segunda-feira, 9 de abril de 2012

Militarização do espaço pode tornar-se realidade

 O ministério da Defesa dos EUA anunciou um novo programa espacial ambicioso destinado a montar uma rede de satélites em volta da Terra. A rede poderá incluir 288 satélites do projeto GPS e satélites de comunicação de órbita baixa (LEO) Iridium.
 Intenção semelhante foi anunciada pelo diretor do setor de telecomunicações por satélite do programa de modernização russo Skólkovo, Serguêi Jukov. Segundo ele, a Rússia deve estudar a possibilidade de união de diversos sistemas de satélite para a criação de um futuro escudo de satélites.
 Mas para que fins serão utilizadas na prática essas constelações de satélites? Em primeiro lugar, evidentemente, para fins militares. Os satélites são o núcleo das forças armadas modernas dos países desenvolvidos, sendo o principal objetivo de uma guerra do futuro não tanto a tomada do território do inimigo, mas a aplicação de golpes exatos contra seus pontos fracos. Isso quer dizer que o exército, reforçado pela cavalaria blindada, poderá deixar de ser relevante no futuro teatro de operações militares.
Estação orbital militar – sistema de defesa a laser Polyus.
 No conceito de “armas estratégicas”, a ênfase se desloca da clássica “tríade nuclear” aos sistemas de armas convencionais de alta precisão com locais de instalação diferentes. Todavia, seu emprego se torna problemático sem um grande número de elementos de apoio orbital, como satélites de reconhecimento, aviso prévio, previsão, comunicação, navegação e identificação de alvos.
 Já em 2004, o especialista-chefe do Centro de Estudos Militares e Estratégicos do Estado-Maior russo, Vladímir Slipchênko, disse, em entrevista ao autor deste artigo: “O principal objetivo dos EUA não é construir um escudo antimíssil nacional, mas ensaiar o uso de sua infraestrutura orbital de informação para a condução de guerras sem contato”.
Ilustração da estação orbital Polyus acoplada aos foguetes de lançamento.
 De acordo com o general, até 2020 o número de armas de alta precisão em posse dos países desenvolvidos poderá chegar a 70 ou 90 mil. Imagine quantos satélites serão necessários para servi-las. Portanto, centenas de satélites, aparentemente inofensivos e que sozinhos não são armas de ataque se tornarão parte integrante dos sistemas de armas de alta precisão, principal meio de combate do século 21.
 Por outro lado, os satélites são o “calcanhar de Aquiles” desses sistemas e também poderão ser atacados. Isso cria a possibilidade de agir sobre a capacidade combativa dos sistemas de armas de alta precisão mediante a neutralização das constelações de satélites. Já em plena Guerra Fria, os EUA e a URSS realizavam experiências de combate aos alvos “trans-atmosféricos”, suspendendo-as somente no fim da década de 1980, receosos de que os fragmentos dos objetos destruídos pudessem atingir os satélites militares e outros em operação em órbita. Hoje, a humanidade parece estar voltando à ideia de guerras espaciais.
 Em 11 de janeiro de 2007, a China atacou e abateu seu próprio satélite meteorológico. Um ano depois, em 21 de fevereiro de 2008, o cruzador norte-americano Lake Erie, em missão no Pacífico, derrubou com um míssil interceptor um satélite espião dos EUA prestes a cair descontroladamente. Segundo as declarações oficiais dos EUA, o ataque ao satélite se deveu à preocupação com a segurança dos habitantes da Terra. Note-se que o satélite foi atingido a uma altitude de 247 km com um míssil Sm-3, que faz parte dos sistemas de apoio ao futuro escudo antimíssil europeu. Assim, a possibilidade de atingir satélites em órbita realmente existe. Portanto, se existe a possibilidade de destruir alvos no espaço, mais cedo ou mais tarde surgirá a necessidade de colocar no espaço armas para defendê-los. O ex-secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, já declarou que a proteção de seus veículos espaciais é uma prioridade para o ministério da Defesa dos EUA.
 Há tempos militares e políticos russos estão preocupados com o problema da eventual militarização do espaço. Na época em que desempenhavas as funções de comandante das Tropas Espaciais da Rússia, o atual presidente da Agência Espacial Russa (Roskosmos), Vladímir Popóvkin, declarou: “Se alguém decidir instalar armas no espaço, teremos que responder à altura para não ficar a ver navios”.
 Em 2007, o vice-primeiro-ministro do governo russo, Serguêi Ivanov, mandou construir um escudo único com as funções de defesa aérea, antimíssil e antiespacial e designou como empresa matriz do projeto o consórcio Almaz-Antei. O escudo deve ficar pronto até 2015 e combinar, segundo Ivanov, sistemas de combate e de informação aos sistemas existentes para garantir a defesa antiaérea, antimíssil e antiespacial da Rússia.
Sala de controle da defesa anti-míssil.
 É difícil dizer qual caminho tomarão os EUA para defender seus satélites, mas todos nós nos sentiríamos mais seguros se as rampas de lançamento dos mísseis permanecessem em terra.
Rússia investe na defesa aeroespacial.
 O anúncio foi feito pelo ministro da Defesa da Rússia, Anatóli Serdiukov, em uma reunião do alto oficialato russo. De acordo com o ministro, as novas tropas permitirão juntar as potencialidades dos sistemas de defesa antiaérea e antimíssil e dos sistemas de aviso prévio contra mísseis e de controle do espaço.
 “Essa mescla dos sistemas permitirá combater com êxito quaisquer alvos aéreos e espaciais velozes, inclusive hipersônicos”, disse o governante russo,destacando a necessidade de concluir os trabalhos para a criação do novo braço das Forças Armadas até o dia 1 de dezembro deste ano.
