terça-feira, 13 de março de 2018

Bombas de fragmentação: as mortes no exterior que militares do Brasil não permitem evitar

Distantes geograficamente, Brasil e Iêmen estão conectados por uma ameaça mortal que vem do céu. Do lado brasileiro está quem desenvolve e a exporta para o Oriente Médio. Já o resultado é sentido pelos muitos iemenitas feridos ou mortos diariamente no conflito que já dura quatro anos e tem nas chamadas bombas de fragmentação uma das maiores vilãs.
A Sputnik Brasil entrevistou especialistas e procurou ouvir fontes oficiais do governo federal na busca por uma explicação: por que o Brasil mantém a fabricação de bombas tão controversas? Para quem o país vende tais armas? Rastros de munições fabricadas pela empresa brasileira Avibrás, encontrados no Iêmen e relatados pela Human Rights Watch (HRW), mostram que, moralmente, o país deve algumas explicações.
Para quem já foi alvo de tal arma, as lembranças são dolorosas e difíceis de esquecer.
Nós pensamos que é como os mísseis regulares que sempre atingem a Saada [...] que só criam explosões únicas. Este era diferente, uma série de explosões juntas [...] Todas as bombas pousaram sobre nosso bairro, sobre casas e nas ruas", descreve o iemenita Bassam. "Nós ouvimos [...] dois sons de explosões [...] um mais alto que o outro, e [...] depois disso ouvimos mais explosões, menores e caindo de o céu como brasas [...] pousou em todos os lugares, tanques de água sobre as casas, um [...] explodiu e destruiu um táxi", puxa pela memória outro imemenita, Khaled, assustado com o incidente perto de uma escola infantil.
Os relatos não são muito diferentes a 3.000 quilômetros de distância, na Síria, outra nação assolada pelo uso de bombas de fragmentação.
"Uma bomba explode no ar, e pequenas bombas caem no chão. As crianças costumavam pegá-los e houve muitos acidentes", relembra o sírio Muhammad. Seus conterrâneos, o casal Jamal e Leila também se recorda: "Muitas armas não explodiram no lançamento [...] Os agricultores não conseguiram trabalhar por causa disso e alguns ficaram feridos". "Uma vez que um vizinho pegou uma e explodiu", lamenta outro sírio, Kareem. 
O pânico e o caos criados no Iêmen e na Síria, e descritos para as organizações não-governamentais (ONGs) como a HRW e a Handicap International, respectivamente, e pela Sputnik Brasil aqui reproduzidos mostram que até hoje o mundo sente os efeitos de um armamento criado pela Wehrmacht, a força de defesa do Terceiro Reich nazista de Adolf Hitler.
Batizada de Sprengbombe Dickwandig 2 kg (SD-2), a arma foi a primeira bomba 'cluster' – traduzida como bomba-cacho, bomba de fragmentação, ou bomba de dispersão – que se tem notícia e causou pânico e caos durante os bombardeios da Luftwaffe (Força Aérea da Alemanha nazista) sobre o Reino Unido. Ela não fazia distinção de alvos civis e militares. Passados 73 anos, o mesmo princípio norteia o uso de tal armamento.
No ano em que a Convenção de Oslo (Noruega) completa 10 anos, o seu objetivo fundamental - o banimento das munições de fragmentação – ainda enfrentar fortes resistências. E o Brasil integra o grupo de nações que, sendo fabricante e exportador de tais artefatos bélicos – não aderiram a tal tratado, que conta hoje com a anuência de 120 nações (103 integrais e 17 signatários).
Armas do Brasil no Iêmen
Um ataque contra a cidade de Saada, no Iêmen, no dia 6 de dezembro de 2016 matou duas pessoas e deixou seis feridos, incluindo uma criança. O bombardeio foi atribuído à coalizão liderada pela Arábia Saudita contra rebeldes do movimento xiita Houthi, em um conflito que já ceifou a vida de mais de 10.000 iemenitas desde o seu início, em 2014. Segundo a HRW, bombas de fragmentação fabricadas no Brasil foram usadas no incidente.
A ONG revelou ter encontrado restos de mísseis Astros II, cada um contendo mais de 65 sub-cargas e que foram lançadas de um lançador montado em um caminhão militar. Um ano antes, outra entidade, a Anistia Internacional, registrou um ataque semelhante também em Saada, em 27 de outubro de 2015, que feriu quatro pessoas. Em comum, peças de mísseis Astros II que levavam bombas-cacho.
Uma bomba de dispersão, por via de regra, pode ser definida como uma 'arma-contêiner'. Isto significa dizer que ela leva dentro de si diversas sub-munições, como se fossem pequenas granadas. Podendo ser lançada por meio terrestre ou aéreo, ela pode se espalhar por uma área vasta – em alguns casos, correspondente a pelo menos quatro campos de futebol –, sem fazer distinção de alvos.
Além disso, ela foi projetada para explodir momentos antes de atingir o solo, podendo ainda ser programada para ser detonada em determinado tempo. Contudo, não só tais bombas nem sempre acabam atingindo alvos militares, como podem não explodir. Embora forças de segurança neguem, desta forma elas acabam tendo um impacto semelhante ao de minas terrestres, já que podem detonar à menor vibração.
De acordo com a organização internacional Coalizão de Munição Cluster (CMC), 98% das mortes por bombas de fragmentação no mundo vitimam civis. Em seu mais recente relatório, a entidade apontou que pelo menos 971 pessoas foram mortas pelo armamento em 2016, das quais 860 apenas na Síria. A estimativa é que o número seja inferior ao dado concreto envolvendo vítimas fatais, e significou mais do que o dobro registrado em 2015 (417).
Um dia antes do segundo ataque com armas fabricadas no Brasil documentado em Saada, o governo brasileiro se absteve em uma votação na ONU que endossou a Convenção de Oslo, acompanhando posicionamentos de nações como a Arábia Saudita, o Iêmen e os Estados Unidos. A resistência do Itamaraty em adotar uma postura mais assertiva quanto ao tema é uma interrogação para especialistas.
"O Brasil vem sendo obscuro, inútil e poderia fazer muito mais quando se trata de lidar com os danos humanitários causados por uma arma ruim. É profundamente desapontador que o Brasil se mantenha fora do Tratado de Banimento de 2008 [Tratado de Oslo] e há diplomatas que discordam dos termos do tratado, e não entendemos porque a indústria brasileira, a indústria militar brasileira, seja aquela que articula a política do Brasil quanto a esse tema, e não o Parlamento ou as lideranças políticas, tanto quanto ao tratado quanto ao que está sendo feito sobre a produção e exportação de munições cluster pelo Brasil. Pelo que eu posso dizer, não há nenhuma ação", disse à Sputnik Brasil Mary Wareham, diretora de Advocacia da Divisão para Armas da HRW em Washington.
Queda de braço'
A frustração internacional com o governo brasileiro também reverbera dentro do país. Segundo analistas ouvidos pela Sputnik Brasil, um ponto fundamental na discussão de bombas de fragmentação em Brasília aconteceu em junho de 2008, quando o então ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, declarou que tais armas eram "desumanas", "que deveriam ser eliminadas" e que o Brasil "analisaria sua posição e, no futuro, poderia participar da convenção [de Oslo]".
