sexta-feira, 9 de agosto de 2013

E-mail criptografado que teria sido usado por Snowden é fechado

Um serviço de email criptografado que supostamente foi usado por Edward Snowden, delator do esquema de espionagem feito pelos Estados Unidos, fechou as portas abruptamente na quinta-feira. O site foi fechado em meio a uma disputa judicial com Washington pelo acesso de dados de usuários do serviço.
Em nota, o proprietário do Lavabit, Ladar Levison, disse que decidiu "suspender as operações", mas foi impedido de discutir os acontecimentos que levaram à sua decisão que, segundo ele, levou seis semanas.
"Fui forçado a tomar uma decisão difícil: tornar-me cúmplice de crimes contra o povo americano, ou abandonar quase dez anos de trabalho duro. Depois de consultar minha consciência de forma exaustiva, decidi suspender as operações".
Esse período coincide com o momento em que Snowden apareceu publicamente como fonte de reportagens que detalharam operações de espionagem eletrônica secreta realizada pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês).
O Departamento de Justiça dos EUA não fez nenhum comentário imediato. A lei americana de segurança nacional permite que as autoridades realizem pedidos a companhias com a advertência formal de que manterão segredo.
"Esta experiência me ensinou uma lição muito importante: sem a ação do Congresso ou um forte precedente judicial, recomendo fortemente contra confiar seus dados privados a uma empresa com laços físicos nos Estados Unidos".
Também na quinta-feira, um executivo de um provedor mais conhecido de email seguro disse que sua empresa também havia encerrado o serviço. Jon Callas, co-fundador do Silent Circle, disse no Twitter e em um blog que o Silent Circle tinha encerrado o serviço Silent Mail.
SNB

