terça-feira, 30 de julho de 2013

Hackers atacaram sites governamentais 672 vezes em 2013

Os ataques de hackers aos sites e portais da Administração Pública Federal (APF) se tornaram um problema quase corriqueiro na estrutura de informática governamental. Somente no primeiro semestre de 2013, as páginas do governo federal ficaram fora do ar 672 vezes – conforme relatório obtido pelo iG junto ao Centro de Tratamento de Incidentes de Segurança de Redes de Computadores (CTIR-Gov), departamento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Palácio do Planalto.Em média, as páginas do governo na internet ficaram inacessíveis uma vez a cada oito horas. A suspensão desses acessos é a segunda maior reclamação de incidentes de informática no governo. Entre janeiro e junho deste ano, cerca de 20% das reclamações repassadas ao CTIR-Gov foram relacionadas à “indisponibilidade de sítio”, segundo o relatório.A reclamação mais recorrente é o chamado “abuso de sítio”, ou seja, problemas com a configuração dos sites (provocados por agentes externos ou não) e exposição de códigos fonte ou descobertas de eventuais vulnerabilidades nos sistemas. Esses casos foram responsáveis por 25% das notificações no primeiro semestre.
Ataques pró-manifestações
A reportagem do iG revelou, com base nos documentos do CTIR-Gov, 67 casos de vazamento de informações de órgãos federais no primeiro semestre . Nesses casos, houve vazamento de dados sigilosos e confidenciais do governo.
No dia 22 de junho, durante os protestos em todo o Brasil, por exemplo, o portal do governo federal sofreu ataque de hacker e ficou fora do ar por pelo menos uma hora. A invasão ocorreu por volta das 2h da manhã. A mesma situação ocorreu nos portais Receita Federal e Presidência da República. Ainda no dia 22, o site da Petrobrás ficou instável pela manhã e caiu durante a tarde.
Já no final de junho foram alvos de ataques os portais da Polícia Federal, Senado, Ministério dos Esportes, Ministério da Cultura, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e Ministério das Cidades. Parte desses ataques foi assumida por grupos como Fatal Error, Havittaja, Fail Shell e Anonymous.
Especialistas apontam, entretanto, que invasões desse tipo são consideradas menos danosas, porque o autor não consegue acesso a dados sigilosos, como nos casos de entrada dos sistemas de órgãos estratégicos.
Os hackers conseguiram apenas acesso remoto dos portais sem autorização ou simular um grande número de acessos, ocasionando a derrubada ou dificuldade de navegação por usuários reais – é o chamado DDoS (Distributed Denial of Service). “Em todos estes casos, o que houve foi acesso aos portais, não alcançando informações sigilosas, e/ou indisponibilização dos serviços”, avalia o secretário-geral da Comissão Especial de Crimes de Alta Tecnologia da OAB-SP, Fernando Barreira.
iG...SNB

    segunda-feira, 29 de julho de 2013

    Itamaraty minimiza suspeita de espionagem dos EUA em conselho da ONU

    O ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores) minimizou nesta segunda-feira (29) informação de que os Estados Unidos teriam espionado delegação brasileira e de outros países no Conselho de Segurança da ONU, em 2010.
    Documentos sigilosos divulgados pela revista "Época" indicam que os Estados Unidos espionaram 8 dos 15 integrantes do grupo em maio daquele ano, para antecipar como seriam os votos sobre sanções contra o governo do Irã.
    "Não chega a ser um segredo que exija um aparato de alta sofisticação você descobrir como é que um país vai votar no Conselho de Segurança. Por uma ação diplomática perfeitamente lícita e permitida - e que é mesmo da essência do nosso trabalho como diplomata - você pode muito bem através de contatos com diferentes missões, interlocutores [como] jornalistas, entre outros, ficar sabendo qual é mais ou menos a orientação de cada país", disse o chanceler em coletiva de imprensa.
    Para ele, as denúncias mais recentes envolvendo espionagem norte-americana no Brasil "nos preocupam de uma maneira mais direta". "Porque tem a ver com práticas que aparentemente estão ocorrendo enquanto nós conversamos aqui", justificou.
    Patriota lembrou que a Convenção de Viena garante o sigilo das comunicações de missões diplomáticas e ponderou que a inviolabilidade das informações é tarefa também dos chefes de postos diplomáticos. O ministro ponderou ainda que suspeitas de espionagem "são recorrentes".

    "Quando houve iniciativa da intervenção militar norte-americana e britânica no Iraque em 2003 surgiram várias notícias falando de espionagem nas missões do México e do Chile, que eram membros não-permanentes do conselho de segurança naquela época", citou como exemplo.
    FOLHA ..SNB 

    Brasil volta a negociar uso de base de Alcântara com os EUA

    Lisandra Paraguassu / Brasília - O Estado de S.Paulo
    O governo brasileiro retomou as negociações com os Estados Unidos para permitir o uso da base de Alcântara (MA) pelo serviço espacial americano. As conversas, sepultadas no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, foram reiniciadas em termos diferentes e o Itamaraty espera ter um acordo pronto para ser assinado na visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, em outubro.
     A intenção é abrir a base para que os americanos usem o local para lançamentos, mas sem limitar o acesso dos próprios brasileiros nem impedir que acordos com outros países sejam feitos. O governo vê a localização privilegiada de Alcântara - que, segundo especialistas, reduz em até 30% o custo de um lançamento - como um ativo que deve ser explorado, inclusive para financiar o próprio programa espacial brasileiro.
    Depois de negociar com os americanos, o projeto é abrir as mesmas conversas com europeus e japoneses, entre outros. Calcula-se que um lançamento pode custar entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões.
    A retomada das negociações com os americanos prevê uma espécie de aluguel do local para que os Estados Unidos possam lançar dali seus satélites. As discussões giram em torno das condições para esse uso, as chamadas salvaguardas tecnológicas esperadas pelo governo de Barack Obama. Reticentes a dar a outros países conhecimento de tecnologias consideradas sensíveis, os americanos querem usar a base, mas fazem exigências para impedir o acesso a informações, especialmente a dados militares.
    "Secreto". As discussões vão estabelecer alguns limites, mas o assunto ainda é classificado como "secreto" pelo governo. No entanto, a hipótese de reservar áreas da base para uso exclusivo americano, como chegou a ser estabelecido no Tratado de Salvaguardas (TSA) assinado pelo governo Fernando Henrique Cardoso, em abril de 2000, nem sequer será considerada.
    O excesso de restrições daquele tratado levou o documento a jamais ser ratificado pelo Congresso, e o acordo naufragou. Entre as exigências estava a de que determinadas áreas da base de Alcântara seriam de acesso exclusivo dos americanos, não sendo permitida a entrada de brasileiros sem autorização dos EUA.
    Inspeções americanas à base também seriam permitidas sem aviso prévio ao Brasil, e a entrada de componentes americanos em contêineres selados poderia ser liberada apenas com uma descrição do conteúdo. Além disso, o governo brasileiro não poderia usar o dinheiro recebido para desenvolver tecnologia de lançamento de satélites, mas apenas para obras de infraestrutura.
    A reação foi tão ruim que o Congresso enterrou o acordo em 2002. Ao assumir o governo, em 2003, o então presidente Lula foi procurado pelos americanos, mas não quis retomar o assunto.
    Sem uso. Com localização ideal para lançamentos, a base é considerada estratégica para o programa espacial brasileiro, mas até hoje é subutilizada. Nenhum satélite ou foguete jamais foi lançado de Alcântara, seja porque o Brasil ainda não conseguiu desenvolver a tecnologia para usá-la, seja porque os acordos internacionais para utilização da base até agora não deram frutos. Um teste feito há dez anos terminou em tragédia, com a explosão do foguete e 21 pessoas mortas.
    Ainda em 2003, Lula fechou um acordo com a Ucrânia para desenvolvimento de foguete, o Cyclone-4. Uma empresa binacional, a Alcântara Cyclone Space (ACS), foi fundada, mas até hoje não teve grandes resultados. O Brasil investiu 43% dos recursos previstos, mas até este ano a Ucrânia pôs apenas 19%. Na visita do presidente ucraniano Viktor Yanukovych ao Brasil, em 2011, houve a promessa de que o processo seria acelerado, o que não ocorreu. Este ano, o chanceler Antonio Patriota foi ao país e, mais uma vez, voltou com a promessa de que o foguete estaria pronto em 2014. Seria a estreia da base, se os americanos não a usarem antes.
    SNB 
    NOTA...o brasil na verdade tem e medo dos EUA eles já faz espionagem e há. agora tem base>
    para lançar foguetes ja não basta ter base de espionagem o brasil e um pais sem estrategia militar
    politico corruptos  sem diretiva falta patriotismo com a nossa bandeira o povo tem que protestar mesmo contra esta politica vagarosa de defender o nosso pais viva o brasil...........?