No entanto, cinco meses depois, o Brasil informou que "o governo não apoiou a convenção por sua visão de que o processo e a convenção não equilibram as necessidades legítimas de defesa com preocupações humanitárias". Tal mudança de postura, em tão pouco tempo, sinalizaria que ocorreu uma "queda de braço" dentro do governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e que militares e a indústria bélica nacional levaram a melhor.
Você vê que uma declaração oficial de um país acabou não retumbando em qualquer, e eu digo exatamente isso, em qualquer medida pública efetiva e transparente ao tratamento dos desafios humanitários dessas armas que ele produz, como você bem sabe, [traz] uma consequência humanitária gravíssima tal qual a das minas terrestres, que era um problema que estava sendo solucionado e que hoje, vamos dizer assim, esse problema volta à tona com novas armas que produzem impactos semelhantes", avaliou Cristian Wittmann, professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e integrante do CMC.
Presente no debate para a erradicação de minas terrestres na segunda metade dos anos 1990, o doutor em Direito e hoje reitor da Universidade Federal da Integração Latino Americana (UNILA), Gustavo Oliveira Vieira, também conversou com a Sputnik Brasil e opinou que existem indícios de que o governo brasileiro, que em um primeiro momento sinalizou que poderia rever a fabricação e exportação de tais armas, mudou de ideia - embora continuasse acompanhando amplamente o tema, segundo dados desclassificados pelo Itamaraty
."Se a gente olha os últimos 11, 12 anos que essa pauta vem sendo debatida, fica claro que houve uma divisão interna no governo. Se não me engano foi em 2006 ou 2007, teve uma fala de um diplomata do Brasil na Assembleia Geral da ONU, quando chegou à pauta de direitos humanos, falando contra as munições cluster. E aí depois houve uma solicitação de exportações do Brasil, pela Avibrás, e o Brasil levou uns 15 meses para dar o 'ok'. Então eu acho que esse foi o tempo da disputa interna no governo, é a minha hipótese", explicou.
Vieira ponderou que, ao mesmo tempo em que houve uma divisão em Brasília, estabeleceu-se uma nova orientação sobre a política de armas, e como a produção de armamentos pelo Brasil poderia contribuir para o "desenvolvimento estratégico e inserção estratégica do Brasil” no cenário internacional. Em regime de recuperação judicial desde julho de 2008, a Avibrás ganhou a União como sócia em 2010, seja com o perdão de dívidas, seja com o desenvolvimento do Projeto Estratégico Astros II, voltado a “prestar um apoio de fogo de longo alcance, com elevada precisão e letalidade", segundo o Exército Brasileiro.
Procurado ao longo de duas semanas, Celso Amorim inicialmente alegou problemas de agenda para não conceder entrevista. Posteriormente, sua assessoria recebeu por e-mail os questionamentos da Sputnik Brasil, para os quais não enviou as respostas até a publicação desta reportagem.
'Inteligência estratégica'
Em uma audiência pública realizada em 24 de novembro de 2016, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CREDN) do Senado, o então ministro da Defesa, Raul Jungmann, ele defendeu que havia "uma boa oportunidade de investimento" em armamentos no Brasil, e exaltou o projeto Astros 2020, de interesse das Forças Armadas do país e da Avibrás. Após consumir R$ 400 milhões de 2011 para cá, a iniciativa ainda teria absorver R$ 1,9 bilhão para a sua completa implementação por parte do Brasil, em 2023.
Um ano depois, em dezembro do ano passado, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE), Carlos Frederico de Aguiar, exaltou a "inteligência estratégica" do governo brasileiro, em parceria com os ministérios da Defesa e de Relações Exteriores, em prol da indústria militar nacional, que realizou em 2017 uma missão com 14 empresas do país ao Oriente Médio – "a maior da história", segundo Aguiar.
Da sua parte e presente ao encontro com os empresários em São Paulo, Jungmann reforçou as linhas de financiamento e o apoio governamental à indústria bélica brasileira, que movimenta aproximadamente US$ 60 bilhões (R$ 195 bilhões) anuais, dos quais US$ 350 milhões provêm apenas da exportação de armas pequenas e munições, segundo dados da Iniciativa Norueguesa para Transferências de Armas Pequenas (NISAT). Já outra organização, a Small Arms Survey, aponta um lucro ainda maior apenas com armas pequenas: US$ 591 milhões (R$ 1,92 bilhão).
Parte do problema da divergência de dados repousa na falta de transparência do setor de armas do Brasil. À Sputnik Brasil, a coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, Natália Pollachi, afirmou que as incertezas em torno da fabricação, desenvolvimento e exportação de armamentos por parte do Brasil e de suas empresas geram preocupação e expõem ainda uma falta de coerência, já que mantém uma política bélica que data da ditadura militar, incoerente com tratados internacionais voltados aos direitos humanos que o país integra.
A Small Arms Survey já classifica o Brasil como um dos países com a pior política de transparência do mundo. Pelo ranking, nós estamos atrás de países muito mais criticados internacionalmente como Rússia, China, Paquistão, então estamos muito mal nesse quesito [...] o próprio documento em si que trata da exportação de material militar é sigiloso. Toda essa política de falta de transparência, [com vendas] para países com históricos questionáveis, de que forma eles usam essas armas, do Brasil não ser signatário do tratado de munições cluster, de ter atrasado em quase cinco anos a ratificação do Tratado de Comércio de Armas (ATT) que está para ser ratificado agora – que foi assinado em 2013 – é uma grande falta de coerência porque a política externa é constitucionalmente pautada pela defesa de direitos e pela cooperação com a comunidade internacional. Quando a gente olha para a política que envolve armas, de produção e exportação, isso não se aplica. É uma falta de coerência que não tem a ver com um governo ou outro, é uma definição de política externa que está na Constituição e que deveria ser uma política de Estado", analisou.
A transparência quanto a importações e exportações de armas é uma demanda antiga de políticos, setores da sociedade civil brasileira e organismos internacionais. Um dos entraves para a ratificação do ATT pelo Brasil envolve a liberação de dados sobre a indústria bélica e militar do país. Ironia do destino ou não, o próprio Jungmann – que recentemente deixou o Ministério da Defesa para assumir o Ministério de Segurança Pública – já defendeu, quando deputado federal pelo PPS, o acesso a essas e outras informações. Como aquelas envolvendo bombas de fragmentação.