Ao referir-se aos alvos hipersônicos, o ministro fez uma alusão clara ao planador hipersônico norte-americano AHW (Advanced Hypersonic Weapon), que fez o primeiro teste bem-sucedido em meados de novembro, após dois testes anteriores abortados. O ministério da Defesa dos EUA anunciou que iria utilizar os resultados obtidos com o programa AHW para a construção do sistema “Ataque Global Imediato Convencional” (Conventional Prompt Global Strike, CPGS). O plano CPGS prevê a criação de armas convencionais capazes de atingir qualquer lugar do mundo em poucas horas após receber o respectivo comando.
 A pressa com que foi anunciada a criação da Defesa Aeroespacial (ASD, na sigla em inglês) na Rússia e as declarações do ministro sobre a disponibilidade das tropas de lutar contra as armas norte-americanas, ainda em fase de projeto, evidenciam o nervosismo em altos círculos militares da Rússia, que tentam manter uma aparência de igualdade com os EUA. O novo setor também tem como objetivo adaptar as Forças Armadas russas às novas condições tecnológicas da guerra. A questão é saber o que está por trás das palavras do ministro e se as novas tropas poderão fazer frente às ameaças reais.
 A Defesa Antiaérea russa não está em seu melhor estado, segundo os generais que respondem ou já responderam pela defesa do espaço aéreo russo. Em 2008, o comandante-chefe da Força Aérea, Aleksánder Zélin, qualificou de crítico o estado da Defesa Antiaérea nacional. Em meados de maio passado, o antecessor do general Zélin, Anatóli Kornukóv, anunciou aos jornalistas que a defesa antiaérea russa está longe de ser perfeita.
Capacidades da defesa de mísseis da Rússia frente às ameaças Ocidentais.
 “Somos capazes de repelir parcialmente um ataque com a ajuda de nossos caças e mísseis. Mas duvido que sejamos capazes de fazer frente aos mísseis tático-operacionais lançados contra a Rússia”, disse o general.
 Por outro lado, as doutrinas defensivas dos maiores países do mundo não excluem o emprego de armas espaciais. As órbitas circunterrestres alojam dezenas de satélites ligados sob diferentes formas a programas militares. Num futuro próximo, serão instaladas no espaço armas capazes de atingir alvos terrestres. Também se prevê que a maior parte das armas antimísseis seja instalada no espaço.
 Nesse contexto, a criação de um sistema de defesa aeroespacial integrado não é um desafio do futuro, é um desafio do presente. Ainda assim, a direção político-militar da Rússia estende a conclusão da construção da ASD até 2020.
 O objetivo de criar tropas de defesa eficazes com base em um programa especial com duração até 2016 foi fixado pelo presidente Vladímir Pútin já em 2006.
Representação artística de míssil hipersonico.
 No entanto, os cinco anos passados foram perdidos na luta entre diversos departamentos para decidir quem iria comandar as novas tropas. Como a Força Aérea tem sob seu comando a defesa antiaérea, ela queria também tomar sob seu controle a futura Defesa Aeroespacial. Mas o elemento-chave da Defesa Aeroespacial é um escudo antimísisil e antiespacial, estrutura que não se enquadra em nenhum dos ramos das Forças Armadas existentes.
Assim sendo, não há garantias de que a declaração do ministro Serdiukov sobre a criação de um novo braço das Forças Armadas ponha termo à disputa pelo controle sobre a ASD.  Atualmente, só o sistema russo S-400 reúne um potencial mais ou menos adequado para fazer frente aos mísseis balísticos. Sua entrega às tropas só está começando.
 “Além de atualizar o sistema A-135, foi fixado o objetivo de construir um sistema móvel, o S-500 (versão desenvolvida do S-400 – nota do autor), que pudesse ser utilizado tanto na defesa de Moscou quanto na defesa de outras regiões do país ameaçadas. Com a construção do sistema S-500, será resolvido o problema da criação de um sistema de defesa antimíssil móvel ou, pelo menos, transportável. O sistema deverá ficar pronto até 2015. Já está pronto um projeto preliminar e estão sendo elaboradas soluções técnicas”, disse o co-presidente do Conselho de peritos para a problemática da ASD, Ígor Achurbeili, que durante dez anos dirigiu os trabalhos de desenvolvimento de novos sistemas de defesa antiaérea e antimíssil do país.
O comentário acima leva a crer que, apesar das perspectivas animadoras, hoje em dia a Rússia não tem sistemas de defesa antimíssil prontos. O escudo antimíssil de Moscou, A-135, mencionado por Ígor Achurbeili, entrou em serviço em 1995 e está desatualizado. Seus mísseis e radares devem ser modernizados. O complexo precisa também de novos mísseis interceptores transatmosféricos, pois os mísseis 51T6, construídos para o efeito em 2002, foram desmantelados e os mísseis 53T6, atualmente em serviço, só podem interceptar alvos atmosféricos. Outro desafio é instalar na Rússia uma produção nacional de sistemas de computação e de supercomputadores sem os quais um sistema antimíssil moderno não pode funcionar. A tentativa de resolver os problemas existentes com a ajuda de sistemas móveis parece promissora, mas esses sistemas só estão começando a entrar em serviço e chegam às tropas em pequenas quantidades. Além disso, as soluções tecnológicas neles utilizadas exigem ajustamentos.
 Dito isto, podemos constatar que a criação de um braço das Forças Armadas separado é apenas o início de um difícil caminho rumo à construção de um sistema eficaz de defesa do espaço aéreo e exterior da Rússia.
Fonte: Gazeta russa.SEGURANÇA NACIONAL 

Foguete norte-coreano está na plataforma de lançamento


O foguete norte-coreano que supostamente deve colocar em órbita na próxima semana um satélite foi instalado na plataforma de lançamento, apesar dos protestos internacionais, constatou neste domingo a imprensa estrangeira no centro espacial de Tongchang-ri (noroeste).