    Rússia é única alternativa para Snowden


    TV Estadão ...SNB

    Computador busca sobrevida diante da ameaça dos tablets

    SEATTLE - A morte do computador pessoal pode ser um exagero. Mas a indústria de computadores pessoais parece estar no limbo. O PC irá quase certamente enganar a morte por algum tempo, e uma das alternativas são os novos lançamentos que começam a chegar ao mercado.
    É verdade que os dispositivos móveis como o iPad continuam ganhando espaço, mas os dispositivos portáteis provavelmente nunca irão satisfazer mestres de planilhas, editores de filmes e outros trabalhadores que dependem múltiplas telas e da precisão de um teclado e do mouse.
    Ainda assim, há uma forte opinião entre muitos executivos do setor de tecnologia de que o PC irá perder relevância progressivamente.

    "Na minha humilde opinião, o PC como o conhecemos está em um declínio contínuo e sendo relegado a um dispositivo de utilidade para as empresas ", disse Hector Ruiz, ex-executivo-chefe da Advanced Micro Devices, empresa que produz chips para PCs e outros dispositivos.

    Futuro incerto. O clima em torno da indústria do PC tornou-se cada vez mais sombrio. O negócio está efetivamente em recessão, e não há recuperação à vista. Durante o segundo trimestre do ano, as vendas mundiais de computadores caíram cerca de 11%, no quinto trimestre consecutivo de declínio, a pior crise desde o advento do PC há mais de 30 anos.
    A Intel, fornecedora dos chips da maioria dos PCs, e a Microsoft, que faz o Windows, sistema operacional da grande maioria dessas máquinas, entregaram resultados financeiros decepcionantes.

    A grande revisão de software da Microsoft, o Windows 8, não aumentou as vendas e pode provocar efeito contrário ao esperado.

    A outrora poderosa Dell, profundamente enfraquecida pela crise PC, está atolada em uma luta com acionistas em torno de um plano para alívio da pressão dos investidores.

    Michael S. Dell, fundador da empresa, e a empresa de investimento Silver Lake, têm argumentado que eles iriam transformar a Dell em prestadora de serviços de software corporativo. A votação sobre o futuro da empresa é esperado para esta semana.

    Concorrência. Enquanto as vendas de PCs para as empresas permanecerem estáveis, a demanda entre os consumidores caiu, em grande parte porque as pessoas estão preferindo gastar dinheiro em iPads, Kindle e outros tablets e celulares inteligentes.

    Ainda assim, mais de 300 milhões de PCs devem ser vendidos no munto este ano. As vendas de tablets, enquanto isso, crescem explosivamente. Este ano, serão cerca de 200 milhões de unidades, número que pela primeira vez vai exceder o número de notebooks, a maior categoria de PCs, segundo pesquisa da Gartner.

    Steve Jobs, o executivo-chefe da Apple, que morreu em 2011, previu alguns anos atrás que os PCs se tornariam algo como caminhões, usados por muitas empresas, mas em desvantagem em relação aos tablets, preferidos pelo grande público.

    Uma teoria é a de que os consumidores estão postergando cada vez mais a compra de novos Pcs. "Ciclos de reposição estão sendo empurrados para a frente", disse Toni Sacconaghi, analista da Bernstein Research.

    A visão mais pessimista é que uma grande parte da demanda dos consumidores por PCs nunca vai voltar. Daniel Huttenlocher, reitor da Universidade de Cornell, diz que os consumidores começaram a comprar PCs em grande número na década de 1990, porque não existia melhor dispositivo para entrar no Internet.

    Mas o PC, disse ele, era sempre mais adequado como uma máquina de escritório para a produção de documentos, apresentações e outros trabalhos. Na sua opinião, tablets são melhores para o consumo de
    conteúdo, ver filmes no Netflix ou navegar na Web.

    No primeiro trimestre, 53% das vendas de computadores foram para o mercado consumidor enquanto 47% foram para o mercado comercial, estima a empresa de pesquisa IDC.

    Muitos consumidores ainda vão preferir um PC para tarefas como edição de vídeos caseiros e escrever documentos. Mas tablets já estão invadindo o reinado dos PCs em muitos nichos profissionais, desde manuais de voo para pilotos até caixas registadoras em restaurantes.

    Perdas. As grandes empresas da indústria de PC - especialmente a Microsoft e Intel - vão perder com o declínio do negócio. E a resposta para essas companhias é simples: redefinir o PC para torná-lo mais leve e portátil.

    A Microsoft projetou o Windows 8 para funcionar bem em dispositivos touch-screen. Se o usuário preferir, ele pode optar pela interface clássica do desktop com mouse e teclado.

    A Intel, por sua vez, aperfeiçoou seus chips para que eles sejam mais parcimoniosos no consumo de energia, requisito importante para dispositivos móveis.

