar se drones de pequeno porte podem ser usados para sobrevoar as cidades-sede dos jogos.

"O drone é a evolução do poder de combate, ele sintetiza tudo. Ele tem sensores capazes de localizar qualquer coisa, consegue transmitir a informação em tempo real para qualquer lugar – o que só o drone é capaz – e pode neutralizar e eliminar a ameaça naquele exato momento. É uma arma completa", diz o general da reserva do Exército Alvaro Pinheiro, que é especialista em terrorismo e táticas de guerra e defensor da capacidade brasileira em operar drones com armas.

"É evidente que o Brasil precisa ter capacidade de operar drones, tanto para vigilância para combater. O drone é cirúrgico, é um instrumento de apoio ao combate exatamente para diminuir efeitos indesejáveis, como a morte de inocentes ou destruição de locais errados", defende.

Atualmente, um terço das aeronaves da Força Aérea dos Estados Unidos já são drones. São mais de 7.800 unidades, a maioria estacionada no Oriente Médio. Especialistas dizem ainda que quase metade dos pilotos que os militares americanos estão formando hoje é exclusiva para drones.

"O Falcão ainda não voo, porque os investimentos são altos. Espera-se uma encomenda alta das Forças Armadas ainda em 2013 para que entre na fase de testes", diz Flávio Araripe de Oliveira, coordenador do projeto da FAB em parceria com a Avibras.

América Latina

A realocação de drones americanos para a América Latina após o fim das guerras no Iraque e no preocupa os países da União das Nações Sul-Americanas (Unasul). Em 2012, o general Norton Schwartz afirmou drones de multicapacidades, que estão sendo retirados do Oriente Médio, passarão a operar na América para missões de espionagem e combate ao tráfico, em especial no Caribe, Colômbia e México.
Dias depois, em 28 de novembro, 11 países que integram o bloco deciriram construir um drone conjunto, sob comando do Brasil. No evento, realizado no Peru, o vice-presidente, Michel Temer, disse que o país já estava desenvolvendo um modelo para uniformizar o sistema de voo de aviões não tripulados na América Latina e também proteger a Amazônia.

"Há possibilidades enormes do uso militar de vants na América Latina. Mas seria um avião de maior porte e que pode até dar apoio a caças. A maior preocupação é com acidentes e riscos envolvendo sobrevoar áreas populosas. Por isso, o seu voo seria em alta altitude", explica o capitão José Augusto de Almeida, do Departamento de Ciência e Tecnologia da FAB.
A Associação Brasileira de Produtos de Defesa (Abinde) defende que o governo adquira produtos nacionais. Dentre os made in Brasil em desenvolvimento, o Falcão é cotado até para exportação após ter recebido R$ 40 milhões de arpote do Ministério da Defesa para ser concebido.

"Estamos na fase de configuração para atender às exigências dos militares, fazer ensaios no terreno e preparar a produção de um lote piloto de quatro unidades. Alguns testes já foram feitos em Pirassununga (SP)", diz Renato Tovar, diretor da Avibras.

"Esperamos que ainda em 2013 seja assinado com o Ministério da Defesa um contrato de desenvolvimento, no qual serão feitos ensaios de voo do Falcão", disse ao G1 o vice-presidente de operações da Embraer, Eduardo Bonini.
"O Falcão será o nosso vant nacional. Estamos aguardando que as Forças Armadas nos enviem a configuração de sensores que precisam, para que o projeto possa avançar", acrescentou o presidente da unidade de negócios Defesa e Segurança da Embraer, Luiz Carlos Aguiar.
Compra de vant nacional

No programa "Café com Presidenta" exibido em cadeia nacional de rádio em 21 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff explicou para a população para que servem os aviões e destacou que vants da FAB e da PF foram usados para localizar laboratórios de refino de cocaína em operações conjuntas com Bolívia, Colômbia e Peru.

"Vant é um avião pequeno que voa sem piloto. Esse avião faz o mapeamento de regiões de difícil acesso, registrando imagens em altíssima resolução e transmitindo essas imagens. Mesmo à noite, ele consegue enxergar a ação dos criminosos sem ser percebido por eles. Com isso, os agentes identificam mercadorias suspeitas que atravessam a fronteira brasileira pelos rios, identificam garimpos ilegais e também pistas clandestinas usadas pelo tráfico", disse Dilma.

"Nós trabalhamos pela segurança das famílias nas cidades brasileiras e por uma convivência de paz e harmonia com os países da América do Sul", completou a presidente na ocasião.
O Ministério da Defesa informou ainda analisar a quantidade e o modelo de aeronave que será comprada, mas que "estuda ajudar a indústria nacional por meio de aquisições" .
O governo brasileiro pode, eventualmente, controlar as exportações. Além disso, em parceria com a Avibras, está sendo criado um sistema de navegação, controle e pilotagem de drones, que poderá ser utilizado em aeroportos ou vants em qualquer lugar do país.

Drone como arma

Além dos drones de vigilância, as Forças Armadas também querem ter a possibilidade de, no futuro, colocar mísseis em seus vants. O Ministério da Defesa e Avibras confirmaram ao G1 ter projetos para produção e emprego de um "drone de combate", mas ainda estudam o tema com cautela.

"O projeto existe, mas vai ficar para o futuro. Por enquanto, o foco prioritário é vigilância e monitoramento. O assunto é ainda bastante delicado. Precisamos primeiro avançar na atuação de vants de reconhecimento", afirmou Renato Tovar, diretor da Avibras.

O drone capaz de receber armamento teria configuração especial, com eletrônica e aviônica diferenciadas. "Isso depende também de que tipo de armas o governo gostaria de usar, para que fins, se será para o Pré-Sal, para fronteiras terrestres, etc", completou.