"As bombas cluster, ao serem lançadas por um avião, se abrem antes de chegar ao solo e os explosivos se espalham por uma área de cerca de 28 mil metros quadrados, equivalente a quatro campos de futebol. A área alvo, conforme especialistas da área, é pulverizada, mas raramente todos os explosivos são detonados ao tocar o solo. Em média 10% falham e passam a funcionar como minas terrestres, capazes de matar e fuzilar civis. Conforme Silvia Backes, representante da Cruz Vermelha, 'essa arma contraria os princípios humanitários. Os civis viram vítimas da bomba, mesmo décadas depois do fim da guerra'. O tema é corroborado por Thomas Nash, da [CMC], ONG internacional que combate as bombas cluster, 'esse tipo de arma já minou o solo de 20 países e matou e feriu pelo menos 13 mil civis'. A maioria das vítimas são agricultores e crianças atraídas pelo colorido e pelo formato de bola de alguns desses artefatos. A informação é de grande gravidade sendo importante para este Parlamento ter informações abalizadas sobre o posicionamento do Brasil em relação às bombas cluster ou de dispersão, tendo em vista que o Brasil votou pelo Tratado de Controle do Comércio de Armas e participa ativamente do grupo de discussões das Nações Unidas", escreveu Jungmann, em requerimento de maio de 2009, endereçado ao então ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim.
Um dos modelos de bomba de fragmentação (cluster) já fabricadas pela indústria brasileira
© FOTO: REPRODUÇÃO / MINISTÉRIO DA DEFESA
Um dos modelos de bomba de fragmentação (cluster) já fabricadas pela indústria brasileira
Em pelo menos outros quatro requerimentos (aqui, aqui, aqui e aqui), datados entre 2008 e 2015, parlamentares instaram o governo brasileiro a fornecer informações sobre o comércio de armas. Contudo, nenhum deles prosperou. E isso não parece ser uma coincidência. Autor do projeto de lei mais avançado e cujo objetivo é o banimento das bombas de fragmentação, o deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) reconheceu que há "uma resistência grande do setor militar" brasileiro à sua proposta, apresentada em 2012 e que até hoje pouco avançou dentro das comissões da Câmara dos Deputados.
Na verdade eu coloquei esse projeto já adiante de um projeto já apresentado anteriormente pelo então deputado Raul Jungmann [hoje ministro da Segurança Pública], e ao apresentar esse projeto a preocupação é a questão humanitária, evidentemente, do que está acontecendo no mundo, de guerras, do que isso provoca. A preocupação era essa, mas evidentemente existe uma resistência grande no setor militar brasileiro, então enfrentamos essa resistência democraticamente. Não tem nada de ilegítimo nisso, mas estou tentando, estou forçando, estou na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça] para que isso venha pelo menos para discussão, porque discutindo esclarece o tema, mostra o estrago que isso provoca, mas a preocupação é mais nesse setor militar que tem essa dificuldade em deixar isso acontecer", contou o parlamentar à Sputnik Brasil.
Relator do projeto na Câmara, o deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI) informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que não possui posição formada sobre o assunto e aguardará as discussões nas comissões da Casa antes de tecer uma posição oficial.
As dificuldades e mistérios em torno do tema não param aí. A reportagem da Sputnik Brasil também tentou, por meio da Lei de Acesso à Informação, obter detalhes sobre as vendas de armas e, principalmente, de bombas de fragmentação pelo Brasil. Dos três ministérios procurados, apenas o Ministério de Relações Exteriores respondeu, informando ter encaminhado a demanda ao Ministério da Defesa.
"Decide-se pelo reencaminhamento do presente pedido de informação por tratar de assunto que, em última análise, diz respeito à competência do Ministério da Defesa. O Ministério de Relações Exteriores não dispõe de dados compilados sobre as exportações de produtos de defesa brasileiros", respondeu a pasta. Tanto a Defesa, quanto o Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MdIC) não responderam às solicitações até a publicação desta matéria.
A Sputnik Brasil também enviou mensagens com pedidos de entrevista ao próprio Jungmann e ao Ministério da Defesa. Tanto o ministro quanto a pasta não retornaram nenhuma das mensagens, nem atenderam aos telefonemas.
Balança comercial lucrativa
Em uma busca aos dados mais recente da balança comercial disponibilizados pelo MdIC, a reportagem apurou que a Arábia Saudita é a grande compradora de "armas, munições, suas partes e acessórios", tendo investido US$ 80,34 milhões em compras desse tipo de produto apenas em janeiro de 2018. O valor engloba quase o total de aquisições do gênero por parte da Liga Árabe (US$ 82,37 milhões).
Outros países que recebem exportações de algum tipo de armamento do Brasil são os Estados Unidos (US$ 8,621 milhões), Omã (US$ 1,82 milhão), Qatar (US$ 176,2 mil), Israel (US$ 154,6 mil), Alemanha (US$ 131,3 mil), África do Sul (US$ 90,6 mil), e Jordânia (US$ 32,8 mil). Entretanto, é possível que a lista de países seja ainda maior, uma vez que os dados liberados pelo MdIC passam pelo crivo dos ministérios da Defesa e de Relações Exteriores, e não pode ser descartado um possível veto à liberação completa das informações – incluindo o que e por que valores exatos o Brasil negocia armamentos, incluindo as bombas de dispersão.
Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo de janeiro de 2011, um telegrama de 9 de janeiro de 2009, enviado por um representante do governo dos EUA no Brasil – e divulgado pelo Wikileaks na oportunidade – apontou que a Avibrás exportava armamentos para Arábia Saudita, Angola, Brunei, Chile, Colômbia, Equador, Kuwait, Malásia, Marrocos, Omã e Qatar. No mesmo documento, um executivo da Avibrás explicou que o governo brasileiro precisa avalizar as vendas de armas da empresa, e que negociações com Irã e Israel haviam sido negadas por Brasília.
O aspecto comercial não pode ser menosprezado em meio a tanto mistério. Em um parecer de 2015, a Controladoria-Geral da União (CGU) negou uma solicitação de informações sobre as exportações de armas brasileiras. No documento, um cidadão solicitava os "'Formulários-Padrão' produzidos pela Divisão de Operação de Promoção Comercial (DOC/DPR) do Itamaraty para Pedidos de Exportação (PEX) de Produtos de Defesa (ou material de emprego militar) de 1990 até março de 2010", alegando os prazos de sigilo já teriam se esgotado – o Executivo negou a solicitação, alegando que tais formulários "são preenchidos com informações de empresas, cuja divulgação à revelia destas representaria violação do sigilo comercial, empresarial e industrial".
Para refutar o pedido e garantir o sigilo dos dados solicitados, a CGU acolheu as alegações do Ministério de Relações Exteriores, que afirmou que os formulários pedidos contêm "informações sobre bens, volumes e valores a serem exportados, cuja divulgação à revelia das empresas envolvidas representaria violação dos princípios de sigilo comercial, empresarial e industrial" e que, "tendo em conta que o mercado global de defesa é marcado por elevada concentração no lado da oferta, a divulgação de informação sobre transações poderia beneficiar empresas concorrentes, tanto domésticas como internacionais, comprometendo, portanto, a própria competitividade da base industrial de defesa brasileira".