    As mudanças deram origem a um frenesi de cruzamentos em dispositivos, aproximando as fronteiras entre PCs e tablets. Agora, há notebooks que se transformam em tablets. Muitos notebooks vêm com telas sensíveis ao toque para saltar rapidamente entre diferentes modos de operação.

    Microsoft e Intel estão apostando que os dispositivos que saem nos próximos meses vão finalmente começar a trazer os compradores de Pcs de volta às lojas.

    A Microsoft planeja lançar uma nova versão de seu sistema operacional, o Windows 8.1, que responde às reclamações dos clientes em relação à versão anterior.

    "Veremos nos próximos meses muito mais projetos dos fabricante de PC", disse Adam King, diretor de marketing de produto da Intel.
    The New York Times...SNB

    Tablet CCE Motion Tab, com tela de 7 ou 10", traz Android 4.1 a preço acessível

    CCE está em nova fase depois de ter sido comprada pela Lenovo, e parece disposta a entrar na briga por um espaço no mercado de dispositivos com boas configurações e preços bem acessíveis. A empresa anunciou na última terça feira (25), em São Paulo, dois novos modelos de tablets Android que chegam ao mercado em setembro.Os modelos são bastante parecidos, diferentes apenas no tamanho da tela: um com 7 polegadas e outro com 10. Ambos possuem processadores dual-core Qualcomm Snapdragon de 1,2 GHz, 16 GB de armazenamento interno, 1 GB de RAM, câmera de 5 megapixels com flash e corpo resistente a impactos e à prova d'água. Além disso, os modelos rodam o Android 4.1 Jelly Bean, e possuem conectividade 3G, Wi-Fi e Bluetooth.Os novos tablets da CCE, mesmo com as boas especificações, possuem preço bastante acessível. O tablet com 7 polegadas, chamado de Motion Tab TD72G, tem preço sugerido de R$ 699. Já o modelo com 10 polegadas, o Motion Tab TD102G, sai por volta de R$ 899.
    Os aparelhos, desenvolvidos pela CCE em parceria com a Qualcomm especialmente para o mercado brasileiro, começam a ser vendidos em setembro de 2013 nas principais lojas do país.
    SNB

    domingo, 28 de julho de 2013

    65ª SBPC Ciência Sem Fronteiras anuncia bolsas para área espacial


    SNB

    Brasileiros desenvolvem robôs que entendem emoções

    Pesquisadores da Escola Politécnica da USP estão se preparando para participar de um esforço mundial de criar uma nova geração de máquinas capazes de auxiliar os seres humanos em suas tarefas diárias.
    Na área emergente da "Computação Afetiva", o objetivo é criar robôs ou agentes de software que possam se lembrar dos aniversários ou mesmo de fazer uma ligação importante, indo além dos assistentes de voz que já existem para celulares e computadores.
    O primeiro desafio a ser enfrentado pela equipe será desenvolver um algoritmo capaz de reconhecer a emoção de seres humanos em diferentes meios, como vídeo, áudio e até redes sociais.
    Para se ter ideia do tamanho do problema, um estudo recente mostrou que a frase "Eu sou um homem", pode ter 140 significados diferentes, dependendo do contexto, momento e entonação - e este é apenas um dos muitos exemplos.
    Inclusão do português
    Os professores Fábio Gagliardi Cozman e Marcos Pereira Barretto querem ser um dos pilares do grupo brasileiro que participará no esforço mundial para criar robôs capazes de compreender os humanos e agir de acordo com essa compreensão.
    "Não queremos criar extraterrestres ou seres que vão dominar o mundo", brinca Barretto. "Assim como o carro nos ajuda na locomoção e uma máquina de café na preparação de uma bebida saborosa, a ideia é desenvolver seres que possam ser significativamente úteis aos humanos."
    Mesmo estando relativamente fora do circuito principal de tecnologia robótica, os pesquisadores acreditam que o Brasil oferece muito espaço para a execução de um projeto científico tão ambicioso.
    "A maior parte do trabalho já desenvolvido na área de Computação Afetiva serve para a língua inglesa", explica Barretto. "O trabalho da Poli, e de outros centros de pesquisa brasileiros, concentra-se no português do Brasil e constrói, tijolo por tijolo, as bases para que no futuro, quando a tecnologia alcançar maturidade necessária, nossa língua não fique de fora."
    Linguagem das emoções
    Já existem dispositivos que analisam no ato qual emoção caracteriza melhor um rosto numa foto. Contudo, essa técnica está longe de ser a ideal.
    "A análise de fotos por vezes engana o observador, pois o algoritmo poderia identificar raiva, quando na verdade o fotografado estaria pronunciando uma vogal fechada", afirma Barretto.
    O desafio então é ter os mesmos resultados dos algoritmos instantâneos, mas com imagens em movimento, que se aproximam das situações reais.
    Os primeiros passos estão sendo dados pelos pesquisadores Diego Cueva e Rafael Gonçalves, membros da equipe.
    Gonçalves desenvolveu um programa que percorre trechos de 5 segundos de vídeo e identifica as alterações na musculatura da face que caracterizam sentimentos de alegria ou medo, por exemplo.
    De acordo com resultados preliminares, o trabalho consegue identificar quatro tipos de emoção em seres humanos - alegria, tristeza, raiva e medo - com 90% de acerto.
    Brasileiros querem desenvolver robôs que entendem emoções
    Cueva analisou a conotação que as palavras têm nos diálogos. Pegando trechos de áudio, o engenheiro comparou os dados de um algoritmo de reconhecimento de emoção de voz com informações publicadas no Twitter - "viagem", por exemplo, possui uma conotação mais positiva, enquanto "morte" é mais associada a coisas negativas.
    Realismo
    Apesar de promissores, os trabalhos desenvolvidos na Poli representam passos iniciais de uma área que tem muito a crescer.
    E os pesquisadores brasileiros não entram na tendência ufanista que é muito comum de se ver na área: "Não tenho expectativa de ver esses robôs funcionando no meu tempo de vida", confessa Barretto.
    "Simular o comportamento humano, mesmo em situações ridiculamente simples é estupidamente difícil", reconhece ele.
    Ainda assim, os pesquisadores seguem confiantes: "Ainda estamos longe do objetivo principal, mas a cada dia descobrimos uma coisa nova," conclui Barretto.
    SNB