"A Avibras tem uma versão futura para colocar armamento no Falcão, caso algum cliente venha a pedir. Também há um projeto para uso em patrulhas marítimas, com sensores e radares diferenciados capazes de localizar navios e submarinos no mar", diz Flávio Araripe.

As Forças Armadas possuem, segundo o Livro Branco de Defesa Nacional, divulgado em 2012, pelo menos 8 projetos que visam a aquisição de drones, entre 2013 e 2030, tanto para vigilância do mar como controle do espaço aéreo.

Os estudos seguem a Estratégia Nacional de Defesa, decreto publicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008, que aponta como uma de suas diretrizes básicas "programas de veículos aéreos não tripulados (vants), primeiro de vigilância e depois de combate", se o país quiser ganhar projeção internacional e prevenir ataques a seu território nos próximos 20 anos.
Segundo o texto, os drones com armas, conhecidos como Predadores (Predator, do nome em inglês), serão para o país "meios centrais, não meramente acessórios, do combate aéreo".

"A indústria de defesa espera um investimento maciço das Forças Armadas para alavancar o setor que, devido às atuais normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), não pode usar comercialmente o produto. O Brasil tem muito a crescer no uso militar dos vants", defende Antonio Castro, da Associação Brasileira de Produtos de Defesa (Abinde).

O Ministério da Defesa ressaltou que as aplicações atualmente vislumbradas para estes veículos "são variantes da missão de reconhecimento e sem armas", mas que "isso não significa que essas aeronaves não possam ser utilizadas em combate".

Os Estados Unidos logo perceberam o potencial militar de drones e passaram a usar a nova tecnologia para atacar alvos no Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Somália, além de monitorar outros países. A eficácia das missões, entretanto, é contestada por organizações de direitos humanos, que apontam um grande número de inocentes entre as vítimas dos bombardeiros e contestam a legalidade do emprego militar desse recurso. Críticos falam em "assassinatos sem julgamento", "guerra suja" e "violação das leis internacionais".

A Fundação Nova América, baseada em Washington, contabiliza 350 ataques desde 2004, a maioria durante o governo de Barack Obama, com número de mortos entre 1.963 e 3.293, incluindo entre 261 e 305 civis. Segundo o Escritório de Jornalismo Investigativo, em Londres, o número de vítimas fatais em ataques americanos com drones é maior, entre 2.627 e 3.457, sendo entre 475 e 900 civis. No dia 20 de fevereiro, o senador republicano Lindsey Graham, defensor do uso de drones em ataques militares, disse que o número de mortos soma cerca de 4.700 pessoas, incluindo inocentes.

Marinha usa drone nacional

Ao contrário da FAB, que optou por comprar drones de Israel, mais compatíveis com as especificações que precisava para vigiar as fronteiras do país, a Marinha usa o Carcará, um vant produzido pela brasileira Santos Lab e adquirido após uma licitação internacional.
Segundo Roberto Sbragio Júnior, diretor da empresa, os vants tem 2 metros de envergadura e pesam de 1,8 kg a 4 kg, movidos a bateria. Por serem militares, os Carcarás não precisam de autorização da Anac para operar e possuem custo de R$ 600 mil a unidade.

Os veículos da Marinha estão no Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea, no Rio de Janeiro, e são usados desde 2007, quando foram empregados pela primeira vez em uma manobra de adestramento em Itaoca (ES). Em 2009, os fuzileiros receberam duas novas unidades, de um modelo de nova geração, que servem para inteligência.

A ideia agora é aplicar os drones embarcados em navios ou porta-aviões na costa brasileira para diagnosticar possíveis invasores. Até 2030, a Marinha pretende comprar mais 10 unidades: os primeiros cinco devem chegar até 2022. Os aviões serão usados para busca e salvamento em alto mar, monitoramento de plataformas de petróleo e reconhecimento de embarcações envolvidas em pesca predatória, extração mineral, pirataria, contrabando e crimes ambientais. 
SNB

Cargueiro espacial Dragon pousou no Pacífico


A nave espacial privada Dragon pousou no oceano Pacífico, a 400 km da costa da Califórnia (EUA).

Tendo concluído com sucesso o seu terceiro voo à EEI, o módulo de descida da Dragon trouxe para a Terra quase uma tonelada e meia de carga, entre amostras experimentais, equipamento e aparelhagem usados.
Esse foi o terceiro voo da Dragon à EEI e o segundo nos marcos do contrato entre a NASA e a SpaceX sobre o transporte de cargas para a estação orbital. A primeira missão (experimental) foi efetuada em maio do ano passado e o primeiro voo comercial, em outubro do mesmo ano.
SNB

Rússia mostra material bélico na Malásia

Oleg Nekhai..

Mais de vinte importantes companhias do setor militar-industrial da Rússia exibem os últimos modelos de material bélico na Exposição Marítima e Aeroespacial LIMA-2013 (Langkawi International Maritime & Aerospace Exhibition), que decorre entre 26 e 30 de março na ilha de Langkawi, na Malásia.