"O acesso a tais informações tem o potencial de afetar relação de confiança estabelecida entre as empresas vendedoras e os países compradores. Trata-se da compra de produtos com alta sensibilidade, cuja a revelação da transação pode trazer implicações tanto para o país comprador quanto para a empresa exportadora e afetar, consequentemente, o poder de mercado da empresa exportadora [...] Por terem as informações natureza privada cujo conhecimento pela administração pública se deve a uma atividade de controle (que está fora do âmbito do Decreto 7.724/12), cuja divulgação pode afetar o mercado de produtos de defesa, não cabe o fornecimento das mesmas pelo órgão demandado ao cidadão", concluiu a CGU.
Lançador que integra o Astros, sistema de mísseis desenvolvido pela empresa brasileira Avibrás
© FOTO: DIVULGAÇÃO / AVIBRÁS
Lançador que integra o Astros, sistema de mísseis desenvolvido pela empresa brasileira Avibrás
Entretanto, o deputado Rubens Bueno não acredita na argumentação que sugere uma disputa comercial. Para ele, é antagônico um país como o Brasil, que até recentemente liderava uma missão de paz no Haiti, se proponha a desenvolver e exportar armas que possuem alto grau de dano contra civis.
"O problema é um país como o nosso, que tem uma presença com relação à paz, à determinação dos povos como o Brasil tem na política externa, não vai agora produzir armas que venham a ceifar vidas. Este é o problema, [matando] inocentes que nem em conflito estejam. Até porque, como a figura do cacho, quando enterrado, pode provocar [ferimentos] em civis e crianças, atingir pessoas que não têm nada a ver. É uma arma poderosa e ao mesmo tempo pode provocar danos irreparáveis, especialmente naqueles que não estejam em conflito. Não vejo nada de disputa comercial", avaliou.
Mary Wareham, da HRW, concorda com o ponto de vista do parlamentar brasileiro e vai além, classificando como desrespeitosa a justificativa brasileira para não aderir ao Tratado de Oslo.
"Esse tipo de conversa é extremamente desrespeitosa pela norma que foi criada pela convenção de munições cluster e é um indicativo dos mesmos e velhos pontos que os diplomatas brasileiros sempre tiveram desde que o assunto foi tratado, em 2008. Serve para desacreditá-lo, para ofuscar os termos e dizer que proíbe alguns tipos [de armas] e não outras, enfim [...] serve apenas como um desserviço e considero isso rude, especialmente quando se trata de uma lei internacional e você tem mais de 100 países legislando e implementando [o tratado]. O que o Brasil está fazendo: apenas falando e defendendo o status quo", destacou.
O que diz a Defesa, o Itamaraty e a Avibrás
O Ministério de Relações Exteriores se dispôs a responder aos questionamentos da Sputnik Brasil sobre o tema das bombas de fragmentação, respondendo a quatro questionamentos enviados por e-mail à pasta. A reportagem inicialmente quis saber os motivos da mudança de postura do então ministro Celso Amorim quanto ao Tratado de Oslo, há 10 anos. Embora o Itamaraty "reconheça os graves problemas humanitários causados pelo uso das munições agregadas", a discussão no âmbito da ONU foi bloqueada justamente por países que compõem o documento firmado na Noruega.
"O Brasil decidiu não participar do processo negociador plurilateral iniciado em 2007, fora das Nações Unidas, que levou à adoção, em dezembro de 2008, da Convenção sobre Munições Agregadas ou de Fragmentação (Convention on Cluster Munitions), também conhecida como Convenção de Oslo. O curso de ação apoiado pelo Brasil era de prosseguir as tratativas no âmbito da Convenção sobre Proibições ou Restrições do Uso de Certas Armas Convencionais que podem ser Consideradas Excessivamente Lesivas ou Geradoras de Efeitos Indiscriminados, referida regularmente como Convenção sobre Certas Armas Convencionais (CCAC), que provê arcabouço multilateral para o tratamento da questão. Nesse sentido, o Brasil esteve firmemente empenhado durante a III Conferência de Exame da CCAC (2006), e mesmo depois, em promover a regulação das munições agregadas por meio de um protocolo específico àquela Convenção. Esse exercício viu-se frustrado por grupo de países, hoje Partes na Convenção de Oslo, que abandonaram as tratativas para estabelecer processo plurilateral 'ad hoc'. O governo brasileiro apoiaria a retomada das negociações de um Protocolo à Convenção sobre Certas Armas Convencionais sobre o tema, caso haja decisão multilateral nesse sentido, com vistas a fortalecer a CCAC e promover a adoção de instrumentos internacionais na área de controle de armas que sejam universais, equilibrados, eficazes e não-discriminatórios", informou a pasta.
Outra crítica ao Tratado de Oslo por parte do Brasil diz respeito a "desequilíbrios que comprometem a sua eficácia". "Na visão brasileira, a Convenção de Oslo, ademais de ter sido resultado de processo negociador restrito, à margem do arcabouço multilateral, apresenta, também quanto à sua substância, desequilíbrios que comprometem sua eficácia. O primeiro refere-se ao escopo da convenção, que exclui munições com maior grau de desenvolvimento tecnológico, produzidas apenas por alguns Estados com indústrias de defesa avançadas. O segundo desequilíbrio diz respeito à 'cláusula da interoperabilidade' (art.21, par. 3), que permite a países parte de alianças militares atuarem em missões militares com países que utilizam munições agregadas".
O ministério ainda revelou que "exportações de produtos de defesa brasileiros são analisadas caso a caso, do ponto de vista dos princípios da política externa brasileira e dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil", e que cabe à pasta apenas "a emissão de pareceres político e técnico sobre pedidos de autorização de exportação" nos termos da Política Nacional de Exportação de Material de Emprego Militar (PENEMEM), ficando ao Ministério da Defesa a decisão final sobre o tema.
O Itamaraty ainda negou que o governo brasileiro esteja de olhos fechados para os danos das bombas de fragmentação, sobretudo por não ter aderido ao Tratado de Oslo. "Não ter aderido não implica que o Brasil esteja desvinculado a qualquer regulação aplicável ao possível uso de munições agregadas, o que, de todo modo, estaria sujeito ao Direito Internacional Humanitário. Assinale-se igualmente não ter o Brasil jamais utilizado essas munições e que eventual uso seria regido pelos princípios básicos do Direito Internacional Humanitário, constantes das Convenções de Genebra de 1949 e de seus Protocolos de 1977, e pelo Protocolo V da CCAC, que trata da remoção de restos explosivos de guerra, do qual o Brasil é parte", completou a pasta.
A reportagem também procurou a Avibrás Indústria Aerospacial, apontada como a produtora dos armamentos encontrados no Iêmen nos casos relatados pela HRW e pela Anistia Internacional. O diretor comercial da empresa, José de Sá Carvalho Júnior, foi procurado por e-mail, mas não retornou os pedidos de entrevista. Em nota, a Avibrás afirmou que "os produtos de defesa produzidos pela companhia atendem aos princípios humanitários preconizados pelos acordos internacionais e contam com dispositivos de autodestruição desde 2001".
Isso significa que eles não geram material ativo remanescente no solo que possam vitimar inocentes após os combates. Informamos adicionalmente que a Avibrás cumpre todas as legislações e requisitos estabelecidos para o setor de Defesa no Brasil, especialmente os acordos internacionais dos quais o País é signatário no âmbito da ONU (Organização das Nações Unidas). Todas as exportações realizadas pela companhia são autorizadas pelos órgãos públicos competentes e observam rigoroso processo de licenciamento", continuou a nota.