    NASA mostra interior de sua nova cápsula espacial

    Dois astronautas da NASA fizeram as primeiras avaliações de um protótipo da nave espacial CST-100, que está sendo construída pela Boeing.
    Esta é a primeira vez que a empresa divulga o interior da cápsula da tripulação, que ainda sofrerá modificações antes de estar pronta para ir ao espaço.
    Os astronautas Serena Aunon e Randy Bresnik testaram a ginástica necessária para entrar e sair da cápsula. Enquanto isso, os engenheiros monitoravam os equipamentos e avaliavam a ergonomia.
    A CST-100 tem assentos para cinco membros da tripulação, mas o projeto permite acomodar até sete astronautas ou uma mistura de tripulação e carga.
    LEDs e tablets
    A cápsula espacial lembra muito as cápsulas Apollo dos anos 1960, também fabricadas pela Boeing, mas com um interior "repaginado".
    Segundo a Boeing, os "grandes avanços" podem ser percebidos "na iluminação com LEDs azuis e na tecnologia usada nos tablets".
    As telas sensíveis ao toque de fato substituem as mais de 1.000 chaves e botões presentes nas naves Apollo.
    Os avanços reais, contudo, são bem menos visíveis.
    É o projeto sem soldas nas estruturas e a melhor proteção térmica que tornam o modelo 2013 das cápsulas espaciais distintas de seus equivalentes de quase 50 anos atrás.
    As novas técnicas de fabricação permitiram fazer uma nave mais leve e que pode ser fabricada mais rapidamente.
    A Boeing é uma das três empresas norte-americanas que trabalham para desenvolver sistemas de transporte de tripulação ao espaço, uma capacidade que o país perdeu ao aposentar os ônibus espaciais.Além de vender a nave para a própria NASA, a Boeing pretende usar a CST-100 para enviar seus próprios astronautas ao espaço e levar turistas ao espaço a partir de 2015.
    SNB

    NASA financiará conceitos futurísticos para viagens espaciais

    A NASA anunciou que irá financiar uma série de pesquisas inovadoras, dentro do seu Programa de Conceitos Avançados.
    Segundo a agência, as propostas foram selecionadas com base no potencial que esses conceitos têm para mudar a forma como as missões espaciais são realizadas, criando novas capacidades ou melhorando significativamente as técnicas usadas atualmente.
    Os projetos que estão na fase de idealização receberão US$100.000 e deverão apresentar resultados em um ano. Os projetos que já estão em estágio mais avançado receberão US$500.000 e terão dois anos para serem concluídos.
    Conheça quatro das propostas aprovadas, duas envolvendo missões robotizadas e duas envolvendo viagens tripuladas.
    Em uma reportagem posterior, apresentaremos as novas tecnologias de propulsão vislumbradas pela NASA.
    Hibernação espacial
    John Bradford, da Spaceworks Engineering, está propondo começar a colocar na prática um conceito longamente utilizado na ficção científica: a "suspensão" das atividades metabólicas do ser humano durante as longas viagens espaciais.
    Embora o conceito de "animação suspensa" continue longe do alcance do conhecimento científico e das tecnologias disponíveis - na ficção o conceito envolve uma espécie de criopreservação -, Bradford acredita que o conhecimento médico atual já permite a indução de estados de sono muito profundos, o que ele chama de torpor.
    Durante o torpor, o ser humano apresenta taxas metabólicas reduzidas, diminuindo as demandas sobre água, alimentos, entretenimento e, sobretudo, reduzindo o estresse psicológico de uma viagem a Marte, por exemplo.
    O engenheiro propõe desenvolver um habitáculo com toda a tecnologia necessária para que os astronautas permaneçam nesse estado de dormência induzida.
    O habitáculo seria um pequeno módulo pressurizado com acesso direto tanto à nave principal, quanto ao módulo de descida.
    "Nós acreditamos que o habitáculo da tripulação possa ser reduzido para apenas cinco a sete metros para uma tripulação de quatro a seis astronautas, comparados com os 20 a 50 metros atuais. O módulo total da tripulação teria algo na ordem de 20 metros cúbicos, em comparação com os 200 metros cúbicos das propostas atuais," disse Bradford.
    O projeto prevê a avaliação do sistema completo para uma missão a Marte, além da comparação da proposta de "módulo de torpor" com as demais tecnologias sendo avaliadas pela NASA.
    NASA financiará conceitos futurísticos para viagens espaciais

    Impressão 3D de biomateriais
    Há muito tempo a NASA tem manifestado interesse nas impressoras 3D. Foram engenheiros do seu Centro de Pesquisas Langley que inauguraram a prototipagem rápida com metais, com vistas à fabricação de peças sobressalentes de espaçonaves onde quer que elas se façam necessárias.
    Outros experimentos mostraram que é possível construir peças com poeira lunar usando uma impressora 3D e, eventualmente, até uma base lunar inteira.
    Mas a ideia agora é fabricar biomateriais, com vistas à produção de qualquer coisa necessária a um ser humano em outro planeta, de alimentos a tecidos humanos para implantes.
    "Imagine estar em Marte e poder substituir qualquer peça quebrada, seja uma parte do seu traje espacial, o seu habitáculo ou o seu próprio corpo. Propomos uma técnica que permitiria isso," diz Lynn Rothschild, do Centro de Pesquisas Ames, da própria NASA.
    Rothschild pretende fazer isso usando uma impressora 3D para construir coisas usando não metais ou resinas, mas células vivas, alteradas geneticamente para secretar os materiais necessários para que roupas, hambúrgueres e órgãos para implantes possam ser fabricados por qualquer astronauta bem treinado.
    NASA financiará conceitos futurísticos para viagens espaciais
    [Imagem: Hamid Hemmati/NASA]
    Sondas espaciais 2D
    Quando o robô Curiosity desceu em Marte, os chefes da missão na Terra afirmaram ter passado por "sete minutos de terror", tamanha foi a expectativa gerada pela complicada engenharia necessária para colocar um jipe de uma tonelada na superfície de outro planeta.Hamid Hemmati, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA acredita que dá para explorar outros planetas com muito menos estresse.
    Ele está propondo colocar na superfície não naves pesadas e complicadas, mas simples fitas, que desceriam suavemente de onde quer que sejam lançadas.
    "O nosso conceito de sondas espaciais 2D consiste em uma pilha de folhas flexíveis, cada uma equipada com uma variedade de sensores, geradores de energia, aviônica e capacidades de telecomunicação," disse Hemmati.
    As sondas bidimensionais, ou fitas eletrônicas, seriam simplesmente soltas na atmosfera, sem qualquer dispositivo de pouso e sem necessidade de propulsão, totalmente desnecessários.
    A ideia é imprimir os sensores dos dois lados das sondas planas, e lançá-las às dezenas ou centenas, criando uma rede de sensores que colete dados de uma grande área da superfície do planeta - ou qualquer outro corpo celeste, incluindo luas, cometas e asteroides.
    NASA financiará conceitos futurísticos para viagens espaciais
    [Imagem: Adrian Stoica/NASA]
    Transformers espaciais
    Adrian Stoica, também do Laboratório de Propulsão a Jato, vislumbra aparelhos mais complexos e mais versáteis, o que ele chama de "transformers para ambientes extremos".
    O engenheiro propõe criar veículos multifuncionais, capazes de alterar seu formato ou função de acordo com o local que pousarem.
    "Colocados sobre a borda ensolarada de uma cratera permanentemente sombreada, ou na entrada de uma caverna, os Transformers poderão ser usados em conjunto com robôs de exploração, projetando um microambiente favorável nas áreas frias e escuras," disse Stoica.
    As cavernas e crateras escuras, da Lua e de Marte, atraem a atenção dos pesquisadores porque, além de darem informações científicas importantes sobre a formação e história geológica, é possível encontrar nelas gelo e, eventualmente, sinais de vida extraterrestre.
    inovacaotecnologica.com.br
    SNB