Após espionagem dos EUA, Brasil tenta acelerar construção de cabos submarinos

As rotas de cabos submarinos que conectam os brasileiros a outros internautas no exterior estão na mira do governo brasileiro após as denúncias de Edward Snowden, ex-técnico de informática da agência nacional de segurança americana (NSA, na sigla em inglês), sobre a espionagem do governo dos Estados Unidos a milhões de telefonemas e e-mails de brasileiros. Atualmente, cerca de 90% do tráfego de dados gerado nas conexões de internet brasileiras passa pelos Estados Unidos, o que torna a maior parte das chamadas de voz, e-mails e bate-papos vulneráveis à interceptação pela NSA.
Como não existem cabos submarinos para ligar todos os países, os pacotes de dados passam por grandes pontos de troca de tráfego (PTTs), data centers onde redes de grande porte de empresas de internet, provedores e operadoras se encontram. “É como numa rodoviária, onde diversas empresas de ônibus chegam para pegar e deixar passageiros”, compara Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, órgão que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI).
Os pacotes de dados passam por PTTs de grande porte, como o NAP das Américas localizado em Miami (EUA). Além dele, existem outros 13 PTTs para troca de tráfego internacional no mundo, nenhum deles no Brasil. Nestes data centers, grandes roteadores recebem informações trazidas por cabos submarinos, verificam o destino e redirecionam os pacotes de dados para outros cabos que os levem até seu destino final. “Os EUA são um ponto de concentração, porque recebem muito tráfego e geram muito tráfego de internet”, diz Getschko. “A maior parte do tráfego de dados internacional acaba passando pelos EUA em algum momento.”
Denúncias geram alerta
Antes uma questão apenas de logística, o controle sobre os cabos submarinos que conectam as redes de internet em todo o mundo se tornou questão de segurança nacional. Documentos da NSA sobre o programa de espionagem americano obtidos pelo jornal "O Globo" apontam que a agência utiliza um programa chamado Fairview para coletar dados em redes de comunicação em todo o mundo, por meio de uma parceria com uma grande operadora americana. “Na hora que o tráfego passa pelos roteadores nos PTTs, alguém pode olhar esses pacotes de dados”, explica Getschko. As leis americanas obrigam empresas baseadas nos EUA, sejam elas de serviço de internet ou operadoras, a colaborar em ações de espionagem.
No total, o Brasil possui uma capacidade de banda contratada para transmissão de dados por meio de cabos submarinos de 3,7 Tbps (terabits por segundo), de acordo com a consultoria TeleGeography. Para efeito de comparação, essa banda permitiria que o Brasil transmitisse a mesma quantidade de dados armazenados em 657 DVDs a cada segundo para os EUA. A capacidade de transmissão de dados contratada, no entanto, não é completamente utilizada. “Em 2013, as rotas entre o Brasil e EUA transmitiram 680 Gb por segundo, o que equivale a transmissão do conteúdo de 144 DVDs a cada segundo para os EUA a partir do Brasil”, diz Greg Brian, analista sênior da TeleGeography.
Logo após as denúncias de Snowden, o governo brasileiro anunciou a formação de um grupo técnico para investigar as denúncias de espionagem e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirmou que investigaria se as operadoras brasileiras violaram o sigilo dos dados e ligações telefônicas e se houve participação de empresas brasileiras no esquema de espionagem do governo dos EUA. “Só interceptamos a comunicação se há autorização judicial da Justiça brasileira”, diz Alex Castro, diretor da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil). Além disso, o governo brasileiro pediu mais rapidez na análise de leis que garantam a privacidade dos dados de brasileiros, como o Marco Civil da internet e a Lei de Proteção de Dados Pessoais .Defesa anda devagar
Poucas ações novas, no entanto, fazem parte da estratégia do governo para proteger e-mails, conversas de chat e outras informações das ações de espionagem da NSA. O principal projeto em discussão é a construção de dois cabos submarinos: um deve conectar o Brasil diretamente à Europa e outro deve ligar o Brasil à África. Dessas localidades, os pacotes de dados com origem no Brasil poderão seguir rotas para países da Europa, Oriente Médio, Ásia e Oceania, sem passar pelos EUA. Atualmente, o Brasil possui apenas um cabo submarino conectado à Europa por meio de Portugal, o Atlantis-2, mas ele é usado somente para transporte de comunicações por voz, por ter capacidade limitada.
Os projetos já estavam em andamento antes das denúncias de Snowden. “Estamos há mais de um ano fazendo estudos sobre estes cabos submarinos”, diz Caio Cezar Bonilha Rodrigues, presidente da Telebras.
Após as denúncias, no entanto, a estatal acelerou o processo e deve entregar em breve um projeto de construção dos cabos, com o estudo sobre possíveis rotas e custos envolvidos, ao Ministério das Comunicações. “Tão logo o governo haja uma definição e o orçamento associado, o cabo levará 18 meses para ser implementado”, diz Rodrigues. O novo cabo para a Europa deve sair de Fortaleza (CE), cidade com maior densidade de cabos submarinos no Brasil, passar por Fernando de Noronha e seguir até Portugal ou Espanha.
No caso da conexão submarina entre o Brasil e a África, o governo brasileiro não terá que fazer grandes investimentos. O projeto é uma iniciativa liderada pelo consórcio de operadoras Angola Cable. “Somos parceiros apenas para construir o ponto de aterragem do cabo em Fortaleza”, diz Rodrigues, da Telebras. O cabo, que deve ter 6,5 mil quilômetros, ligará o Brasil à Luanda, na Angola. A previsão é de que o cabo esteja pronto para operar no quarto trimestre de 2014.
A construção de novos cabos submarinos, contudo, depende de altos investimentos. De acordo com a TeleGeographic, a construção de um sistema de cabos submarinos entre o Brasil e os EUA, por exemplo, custa cerca de R$ 690 milhões (US$ 300 milhões); um sistema que conecte o País com a Europa, por meio do Oceano Atlântico, pode sair ainda mais caro. A Telebras procura empresas brasileiras, europeias e de outros países sul-americanos que tenham interesse em investir nos novos cabos submarinos. “A Telebras entrará com um investimento de R$ 800 milhões e a outra parte será custeada por meio de parcerias com empresas”, diz Coimbra.