No comunicado, a empresa ainda considerou "inadequadas" as "imputações esporadicamente atribuídas aos produtos da empresa", as quais "podem ter origem no desconhecimento dos fatos, refletir disputas comerciais em um mercado de acirrada competição ou simplesmente revelar preconceitos com a indústria de Defesa".
"A Avibrás é uma empresa brasileira de tecnologia e inovação que gera milhares de empregos e renda para o país. A companhia tem intensa participação no mercado internacional, o que atesta a sua capacidade competitiva e a qualidade e confiabilidade de seus produtos. A empresa tem orgulho de integrar com sucesso a Indústria Estratégica de Defesa Brasileira", finalizou a nota da empresa.
Embora não tenha atendido às solicitações da Sputnik Brasil, o Ministério da Defesa tem uma posição conhecida sobre o assunto, como expuseram no Congresso Nacional, ao longo dos últimos 10 anos, autoridades ligadas à pasta.
O Ministério da Defesa é favorável ao emprego da munição de fragmentação, observando-se os cuidados para que seja utilizada contra objetivos militares, em situações de baixo risco para a população civil, nos termos da Convenção de Genebra (Protocolo I, Artigo 48) e da Convenção sobre a Proibição ou Restrição do Uso de Certas Armas Convencionais que Podem Ser Consideradas Excessivamente Lesivas ou Geradoras de Efeitos Indiscriminados (CCAC)", disse o ministério, em apresentação feita a deputados federais em 2010
.Quatro anos depois, em uma audiência na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) da Câmara dos Deputados, o general Gerson Menandro Garcia de Freitas, então chefe de Assuntos Estratégicos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), destacou que as bombas de fragmentação representam um importante elemento de dissuasão e que, ao abolir tal arma do seu arsenal, o Brasil se envolveria em um enorme desequilíbrio regional e extrarregional.
Para o militar – que exaltou a Avibrás ("movimenta uma cadeia produtiva de mais de cem empresas, gerando dezenas de milhares de empregos") –, o fato do Brasil dispor dessas munições de dispersão confere maior respeito perante a comunidade internacional. "Os investimentos recentes na evolução tecnológica permitiram aumentar a precisão, reduzir as falhas de munições não explodidas, reduzir o risco de que munições não explodidas se transformem em sub-munições explosivas e facilitar a identificação visual no terreno", declarou Menandro aos parlamentares.
Estigma nuclear indica o futuro
Porém, apesar dos militares assegurarem que monitoram o desenvolvimento, a eficácia que considera os aspectos humanitários, e o uso final das armas que o Brasil produz e exporta, há um consenso entre os especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil de que bombas de fragmentação não são a resposta para a busca da dissuasão e respeitabilidade internacional.
Munições cluster não são confiáveis. Ponto. Não importa o tempo em que são usadas, elas se espalham por uma grande área e se você as atira sobre uma cidade, as consequências sobre os civis são devastadoras. Elas não são confiáveis e muitas detonam sozinhas e, não importa o quanto você queira desenvolver a tecnologia, os governos preferem proibir o uso e produção e não ter de lidar com os termos do tratado", ponderou Mary Wareham, da HRW.
Para Natália Pollachi, do Instituto Sou da Paz, a postura do governo brasileiro parece não só ignorar o consenso internacional sobre esse armamento, como também é pouco útil se o objetivo do país é o desenvolvimento de inovação no setor militar, algo que rotineiramente surge quando militares e o Ministério da Defesa são instados a abordar o tema.
"Além de ser uma arma com enorme dano humanitário, é uma arma extremamente obsoleta, tem pouco valor agregado e não tem nenhuma inteligência [...] então se nosso país depende de uma arma assim para se proteger ou fomentar a indústria nacional, ele está muito mal para depender de um produto de tão baixa qualidade. Também tem uma questão de deixar essa visão de curto prazo. O Brasil pode até perder um produto de exportação por um momento, mas se você redirecionar os esforços de pesquisa e desenvolvimento, investir em produtos melhores, inclusive o valor agregado dessas exportações poderia ser maior. Não faz sentido tanto o argumento que questiona os danos humanitários, quanto aquele que diz que sustenta a indústria nacional. É uma grande falta de coerência", analisou.
Envolvido nas tratativas para o banimento de minas terrestres, Gustavo Oliveira Vieira avaliou que as fortes críticas às munições de dispersão no cenário internacional já rendem resultados, como uma avaliação feita por diplomatas brasileiros recentemente, de que tais armas estão enfrentando dificuldades de negociação no exterior. Mesmo que o Brasil não integre o Tratado de Oslo, a expectativa dele é que uma reflexão seja feita dentro do país e no exterior.
"Essas políticas são cíclicas, mas tendem para um lado. Essa explicação e essa nova relação espaço-tempo, entre o que acontece de um lado e outro do mundo, constrói referenciais de transparência e nexos de causalidade entre o que faz o Estado e como impacta do outro lado do planeta. Por exemplo, eu vejo que essa atuação da sociedade civil é o que dá força para um tratado sobre a erradicação de mina [terrestre], mesmo não tendo a participação de Estados como EUA, Rússia, China. Os EUA pararam de produzir, exportar e usar [minas] porque a força do consenso internacional acaba criando uma espécie de costume internacional, que também é uma norma, e o custo político sobre o uso desse armamento que entra na balança estratégico-militar que se torna contraditório, inviável. Acho que o caso de minas terrestres mostra um potencial muito importante de mudança efetiva", disse.
Já Cristian Wittmann afirmou que a discussão sobre as bombas de fragmentação é relevante não só por este armamento em si, mas também quanto às doutrinas que guiam as políticas bélicas dos países. É tempo de mudar, segundo ele, que menciona as armas nucleares como exemplo da sua teoria.
"Eu lhe dou outro exemplo recente que é a nova retomada da estigmatização das armas nucleares. Não vai trazer a eliminação dessas armas para daqui a três, cinco ou 10 anos, mas aos poucos vamos começando a desmantelar as doutrinas que levam em conta apenas a dissuasão nuclear. Acho que é importante entender que o processo de proibição de uma arma, no caso das bombas [de fragmentação], envolve algo maior: mudar a concepção de segurança dos países, que não vão mais buscar a proteção das suas armas e das suas estratégias retrógradas de segurança, e sim busca uma nova perspectiva de segurança para as pessoas, e não só os seus nacionais, mas também a responsabilidade por limites mínimos humanitários para a condução de um conflito armado e para a condução das questões comerciais, como é o caso da produção e exportação dessa bomba", concluiu.

