Teerã passou anos se preparando para uma guerra naval defensiva no golfo Pérsico, escreve o especialista em defesa, Sebastien Roblin.
Em seu artigo para a revista The National Interest, o autor aponta que, nesta possível guerra, Irã usará sua grande frota de navios de ataque rápido para lançar mísseis antinavio contra adversários a fim de bloquear a passagem através do estreito de Ormuz.
Capacidades navais
O país dispõe de 21 minisubmarinos da classe Ghadir que são de produção nacional, mas construídos em conformidade com os submersíveis norte-coreanos da case Yono. São barcos de 120 toneladas, capazes de se deslocar a uma velocidade de 11 nós (21 km/h). Além disso, cada submarino pode levar dois torpedos de 533 mm.
Em geral, as águas costeiras pouco profundas são muito favoráveis para operações minisubmarinas, com interferências de zonas rochosas superficiais e fortes maresias que reduzem o alcance de detecção do sonar", diz Roblin.
Segundo acrescenta o especialista, essas águas também oferecem aos minisubmarinos "abundantes oportunidades para se esconder e esperar em uma emboscada".
Além dos submersíveis de pequeno tamanho, o Irã dispõe de três submarinos diesel-elétricos maiores e mais capazes de classe Kilo, comprados da Rússia na década de 90. Estes barcos, por sua vez, podem navegar confortavelmente pelas águas do oceano Índico, aprofundando-se.
Em 2013, Teerã lançou seu próprio submarino da classe Fateh. Embora este navio, de fabricação nacional, careça de algumas características modernas como mísseis antinavio ou o sistema de propulsão independente, é verdadeiramente uma "peça genuína", indica o autor.
Mas, por que Irã investe somas consideráveis na construção de seus próprios submarinos ao invés de adotar esquemas já desenvolvidos por Rússia e China?
Aspiração à autossuficiência
A razão consiste em que Teerã já se dá conta de como as parcerias internacionais em mudança podem desviar o planejamento da defesa. Assim, antes da revolução no país, seu governo recebia "grandes quantidades de armas" dos EUA.
No entanto, continua Roblin, este armamento norte-americano "foi bastante difícil de manter, depois de um pequeno incidente em 1979 na embaixada dos EUA", trata-se da crise dos reféns no Irã, durante a qual um grupo de estudantes iranianos tomou como reféns dezenas de diplomatas norte-americanos.
Depois de o Iraque invadir Irã em 1980, Teerã se encontrou em más relações tanto com os EUA, como com a União Soviética, por isso se dirigiu para a China em busca de armas. Além disso, envolveu-se em "relações clandestinas" com a administração de Reagan.
Esta tumultuada história criou um tremendo impulso para a autossuficiência militar do Irã, mesmo que os resultados de curto prazo não sejam nada especiais com os sistemas estrangeiros de armas existentes", salienta Roblin.
Guerreiros" submarinos
O submarino Fateh mede entre 40 e 48 metros de comprimento e, segundo informações, é capaz de levar cerca de 600 toneladas em posição paralela. Assim, compartilha características com os submarinos de defesa costeiros alemães desenvolvidos nos anos 1960 e 1970.
Além disso, Fateh dispõe de quatro tubos de torpedos para a proa, com acesso potencial entre seis e oito recargas, e um arranjo soar circular situado sob os tubos. O submarino Fateh é capaz de operar a uma profundidade de até 200 metros abaixo d'água, o que é mais do que suficiente para as águas rasas do golfo Pérsico. Acredita-se que sua velocidade máxima em posição submersa alcance de 14 a 24 nós (entre 26 e 42 km/h).
Roblin indica que, segundo a mídia local, o Fateh é capaz de estar em alto-mar durante cinco semanas e cobrir uma distância de 5.000 km, o que lhe fornece a capacidade de penetrar no mar da Arábia.
Teerã também planeja fabricar dois submarinos da classe Besat (ou Qaem), cada um de 60 metros de comprimento e equipado com seis tubos de torpedos. É provável que tenham uma capacidade de mergulho de 300 metros e uma velocidade máxima de 37 quilômetros.
No entanto, a falta de novos relatórios sobre o seu desenvolvimento sugere que o projeto foi abandonado e atrasado.
Ao mesmo tempo, o Escritório de Inteligência Naval dos EUA informou, em março, que os submarinos da classe Besat terão capacidade de lançar mísseis de cruzeiro em cinco anos.
A arma iraniana que pode entrar em serviço o mais rápido possível é o torpedo supercavitante Hoot (ou Baleia), que, segundo informado, é capaz de alcançar uma velocidade de mais de 321 km/h, ou quatro vezes mais do que um típico torpedo moderno.
O autor explica que tal façanha é alcançada através do uso do calor, do sistema de escape do foguete, o que lhe permite viajar em uma bolha de gás com resistência ao arraste mínimo.
As provas do Hoot foram realizadas em 2006, 2015 e em maio de 2017. Na opinião do analista de defesa, o torpedo foi desenvolvido levando em consideração o torpedo russo Shkval.
Roblin destaca que, embora o estado de algumas das armas iranianas ainda seja desconhecido, a sua implantação, marcará melhorias significativas no potencial naval do país.
[…] O esforço consistente do Irã para produzir em casa submarinos maiores e mais capazes e armas utilizadas em selos, fornece mais provas de que Teerã está investindo a longo prazo para se tornar uma potência militar autossuficiente", conclui o analista.
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