    Coppe participa da construção do submarino nuclear brasileiro

    No momento em que se planeja a construção do primeiro submarino movido a energia nuclear no Brasil, a Coppe/UFRJ inaugura, no dia 30 de julho, o Laboratório de Tecnologia Sonar – LabSonar, que desenvolverá tecnologias para acompanhar, detectar e classificar ruídos produzidos pelos motores e condições operativas de navios, protegendo a costa marítima brasileira. O laboratório vai colaborar na capacitação da Marinha na produção dos seus próprios materiais e assessorá-la nas negociações para transferência de tecnologia. A inauguração do LabSonar será realizada, às 14h30, no auditório G-122, no Bloco G do Centro de Tecnologia 1, na Cidade Universitária, e integra as comemorações dos 50 anos da Coppe.
    O LabSonar é uma parceria dos Programas de Engenharia Elétrica e Oceânica e vai aglutinar as pesquisas que a Coppe desenvolve com a Marinha na área de sonares, instrumentos de localização que utilizam sinais acústicas submarinos. Segundo José Seixas, coordenador do LabSonar e professor do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe, o laboratório participará do grande arrasto tecnológico que virá a partir da compra pela Marinha brasileira de um submarino nuclear francês, fruto de acordo firmado em 2009 entre o Brasil e França para transferência de tecnologia.
    “A construção de um submarino nuclear representa muito para o Brasil e será um grande incentivo para as pesquisas que realizamos na Coppe. No momento, nossos pesquisadores estão envolvidos na construção do sonar do submarino nuclear, mas outras tecnologias ainda terão que ser desenvolvidas no país, como sistemas para retirada de gases dos submarinos, postos nucleares para abastecimento, entre outros”, diz o professor José Seixas.
    Segundo o professor, além de participar do desenvolvimento de novas tecnologias para capacitar a Marinha a produzir seus próprios materiais, o Labsonar estimulará novos temas para as teses a serem produzidas na Coppe.

    Projeto pioneiro

    A cooperação entre a Coppe e a Secretaria de Ciência e Tecnologia e Inovação da Marinha vem de longa data e parte do sonar que está instalado hoje nos submarinos brasileiros foi desenvolvido num projeto de colaboração com a Coppe nos anos 90. O sonar a ser desenvolvido no LabSonar é do tipo passivo, que acompanha, detecta e classifica os ruídos produzidos no mar pelos motores dos navios e suas condições operativas. Há também possibilidades de projetos com os sonares ativos, que emitem sinais, ouvem o eco e detectam os corpos presentes.
    A construção de submarinos nacionais tem como objetivo proteger a costa marítima brasileira, o que é essencial para a soberania nacional. Mas a construção dos sonares para submarinos nucleares tem se mostrado uma tarefa cada vez mais desafiadora, segundo o professor Seixas: “Trata-se de uma área muito sensível, com tecnologia cara. Atualmente os alvos irradiam menos ruído e os sonares precisam ser cada vez mais sofisticados para detectá-los. Nesse contexto, está cada vez mais complexo projetar os sonares.”
    Outro trabalho na área de sonares que já resultou numa tese na Coppe tem o objetivo de melhorar a informação que os sonares captam quando dois navios se aproximam, causando interferência mútua. A pesquisa desenvolveu algoritmos que conseguem separar as duas fontes e tornar o sinal mais limpo para detecção.
    A inauguração do LabSonar contará com a presença do diretor do Instituto de Pesquisa da Marinha, do secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha e outras autoridades, além de representes da Coppe e pesquisadores. Na ocasião será promovida ainda a primeira reunião do Comitê Gestor da cooperação da Coppe com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Marinha.
    FONTE: www.planeta.coppe.ufrj.br
    SNB

    sábado, 27 de julho de 2013

    O Brasil se prepara para adquirir seu próprio satélite

    O Brasil se prepara para adquirir seu próprio satélite. O governo deve anunciar nas próximas semanas o vencedor do contrato avaliado inicialmente em 1 bilhão de reais que vem movimentado o mercado da defesa. A Telebrás e a Embraer, são as encarregadas da compra através do consórcio Visiona. Três empresas foram pré-selecionadas e estão na disputa. São elas: a japonesa Mitsubishi Eletric Company, a norte-americana Space Systems Lora,l que agora integra o grupo canadense MDA, e a franco-italiana Thales Alenia Space, que adquiriu a brasileira Omnisys, em São Bernardo do Campo.

    De extrema importância estratégica, o Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações (SGDC) deve entrar em funcionamento em 2016. Ele vai garantir a autonomia do governo brasileiro para a vigilância do território nacional. Além das fronteiras de floresta, outra grande preocupação brasileira é seu vasto espaço marítimo, onde, por exemplo, é extraída a maior parte do petróleo brasileiro.

    O satélite também terá funções civis. Ele vai levar Internet para todo país, incluindo a plataforma marítima continental, aumentando a agilidade nos negócios e trabalhando para a inclusão digital, como parte do Programa Nacional de Banda Larga. Em entrevista à RFI, engenheiro de armamentos e diretor adjunto do Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional (IHEDN) em Paris, Robert Ranquet, explica como funciona essa tecnologia e fala da importância da posse de um satélite próprio na era da ciber-espionagem.
    SNB