Empresas russas apresentam na feira um amplo leque de equipamentos aéreos militares, meios de defesa antiaérea, navios de guerra e lanchas. Este acontecimento tem enorme importância para a Rosoboronexport e todo o sistema de cooperação técnico-militar, uma vez que a Rússia participa desta exposição desde 1991, apontou em entrevista à Voz da Rússia o porta-voz da Rosoboronexport, Vyatcheslav Davydenko:
“Inicialmente, foi a Rússia que desempenhou um papel importante na popularização da mostra LIMA, que se transformou na maior e na mais prestigiosa exposição de equipamentos militares na Região Asiático-Pacífica e no mais importante palco de discussão de perspetivas na área militar-técnica. Este ano apresentamos aos participantes e visitantes da feira o caça versátil Su-35 com altas capacidades de manobra, o avião de treino e de combate Yak-130, o helicóptero de combate Mi-28NE, o helicóptero de reconhecimento e de assalto Ka-52, o helicóptero pesado de transporte Mi-26. Exibimos equipamentos marítimos através de um sistema de exposição interativo, inclusive a fragata Guepard e as lanchas de patrulhamento Mirazh e Sobol. A Rosoboronexport apresenta também aos parceiros estrangeiros os meios de defesa antiaérea de última geração Buk M2M e Pantsyr S1. A posição da Rússia neste setor do mercado mundial de armamentos é tradicionalmente muito forte”.
As relações entre a Rússia e Malásia na esfera da cooperação técnico-militar já se desenvolvem há muitos anos. Ainda em 1994, a Malásia comprou 18 aviões russos MiG-29, o que impulsionou as exportações russas de armamentos. Diferentemente da China, Índia e Argélia, a Malásia nunca foi um parceiro tradicional da Rússia, orientando-se durante muito tempo para armamentos ocidentais. Contudo, nos anos de 2000, foi assinado um contrato de fornecimento de 18 aviões Su-30. O mercado de países da Região Asiático-Pacífica, inclusive da Malásia, é muito importante para a Rússia no plano da cooperação técnico-militar, destaca o diretor do Centro de Conjuntura Estratégica, Ivan Konovalov:
“Estabelecemos relações com vários países aos quais fornecemos de forma regular sistemas de armamentos. São eles o Vietnã, Índia, Malásia e Indonésia. Portanto, esta exposição é uma das mais importantes, em que discutimos habitualmente os sistemas de aviação. No sudeste asiático, os aviões de combate russos, sobretudo o Su-30, são muito populares. Vendemos aqui muitas destas máquinas. Navios da Marinha da Rússia também participarão da exibição”.
O grande navio antisubmarino Marshal Shaposhnikov atracou no porto de Langkawi, para demostrar a bandeira russa no decorrer da exposição. Os participantes e visitantes da LIMA-2013 poderão apreciar também a apresentação do grupo de acrobacia aérea Russkie Vityazi (Guerreiros Russos).
VOZ DA RUSSIA....SNB

Veículo blindado Alacran em testes na Polícia Militar de Goiás (PMGO)


Por P.Bastos/R.Caiafa
Na manhã da última sexta-feira (22/03) o novo comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC) de Goiânia (GO), coronel PM Walter Azeredo Veríssimo (PMGO), visitou as dependências da Companhia de Operações Especiais (COE) onde conheceu o veiculo blindado Alacran, entregue a unidade para ser submetido a rigorosos testes de campo por 30 dias
Projetado e fabricado no Brasil pela Centigon, o carro possui câmeras externas com telas LCD de visualização interna, tração nas quatro rodas, pesa cerca de oito toneladas e pode chegar a 160 km/h de velocidade máxima. Concebido como um transporte de tropas blindado com capacidade para oito policiais equipados, o carro foi projetado para incursões em ambientes hostis e transposição de obstáculos, podendo ser utilizado em áreas de risco como favelas ou atuar em reintegrações de posse. O Alacran será testado pela COE, organização militar que tem como doutrina intervir em missões que envolvam o resgate de reféns, neutralização de artefatos explosivos, ocorrências em ambientes rurais e o combate ao crime de roubo a bancos. A COE foi criada pela PMGO em 1988, sendo inicialmente subordinada ao Batalhão de Choque, tornando-se Companhia Independente em janeiro de 2011. Na atualidade, conta com um efetivo de quatro oficiais e 45 praças. Os militares que desejarem ingressar na unidade devem ser aprovados ou no Curso de Operações Especiais (COESP) ou no Curso de Ações Táticas Especiais(CATE).
O Alacran em ação com a Polícia Federal Mexicana (Foto: PFM)
Centigon Alacran
O Blindado Tático Alacran, da Centigon, está em plena campanha de testes no centro-oeste brasileiro. Primeiro foi avaliado pelo Batalhão de Operações Especiais (BOPE) da Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT), agora o COE da PMGO e depois será o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), sendo que essa ultima corporação adquiriu da Centigon dois modernos blindados do tipo Controle de Distúrbio Civil (CDC) para substituir o antigo veículo Centurion daquela força. O Alacran e é um veículo blindado de concepção e projeto 100% nacional, cuja versão anterior já está em uso pela Policia Nacional e Armada de México, além servir de base para uma versão colombiana do carro. No mercado brasileiro, o Alacran vem despertando o interesse de diversas forças policiais como a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMSP), e no mercado internacional, já foram feitos contatos com alguns países africanos interessados em adquirir a viatura. É uma interessante solução nacional para acabar com essa onda de carros fortes adaptados e/ou improvisados...
tecnodefesa.com.br...SNB