Nota SNB ...Eu sou contra a armas que mata população civil mais na guerra tem mortes de civil e militar esto e inevitável nem. mesmo a Russia.. para de fabricar armas de fragmentação muito menos os.. EUA   AGORA EU PERGUNTO que jogo e este de punir o brasil e sua industria militar. sendo que a Arábia Saudita compra armas de vários pais 
ate mesmo da.. Russia e dos estados unidos acho que nossa industria de armas esta incomodando as grande potencia 
tudo isto e blá blá da mídia terrorista e  jogo de interesse bélico
ser estar  tendo morte faça a paz e melhor que a guerra ,   

Tributo militar - "sobrevivência do mais apto

DEVGRU Seal Team Six

EUA infantaria do exército

Israel está advertido No más bombardeos impunes contra Siria 2018

Se a Síria não respeitar o cessar fogo, atacaremos!", EUA

Sistema "Dagger" em ação: novos quadros

Operadores especiais | Britânico | Alemão | Russo | sueco | Brasil

Hey, OTAN, cadê você?", Presidente Erdogan

Pedidos da China por armamento russo somam US$ 6,5 bilhões

O valor total dos pedidos da China por armamentos da Rússia é de US$ 6,5 bilhões, afirmou conselheiro do presidente russo para a cooperação técnico-militar Vladimir Kozhin nesta segunda-feira (12).
A declaração foi feita em entrevista ao canal Rossiya-24.
A cooperação entre a indústria de defesa de Moscou e Pequim data de 1992, quando os dois países criaram o Comitê de Cooperação Militar e Técnica — que faz reuniões anualmente.
Alguns dos principais armamentos russos vendidos para a China são aeronaves, veículos blindados e submarinos.
De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa de Paz de Estocolmo (SIPRI), a China é o segundo maior importador mundial de armas russas (12%) após a Índia (35%).