Em entrevista exclusiva ao iG , o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, revelou que o governo brasileiro já acertou com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) uma linha de financiamento com juros de 3% ao ano para empresas interessadas em investir nos novos cabos submarinos. A linha de crédito, que segundo o ministro ficará entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões, será oferecida por meio do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). "Este é um bom atrativo que o governo oferece aos interessados", diz Bernardo.
Além da iniciativa do governo brasileiro, não há nenhum outro cabo planejado para conectar o Brasil à Europa nos próximos anos. No caso da conexão entre o Brasil e a África, há outros dois cabos submarinos planejados até o momento, com início da operação previsto para 2015. Contudo, nenhum deles está em construção. “Não há nenhuma garantia de que qualquer um deles saia do papel, mas pelo menos um deles deve ser construído”, diz Brian, da TeleGeography. Cada novo cabo submarino deve ter capacidade para transmitir dados a uma velocidade entre 16 Tbps e 32 Tbps.
Anel óptico
Além dos quatro cabos submarinos que ligam o Brasil aos EUA e do antigo cabo de conexão com a Europa, há um sexto cabo submarino em operação. De menor porte, o Unisur facilita a comunicação do Brasil com a Argentina e o Uruguai, mas não se conecta a outros países da América Latina. Com isso, se um internauta do Chile quer acessar um site hospedado no Brasil, o pacote de dados com sua solicitação “viaja” para algum PTT localizado nos EUA antes de chegar ao Brasil e vice-versa. É o chamado "efeito trombone".
"Existem algumas conexões terrestres nas fronteiras dos países da América do Sul, mas temos pouca visibilidade desses sistemas. Na prática, a maior parte do tráfego de internet desses países é roteada por meio dos Estados Unidos, apesar de haver algumas conexões físicas diretas", diz Cody Williams, analista da TeleGeography. A distância pode se tornar mais curta e a transmissão dos dados mais barata quando o projeto do anel óptico, um compromisso firmado pelos países-membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), sair do papel. Anunciado no ano passado, ele prevê a conexão, nas fronteiras, das redes de fibra óptica dos países da América do Sul.
O projeto até agora só resultou na conexão direta entre o Brasil e o Uruguai, realizada em maio de 2013. Ele depende de que as operadoras locais levem a rede de fibra óptica até as fronteiras, para que a conexão seja concluída. "A Telebras está investindo para ampliar a rede na região Norte, mas levar a rede para a região da Amazônia é extremamente difícil. É um projeto de longo prazo", diz Rodrigues. Os investimentos para expandir a infraestrutura de fibra óptica da Telebras são parte do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Segundo o Ministério das Comunicações, a rede brasileira já está pronta na fronteira com a Argentina e com o Paraguai e a conexão depende do término das obras nos países vizinhos. No caso da Bolívia, Venezuela e Peru, a rede de fibra óptica ainda não chegou à fronteira também do lado brasileiro. "Feitas as conexões físicas, deverão ser estabelecidos acordos de interconexão entre todos os países para que esse arranjo de redes funcione em anel", diz Coimbra.
PTTs nacionais
O "efeito trombone" não é um fenômeno apenas da América do Sul, mas acontece inclusive internamente no Brasil. Uma estimativa do Ministério das Comunicações aponta que até 50% do tráfego de internet que segue para os pontos de troca de tráfego (PTTs) nos EUA seja destinado ao próprio Brasil. Uma parte deste tráfego, porém, precisa realmente sair: as solicitações são enviadas a serviços baseados em web de empresas americanas, como Google e Facebook, mas também a sites de empresas brasileiras hospedados em servidores nos EUA devido ao custo baixo. Sem necessidade, parte dessas informações ficam expostas à possíveis ações de espionagem do governo dos EUA."A maioria das operadoras está fora dos pontos de troca de tráfego brasileiros. Elas não têm interesse em participar, porque quanto mais tráfego elas transmitirem, mais elas cobram", diz Rogério Santanna, ex-secretário de logística e tecnologia da informação do Ministério do Planejamento e ex-presidente da Telebras. Atualmente, o Brasil tem 22 pontos de troca de tráfego (PTTs) neutros, ou seja, que são gerenciados pelo Comitê Gestor da Internet (CGI). Contudo, as grandes operadoras brasileiras, salvo algumas exceções como a GVT, trocam pouco tráfego nesses data centers.
"Se a troca ocorre no PTT, o custo é zero. No modelo das operadoras, levar o tráfego de dados até algum lugar para fazer a interconexão também gera receita", diz Getschko, do CGI. Contudo, apesar da resistência das operadoras em participar dos PTTs "neutros", isso não quer dizer que elas não façam a troca de tráfego no Brasil. Muitas operadoras mantêm acordos entre si, por questões de logística. " A Vivo pode ter um acordo com a Oi para trocar tráfego entre as duas redes em um data center da Oi", diz Getschko. De acordo com a Telebrasil, as operadoras mantém mais de 100 pontos de interconexão de redes no País, fora dos PTTs neutros.
Para garantir que as informações com origem e destino no País não sejam expostas sem necessidade, o Ministério das Comunicações já pediu às operadoras brasileiras que façam a troca de tráfego desses pacotes em PTTs nacionais. "Já fizemos uma reunião e estamos esperando a resposta das operadoras. Em caso negativo, há a possibilidade de a Anatel determinar isso por meio de uma nova regulamentação", diz Coimbra. De acordo com o Plano Geral de Metas de Competição, publicado pela Anatel em 2012 e ainda em fase de implementação, empresas de telecomunicações que têm poder de mercado significativo devem fazer a troca de tráfego em PTTs localizados no Brasil.
FONTE  IG...SNB