Sob sanções, Coreia do Norte coloca tropas em posição de combate


Reuters
SEUL - A Coreia do Norte repetiu nesta terça-feira, 26, sua ameaça de atacar bases militares dos EUA, enquanto Washington e seus aliados endureceram as sanções econômicas contra o isolado país.A retórica da Coreia do Norte, que já ameaçou os EUA com uma guerra nuclear e ensaiou ataques teleguiados à Coreia do Sul, e a dura reação de Washington geram preocupações na China, única aliada importante de Pyongyang, que disse ver uma situação "delicada".
A Coreia do Norte diz que as sanções da ONU, definidas depois do terceiro teste nuclear norte-coreano, em fevereiro, é parte de um complô liderado pelos EUA para derrubar seu regime comunista.
"A partir deste momento, o Comando Supremo do Exército Popular Coreano colocará na postura de combate número 1 todas as unidades de artilharia de campo, incluindo as unidades de artilharia de longo alcance e as unidades de foguetes estratégicos, que farão mira em todos os objetos inimigos em bases invasoras dos EUA no seu território continental, no Havaí e em Guam", disse a agência estatal de notícias norte-coreana, a KCNA.
O ministério sul-coreano da Defesa disse não ver sinais de ação militar iminente por parte da Coreia do Norte, e a maioria dos analistas militares considera que Pyongyang não correrá o risco de travar e perder um conflito contra os EUA.
A Coreia do Sul e os militares dos EUA estão conduzindo exercícios militares até o final de abril, mas garantem que seu objetivo é estritamente defensivo. O Norte acusa os EUA de fazerem preparativos para uma guerra, e anunciou ter desconsiderado o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (1950-53).
Autoridades disseram que Japão e Austrália planejam impor sanções ao Banco de Comércio Exterior da Coreia do Norte, como parte dos esforços dos EUA e seus aliados para cortar o financiamento ao programa nuclear norte-coreano.
A China novamente pediu moderação às partes. "No momento, a situação na península coreana continua sendo complexa e delicada", disse Hong Lei, porta-voz da chancelaria.
A agressiva retórica de Pyongyang parece marcar mais uma tentativa de reforçar as credenciais militares do líder Kim Jong-un, que assumiu o poder em dezembro de 2011, após a morte do seu pai.
KCNA disse na terça-feira que Kim orientou uma operação de pouso de unidades combinadas, incluindo da Marinha. "Essa é a construção de um mito para o comandante", disse Jeung Young-tae, analista-sênior do Instituto de Unificação Nacional da Coreia, em Seul.
Na terça-feira, faz três anos que um navio militar sul-coreano foi afundado, causando a morte de 46 marinheiros. A Coreia do Norte nega ter torpedeado a embarcação. 
SNB

Brics aprovam criação de fundo comum no valor de US$ 100 bi


Fernando Travaglini, enviado especial da Agência Estado
Mantega e ministro das Finanças da CHina Lou Jiwei, após o acordo.
DURBAN - Os ministros de finanças dos países dos Brics - formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul - aprovaram um acordo de contingenciamento de reserva comum (CRA, na sigla em inglês) no valor de US$ 100 bilhões. O acordo de reserva de contingência prevê a criação de um fundo de reservas destinado a socorrer os países do grupo, em caso de crise de liquidez.A presidente Dilma Rousseff também está em Durban. O primeiro compromisso será reunião com o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, marcada para as 18h15, no horário local (13h15 em Brasília).
Em seguida, às 19h30, Dilma participa da cerimônia de abertura da V Cúpula de Chefes de Estado e de Governo dos Brics. Às 20h45, ela estará em jantar oferecido pelo presidente sul-africano aos chefes de Estado e de Governo presentes ao evento. Todos os compromissos serão realizados no Centro Internacional de Convenções, em Durban.
Acordo com a China
Mantega também conversou sobre o acordo assinado com a China. Ele disse que o acordo para troca de moedas (swap) no valor de US$ 30 bilhões implica um relacionamento mais estreito com a China. "O acordo inclui a área comercial, financeira e até aduaneira", disse, em entrevista à imprensa após reunião do encontro dos Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
"Hoje a China é nosso maior parceiro comercial e podemos ampliar para outras áreas. Estamos abertos para que os chineses participem de investimento em infraestrutura, energia e óleo e gás".
Tanto Mantega quanto o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, negaram que a assinatura do acordo seja por causa da crise na zona do euro. "Acordos de swap são bastante comuns hoje entre os bancos centrais", disse Tombini. "Não está ligado à crise europeia". "Não foi pela crise, pois ela estava pior no ano passado do que agora", completou Mantega.
O valor acordado, US$ 30 bilhões, é suficiente para cobrir entre oito e 10 meses de exportação e importação. O acordo não afeta as reservas internacionais brasileiras, pois representa apenas a troca de moedas.
SNB