Substância usada contra ex-espião russo teria contaminado mais de 20 pessoas na Inglaterra

O agente tóxico utilizado na suposta tentativa de assassinato do ex-espião russo Sergei Skripal teria provocado reações em mais de 20 pessoas na Inglaterra, segundo afirmaram autoridades locais.

Tivemos muitos policiais envolvidos. Há cerca de 21 pessoas, incluindo os dois principais pacientes", afirmou o subchefe de polícia do condado de Wiltshire, onde ocorreu a contaminação, Kier Pritchard. "Eles estão passando por exames de sangue, e eles estão tendo tratamento, em termos de apoio e aconselhamento providenciados". 
Skripal, antigo membro do Departamento Central de Inteligência da Rússia (GRU), condenado por traição, foi encontrado inconsciente em um banco de shopping da cidade inglesa de Salisbury, junto com a sua filha Yulia, no último domingo, ambos com suspeita de envenenamento. Na tarde de ontem, a Scotland Yard afirmou que os dois teriam sido vítimas de uma tentativa de homicídio através da administração de um agente nervoso, cujo nome não foi revelado. Até o momento, não foram reveladas pistas de quem poderia estar por trás do ataque.
Embora condenado na Rússia em 2006, por vender informações confidenciais para o serviço secreto britânico, o ex-espião acabou sendo perdoado e deixou o país após uma troca de prisioneiros entre a Rússia e os Estados Unidos. Hoje, ele vive na Inglaterra na condição de asilado.

Envenenamento de espião russo 'provocará uma resposta', diz secretário de Estado dos EUA

O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, afirmou nesta segunda-feira (12) que o envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal "veio claramente da Rússia" e que o incidente "provocará uma resposta".

Não consigo entender por que alguém poderia tomar tal ação. Mas esta é uma substância conhecida por nós e não existe amplamente", disse Tillerson a jornalistas enquanto voava da Nigéria para Washington. "E está apenas nas mãos de um número muito, muito limitado de pessoas".

O secretário de Estado dos EUA disse que não pode confirmar se o governo da Rússia teve participação no envenenamento, mas que a substância utilizada — o agente neurotóxico Novichok — não pode ter vindo de outro lugar senão Moscou. Ele também afirmou que tem "total confiança" no Reino Unido e em sua investigação.
Também nesta segunda-feira, a primeira-ministra britânica, Theresa May, apontou a Rússia como responsável pelo ataque que deixou hospitalizado Skripal e sua filha. Eles foram encontrados inconscientes fora de um centro comercial na cidade inglesa do sul de Salisbury.
Tillerson discutiu a questão com o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, e disse estar "extremamente preocupado" com a Rússia. Ele afirmou que, caso Moscou realmente seja responsável pelo envenenamento, o incidente "provocará uma resposta, vamos falar assim".
Em 2006, um tribunal russo condenou Skripal por traição por colaborar com a agência de inteligência do Reino Unido MI6 durante seu período como oficial na inteligência militar russa. Ele foi condenado a 13 anos de prisão. Em 2010, contudo, o então presidente Dmitry Medvedev perdoou Skripal como parte de um programa de troca de espiões, e ele se mudou para o Reino Unido, estabelecendo-se em Salisbury em 2011.

Não é blefe, é real': oficial russo diz que Moscou tem armas só vistas antes em filmes

O vice-ministro da Defesa da Rússia insinuou um início precoce da produção em massa dos sistemas hipersônicos Avangard e compartilhou novos detalhes sobre as outras armas aparentemente futuristas que estão sendo desenvolvidas por Moscou.
Este não é um blefe, mas uma realidade", disse Yury Borisov ao jornal do Ministério da Defesa russo, Krasnaya Zvezda.