BRASIL E VENEZUELA ESTUDAM PARCERIA NA ÁREA DE DEFESA CIBERNÉTICA

Em sua primeira visita ao Brasil como ministra, a titular da Defesa Nacional da Venezuela, almirante em chefe Carmen Teresa Meléndez, pediu a Celso Amorim apoio para desenvolver o setor de defesa cibernética de seu governo. Meléndez esteve reunida com o ministro brasileiro na manhã desta quinta-feira, em Brasília, e destacou o avanço do país nesse setor.

Segundo Meléndez, durante as eleições presidenciais venezuelanas, muitas páginas do governo saíram do ar e algumas sofreram a ação de hackers. “Queremos assessoramento para que isso não aconteça”, disse. Amorim, por sua vez, avaliou positivamente a possibilidade de cooperação, e citou o recém-criado Centro de Defesa Cibernética (CDCiber) como órgão capaz de apoiar a iniciativa.

Presente ao encontro, o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, lembrou que o CDCiber atuou em grandes eventos realizados no Brasil, como a Copa das Confederações e a visita do papa Francisco, e garantiu que o Centro está preparado para funcionar durante a Copa do Mundo.

Cooperação


No encontro entre os ministros, Celso Amorim e Carmen Meléndez debateram também outras formas de parceria no setor de Defesa. Mencionaram a possibilidade de ampliar a cooperação entre a Marinha e a Força Aérea dos dois países, além da revitalização de carros blindados e a promoção de ações conjugadas.

No caso da Força Naval, a comitiva venezuelana manifestou interesse na aquisição de lanchas-patrulha desenvolvidas pelo Brasil. O comandante da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto, sinalizou o envio, ao país vizinho, de um grupo de representantes da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron) para estudar a viabilidade de projetos conjuntos.

No que diz respeito à Aeronáutica, o comandante-geral de Operações Aéreas, brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, destacou a importância da realização, no ano passado, do exercício VENBRA VI. A ação – entre as Forças Aéreas do Brasil e da Venezuela – visa combater tráfegos ilícitos entre as fronteiras. De acordo com a ministra Carmen Meléndez, o país enfrenta problema com o contrabando de gasolina e alimentos, em suas regiões limítrofes.  

Presente também na reunião, o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, lembrou que, durante a Operação Ágata 4, realizada em 2012, oficiais venezuelanos atuaram como observadores na ação fronteiriça.

Acordo mais amplo

Celso Amorim citou, também, a valorização do governo brasileiro na participação da Venezuela no Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB) – organização situada no Rio de Janeiro que prepara militares para atuarem em missões no exterior, de ajuda humanitária, desminagem, entre outras.

O ministro defendeu a elaboração de um acordo mais amplo “para facilitar ainda mais a cooperação entre as nações”. E voltou a falar que é preciso “firmar uma identidade sul-americana”.