DIVULGADO ESTUDO DE VIABILIDADE PARA MICROSSATÉLITES METEOROLÓGICOS


Brasília, 25 de março de 2013 – Eventos hidrológicos extremos, como cheias e estiagens, e seus impactos são apenas alguns dos motivos que fizeram com que a Agência Nacional de Águas (ANA) procurasse a Agência Espacial Brasileira (AEB) para desenvolver, em parceria, um sistema de satélites com a missão de coletar dados hidrometeorológicos.
Recentemente, as duas instituições assinaram memorando de entendimento e formaram um Grupo de Trabalho (GT), com representantes da AEB, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da ANA.
Como resultado, o GT publicou o “Estudo de análise de viabilidade e alternativas de configuração de microssatélites para contribuir na missão ANA em sua coleta de dados hidrometeorológicos”. O documento expressa as alternativas de configuração para a missão que atendam a realidade atual e busquem a otimização da infraestrutura já instalada no Brasil e gerenciada pela ANA, também visando a economicidade dos recursos públicos. A ideia é que as instituições possam desenvolver uma constelação de pequenos satélites para aperfeiçoar o sistema brasileiro de monitoramento de águas.
“O uso de sistemas espaciais é imprescindível para coletar dados em áreas geográficas em que se têm dificuldades ou restrições de acesso. Com o uso de satélites, pode-se avaliar, com rapidez e razoável precisão, eventos dependentes das mudanças meteorológicas relativas à variação do tempo, especificando-se com precisão sua localização geográfica”, explica o presidente da AEB, José Raimundo Coelho.
Conclusões – O Grupo de Trabalho concluiu que os satélites para o novo sistema devem ser um aperfeiçoamento do SCD-1 e SCD-2, satélites atualmente utilizados. Além de modernizados, deverão contar com novos subsistemas para possibilitar correções de atitude e órbita.
De fato, os novos satélites para coleta de dados devem possuir um subsistema de propulsão, de forma a garantir manobras de mudança de fase nas órbitas, conforme requerido pelas alternativas de solução. Também deverão contar com um subsistema de controle de atitude em três eixos, necessário para o correto apontamento dos satélites. No mais, os satélites contarão com subsistemas semelhantes aos presentes no SCD-2, capazes de atender às funções básicas de sobrevivência e aos requisitos da missão.
Ao contrário do que tem sido a regra para os satélites desenvolvidos até o momento pelo Brasil, por tratar-se de uma possível constelação de vários satélites, seu desenvolvimento e produção permitirão ganhos de escala industrial, com o consequente barateamento do valor unitário de cada satélite.
O novo sistema também fará pleno uso da infraestrutura de solo já existente para controle, recepção e armazenamento de dados, mas imporá aos técnicos e organizações envolvidas um novo desafio, que será o de gerir uma constelação de satélites, o que nunca foi feito antes no Brasil.Este documento resume o estudo de análise de viabilidade e alternativas de configuração de microssatélites para contribuir na missão da Agência Nacional de Águas (ANA) em sua coleta de dados hidrometeorológicos, com a cooperação gerencial e técnica da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
A ANA é a maior usuária do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA) operado pelo INPE. Nesse sistema, foram instaladas aproximadamente mil Plataformas de Coleta de Dados incluindo outras aplicações em meteorologia, qualidade de água, entre outras, atendendo a cerca de uma centena de organizações usuárias. Entretanto, o segmento espacial constituído pelos satélites SCD-1 e SCD-2 não atende às demandas atuais da Rede Hidrometeorológica Nacional. Nessa rede, os dados devem ser adquiridos em intervalos menores que uma hora, e em qualquer localidade do território brasileiro. Soma-se a isso que os referidos satélites já ultrapassaram a vida nominal para eles estimada, e hoje operam de forma degradada.
Para concretizar esse estudo de viabilidade foi constituído um Grupo de Trabalho (GT) com membros da ANA, AEB e INPE, para estudar e propor alternativas de configuração para missão de coleta de dados hidrometeorológicos que atendam a realidade atual e busquem a otimização da infraestrutura já instalada no país e a economicidade dos recursos públicos.
O Grupo de Trabalho iniciou suas atividades com a caracterização e detalhamento das demandas da Rede Hidrometeorológica Nacional, constituída por 2.699 estações pluviométricas e 1.830 estações fluviométricas, das quais 795 utilizam transmissão via satélite ou celular para sua recepção. Atualmente, 202 plataformas operam no Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais, com potencial de aquisição de novas plataformas ou por conversão do meio de transmissão de mais 1550 plataformas nos próximos cinco anos. Com o setor elétrico incluído na rede de plataformas, o total demandado para o Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais é de cerca de 3 mil plataformas adicionais.
Paralelamente, o Grupo de Trabalho levantou o estado atual do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais e avaliou o grau de atendimento das demandas atuais.
Considerando o estado atual do sistema e as demandas da Rede Hidrometeorológica Nacional, o estudo de análise de missão gerou soluções alternativas de configuração orbital dos satélites que são descritas a seguir.


A Situação atual do Sistema de Coleta de Dados


O Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais é constituído pela constelação de satélites SCD-1 e SCD-2 (lançados, respectivamente, em 1993 e 1998), pelas diversas redes de plataformas de coleta de dados espalhadas pelo território nacional, pelas Estações de Recepção de Cuiabá (MT) e de Alcântara (MA), pelo Centro de Missão Coleta de Dados (SINDA) em Natal (RN), e pelo Laboratório de Instrumentação Meteorológica (CPTEC/LIM). Os satélites SCD-1 e SCD-2 foram colocados em dois planos orbitais diferentes, com aproximadamente 750 km de altitude e 25 graus de inclinação em relação ao plano do Equador, o que permite uma cobertura adequada de todo o território nacional. Cada satélite completa 14 órbitas por dia, das quais oito são visíveis à estação receptora principal, localizada em Cuiabá.
A meta inicial de desempenho desse sistema, que considerava apenas um satélite, era receber corretamente pelo menos uma mensagem por dia de cada plataforma, independente de sua localização. Atualmente, essa meta não é aceitável para a maioria das aplicações que utilizam o sistema, que impõe a recepção de pelo menos cinco mensagens distribuídas ao longo do dia. Isso só é satisfeito considerando a operação simultânea dos dois satélites.
Para o conhecimento da situação atual do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais, realizou-se uma análise de cobertura baseada em dados reais do sistema em operação. Foi utilizado o conjunto de satélites SCD-1 e SCD-2, porém, com o SCD-1 operando apenas quando iluminado, desconsiderando passagens curtas (menores que três minutos), e com a restrição de recepção pelas estações de Cuiabá e de Alcântara.
A Tabela 1 apresenta os tempos de revisita do sistema atual para um conjunto de dez plataformas espalhadas no território nacional, suas latitudes e longitudes, bem como a duração das passagens, o intervalo entre as passagens (gaps) e a porcentagem de revisitas que cumprem o tempo melhor ou igual a uma e duas horas.

Tabela 1 – Tempos de revisita para o sistema SBCDA.
Plataforma de   coleta de dados
Lat (grau)
Long (grau)
Duração Pass.   Max. (min)
Duração Pass.   Média (min)
GapMax.   (h)
Gap   Médio (h)
% Revisita ≤ 2   h
% Revisita ≤ 1   h
Amapá (AP)
2,05
-50,79
25,16
13,16
5,22
1,58
85,50
17,45
Atalaia (AL)
-9,52
-36,03
24,17
12,19
1,65
1,46
100
8,63
Colatina (ES)
-19,53
-40,63
16,14
11,97
1,85
1,47
100
7,37
Cucui  (AM)
1,18
-66,83
21,93
09,85
3,48
1,46
92,38
21,82
Faz. Angical (TO)
-12,28
-48,30
26,36
14,52
1,61
1,42
100
8,63
Fortaleza (PA)
-6,04
-57,64
26,24
14,19
1,60
1,41
100
10,67
MET Cruz. Sul (AC)
-7,6
-72,77
17,79
09,73
1,69
1,42
100
16,94
Quarai (RS)
-30,38
-56,46
15,30
12,58
3,65
1,65
95,88
0
S. Pedro S. Paulo (PE)
0,917
-29,34
21,45
10,42
5,24
1,71
83,77
20,24
Trindade (ES)
-20,5
-29,30
15,05
09,23
1,81
1,53
100
6,94