Durante seu discurso de 1º de março na Assembleia Federal, o presidente russo Vladimir Putin já havia anunciado uma série de avanços tecnológicos, desenvolvidos nos últimos anos para manter o equilíbrio de poder na sequência da expansão dos escudos de mísseis antibalísticos dos EUA.
O sistema hipersônico Avangard, que foi apresentado apenas em um vídeo, já foi "completamente testado", de acordo com Borisov. O dispositivo é uma espécie de sistema de entrega de carga útil, para ser instalado em estágios superiores de mísseis balísticos estratégicos
O presidente da Rússia descreveu "como um meteoro, como uma bola de fogo" indo para um alvo, mantendo alta manobrabilidade e controle total para evadir qualquer sistema de defesa. O principal obstáculo no seu desenvolvimento foi criar materiais que sobreviveriam efetivamente a temperaturas extremamente altas de cerca de 2.000 graus Celsius, disse Borisov.
"Os testes práticos provaram a viabilidade do conceito escolhido. Eu vou te contar mais — já temos um contrato para produção em série do sistema. Então, não é um blefe, mas uma coisa real", afirmou Borisov.
Míssil hipersônico Kinzhal
Outra novidade hipersônica russa, o míssil lançado pelo ar, denominado Kinzhal (russo para "punhal"), deve sua manobrabilidade excepcionalmente alta a um sistema de lemes aerodinâmicos, disse Borisov. Ainda não está claro se o míssil também manobras usando algum tipo de leme no motor. A munição é lançada a partir de planos de alta altitude, como o MiG-31, e possui uma faixa efetiva de 2.000 km. Pode esquivar as defesas de um potencial adversário através de manobras nítidas e rápidas, enquanto viaja 10 vezes mais rápido do que o som.
O sistema de propulsão do míssil, que pode ser equipado com ogivas nucleares e convencionais, continua sendo um mistério e até mesmo o vídeo mais recente de seus testes não revelou muitos detalhes. O motor do míssil está escondido dentro de uma mortalha aerodinâmica, que é disparada apenas quando a munição é implantada a partir de um avião.
As outras duas novidades – um drone submarino nuclear e um míssil de cruzeiro ainda não identificado de alcance ilimitado — têm o mesmo avanço tecnológico por trás deles, afirmou Borisov.
O desenvolvimento dessas duas novas armas tornou-se possível depois que cientistas russos criaram um reator nuclear confiável e suficientemente pequeno para alimentá-los. Se a palavra "fantástico" pode ser aplicada ao armamento recentemente revelado, ele se encaixa perfeitamente neste cavalo da energia nuclear, disse o funcionário.
"São necessárias várias horas para obter o reator de um submarino nuclear para o poder operacional, mas, neste caso, acontece em questão de segundos", afirmou Borisov. "Ao mesmo tempo, as dimensões do reator permitem criar um torpedo de dimensões e pesos aceitáveis".
O míssil de cruzeiro de alcance ilimitado baseia-se nos mesmos princípios, afirmou o funcionário. A capacidade do reator para se operar em segundos é vital para o míssil, ressaltou Borisov, revelando um novo e peculiar detalhe sobre a munição.
Como você pode imaginar, [o míssil] é lançado usando impulsionadores de pó convencionais, e então o reator nuclear entra em ação. Isso deve acontecer muito rápido", disse ele.
Assistir filmes de ficção científica para subjugar o armamento russo
A arma mais misteriosa revelada pelo presidente russo, um "sistema laser de combate", mantém o título "misterioso", pois Borisov também forneceu detalhes bastante vagos sobre isso. Embora se saiba que o Exército começou a receber os sistemas laser no ano passado, seu objetivo exato ainda não está claro.
Nossos cientistas nucleares aprenderam a concentrar a energia necessária para atingir certos sistemas de armas de um potencial adversário em uma fração de segundo", disse Borisov, acrescentando que o sistema laser pode "desarmar" os inimigos de maneira confiável.
Ainda não está claro se o dispositivo é uma espécie de interferente, usado para blindagem "cega" de equipamentos eletrônicos de veículos de inimigos ou, de fato, um tipo de caça de laser para esfregar — na verdade — buracos de material com um poderoso feixe.
Dados os comentários de Borisov, pode ser mesmo esse o caso. "Pode-se falar muito sobre armas de laser, filmes foram filmados sobre isso, livros fantásticos foram escritos, todo mundo sabe disso. Mas o sistema já está sendo implantado — é a realidade de hoje", concluiu o funcionário.

segunda-feira, 12 de março de 2018

Confira exercícios com projétil de alta precisão Krasnopol, 'trunfo' da artilharia russa

O exército russo realizou manobras com uso do projétil de artilharia Krasnopol. O vídeo dos disparos foi publicado pelo Ministério da Defesa do país.
As manobras foram realizadas pelo Distrito Militar Ocidental da Rússia na região de Leningrado.
O vídeo mostra um obuseiro autopropulsado Msta-S, o projétil inteligente de alta precisão Krasnopol de calibre 152 mm, os preparativos para fazer fogo e o próprio disparo. A precisão dos projéteis é superior a 95%.
Em janeiro, o Ministério da Defesa russo informou que os militares eliminaram com uma munição Krasnopol, durante a operação especial na Síria, os militantes que em 31 de dezembro tinham atacado a base aérea russa de Hmeymim.
O projétil de artilharia Krasnopol se destina a atingir com alta precisão vários tipos de objetivos. A munição inteligente corrige sua trajetória pela marca de laser no alvo usando seus lemes aerodinâmicos. O Krasnopol pode ser equipado com um motor a reação ou gerador de gás.

Colar de Pérolas, a estratégia da China para dominar o Oceano Índico

domingo, 11 de março de 2018

Médicos alertam sobre misteriosa doença X que poderia causar grave epidemia internacional

Cada ano a Organização Mundial da Saúde (OMS) enumera doenças que poderiam provocar uma grande emergência internacional. Em 2018 à lista se juntou um patógeno misterioso.
A OMS pôs em alerta os cientistas e médicos de todo o mundo por causa de um novo e potencialmente mortal agente patogênico: a doença X, informou o jornal britânico The Telegraph
.Cada ano, a organização, que se encarrega de monitorar e salvaguardar a saúde mundial, convoca uma reunião de alto nível dos cientistas mais proeminentes para enumerar as doenças que poderiam provocar uma grande emergência internacional. Nos anos passados, a lista tem estado limitada a doenças mortais como a febre de Lassa, que atualmente está alastrando na Nigéria, e o ebola, que causou a morte de mais de 11 mil pessoas durante uma epidemia no oeste da África entre 2013 e 2016.
Um patógeno atualmente desconhecido
Entretanto, neste ano a lista contém um patógeno misterioso. "A doença X representa o conhecimento de que uma grave epidemia internacional poderia ser causada por um patógeno, atualmente desconhecido, que provoca doenças humanas", anunciou a OMS através de um comunicado.
A história nos diz que é provável que o próximo grande surto seja algo que nunca vimos antes", revelou ao The Telegraph John-Arne Rottingen, diretor executivo do Conselho de Investigação da Noruega e assessor científico do comitê da OMS.
Rottingen explicou que os cientistas planejam desenvolver "plataformas que funcionem para qualquer doença ou um grande número delas” e criar “sistemas que nos permitam tomar contramedidas a grande velocidade". "Pode parecer estranho agregar uma 'X', mas o objetivo é nos prepararmos e planejarmos de maneira flexível em termos de vacinas e testes diagnósticos", sublinhou o especialista.
Como poderia surgir a doença X? 
Os avanços na tecnologia de edição de genes, que tornam possível a manipulação ou a criação de vírus completamente novos, significam que a doença X poderia surgir através de um acidente ou de um ato terrorista planificado.
Entretanto, é mais provável que a doença X possa desencadear-se por uma doença zoonótica, uma que se transmite de animais a humanos e se propaga para converter-se em uma epidemia ou pandemia.
As infeções zoonóticas que causaram estragos no passado incluem o vírus do VIH, que, segundo os cientistas, passou dos chimpanzés aos humanos e já matou 35 milhões de pessoas desde os anos 80.
"É vital que estejamos cientes e nos preparemos. Provavelmente este é o maior risco atualmente", concluiu Rottingen.