Ao concordar com Celso Amorim, a ministra venezuelana disse que “não pode haver integração se não estão alinhadas as Forças Armadas”. A visita ao Brasil foi a primeira viagem ao exterior da almirante Carmen Meléndez, depois de empossada.
MINISTÉRIO DA DEFESA 
SNB

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

General brasileiro diz que solução no Congo não pode ser só militar

O general brasileiro Carlos Alberto dos Santos Cruz, comandante das forças de paz da ONU na República Democrática do Congo, afirmou à BBC Brasil que a solução para o conflito no país tem que ser política, e não apenas militar.
O brasileiro foi enviado em junho ao país para liderar os capacetes azuis em uma das mais difíceis missões da história das Nações Unidas: enfrentar os mais de 50 grupos armados que fazem do leste do Congo um território praticamente sem lei há cerca de dez anos.
"Nós (as tropas da ONU) vamos criar condições para que se tenha uma solução política, porque somente a solução política vai ser permanente", disse Santos Cruz.
"A força militar precisa estar perfeitamente coordenada, harmonizada, com o andamento político da questão."

M23

Santos Cruz assumiu uma operação recentemente reformulada pelo Conselho de Segurança. Um novo mandato mais robusto, aprovado pelo órgão, dá às forças de paz armamentos e poderes sem precedentes – inclusive embasamento jurídico para atacar os rebeldes mesmo sem que eles tenham lançado uma ofensiva antes.
Até agora, Santos Cruz não utilizou essa possibilidade. Ele disse acreditar que uma solução política deve ser mais duradoura que uma ação somente militar contra o M23 – o maior grupo rebelde em atividade atualmente no Congo.
Eles são um grupo armado formado por ex-militares congoleses rebelados que lutam contra o governo do presidente Joseph Kabila e supostamente também por guerrilheiros de etnia tutsi contrários a grupos rebeldes hutus que operam na região.
São acusados pelos Estados Unidos e pela ONU de estarem recebendo ajuda financeira e militar do país vizinho, Ruanda – cujo governo, dizem analistas, estaria apoiando o grupo em uma suposta tentativa de conter grupos rebeldes de etnia hutu que operariam no Congo e obter suporte político interno.
O governo de Ruanda nega todas essas alegações.

Processo de paz

Por enquanto, o governo Kabila e o M23 participam de negociações de paz em Kampala, Uganda. Contudo, o processo permanece estagnado desde que o Exército congolês e os rebeldes se enfrentaram em batalhas – que deixaram quase 300 mortos em menos de dez dias – no mês passado.
Santos Cruz disse acreditar que as ações militares devem seguir o ritmo das negociações de paz. Ele não tem lançado ofensivas de larga escala contra os rebeldes, mas tem aumentado muito a pressão sobre o grupo armado – manobrando suas tropas na região e tornando a cidade de Goma, a principal do leste do país, uma "fortaleza" inacessível aos rebeldes e um lugar seguro para a população.
Enquanto isso, o M23 ameaça atacar Goma e tomá-la da ONU, como ocorreu no ano passado, antes do fortalecimento do mandato da operação.
Santos Cruz disse que responderá com todos os seus recursos – entre eles unidades de artilharia pesada, aviação e forças especiais – a qualquer ataque contra a ONU ou contra a população do país.
BBC BRASIL..SNB

Agosto, mês do Soldado.

SNB

Argentina negocia compra de caças



O governo da presidente argentina, Cristina Kirchner, está negociando com a Força Aérea da Espanha a compra de vinte aviões de guerra Mirage F1M de segunda mão. A venda desses aparelhos de 38 anos de uso incluiria o treinamento dos pilotos argentinos. Parte dos aparelhos desta operação - que envolveria US$ 220 milhões - seriam destinados à vigilância da fronteira norte da Argentina, com o objetivo de vigiar o espaço aéreo por onde costumam trafegar os aviões de narcotraficantes. 
As negociações para esta compra chamaram a atenção da mídia britânica, sempre de olho em qualquer tipo de rearmamento argentino, em razão do impasse envolvendo as Ilhas Malvinas (Falklands, para os britânicos). O motivo da compra dos aviões, segundo o jornal britânico Daily Mirror, seriam "fins eleitorais", em referência às eleições parlamentares argentinas de outubro.
Dos 53 Mirage que a aeronáutica argentina comprou em 1968 atualmente funcionam somente 14 unidades. Além disso, a força aérea conta atualmente com sete A-4AR Fightinghawk (de um total de 36 comprados em 1997).
Mas por causa de problemas nos radares, estes aparelhos apenas voam em condições excelentes de clima. Os especialistas afirmam que a força aérea argentina está em estado de "sucata".
A aeronáutica argentina também possui 34 aviões IA-58 Pucará (de um total de 200 construídos na primeira metade dos anos 70), um bimotor a hélice Made in Argentina. O Pucará foi intensamente utilizado no combate à guerrilha há quatro décadas dentro da Argentina e durante a Guerra das Malvinas em 1982.
O deputado Julio Martinez, da União Cívica Radical (UCR) afirmou que "nos dez anos de governo de Nestor e Cristina Kirchner 17 aviões da Força Aérea espatifaram-se no chão. E o número só não é maior porque os aviões não voam por falta de combustível". O ex-ministro da Economia, Roberto Lavagna, criticou a verba destinada para a compra dos aviões da força aérea espanhola, sem licitação prévia. "Foram usados pela Jordânia e depois pela Espanha, com quase 200 mil horas de voo", afirmou.
ARIEL PALACIOS - CORRESPONDENTE / BUENOS AIRES
ESTADÃO ,,SNB