Por meio do estudo do desempenho atual do sistema brasileiro, observa-se que o tempo de revisita ou gap máximo para esse conjunto de plataformas fica entre 1,60 a 5,24 horas; os gaps médios são entre 1,41 a 1,71 horas, e a duração média das passagens está entre 9,23 a 14,52 minutos. Além disso, o tempo de revisita satisfatória menor do que uma hora cumpre esse requisito em menos de 22% dos casos, e entre 83% e 100% dos casos o critério de duas horas.
A análise de revisita permite avaliar quando a comunicação via satélite entre uma plataforma de coleta de dados e uma estação de recepção em solo pode ocorrer. Para avaliar o desempenho de funcionamento ou a qualidade dos dados recebidos, deve-se considerar também o grau de degradação ocorrida nos satélites SCD-1 e SCD-2 em função do tempo de operação em órbita, principalmente o SCD-1, com mais de 20 anos para uma vida útil inicial de um ano.

Alternativas para a Continuidade do Sistema de Coleta de Dados

A demanda da ANA requer a continuidade do programa de satélites brasileiros para evitar a interrupção do sistema de telemetria para as plataformas hidrometeorológicas existentes, e para atender a ampliação prevista para rede de plataformas da ANA e de outros usuários.
A ANA considera que os requisitos mínimos para o sistema de satélites de comunicação, tendo em vista a demanda sinalizada e as condições atuais de monitoramento, são: transmissão e recepção de dados em intervalo máximo de uma hora, palavra de transmissão de pelo menos 32 bytes (compatível com o atual sistema SBCDA), cobertura em todo o território nacional e disponibilidade de transmissores a custos reduzidos. Além disso, seria desejável que o sistema de satélites brasileiros pudesse oferecer transmissão intra-horária de dados, a cada 15 minutos, por exemplo, com capacidade de interrogação e de atender aproximadamente 3 mil plataformas de coleta de dados. Essas funcionalidades são importantes para o acompanhamento de sistemas de alerta em bacias hidrográficas com baixo tempo de concentração, e para a realização de manutenção e atualização remota das plataformas.
Para o atendimento dessas demandas, as soluções para o segmento espacial baseiam-se em constelações de satélites de órbita baixa (LEO), com planos orbitais entre 25 a 30 graus. A restrição de revisita melhor que uma hora e em qualquer localidade do território nacional implica em pelo menos seis satélites distribuídos em três planos orbitais, notando que essa configuração reflete a demanda das comunidades usuárias do sistema, que por sua vez se alinham às necessidades nacionais mais recentes. Caso essas restrições possam ser abrandadas, pode-se reduzir o número de satélites.
Observa-se, ainda, que órbitas de inclinação igual a 0o (equatorial) cobrem bem a região amazônica, porém, para cobertura de todo o território nacional, a inclinação da órbita deve ficar em torno de 30º. Outro critério a ser observado é o tempo de passagem do satélite sobre a plataforma.
As Tabelas 2 e 3 sumarizam os resultados com diferentes configurações de satélites, para as localizações das plataformas em Oiapoque, Cuiabá e Chuí, mostrando a porcentagem de revisita satisfatória de até 60 e 15 minutos, respectivamente.
Tabela 2 – Estudo do tempo de revisita satisfatória de até 1 h.
Configuração de órbita dos satélites
Porcentagem de revisita menor que 1h em   função da Localização da plataforma
No   de Planos Orbitais
No   de Satélites por Plano
Total   de Satélites
Inclinação   da Órbita
Oiapoque
Cuiabá
Chuí
1
2
2
0o
100%
100%
__ (*)*
1
4
4
100%
100%
__ (*)*
2
2
4
30o
100%
100%
92,80%
2
3
6
100%
100%
96,93%
2
4
8
100%
100%
100%
3
1
3
100%
93,38%
56,21%
3
2
6
100%
100%
100%
3
4
12
100%
100%
100%
6
1
6
100%
100%
100%

De acordo com a Tabela 2, para o sistema de dois planos orbitais e dois satélites por plano orbital, as plataformas instaladas em Cuiabá e Oiapoque seriam atendidas dentro do critério desejado, porém, no Chuí o tempo de revisita máximo é de 1,4 horas, não atendendo as necessidades. O acréscimo de mais satélites nos planos orbitais (dois planos e três satélites por plano) melhora para a plataforma instalada no Chuí, porém ainda não atende ao critério desejado. Com os resultados da solução de oito satélites colocados em dois planos orbitais, nota-se atendimento para as três localidades de referência, e melhora para revisitas de 15 minutos. Os resultados com a solução de três planos orbitais, com apenas um satélite para cada plano orbital, atende apenas aos critérios de revisita de até uma hora no Oiapoque.
A solução com menor número de satélites é a de três planos orbitais e dois satélites por plano orbital, totalizando seis satélites. Esse sistema passa a atender aos requisitos de revisita de uma hora. A Figura 1 mostra os resultados da análise. Cada traço no formato de um “H” representa uma passagem sobre a plataforma. O “H” mais estreito significa uma passagem mais curta enquanto que o “H” mais largo representa uma passagem mais longa sobre a localidade.
Figura 1 – 3 Planos/6 Satélites (30º) – Distribuição das passagens dos satélites
 (01 dia) e visualização 3D da constelação.
Tabela 3 – Estudo do tempo de revisita satisfatória de até 15 minutos.
Configuração orbital para revisita de até 15   min
Porcentagem do atendimento para revisita   menor que 15 min em função da localização da plataforma
No   de Planos Orbitais
No   de Satélites por Plano
Total   de Satélites
Inclinação   da Órbita
Oiapoque
Cuiabá
Chuí
1
2
2
0o
0%
0%
__ (*)*
1
4
4
100%
100%
__ (*)*
2
2
4
30o
51,82%
20,23%
0%
2
3
6
43,89%
23,02%
0%
2
4
8
52,92%
100%
78,28%
3
1
3
0%
0%
0%
3
2
6
72,81%
45,78%
6,71%
3
4
12
100%
100%
100%
6
1
6
0%
0%
0%