    EUA têm domínio total da informação

    Paulo Henrique Noronha
    O alerta é do engenheiro eletrônico Silvio Meira, ao analisar a espionagem da agência de segurança americana (NSA) sobre o Brasil.
    A comunidade de informática desconfiava, mas agora sabemos: estamos nas mãos dos Estados Unidos. O alerta é do engenheiro eletrônico Silvio Meira, ao analisar a espionagem da agência de segurança norte-americana (NSA) sobre o Brasil.
    Cientista-chefe do C.E.S.A.R. (instituto de Recife duas vezes premiado pela Finep como instituição mais inovadora do Brasil), Meira conta que praticamente tudo que fazemos na internet - emails, conversas no Skype, vídeos, fotos, posts nas redes sociais - está armazenado nos Estados Unidos. E o governo de Washington tem acesso fácil a esses dados, a hora que quiser e com apoio da lei.
    A lei deles, é claro, pois Facebook, Google e Twitter são empresas norte-americanas. Nunca na história do mundo, ressalta Meira, os Estados Unidos tiveram tanto poder econômico, proveniente de seu monopólio sobre a informação global.
    Em entrevista ao Brasil Econômico, Meira, que é PhD em Computação pela universidade de Kent at Canterbury, na Inglaterra, diz que o Brasil tem conhecimento tecnológico de nível mundial, mas nos falta competitividade para transformar inovação em negócios. "O custo Brasil para competir em tecnologia é alto demais", sentencia.
    Como se diz nas redes sociais, quer dizer que Obama agora sabe tudo da sua vida?
    Agora, não! Agora, a gente sabe que ele sabe... Acho que a comunidade de informática imaginava alguma coisa bem parecida com isso, a gente sabia que podia ser feito, que provavelmente estava sendo feito, mas não tinha ideia da extensão da coisa. Há uns dois anos falei numa palestra que a maior obra de construção civil dos Estados Unidos era um prédio sendo construído em Utah para abrigar o datacenter da NSA (Agência Nacional de Segurança), uma obra estimada em US$ 2 bilhões. Então, os caras não estão brincando...
    No Brasil somos quase 200 milhões de habitantes. Qual a possibilidade de um brasileiro de baixa renda que usa seu e-mail através de uma lan house ter sido investigado pela NSA?
    É alta, desde que ele seja o que eles chamam de uma "pessoa de interesse". Digamos que há uma pessoa que eles acham que conversa com outras pessoas que sejam perigosas. Aí, esse cara liga para mim, e em seguida você me entrevista pelo telefone. Pronto, você, jornalista, já está no registro deles, acabou de entrar na lista da NSA. É a propriedade da transitividade. Quem interessa é todo mundo por quem as pessoas nas quais eles estão interessados se interessam. Eles devem capturar inclusive os metadados, que não é a conversa telefônica em si, mas o número do telefone que ligou, o dia, a hora, o local que a ligação foi feita. Antigamente, não dava para ficar olhando todas as cartas de todas as pessoas do mundo, o trabalho era muito grande. Agora, a gente sabe que o governo norte-americano tem isso, os governos inglês e francês têm isso também, o chinês já tem há muito tempo. É um tipo de tentativa de controle do cidadão pelo Estado, de saber o que todo mundo está fazendo o tempo todo.
    Agente está diante do maior Big Data do mundo?
    Exatamente. Tem muita coisa que eu perdi e que preciso recuperar, números de telefones, e-mails deletados, que deve estar tudo lá com eles. Bem que eles podiam prestar esse serviço pra gente e nos dar acesso a esses dados (rsrs). Em verdade, não estamos falando de Big Data, a quantidade de dados desses bancos é mais para Huge Data, nem eles imaginavam há 10, 15 anos, que teriam acesso a tantas informações. O que cria um baita problema. Como é que eu vou usar isso? Numa operação de um supermercado é mais fácil, porque eu sei que tenho certo tipo de cliente que compra mais cerveja em certos dias, e aí eu sei como desenhar minha cadeia de suprimentos para que tenha mais cerveja nesses dias. O varejo, hoje, é guiado por dados. Mas o que vemos nessa operação norte-americana é que ela é extremamente eficiente na coleta de dados, mas não necessariamente eficaz, porque dependerá da capacidade de processar esses dados todos. E é óbvio que muito provavelmente nem a NSA tem capacidade de processar tantos dados. Os Estados Unidos não conseguiram evitar que dois moradores em seu próprio
    solo, irmãos, que falavam muito entre si pela Internet e por telefone, um dos quais tinha ido a
    uma ex-república soviética associada à violência terrorista, mesmo com esse Huge Data não foi
    possível evitar que eles colocassem bombas na Maratona de Boston. Ou seja, ainda tem um rombo monumental na eficácia do uso desses dados, não é uma coisa mágica.
    Qual é a dificuldade?
    O negócio de intelligence consiste em você capturar a informação - de preferência sem que a pessoa saiba, para ela continuar agindo normalmente -, armazenar, processar e aí tem uma operação de sense making, de fazer aquela informação fazer sentido, ter uma utilidade. Eu olhar
    para trilhões de ligações telefônicas não adianta de nada, porque a maior parte das pessoas está falando coisas que não me interessam. Para criar sentido, você tem que procurar alguma coisa. Há amplas plataformas por trás desses processos de espionagem que sabem mais ou menos o que procurar, que tem teses e hipóteses a serem provadas. Tais como: "Será que na fronteira do Brasil com o Paraguai, que tem uma comunidade árabe relevante, a atividade de contrabando
    tem o papel de financiar grupos terroristas?". Tem que ter gente fazendo perguntas relevantes para tirar respostas úteis desse gigantesco banco de dados. Por outro lado, a tecnologia tornou
    isso mais fácil. Hoje, o cidadão normal olha para o Google apenas como uma caixinha para quem ele faz perguntas. Mas o programador olha para um negócio chamado API, Application Programing Interface . Nós deixamos de programar computadores isoladamente e passamos a
    programar a rede. O que a NSA faz? Ela começou a chupar informação diretamente das APIs do
    Google, do Microsoft Live, do Skype, da Apple...
    Mas ela consegue fazer isso sem a colaboração dessas empresas?
    Nem pensar! O NSA não consegue saber a pergunta que você está fazendo ao Google, mas o
    Google sabe. Ele guarda essa informação, porque usa para vender seus dados a terceiros, para
    esses terceiros botarem propaganda no Google. E o NSA usou um conjunto de termos legais as
    sociados à defesa e à segurança dos EUA para pedir ao Google e a outras empresas a informação que necessitam, sem precisar de autorização judicial.
    Então o governo dos EUA tem base legal para fazer isso?
    Tem, e essa base legal proíbe inclusive o Google e as demais empresas de revelarem publicamente que estão fazendo isso. Elas não podem nem falar sobre isso. A Microsoft e outras empresas agora estão pedindo autorização à Justiça para divulgar qual órgão pediu as informações. Essa legislação já existia antes do 11 de setembro e foi ampliada.
    O Brasil tem tecnologia para construir algum firewall contra essa espionagem?
    Em tese, sim. O conhecimento tecnológico que temos é paripassu com o que se tem no resto do
    mundo. Mas há um problema: você, eu, todos temos um endereço de email do Gmail. E onde ele está armazenado? Fora do Brasil. E aí, não podemos fazer nada, porque está no território de um governo que tem suas próprias regras legais.
    Então,não temos saída?
    A única saída seria se houvesse serviços de classe mundial, como Gmail e Skype, feitos em países que não tivessem essa quase paranoia de capturar a informação que os EUA têm. E que esses serviços ficassem numa espécie de paraíso informacional global, similar aos paraísos fiscais do mercado financeiro, onde nossos dados estariam seguros e nenhum governo conseguisse capturá-los. De nada adianta qualquer sistema de defesa, porque todos os principais sistemas informacionais do mundo estão nos Estados Unidos. Eles dominam esse mercado de uma forma quase total, muito mais do que em cinema, TV, automóveis ou qualquer outra categoria na história da economia mundial. Muita gente defende que a gente fragmente a Internet, "vamos
    colocar uma barreira aqui e daí todos os dados brasileiros têm que ficar no Brasil". Eu sou completamente contra isso, porque isso nos privaria de serviços de primeira classe da internet  que só são fornecidos por outros países. Seria como proibir que os brasileiros fizessem comunicação por Skype.