As autoridades norte-coreanas organizaram a visita inédita para mostrar que o foguete Unha-3 não é um míssil, como afirmam o governo dos Estados Unidos e seus aliados, em particular Coreia do Sul e Japão.


Vários jornalistas e especialistas em ciência e tecnologia estrangeiros visitaram as instalações de onde a Coreia do Norte planeja lançar um satélite entre os dias 12 e 16 deste mês, informou nesta segunda-feira a agência de notícias estatal norte-coreana KCNA.
Os convidados observaram na plataforma de Sohae, situada na província noroeste de Pyongan do Norte, o foguete portador Unha-3, que nas últimas semanas despertou críticas de vários países por considerarem que seu lançamento encobre um teste de um míssil balístico de longo alcance.
A visita começou em uma das plataformas de testes da estação de lançamento de satélites, onde comprovaram o mapa de distribuição geral das instalações e viram o satélite de observação terrestre Kwangmyongsong-3, segundo a KCNA.
A agência do hermético país comunista destacou que a visita do grupo é "uma exceção, que vai além das práticas internacionais", orientada a "demonstrar de maneira transparente a natureza pacífica do lançamento do satélite".

Representantes do Comitê de Tecnologia Espacial da Coreia do Norte asseguraram aos jornalistas e analistas estrangeiros, segundo a KCNA, que o lançamento acatará todas as normas internacionais e "proporcionará uma garantia de credibilidade e segurança".
Acrescentaram que o satélite, uma vez posto em órbita, servirá para recopilar "informação necessária sobre a distribuição de recursos florestais no país, gravidade dos desastres naturais, estimativa de colheitas, previsões meteorológicas e estudo dos recursos naturais".
A Coreia do Sul e os Estados Unidos, entre outros países, condenaram o suposto teste encoberto de mísseis de Pyongyang, que, afirmaram, representaria a violação de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, e pediram que o país desista de seus planos.
No meio da polêmica pelo lançamento, as autoridades sul-coreanas de inteligência temem que a Coreia do Norte esteja preparando, além disso, um terceiro teste nuclear no mesmo local no qual realizou outros dois em 2006 e 2009.
Segundo a agência sul-coreana Yonhap , imagens de satélite indicariam que Pyongyang estaria realizando "preparativos clandestinos" deste tipo na província de Hamkyong do Norte.
Em 2009, o país comunista realizou um teste nuclear um mês e meio após lançar ao espaço seu projétil de longo alcance Taepodong-2.

Com agências: AFP/EFE..SEGURANÇA NACIONAL

sexta-feira, 6 de abril de 2012

CIA publica relatório sobre o Irã


Em 2011, o Irã continuou a realizar o seu programa de enriquecimento de urânio, no entanto, já praticamente esgotou o concentrado necessário para tal, lê-se no relatório anual da CIA.
O urânio enriquecido é produzido no centro subterrâneo em Natanz. O Irão começou também a produção de urânio enriquecido na usina de Fordow, perto da cidade de Kum.
Os serviços secretos norte-americanos sublinham que, devido a várias circunstâncias, em 2012, o progresso no enriquecimento de urânio de certa forma estagnou.
Ao mesmo tempo, o Irã progrediu no que se refere ao programa de criação de mísseis balísticos. O relatório sublinha que o Irã tenta construir estes mísseis de forma autónoma, importando os principais componentes da Rússia, Coreia do Norte e China...SEGURANÇA NACIONAL

Engenheiros britânicos criaram uniforme militar do futuro


O equipamento moderno de um soldado em muitos países do mundo inclui dispositivos eletrónicos, algumas tropas utilizam serviços poderosos de comunicação por satélite, aparelhos de visão noturna, etc. No entanto, os muitos cabos e baterias criam algum desconforto. Para resolver este problema, foi criado um uniforme com cabos inseridos na própria estrutura do tecido.
O protótipo de novo uniforme criado por engenheiros britânicos possui uma fonte de alimentação e é uma espécie de rede local à qual podem ser ligados vários equipamentos. Se, até agora, para cada dispositivo era necessária uma fonte de alimentação à parte, agora, através da estrutura em rede do uniforme, podem ser ligados vários aparelhos simultaneamente a uma única fonte de alimentação...SEGURANÇA NACIONAL