Defesa relegada

Em maio, a equipe econômica já havia feito um contingenciamento de R$ 3,6 bilhões nos recursos do Ministério da Defesa. O corte foi tão consistente que o ministro Celso Amorim procurou a presidente Dilma Rousseff para alertar sobre o risco de que projetos importantes de investimento ficassem comprometidos e obteve um estorno de R$ 400 milhões. Mas adiantou pouco. Uma nova tesourada foi dada no orçamento da pasta, de R$ 919,4 milhões, estabelecida pelo Decreto 8.062, de 29 de julho, que reduziu o aporte para a área de R$ 18,7 bilhões – que já eram insuficientes – para R$ 14,2 bilhões este ano.
É incompreensível que todos os governos nos últimos 20 anos vêm tratando a segurança nacional dessa forma. Pelo visto, nenhum deles teve sensibilidade para sustentar investimentos no setor de defesa, o que leva a prejuízos de difícil recuperação. Na semana passada saiu a notícia de que a Força Aérea Brasileira (FAB) vai aposentar 12 jatos F-2000 (Mirage) e o Planalto faz silêncio em relação aos FX-2, que não se sabe quando chegarão ao país. O mesmo ocorre no âmbito das Forças Armadas. E o Congresso segue a pauta. Enquanto isso, o Brasil pleiteia uma cadeira como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Haja incoerência! O Brasil tem quase 17 mil quilômetros de fronteiras, boa parte secas – com o Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Venezuela, Colômbia, Suriname e Guianas francesa e inglesa –, e a diversidade do país produz muitos desafios. Dizer que o Brasil é pobre não condiz com a colocação do país no ranking das 10 mais desenvolvidas economias mundiais. Assim, recursos há, mas os gastos públicos é que não são, às vezes, bem utilizados.
Há nos corredores da administração federal muitos defensores de cortes no orçamento da Defesa, dirigido por um civil e que reúne as três armas, para os quais não existem ameaças ao Brasil, uma nação em paz com o resto do planeta. No mínimo esse é um olhar estrábico. As Forças Armadas não são um artigo supérfluo, mas uma necessidade para um país de dimensões continentais como é o Brasil. Quem pode desconhecer que o mundo está recheado de conflitos e que potências impõem quase sempre sua vontade pela Força militar? Sem uma capacidade mínima de dissuasão, o país fica vulnerável e à mercê da vontade e de interesses externos.
No caso das fronteiras, por elas entram drogas de todos os tipos e somente com uma ação militar perene, cujo custo é enorme, o combate pode ser feito. O próprio Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivan), em funcionamento desde 2002, precisa de aportes substanciosos para suprir suas necessidades de modernização constante, pois sua base de trabalho é inteligência. A sociedade precisa tomar as dores e dar importância às Forças Armadas, modernas, bem equipadas e treinadas à exaustão. Mas, para alcançar esse nível, exige-se dinheiro. Ante os cortes efetivados, vale torcer para que nenhum imprevisto ocorra e que os comandantes das três armas saibam priorizar projetos e planos com os R$ 14,2 bilhões que lhes restaram nos cofres.
 
SNB