    Noticiou-se que a presidência da República estava usando o gmail e decidiu parar de usar...
    No caso do governo brasileiro, é até possível criar algum tipo de restrição. Definir-se, por exemplo, que a partir de um determinado escalão da hierarquia os servidores públicos não poderão usar Skype. Ou criar uma rede interna, no Serpro ou outro órgão, para circular documentos potencialmente sigilosos. Ou seja, é preciso fechar todas as fontes de informação do governo dentro do próprio governo, usando seus próprios serviços. Mas é preciso uma política estratégica de segurança. Há uma avaliação recente da Secretaria de Fiscalização de Tecnologia da Informação (Sefit) do Tribunal de Contas da União (TCU) que mostra que 60% de todos os órgãos da administração direta federal não têm uma política de segurança de dados. Então, você tira do Google e bota num site de governo que pode ser invadido a qualquer hora.
    Empresas brasileiras também podem ter sido espionadas?
    Eu não tenho a menor dúvida! Imagine quanto vale, no mercado internacional de commodities, uma informação, meses antes da colheita, da Embrapa oudos esmagadores de soja, de que há uma praga nas plantações brasileiras. Ou que os Estados Unidos tivessem algum interesse nas empresas do grupo X, do Eike Batista. Obviamente que nos e-mails internos os dirigentes da EBX já conversavam sobre os problemas do grupo, muito antes de vir a público. Com certeza em algum lugar do grupo X tem a informação da produção de todos os poços, hora por hora.
    Quem soubesse antecipadamente que a produtividade desses poços era uma fração do que fora
    anunciada, certamente faria dinheiro com isso.
    Mas alguma grande corporação internacional já poderia estar fazendo esse tipo de espionagem?
    Em tese sim, mas para fazer na escala da NSA, você tem que ser a NSA. Se alguma corporação pedisse ao Google todos os e-mails da OGX, o Google não iria passar, porque eles não são loucos, há contratos legais de confidencialidade dos usuários. Recentemente a Abin (Agência Brasileira de Informação) passou a monitorar as redes sociais. Mas se dez caras criarem um grupo fechado no Facebook para planejar uma bomba na rua onde mora o governador, a Abin não consegue capturar a informação, a não ser que tenha a colaboração do Facebook. Você consegue muita informação que é pública, mas uma parte significativa, que é mais crítica, está fechada.
    Então para o brasileiro, que não vive mais sem o Google e Facebook, nada pode ser feito...
    Não tem jeito, mas também não precisa ficar apavorado. O que as pessoas precisam atentar é para o que dizem nos espaços públicos da internet. Eu vejo coisas absurdas sendo ditas no Twitter e no Facebook que depois essas pessoas se arrependerão profundamente. Eu escrevi no meu blog há algum tempo que as redes sociais são como uma grande mesa de bar. No bar, depois da terceira dose, você fala qualquer coisa e depois ninguém mais sabe quem disse o quê. Nas redes sociais, fica tudo escrito e guardado.
    Uma das primeiras reações do governo brasileiro quando foi noticia da espionagem da NSA foi tentar apressar a aprovação do marco civil da internet.