Annan pede a Brasil que envie tropas para ajudar a monitorar situação síria


Jamil Chade, correspondente
GENEBRA - O enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Liga Árabe para a crise síria, Kofi Annan, quer que o Brasil envie tropas para integrar o contingente de observadores que será deslocado para monitorar um eventual plano de paz em Damasco e a implementação de um cessar-fogo.A informação foi dada ao Estado com exclusividade pelo porta-voz de Annan, Ahmed Fawzi. A ONU espera delinear até a semana que vem um grupo de cerca de 250 homens que seriam enviados à Síria para garantir o cumprimento de um cessar-fogo, a partir do dia 12. Mas ativistas sírios, Annan e o próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon alertam que a repressão ganhou força nos últimos dias, numa demonstração de que o regime de Bashar Assad não dá sinais de ceder.
Em Brasília, por meio de sua assessoria de imprensa, o Itamaraty informou não ter recebido pedido para o envio de soldados à Síria. A criação de uma força de paz, ainda de acordo com a assessoria, somente é feita depois de aprovada no Conselho de Segurança da ONU, o que ainda não se deu. Caso isso ocorra, informa o Ministério de Relações Exteriores, o Brasil estudará o pedido de envio, pois o País "acompanha com interesse a situação na Síria".
Annan deu um prazo até terça-feira para que o regime sírio e a oposição comecem a abandonar as armas e Damasco retire tanques e armas pesadas de centros urbanos. Com isso, um cessar-fogo amplo seria iniciado de fato na quinta-feira. O acordo também prevê que nenhuma cidade será alvo de uma nova incursão militar.
"Esperamos que no dia 10 o governo sírio tenha concluído a retirada de suas tropas dos centros urbanos", disse Fawzi. "A partir desse momento, começa um período de 48 horas, durante o qual cessarão totalmente todas as formas de violência por todas as partes, o que inclui o governo sírio e a oposição."
"Daí, então, esperamos que haja espaço para um diálogo político", disse Fawzi. "O cessar-fogo não é um fim em si mesmo. Tudo isso é para criar condições para que haja um diálogo na direção da democracia. Por isso, a missão de observadores é fundamental", disse Annan.
Para garantir o pacto, Annan iniciou nos últimos dias um dialogo com alguns governos sobre a possibilidade do envio dos soldados para a missão de observação. Os soldados seriam enviados desarmados e apenas com a missão de relatar se Assad e os rebeldes estão ou não cumprindo o acordo.
Fawzi indicou que o Brasil já foi procurado extraoficialmente e informado do interesse de Annan - acrescentando que, nos próximos dias, uma carta oficializando o pedido será enviada a Brasília. "O Brasil está na lista dos países que queremos que atuem", disse o porta-voz de Annan.
No total, Annan havia selecionado aproximadamente uma dúzia de países que gostaria de ver na operação. A lista foi feita com base nas características dos governos e na capacidade de serem considerados interlocutores tanto do Ocidente quanto do governo sírio.
Fawzi evitou dar mais detalhes, alegando que Annan "não negocia pela imprensa". Há duas semanas, o Estado relatou que Annan telefonou para o chanceler Antonio Patriota justamente para pedir apoio nos esforços de mediação na Síria. Já naquela ocasião, Annan antecipou a Patriota o fato de que estava pensando em enviar a missão de 250 observadores para a Síria.
O Brasil mantém tropas no Haiti e uma fragata no Líbano. Na visão da ONU, o envio de soldados credenciaria o Brasil a novos esforços de paz no Oriente Médio. Para Annan, a missão na Síria teria um formato pouco tradicional. "Não há um front ou linhas determinadas separando a oposição e o governo. Não podemos ter uma força tradicional de manutenção da paz", disse Annan à Assembleia-Geral da ONU. Segundo ele, essa força deve ser relativamente pequena, flexível, ágil e ter acesso a todo o país em segurança.
Na quarta, uma equipe avançada de sua missão desembarcou na Síria para já começar a negociar de que forma os observadores militares atuarão. Para liderar a implementação de um acordo, Annan escolheu o general norueguês Robert Mood, que já está em Damasco.
Sem trégua
A esperança de Annan de um cessar-fogo vem justamente no momento em que ativistas alertam que Assad tem intensificado os ataques. Para a oposição, Assad estaria ganhando terreno antes do cessar-fogo, enquanto 2,3 mil refugiados sírios cruzaram a fronteira com a Turquia nas últimas 24 horas, segundo o governo de Ancara.
De acordo com a Anistia Internacional, 232 pessoas morreram na Síria desde que Assad afirmou ter aceitado considerar o plano de paz de Annan, na semana passada. O governo sírio, porém, relata que, na realidade, está retirando suas tropas de Deraa, Idlib e Zabadani...SEGURANÇA NACIONAL