Uma solução para atender ao requisito de tempo de revisita de 15 minutos seria uma constelação com três planos orbitais e quatro satélites por plano orbital. Nessa solução, qualquer plataforma de referência poderia ter acesso ao sistema a cada 15 minutos e os gaps seriam menores 11,4 minutos para Chuí, 13,2 minutos para Cuiabá e 6,6 minutos para Oiapoque.
Os resultados da análise considerando um plano orbital a 0˚ de inclinação com dois satélites distribuídos nesse plano atendem ao requisito de revisita para uma hora para a região Amazônica. Nesse caso, o gap médio coincide com o gap máximo (37,99 min. para Oiapoque e 40,64 min. para Cuiabá). Considerando o mesmo plano orbital com quatro satélites, o tempo de revisita será reduzido para cerca de 15 minutos, com gap de 11,17 minutos para Oiapoque e 13,83 minutos para Cuiabá. É importante ressaltar que essas soluções com plano orbital de 0° de inclinação atendem somente a região acima de 26° de latitude Sul. A região sul do Brasil não seria atendida por essa solução, pois as plataformas não teriam visibilidade e/ou acesso aos satélites.
O Grupo de Trabalho discutiu, ainda, que de forma preliminar os custos associados e os prazos de desenvolvimento para cada uma das alternativas de solução, considerando os seguintes itens:
a)      Custos máximo e mínimo do satélite em função de participação da indústria nacional;
b)      Primeiro satélite, considerando a necessidade de desenvolvimento e os demais satélites com custo recorrente;
c)      Lançador capaz de injetar mais de um satélite por plano orbital;
d)     Satélites com capacidade de propulsão a bordo para definição e manutenção das constelações; e
e)      Prazo estimado de desenvolvimento com os itens anteriores entre 24 a 48 meses.

Comentários Finais

As análises e estudos realizados mostram que as demandas da Agência Nacional de Águas podem ser atendidas como extensão ou continuação do Sistema Brasileiro de Coleta de Dados, hoje em operação com os satélites SCD-1 e SCD-2.
Como existem outros grandes potenciais usuários do sistema de coleta de dados, os estudos devem ser ampliados e mesmo refinados para dimensionamento detalhado do sistema, principalmente com relação ao desempenho total do mesmo considerando as colisões de mensagens e a necessidade de faixa de frequência para a transmissão das plataformas de coleta de dados.
É urgente que o sistema seja atualizado, garantindo a continuidade da prestação de serviços do SBCDA. Os satélites SCD-1 e SCD-2 já expiraram em muito seu prazo de vida útil, mesmo que ainda em operação. Assim, não é possível prever quando esses satélites pararão de funcionar, descontinuando o sistema.
Foram identificadas as seguintes soluções para o requisito de revisita de uma hora (em 100% dos casos ou parcialmente):
a)    Constelação de três planos orbitais de 30º e dois satélites por plano, totalizando seis satélites;
b)   Constelação de dois planos orbitais de 30º e dois satélites por plano, totalizando quatro satélites;
c)    Substituição do SCD-1 em seu plano orbital; e
d)   Constelação de um plano orbital equatorial (com inclinação próxima a 0˚) e dois satélites.

Foram identificadas as seguintes soluções para o requisito de revisita de 15 minutos (em 100% dos casos ou parcialmente):
a)    Constelação de três planos orbitais e quatro satélites por plano, totalizando 12 satélites;
b)   Constelação de um plano orbital equatorial composto de quatro satélites.

Dentre os desafios do novo sistema, cabe enumerar: a necessidade de subsistema de propulsão no satélite para inserção na posição orbital adequada e sua manutenção ao longo do tempo; a necessidade de sistema de estabilização em três eixos; o lançamento de múltiplos satélites para redução de custos de lançamento; o gerenciamento da constelação; e a necessidade de um plano para reposição regular dos satélites com vistas a manter sua operacionalidade.
Observa-se a grande importância na continuidade do SBCDA, que pode ser realizada de diversas maneiras. Entretanto, deve ser selecionada a estratégia que melhor atenda as necessidades dos usuários, com envolvimento da indústria nacional, e em função da disponibilidade de recursos financeiros.


* Wilson Yamaguti é engenheiro eletrônico e mestre em Engenharia. Atua como coordenador da Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE) e chefe da Divisão de Sistemas Espaciais (DSE) do INPE.
* Aurea Aparecida da Silva é doutora em Engenharia e Tecnologia Espaciais e mestre em Física. Atualmente faz parte do Programa de Capacitação Institucional no INPE.

