quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Pais da 'partícula de Deus' alertam para cortes no orçamento para ciência


Efe
O físico teórico britânico Peter Higgs e o belga François Englert - que formularam a existência de uma partícula subatômica na origem da massa de outras partículas, finalmente confirmada este ano e apelidada de "partícula de Deus" - alertaram nesta terça-feira, 27, sobre o risco de cortar o orçamento para pesquisa por causa da crise.

Cientista de grupo que participa dos estudos feitos no Cern, na Suíça - Reuters
Reuters
Cientista de grupo que participa dos estudos feitos no Cern, na Suíça
"Não se desenvolve uma sociedade sem ter as bases fundamentais para conhecer a estrutura subjacente da ciência", disse em entrevista à Agência Efe Englert (Bruxelas, 1932), que hoje participou junto a Higgs (Newcastle, 1929) de uma conferência organizada no Parlamento Europeu (órgão legislativo da União Europeia) pelo painel que assessora os eurodeputados em assuntos científicos, o STOA.
"Se não se tem nenhum conhecimento sobre pesquisa fundamental, destrói-se o pensamento criativo e, sem isso, no final simplesmente se copiam coisas que outros fizeram , mas não se fará nada de novo", disse o físico belga.
Englert de um lado, junto ao físico belga Robert Brout - já falecido -, e Higgs, por outro, predisseram em 1964 ao mesmo tempo e de maneira independente a existência do que se popularizou como "Bóson de Higgs", a partícula com a qual interagem outras partículas que faz com que, nesse mecanismo, "adquiram" uma massa determinada.
Quase 50 anos depois, o Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN) anunciou em julho passado a confirmação experimental de que o bóson existe.
Higgs, que assegurou à Efe sentir-se "surpreendido" pela "grande" reação pública que a descoberta gerou, reconheceu o "sucesso" dos responsáveis do CERN encarregados de divulgar a notícia.
"O que me preocupa é que, se há muita concentração nesta descoberta particular, existe o perigo de que talvez o público não se dê conta de para quantas outras coisas foi construído o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês)", onde o experimento do CERN foi realizado.
"Sempre é um risco quando há dificuldades financeiras, como é atualmente o caso. Algumas pessoas dirão, bom, estas partículas foram descobertas, por que estão usando esta máquina tão cara, por que não a fecham?", afirmou Higgs.
Englert considerou que os cortes em ciência poderiam representar "uma catástrofe" que poderia levar à "desintegração não só da Europa, mas também de todos os países desenvolvidos", enquanto Higgs prevê uma diminuição dos resultados.
"É perigoso cortar o orçamento em ciência de modo a reduzir a provisão de cientistas formados que trabalham em projetos que possam ter um impacto econômico maior, e ajudam a sair da crise econômica", assinalou Higgs.
Os dois cientistas destacaram as dificuldades pelas quais a Espanha passa, e Englert insistiu que "não se deve tomar medidas irreversíveis que façam com que não se produza nunca uma recuperação. É preciso ser extremamente cuidadoso".
"Os políticos costumam pensar nos progressos imediatos que podem ser feitos. Isso é inevitável em tempos de crise, como está acontecendo na Espanha", opinou.
Higgs avaliou os esforços para criar o LHC, já que, quando formulou sua teoria, "não estava claro" que ao longo de sua vida pudesse conhecer uma máquina suficientemente potente para provar a existência do bóson (partícula).
"Foi bom estar vivo quando a descoberta foi feita", brincou Higgs, que se declarou "satisfeito".
"A descoberta é essencialmente o final da verificação do modelo padrão da física de partículas", explicou Higgs, mas ao mesmo tempo afirmando que abre um caminho para teorias que "vão além", como a da supersimetria, que poderiam ajudar a entender outros "enigmas" da composição do Universo, como a desconhecida matéria escura, que forma mais de 90% do cosmos.
Perguntado por uma aplicação real e imediata da descoberta, Englert assegurou que definitivamente "ela não pode ser utilizada para desenvolver um novo tipo de pasta de dentes".
"O desenvolvimento da pesquisa fundamental, após tudo, nos deu todas as coisas que nos rodeiam, elas são consequência da pesquisa fundamental, mas não ocorreram de um dia para outro, é preciso tempo", disse Englert, e deu como exemplo a descoberta da eletricidade e da mecânica quântica.
"Mais importante em essência que esta aplicação, é mostrar a importância de expandir o conhecimento, ter um olhar racional das coisas", concluiu o físico. EFE 
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Nasa considera colocar telescópios 'aposentados' em novas missões


Reuters
A Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) procura ideias sobre o que fazer com dois telescópios espaciais desativados que faziam parte de um antigo programa de espionagem. O órgão perguntou à comunidade científica na última terça-feira, 27, sobre quais missões estariam em curso para que os dispositivos sejam colocados em ação mais uma vez.
Telescópios espaciais foram doados por órgão da inteligência dos Estados Unidos - Carlos Barria/Reuters
Carlos Barria/Reuters
Telescópios espaciais foram doados por órgão da inteligência dos Estados Unidos
Os telescópios foram doados à Nasa pelo Escritório Nacional de Reconhecimento (NRO, na sigla em inglês). "Eles estão totalmente abertos, permitindo que nós os estudemos se quisermos", disse Paul Hertz, supervisor dos programas astrofísicos da agência.
No topo da lista de propostas está usar um telescópio para estudos sobre a "energia escura", força antigravitacional que, acredita-se, pode ser a responsável por aumentar a taxa de expansão do universo. O fenômeno foi descoberto nos anos 1990 por duas equipes de pesquisadores que acabaram por vencer o prêmio Nobel da Física em 2011.
A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos escolheu essa missão como sua prioridade no campo da astrofísica para a próxima década. A Nasa estima que o programa vai custar entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões, mas não pode iniciar um novo projeto até que acabe de financiar o telescópio espacial James Webb, que vai substituir o Hubble em 2018.
Os telescópios da NRO, que foram desenvolvidos para investigar a atividade terrestre, tem um espelho ótico bem maior que o proposto para os estudos de energia escura. Um dispositivo maior pode proporcionar observações mais detalhadas, mas também leva mais custos financeiros. "Há uma série de maneiras de sermos beneficiados por um telescópio maior, mesmo que não sobre dinheiro", disse Hertz.
Outra opção é alinhar esses estudos com a iniciativa que busca planetas do tamanho da Terra além do Sistema Solar, de acordo com David Spergel, pesquisador da Universidade de Princeton, que organizou um encontro de cientistas em setembro para discutir as propostas para os telescópios desativados. Uma terceira ideia é usar um dos telescópios para pesquisar os efeitos do campo magnético do Sol sobre nosso planeta.
Como o Hubble, os telescópios do NRO são capazes de produzir imagens de resolução altíssima. Embora desativados para fins de espionagem, a Nasa está proibida de usá-los para registrar imagens que tornem o planeta visível. As respostas sobre as missões devem ser dadas em janeiro
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