Acidente com jato da Marinha destrói prédios nos EUA


AE - Agência Estado
Um jato F-18 da Marinha dos Estados Unidos bateu nesta sexta-feira contra um prédio em Virginia Beach, no Estado de Virgínia, mas os dois membros da tripulação que estavam na aeronave conseguiram se ejetar antes do acidente. Eles foram socorridos e levados para um hospital com ferimentos leves, juntamente com outras quatro pessoas, segundo informou um porta-voz da cidade. As equipes de resgate ainda procuravam por vítimas no início da noite. De acordo com informações da imprensa local, três prédios foram destruídos e dois tiveram danos significativos.
O jato de dois lugares colidiu contra o prédio por volta do meio-dia (horário local), a pouco mais de três quilômetros da estação aérea naval Oceana, de acordo com um porta-voz da Marinha. Um representante do corpo de bombeiros de Virginia Beach disse que funcionários da Marinha estavam no local do acidente no início da noite, juntamente com equipes que prestavam os primeiros socorros. Segundo um representante do serviço médico de emergência da cidade, o dano poderia ter sido muito maior se os pilotos do jato não tivessem despejado todo o combustível da aeronave antes da colisão.
Segundo Robert Matthis, assistente da administração municipal de Virginia Beach, até o início da noite não havia informações sobre mortos. O governador do Estado de Virgínia, Bob McDonnell, disse ao prefeito da cidade, Will Sessoms, que vai fornecer todo o auxílio necessário. "Nós estamos monitorando os acontecimentos atentamente e os policiais estaduais estão agora no local. Nossas preces são para que ninguém tenha morrido ou se ferido gravemente nesse acidente", comentou o governador. Ainda não se sabe a causa da queda do jato.
A região de Hampton Roads, no sudeste de Virgínia, é a casa de uma significativa comunidade militar, incluindo a grande base naval Norfolk. O jato que colidiu contra os prédios faz parte do esquadrão que treina os pilotos da Marinha e dos fuzileiros navais. Segundo o website da unidade, o treinamento inclui missões de ataque. O mesmo modelo de jato caiu em dezembro de 2008 durante um treinamento em San Diego (Califórnia), matando quatro pessoas e destruindo duas casas.
O deputado republicano Scott Rigell, que é da Virgínia, disse em um comunicado que "nossas preces estão com toda a região de Hampton Roads e com as comunidades militares, já que os socorristas estão lidando com a situação em solo admiravelmente. Eu conversei com o governador McDonnaell, o prefeito Sessoms e os dirigentes da estação Oceana, e minha equipe e eu estamos prontos a ajudar da maneira que for preciso". As informações são da Dow Jones e da Associated Press...SEGURANÇA NACIONAL 

Jato da Marinha dos EUA bate contra prédio na Virgínia


Um jato F-18 da Marinha dos Estados Unidos bateu nesta sexta-feira, 6, contra um prédio em um bairro residencial em Virginia Beach. Os dois pilotos da aeronave tiveram tempo de se ejetar, segundo o Pentágono. Seis pessoas, incluindo os dois militares, foram encaminhadas a hospitais próximos. Não há detalhes sobre o estado de saúde das vítimas.  
Com o impacto, cinco edifícios tiveram danos "importantes', declarou o porta-voz do Corpo de Bombeiros de Virgínia, Tim Riley. Cinco viaturas dos bombeiros, ambulâncias e policiais cercaram a região. O jato pertence à base aérea de Oceana localizada em Virgínia, onde os pilotos fazem treinamento.
Em comunicado, as Forças Armadas afirmaram que o acidente ocorreu por volta das 12h (horário local), momentos depois de o jato deixar a base. Ainda segundo o texto, as forças disseram que estão trabalhando em conjunto com as autoridades locais. As causas do acidente ainda não foram esclarecidas. Uma testemunha afirmou ter visto o jato voar abaixo do normal e com fogo em uma das asas.
Em fotografias enviadas por testemunhas ao portal de notícias CNN era possível ver fogo e fumaça entre os edifícios. De acordo com a rede de televisão CNN, um dos edifícios atingidos é uma casa e ao menos duas pessoas teriam sido levadas a um hospital da região.
Com informações da Dow Jones, Efe e AP..SEGURANÇA NACIONAL

quinta-feira, 5 de abril de 2012

EADS North America revela helicóptero Armed Scout 72X+



A EADS North America apresentou seu novo helicóptero Armed Aerial Scout 72X+ (AAS-72X+) durante a convenção anual do Army Aviation Association of America (AAAA), evento ocorrido entre os dias 01 e 04 de abril em Nashville, estado do Tenessee, Estados Unidos.
O AAS-72X+ é um helicóptero armado derivado do modelo utilitário leve UH-72 Lakota desenvolvido pela EADS North America em atendimento aos requisitos do Exército dos Estados (US Army) e produzido pela American Eurocopter localizada em Columbus, estado do Mississipi. Três aparelhos demonstradores de conceito (TDA - Technical Demonstrator Aircraft) do AAS-72X+ já foram testados, sendo que o montante financeiro investido no programa de pesquisas e desenvolvimento dessa variante foi garantido pela própria empresa.
 
Segundo Sean O’Keefe, presidente e CEO da EADS North America, essa evolução do Armed Scout abre possibilidades para que a companhia venha a oferecer uma plataforma aérea mais capaz, que permitirá às tropas terrestres contar com uma aeronave que atenda às demandas exigidas pelo variado leque de missões que cumprirão.  “Nós estamos visando o futuro ao demonstrar as avançadas performances do AAS-72X+ durante o Voluntary Flight Demonstration do Exército dos Estados Unidos.
 
O AAS-72X ou AAS-72X+ serão construídos e entregues a preços competitivos com relação ao planejado programa de modernização dos Bell OH-58 Kiowa Warrior para o padrão Block II e colocados em operação regular no máximo até 2016.
 
O AAS-72X+ é baseado no helicóptero civil EC-145T2 da Eurocopter. O modelo incorpora um motor mais potente Turbomeca Arriel 2E com FADEC de duplo canal, um rotor de cauda tipo Fenestron, uma transmissão aperfeiçoada, uma suíte de avionica e glass cockpit Helionix e um piloto automático de quatro eixos. O aparelho oferece alta performance quando operado a seis mil pés de altitude (1830 metros) e temperatura predominante seja de 95° Fahrenheit (63° C), condições comumente conhecidas como “6K/95 high/hot”, ambiente operacional que mais exige dos aparelhos de asas rotativas. Segundo a EADS North America, as performances do AAS-72X+ deverão superar os requerimentos 6K/95 previamente estabelecidos para 2 horas e 12 minutos mais 20 minutos de reserva de combustível, carregando 1270 kg de carga útil de missão e tripulantes...segurança nacional

Esquadrões de combate da FAB exercitam REVO


Entre os dias 26 e 30 de março o Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1º/1º GT), Esquadrão Gordo, realizou o Exercício Operacional Barão I. Tendo como infraestrutura de apoio e ponto de partida a Base Aérea de Canoas (BACO), estado do Rio Grande do Sul, os treinamentos tiveram como objetivo formar uma nova turma de pilotos, engenheiros de voo, rádio operadores e observadores para cumprir missões de reabastecimento aéreo (REVO) com a plataforma de voo KC-130 Hercules.