Wilson Yamaguti
* Aurea Aparecida da Silva
AEB......SNB


segunda-feira, 25 de março de 2013

Brasil e China assinam acordo de crédito de US$ 30 bi


EDUARDO CUCOLO - Agencia Estado
BRASÍLIA - O Brasil e a China assinam nesta terça-feira (26) um acordo que dará aos dois países uma linha de crédito equivalente a US$ 30 bilhões na moeda do parceiro comercial. O acordo de troca (swap, em inglês) de moeda é uma espécie de "cheque especial". O Banco Central (BC) brasileiro, por exemplo, deixa disponível esse valor na moeda nacional para o país asiático, que pode ou não usar o recurso.
O Brasil, por sua vez, pode sacar o mesmo valor em yuan, em caso de necessidade. Em outubro de 2008, o Brasil fechou acordo semelhante com os Estados Unidos, como parte da estratégia para combater os efeitos da turbulência financeira internacional daquele período, mas a linha nunca foi usada. Nem pelos brasileiros nem pelos americanos.
O objetivo da medida é criar uma reserva adicional para ser usada em caso de falta de financiamento internacional, que reforça a situação financeira dos dois países. A linha para troca de moeda com a China era negociada desde 2012, quando a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o então primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Cnuds), também conhecida como Rio+20, no Rio. O acordo será assinado na África do Sul, onde o presidente do BC, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, participam da reunião de ministros das Finanças e presidentes de BCs de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics), grupo de países emergentes
SNB

KC-390 - Passa a Revisão Crítica de Projeto


A Força Aérea Brasileira e a Embraer atingiram, nesta sexta-feira (22/03), um importante marco da fase de desenvolvimento do projeto do cargueiro KC-390. A Revisão Crítica de Projeto (do inglês Critical Design Review - CDR) foi realizada nas duas últimas semanas por pilotos, engenheiros e técnicos das duas instituições em São José dos Campos (SP). O processo cumpre com os prazos estabelecidos no cronograma do projeto. A partir de agora, a empresa parte para a fase de construção dos protótipos, cujo primeiro voo está programado para o segundo semestre de 2014. Depois, virá a produção em série.

Para o chefe do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER), Tenente-Brigadeiro do Ar Aprígio Eduardo de Moura Azevedo, a data pode ser considerada histórica. A fase de CDR completa um ciclo importante. O detalhamento executado consolida todos os requisitos da aeronave. “Mais que um passo, é um salto. O dia de hoje representa um ponto de inflexão no projeto, saindo da fase de concepção e detalhamento para o início de produção dos protótipos que vão demonstrar definitivamente a capacidade deste avião.”

De acordo com o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, são poucas as experiências de desenvolvimento no Brasil de projetos com semelhante nível de tecnologia e complexidade. “Para a indústria aeronáutica é um marco. Estamos mudando de patamar do ponto de vista tecnológico”, afirma. Para ele o fortalecimento da indústria nacional tem repercussão direta no fortalecimento da FAB. “Ter ao lado da Força Aérea uma indústria que consegue produzir e exportar produto com essa tecnologia aumenta o nível de representatividade mundo afora”, explica.

“Este é um grande marco do Programa e estamos orgulhosos com o resultado de todo nosso esforço em demonstrar a maturidade do projeto à FAB”, disse Paulo Gastão Silva, Diretor do Programa KC-390 na Embraer. “Temos certeza de que o KC-390 virá a ser mais um grande sucesso da provada combinação entre requisitos muito bem definidos pela FAB e as soluções desenvolvidas pela Embraer para atendê-los.”

Operacionalidade – O KC-390 deve substituir as aeronaves C-130 Hércules operadas pelos Esquadrões 1º/1º Grupo de Transporte e 1º Grupo de Transporte de Tropa, ambos sediadas no Rio de Janeiro. A nova aeronave deverá operar também a partir de bases aéreas na região amazônica. O projeto é estratégico não apenas para garantir maior mobilidade militar, mas também para consolidar o desenvolvimento da indústria nacional de defesa. Para o comandante do Comando-Geral de Operações Aéreas (COMGAR) Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, o novo avião se adapta perfeitamente à realidade de um país continental. “Da Amazônia à Região Sul, o Brasil precisa de um avião assim, pela capacidade de carga, autonomia, operação em qualquer tipo de pista e da tecnologia embarcada”, resume o oficial-general.

Voo virtual, mock-ups e simuladores – É na unidade da Embraer em São José dos Campos que está localizada a área de desenvolvimento do projeto KC-390. Em vários andares, os engenheiros desenvolvem softwares e sistemas para a aeronave.

Para o voo virtual, por exemplo, foram necessários cinco anos de desenvolvimento tecnológico na Embraer, além dos trabalhos específicos no KC-390, até atingir a integração de todos os sistemas que a aeronave vai receber. Agora, os profissionais conseguem usar modelos reais desses sistemas e componentes para avaliar seu comportamento e suas interações. O simulador permite, inclusive, avaliar como as informações serão apresentadas ao piloto.

Um dos itens que torna o KC-390 um projeto moderno é a adoção do fly by wire, um sistema onde o controle da aeronave é feito por softwares. De acordo com o Coronel Engenheiro Sergio Carneiro, gerente do projeto do KC-390 na Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), este item é o que há de mais moderno em sistemas de voo para pilotagem.
“Não existem mais cabos, molas e hastes para transferir os movimentos que o piloto comanda na aeronave até as superfícies de controle. Todas as informações são processadas em computadores que enviam as ordens de deslocamento diretamente aos atuadores dessas superfícies”, afirma o gerente do projeto. O novo sistema reduz a carga de trabalho do piloto, o que permite aumentar sua concentração na missão e torna a resposta do avião aos comandos mais precisa e segura.
Saiba mais - As novidades do KC-390 estarão entre os destaques no stand da FAB na feira de defesa e segurança, LAAD, que será realizada de 9 a 12 de abril no Rio de Janeiro. A construção de um avião nacional para transporte de tropas e reabastecimento em voo atende a estratégia de ampliar a mobilidade militar, seja para o transporte de tropas ou o atendimento em missões humanitárias. Cada aeronave terá capacidade para transportar até 80 soldados, ou uma carga máxima de 23 toneladas. O desenvolvimento do projeto começou em 2009.

O projeto prevê um total de investimentos na ordem de R$ 4,5 bilhões apenas na fase desenvolvimento. Argentina, Portugal e República Tcheca são parceiros no desenvolvimento da aeronave. O projeto já tem 60 intenções de compra e conta com um mercado estimado de 700 aeronaves. A construção do avião de carga deve atingir cerca de U$$ 20 bilhões em exportações.
SNB