    Isso não adianta absolutamente de nada contra a NSA... Tem um livro de um advogado norte-
    americano chamado Lawrence Lessig, chamado "Code is Law" ("O código é a lei"), que diz que,
    na prática, o que vale é o código que está rodando. Está escrito na legislação que é proibido coletar dados do cidadão, mas aí alguém escreve um código de programação que fica embutido no sistema, completamente invisível para qualquer pessoa normal e até mesmo para uma auditoria técnica específica, e passa a coletar os dados. O que a lei pode fazer em relação ao código? Posso até depois ir atrás de quem fez isso com as regras, mas aí o dano já estará feito. Milton Santos, grande geógrafo brasileiro já falecido, dizia o seguinte: "Quem detém a  propriedade efetiva de um terreno é quem o opera, e não o seu dono legal".
    Mas o marco civil é importante?
    É absolutamente essencial. Faz algum tempo que a gente começou a fazer leis de criminalização de condutas dentro da internet, como a Lei Carolina Dickman, sem antes ter tido uma legitimização do espaço da internet do ponto de vista do direito do cidadão. A Lei Carolina Dickman nunca deveria ter sido aprovada antes de a gente aprovar o marco civil. É o mesmo que aprovar uma lei definindo um crime antes de termos um Código Penal. Isso é o resultado de fazermos as coisas de forma atabalhoada no Brasil. Você não diz o que é o todo e começa a definir as partes, depois vira uma bagunça que ninguém vai entender.
    Há algum país que seja referência em termos de marco civil?
    Nenhum. A maioria dos legisladores que está tratando disso em qualquer país do mundo, hoje,
    não tem vivência suficiente de internet para discutir a validade de regras sobre ela.O espaço político não consegue entender em detalhes a internet. Além disso, a velocidade de evolução da web exige que você atualize as regras quase que constantemente. Mas em qualquer país é dificílimo mudar a legislação depois que ela está aprovada, principalmente se for uma legislação recente. Por isso, o marco civil tem que ser um conjunto de regras absolutamente gerais, que não atrapalhem a evolução da internet.
    Já entramos na era do Big Data?
    Sim, o governo tem isso em grandecíssima escala, empresas, como grandes cadeias de varejo,
    de infraestrutura, de transportes, usam isso de forma intensa. O processo de tomada de decisões em cadeias líderes como Walmart e Zara já depende de dados há muito mais que uma década. A Zara não se tornou líder à toa, ela teve a competência no processamento de dados  para desenhar sua cadeia de produção de forma distribuída, de maneira que, quando ela bota uma roupa na vitrine, se vender numa certa velocidade, ela ativa sua cadeia de produção para fabricar mais daquela roupa. E, se não vender, ela tira automaticamente aquela roupa da vitrine e
    faz outra completamente diferente. E isso com uma velocidade de lançar moda praticamente uma vez por semana. O varejo brasileiro também é muito competente em usar isso. Não pense que as liquidações semanais da Casas Bahia, às vezes diárias, são definidas pela cabeça de alguém, tem dados e tem uma base por trás disso, é um processo muito sofisticado. Mas, em verdade, esse negócio de Big Data mal começou ainda. Nós ainda estamos no que eu chamo de Lit-
    tle Big Data. O Big Data de verdade deve demorar para começar. Por exemplo, na hora que você
    conectar todos os carros na rede, através de um chip em cada motor, jogando dados 24 horas
    por dia no sistema da fábrica sobre o funcionamento daquele motor - e esses dados forem processados de tal forma que o fabricante mande a informação para o proprietário de que ele está esticando demais a terceira marcha, e que se continuar assim ele pode perder a garantia aí você terá cem, mil vezes mais informações para processar do que tem hoje.
    O Brasil tem profissionais suficientes para o Big Data?
    Sempre vai faltar capital humano em informática. Porque é "muito fácil" todo mundo tomar a decisão de se fazer alguma coisa. Se você for construir uma fábrica de automóveis, leva um ano para planejar, mais dois para construir, mais um para obter as licenças ambientais, e aí você tem tempo para treinar os operários. Em informática é diferente: eu e você somos diretores de uma empresa e decidimos que a partir de amanhã queremos que todos os dados dos caixas de nossas mil filiais sejam processados para dar uma avaliação hora por hora do que está se vendendo. Sempre é fácil pedir e ninguém imagina que há processos tão complexos em informática quanto construir uma fábrica de automóveis. A estimativa atual no Brasil é de que faltam 100 mil profissionais de informática. E daqui até 2017 a previsão é de um aumento de 50% nessa demanda.
    Já declaramos o ImpostodeRenda pela Internet. Seria possível, e seguro, votar o plebiscito da reforma política via Internet?
    A pré-condição para você fazer o plebiscito é cultural, você tem que estar num ponto onde todo
    mundo entenda o que está sendo perguntado. Por que a gente não usa as redes sociais para ajudar no processo de construção de consenso, para promover uma discussão ampla, multifacetada, que é impossível de se promover em debates na televisão? Podíamos usar as redes para fazer um processo combinado de construção coletiva de conhecimento, que desembocasse numa reforma política feita por profissionais, com base nas contribuições que viessem das redes, e que voltasse para as mesmas redes para um referendo. Simplesmente chegar e propor uma reforma é uma maneira atabalhoada de dizer "Estou dando alguma resposta ao que as ruas estão pedindo". Mas isso não é resposta nenhuma.
    Você sugere que a propaganda eleitoral de rádio e TV fosse para as redes sociais, permitindo interatividade como eleitor?
    Sim, mas com as proposições da propaganda eleitoral não sendo impositivas, mas sim provocativas. Por exemplo, numa semana se passaria discutindo no Facebook e no Twitter uma determinada questão, com centenas de pessoas de todos os setores discutindo o tema. As discussões políticas no Brasil são que nem discussão de futebol, ninguém muda de time. No Brasil, nós temos 75% de analfabetos funcionais, ou seja, pessoas que não têm condições de ler um parágrafo com algum grau de complexidade e conscientemente ser contra ou a favor da ideia contida naquele parágrafo.
    O Brasil tem um histórico de pouco investimento em tecnologia de ponta. O país evoluiu nisso?
    Se você olha para conhecimento no estado bruto, a gente está pari passu com o mundo. Mas
    quando se olha para a capacidade de empreendimento do mercado, aí entramos na regra de
    exceções: tem a Embraer, tem a Gerdau, tem a Ambev e... cadê o restante? Não temos aquelas
    centenas de empresas inovadoras capazes de estabelecer a presença brasileira no cenário internacional. E aí se pergunta: por que? Para começar, o processo de transformação de conhecimento em negócios, de sair do ambiente acadêmico para o mundo comercial - que acontece nos Estados Unidos em grande escala e em escala crescente na China, na Tailândia e no Vietnã - esse processo requer que o país esteja preparado para competir. O custo Brasil para competir em tecnologia é alto demais. Temos um exemplo que acho dramático: a gente internalizou a produção do iPhone no Brasil e o preço não caiu um real. O processo de transformação de conhecimento científico em negócios depende de capacidade empreendedora e investidora, depende da fluidez dos processos na alfândega, do tratamento que o país dá para investidor, depende de uma quantidade absurda de fatores. Há um indicador do Banco Mundial,
    Doing Business (Fazendo Negócios), que mostra a qualidade de empreendedorismo de um país. Nesse ranking, o Brasil vai de mal a pior. Em 2012 estávamos em 126º lugar, logo abaixo da Bósnia-Herzegovina e logo acima da Tanzânia. Em 2011, estávamos no 120º e agora em 2013 caímos para o 130º posto, com Bangladesh em 129º e a Nigéria em 131º. Os primeiros em 2013 são Cingapura, Hong Kong, Nova Zelândia, EUA, Dinamarca, Noruega, Reino Unido, Coréia, Geórgia e Austrália.
    Qual o diferencial deles?
    Nesses países, você abre uma empresa e começa a funcionar em três dias. Eu já vi o pessoal abrir uma empresa nos EUA daqui de Recife, pela Internet, em três dias. O que acontece no Brasil? Como aqui se assume que qualquer facilidade que se der vai ser usada para o mal, como se todo brasileiro fosse ladrão, a gente vai complicando o sistema de regras, na contramão do
    mundo, que está evoluindo para fazer negócios de maneira mais célere. A Turquia, que tem e série de manifestações agora lá, está em 71º nesse ranking.
    Mas como mudar isso?
    Para ter mais empresas em inovação e parar de ficar citando sempre Embrapa, Embraer, Petrobras como as únicas, eu proporia que a meta fosse, em 2035, o Brasil subir para a posição nº 90 nesse ranking. É o possível. Você precisa mudar legislação trabalhista e fiscal, o tratamento ao investidor, a eficiência do Estado, dos aeroportos, a malha das estradas. Aqui
    nossos aeroportos fecham por causa de neblina porque não têm os instrumentos adequados. Em Moscou, onde neva seis meses por ano, o aeroporto nunca fecha. Aqui proliferam universidades corporativas nas empresas porque o cara se forma em escolas precárias e chega ao local de trabalho sem condições. Não vamos conseguir mudar o que o Brasil faz em tecnologia se não mudarmos o Brasil. As pessoas não foram para as ruas por outras razões: é porque o trânsito não funciona, porque o governo não funciona, porque eu pago uma fortuna de imposto e tenho que botar meu filho numa escola privada. E porque agora temos informação, sabemos que nos Estados Unidos o cidadão paga menos impostos e tem serviços públicos melhores.
    Você está traçando um cenário muito pessimista...
    Nossa problemática é realmente gigantesca. Mas eu sou otimista à beça, continuo trabalhando muito para mudar essa coisa toda para a gente chegar a algum lugar.
    Brasil Econômico....SNB