Participaram da BARÃO I aeronaves de caça modelo F-5EM do Primeiro Esquadrão do Quarto Grupo de Aviação (1º/4º GAv), Esquadrão Pacau, e do Primeiro Esquadrão do Décimo Quarto Grupo de Aviação (1º/14º GAv), Esquadrão Pampa. A aviação de ataque também atuou nas manobras, acionando os A-1 (AMX) do Primeiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (1°/10° GAv), Esquadrão Poker, e do Terceiro Esquadrão do Décimo Grupo de Aviação (3°/10° GAv), Esquadrão Centauro.
 
O Esquadrão Gordo realizou voos de REVO tanto diurnos quanto noturnos, em alta e baixa altitude, contribuindo com a formação de líderes de esquadrão e esquadrilhas das unidades de caça e ataque envolvidas no exercício operacional...segurança nacional

Militares voltam ao Brasil após libertação de reféns das Farc


ARNOLDO SANTOS
Direto de Manaus
Sete dias depois de partir de Manaus, o grupo de 20 militares brasileiros chegou à capital amazonense nos helicópteros do Exército usados na missão de resgate de 10 reféns mantidos pelas Forças Revolucionárias Colombianas (Farc), libertados na última segunda-feira.
Os militares brasileiros, todos pertencentes ao 4º Batalhão de Aviação do Exército (4º Bavex), pousaram nos helicópteros modelos Cougart, de fabricação francesa, às 17h (horário de Brasília), no campo do Comando Militar da Amazônia (CMA). As aeronaves estavam acompanhadas por um terceiro helicóptero do Exército como escolta. O grupo foi recebido por familiares e saudados pelo general Franklinberg Freitas, chefe de operações do CMA.
Os militares partiram de Manaus no dia 30 de março, passaram por São Gabriel da Cachoeira (noroeste do Amazonas) e, de lá, voaram cerca de 1.800 km até a cidade de Villavicencio, capital do departamento de Meta, na Colômbia. Trata-se da quarta participação em quatro anos de uma missão humanitária de resgate e transporte de reféns no país. A missão, batizada de Operação Liberdade 4, foi coordenada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha com o apoio da ONG Colombianos e Colombianas em busca da Paz.
De Villavicencio, apenas um helicóptero voou até o local indicado pelos guerrilheiros como ponto de encontro. A segunda aeronave ficou na cidade colombiana para eventual apoio de emergência. "Nós chegamos (ao local) às 11 horas (da manhã). Havia somente um grupo de guerrilheiros. Eles nos informaram que o grupo (de reféns) chegaria em algumas horas. Como toda a missão era delegada pela Cruz Vermelha, se decidiu esperar. O encontro ocorreu quatro horas depois", contou o major aviador Murucci, piloto do helicóptero.
Para cumprir a missão, o Exército Brasileiro assinou um protocolo com uma série de procedimentos a serem cumpridos durante a permanência no país vizinho, principalmente em relação às informações e contato com os guerrilheiros. "A partir do momento em que o helicóptero põe o símbolo da Cruz Vermelha, a missão não é considerada militar, mas sim uma missão humanitária", explicou a coordenadora da missão pela Cruz Vermelha, Sandra Lefcovich.
Mais do que uma missão humanitária, a missão empreendida pelos soldados do Exército representam mais um ganho político na conjuntura internacional da América do Sul. O Brasil, que tenta se consolidar como uma liderança estratégica continental, mostra a capacidade de entrar de maneira pacífica nas questões nevrálgicas de países vizinhos - ainda mais em se tratando de uma Colômbia, onde a presença militar norte-americana é um incômodo aos vizinhos, inclusive o próprio Brasil.
"É um missão especial, complicada, que tem uma série de detalhes a serem cumpridos, o que mostra todo o profissionalismo dos nossos militares. Por isso é uma satisfação de participar", disse o general Franklinberg que, na resposta, não se aprofundou muito no lado político da missão, mas confirmou que "todos os momentos da missão foram monitorados pelo centro de operações do CMA em tempo real".
Não se sabe, no entanto, da possibilidade de novas missões dessa natureza. Na imprensa internacional, denunciam-se ainda muitos civis em poder dos guerrilheiros das Farc, mas não há confirmações oficiais de que novas libertações. "Pela informação das Farc, essas 10 pessoas libertadas seriam as últimas em poder deles. E sobre esses civis a gente não tem informação oficial, mas estamos prontos a colaborar com outras missões", concluiu Sandra Lefcovich, da Cruz Vermelha Internacional.

França e ONU dizem temer que Al-Qaeda se fortaleça no Mali


BAMAKO - O Estado de S.Paulo
França e ONU afirmaram ontem que a tomada do norte do Mali pelos rebeldes tuaregues - facilitada pelo golpe de Estado que depôs o governo central no dia 22 - atende aos interesses da organização Al-Qaeda do Magreb Islâmico. Ainda ontem, o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenou a quartelada que retirou do poder o presidente Amadou Touré e o governo francês pediu à Argélia e a outros países da região ajuda para combater a ascensão dos terroristas.
O Movimento Nacional para a Libertação de Azawad (MNLA), grupo separatista de tuaregues que combateram na Líbia e, após voltar para o Mali, intensificaram a luta pela independência do norte malinês, anunciou ontem a conclusão de suas "operações militares" na região.
"Após a libertação de todo o território de Azawad e levando em consideração os pedidos do Conselho de Segurança, dos EUA, da França e de Estados da região, o MNLA anuncia o fim unilateral das operações militares a partir de amanhã (hoje)", disseram os tuaregues em um comunicado publicado online.
Ainda ontem, o capitão Amadou Sanogo, líder da junta militar golpista, desdenhou das sanções comerciais, diplomáticas e financeiras impostas pelas nações vizinhas a Mali e propôs uma convenção entre os partidos do país para a criação de um roteiro para o retorno de um governo civil malinês.
No entanto, 50 legendas políticas e organizações civis do Mali rejeitaram ontem, em conjunto, o plano dos militares, afirmando que ele não produziria um governo legítimo. "A organização de uma convenção é contrária e incompatível com um retorno à ordem constitucional", afirmou a Frente para a Democracia e a República (FDR).
Sanogo afirmou que a principal razão para os militares terem tomado o poder seria o restabelecimento da segurança no norte do país - onde o MNLA vinha avançando antes do golpe -, mas os rebeldes separatistas da região foram beneficiados pelo vácuo político, que consolidou a tomada da região.
"Tememos que a Al-Qaeda do Magreb Islâmico aproveite-se da situação confusa e expanda seu perímetro de atividade e fortaleça a ameaça terrorista (no norte malinês)", afirmou ontem o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês, Bernard Valero. / REUTERS e EFE..segurança nacional

Falta de profissionais ameaça o Programa Espacial Brasileiro


A recomposição do quadro de profissionais para o programa espacial brasileiro é uma promessa antiga do governo, mas a falta de uma ação mais efetiva tem provocado uma perda sistemática de recursos humanos no setor, situação que vem piorando com a elevação da faixa etária dos pesquisadores.
"Se não houver uma decisão neste ano, as nossas projeções indicam que em 2020 o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) estará próximo de uma situação de colapso, reduzido a 26% do efetivo que possuía em 1994", diz o diretor do órgão, brigadeiro Ailton dos Santos Pohlmann. Segundo ele, a média de idade dos pesquisadores do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), responsável pelos principais projetos espaciais do país na área de foguetes, é superior a 50 anos.
A perda de cérebros no programa espacial é crescente e com a demora em abrir um novo concurso a situação só tende a piorar. "A grande dificuldade daqui para a frente será treinar o pessoal novo, pois os que detêm o conhecimento, adquirido em mais de 20 anos de trabalho e estudos, já terão saído", alerta o presidente da Associação Aeroespacial Brasileira (AAB), Paulo Moraes Jr.
O último concurso público autorizado pelo governo para o DCTA foi feito em 2010, mas apenas 93 funcionários foram contratados para atender a todo o órgão, que inclui 11 institutos de ensino e pesquisa e dois centros de lançamento de foguetes. O déficit de pessoal hoje, de acordo com o brigadeiro Pohlmann, é de mais de mil funcionários. Em 2011, mais de 70 servidores deixaram o DCTA.
O lançamento do Veículo Lançador de Satélite (VLS) mais uma vez será afetado pela falta de recursos humanos especializados. "Desde 2003, quando aconteceu o acidente com o foguete na base espacial de Alcântara e se perderam 21 especialistas, não houve reposição desse pessoal", ressalta o brigadeiro.
O problema já foi relatado por diversas vezes ao governo e mais recentemente, em fevereiro, a direção do DCTA enviou um relatório ao Ministério da Defesa sinalizando que a situação ficará ainda mais crítica com o projeto de duplicação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), projeto que conta com o apoio pessoal da presidente Dilma Rousseff.
A ampliação do ITA deverá ocorre ao longo dos próximos cinco anos, mas já em 2013 a escola vai oferecer o dobro das vagas atuais, ou seja, 240. Atualmente, o ITA recebe 120 alunos por ano, mas de acordo com o reitor, Carlos Américo Pacheco, cerca de 500 estudantes que prestam o vestibular para o instituto, têm nota mínima para entrar. Este ano o ITA recebeu um total de 9.400 inscrições, o que representou um aumento de 20% em relação a 2011.
Para ampliar o número de vagas, o ITA também precisará contratar 150 professores no período de cinco a seis anos e cobrir cerca de 50 aposentadorias que deverão acontecer nesse período. A expansão do instituto terá um custo de R$ 300 milhões e as obras estão previstas para começar este ano.
"Não é possível duplicar o ITA se não houver a reposição dos quadros. A ampliação da escola exigirá também um aumento significativo na capacidade do DCTA de apoiar essa expansão, na parte de pessoal (contratação de mais professores), infraestrutura de alojamento, alimentação, laboratórios de pesquisa e segurança, entre outros", diz o brigadeiro Pohlmann.
No Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) a situação é mais grave na área de gestão, que em dez anos deve perder 70% do pessoal que trabalha no apoio às atividades finais do instituto, devido às aposentadorias. O plano diretor do Inpe para os anos de 2011 a 2015 mostra que em 1989 a instituição tinha 1,6 mil servidores, sendo apenas 50 com mais de 20 anos de serviço. Passados 20 anos, o número de funcionários é de 1.131, dos quais só 300 têm menos de 20 anos de casa. Atualmente, 72% dos engenheiros e tecnologistas do Inpe trabalham há mais de 20 anos na instituição.
A área de engenharia de satélites, que recebe os principais recursos do orçamento do instituto também preocupa bastante a direção do Inpe. Segundo o coordenador de Gestão Tecnológica do instituto, Marco Antônio Chamon, em cinco anos o número de funcionários desse setor deverá cair de 132 para 89. "Em dez anos estimamos que esse número esteja reduzido a 33 pessoas", afirma.
São essas mesmas pessoas que trabalham hoje no ambicioso programa de satélites do Inpe, que prevê lançar até 2014 três satélites. Entre 2015 e 2020, estão previstos mais dois satélites em parceria com a China, um em parceria com a Argentina, um satélite com a Agência Espacial Americana (Nasa) e três satélites nacionais.
"Não temos hoje condições de fazer dois satélites ao mesmo tempo", afirma Chamon. O satélite CBERS-3, feito com a China, segundo ele, será lançado no fim deste ano e desde fevereiro uma equipe de 30 a 50 técnicos e engenheiros do Inpe está no país para trabalhar na integração e testes finais do satélite. "Eles ficarão por lá até o lançamento do satélite e isso certamente reduziu o ritmo de trabalho de outros projetos, pois não há substituto para esse tipo de especialista."
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) liberou a abertura de concurso público para a contratação de 107 servidores para o Inpe em 2012, mas a instituição precisa de um mínimo de 400 contratações para repor especialistas em setores considerados estratégicos, como meteorologia, controle de satélites, ciência espacial e engenharia de satélites.
"Assim como nas universidades, precisamos de mecanismos que nos permitam repor nossos quadros de maneira sistemática, pois assim é possível preservar o conhecimento e transferi-lo aos poucos", explica.
"Há oito anos que o sindicato vem insistentemente cobrando as autoridades do governo federal sobre a contratação urgente de servidores para o Inpe e o DCTA. As poucas contratações que aconteceram foram temporárias, o que na área de ciência e tecnologia chega a ser uma estupidez," protesta o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial (SindiCT), Fernando Morais Santos.
O Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (CPTEC), responsável pela produção de informações meteorológicas diárias e climáticas, possui hoje um total de 148 funcionários. Desses, cerca de 80 são contratados em regime temporário. "São atividades que não podem parar e esse pessoal temporário só tem mais dois anos para ficar no CPTEC", ressalta.
Entre os funcionários temporários do CPTEC, segundo Chamon, existe um grupo de 15 programadores, responsáveis por manter o supercomputador do centro em funcionamento, que encerram o contrato com a instituição no segundo semestre deste ano. "Sem esse pessoal não tem como fazer a previsão do tempo, pois são eles que colocam as informações que rodam no supercomputador", afirma Chamon.
Recursos escassos ameaçam projetos 
A modernização da base de lançamento de foguetes em Alcântara, no Maranhão e o desenvolvimento de veículos lançadores e de satélites estão entre as prioridades do governo federal na área espacial. Esses projetos já têm, inclusive, recursos garantidos da ordem de R$ 2,2 bilhões até 2015, conforme previsto no plano plurianual 2012-2015.
Embora estejam na lista de prioridades de investimentos, alguns projetos ainda sofrem com a insuficiência de recursos. Somados à falta de especialistas em diversas áreas, os planos do governo nessa área poderão ser afetados. O lançamento do foguete VLS (Veículo Lançador de Satélite), por exemplo, que estava previsto para o início de 2013, deverá ser adiado. "Para cumprir a meta de lançamento no ano que vem precisamos de R$ 55 milhões e para este ano só temos disponível um pouco mais de R$ 16 milhões", revela o diretor do DCTA, brigadeiro Ailton dos Santos Pohlmann.
Os projetos que não estão na indústria, como os foguetes, são os mais afetados pelos constantes contingenciamentos de recursos e a falta de pessoal. "O setor de aerodinâmica de foguetes do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) já teve 18 especialistas. Hoje tem apenas quatro", comenta o presidente da AAB, Paulo Moraes. O pesquisador, que trabalha no IAE, ressalta que não está sendo formado um número suficiente de engenheiros no Brasil para atender às novas iniciativas do governo, das empresas de tecnologia e também a uma indústria de defesa em fase de crescimento.
Com 11 institutos e dois centros de lançamento de foguetes, em Alcântara, no Maranhão, e em Natal (RN), o DCTA é o órgão da Aeronáutica que executa e coordena os principais projetos do governo na área de defesa. O programa de lançadores VLS e o Cruzeiro do Sul, que seria uma nova geração de foguetes, são os mais conhecidos.
A lista de responsabilidades do DCTA, no entanto, inclui ainda outros programas de vulto, como o da aeronave de transporte militar KC-390, que está sendo desenvolvida pela Embraer, o processo de seleção das novas aeronaves de combate F-X2 e de todos os mísseis utilizados pela Força Aérea Brasileira (FAB), que hoje estão sendo produzidos pelas empresas Mectron, controlada pelo grupo Odebrecht, e Avibras.
O DCTA também coordena a compra de outras aeronaves, como os 56 helicópteros que estão sendo adquiridos da Helibras para as Forças Armadas, os Super Tucano produzidos pela Embraer, a modernização da frota de aeronaves F-5 e AMX e o desenvolvimento de veículos aéreos não tripulados.
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