domingo, 7 de janeiro de 2018

Por que o Brasil está comprando o HMS Ocean de qualquer maneira?

A notícia da venda do HMS Ocean ao Brasil fez com que os comentadores vejassem por que o Brasil quer o navio e, ao mesmo tempo, desmantelar seu único porta-aviões.
O Brasil decidiu não se preocupar com a modernização de seu porta-aviões, São Paulo,  e optou pelo desmantelamento deste antigo, mas majestoso porta-aviões construído em França. Este transportador de aeronaves foi comprado da França no ano 2000, do grupo de construção naval francês DCNS. No entanto, o transportador não está sem limitações e tem um histórico de problemas de manutenção, o que significa que não pode funcionar mais de 3 meses sem necessidade de manutenção e reparos, em parte devido à idade e também ao design do navio.
Recentemente, os custos de modernização foram vistos como excessivos pelo admirado brasileiro. Os planos de modernização para São Paulo teriam incluído a substituição da propulsão, das catapultas e também do seu sistema de combate que teria custado mais de 1 bilhão de reais ou aproximadamente US $ 324 milhões. Por isso, faz com mais sentido econômico que o almirante brasileiro compre o navio-bandeira da Royal Navy por £ 84 milhões. Em outras palavras, é mais rentável comprar um navio que já é digno do mar, que foi construído na década de 1990, do que modernizar um navio mais antigo, o que precisaria de mais remodelação e custaria mais dinheiro.
Deve também olhar para a história do porta-aviões brasileiro São Paulo, para trazer algum contexto para a aquisição atual. É um porta-aviões da classe Clemenceau originalmente encomendado pela Marinha francesa em 1963 como transportadora Foch, e posteriormente foi transferido para a Marinha do Brasil no ano 2000. Tem um deslocamento de 32.800 toneladas e tem 265 metros de extensão, com um tripulação de quase 2.000 marinheiros. Pode acomodar 39 aeronaves, e suas capacidades atuais incluem 22 jatos e 17 helicópteros. A Marinha do Brasil já comprou A-4 Skyhawk Fighter aviões do Kuwait para o serviço a bordo do São Paulo.
Durante os anos de 2005 a 2010, sofreu uma modernização significativa que incluiu o reparo de suas turbinas a vapor, o reencaminhamento de suas caldeiras, a instalação de unidades de refrigeração de água e a remodelação das catapultas de aeronaves indicam algumas atualizações. No entanto, o São Paulo estava programado para se juntar à marinha brasileira no final de 2013, mas sofreu um incêndio em 2012. A partir de 2016, foram submetidos a reparos, e também houve relatos de problemas com o mecanismo de catapulta do transportador. Portanto, em 14 de fevereiro de 2017, a Marinha do Brasil anunciou a decisão de que o  São Paulo seria desmobilizado e desarmado devido ao custo não econômico dos reparos.
Fonte  ukdefencejournal.org.uk

Primeiro caça russo Su-57 de 5 ª geração será colocado em serviço 'muito em breve

Espera-se que os militares russos recebam o primeiro lote dos caças de combate Sukhoi Su-57 da quinta geração "muito em breve", afirmou a empresa que desenvolveu o avião. O jato era conhecido anteriormente como o PAK FA e T-50.

O mais novo complexo de aviação da 5ª geração T-50 / PAK FA, para o qual temos grandes esperanças e planos, será entregue à Força Aérea Russa muito em breve", disse a Joint Aviation Corporation (OAK) em uma publicação no Facebook.


No início do sábado, uma fonte no setor de aviação afirmou que a entrega dos primeiros aviões do lote inicial deverá ocorrer em 2018. Um tempo similar de entrega estimado foi dado anteriormente pelo então comandante da Força Aérea da Rússia, coronel general Viktor Bondarev.
As primeiras nove aeronaves estão atualmente passando por testes de voo, de acordo com o fabricante. Enquanto os primeiros jatos estavam equipados com "motores de primeiro estágio" mais antigos, o Su-57 recentemente recebeu um novo motor, desenvolvido especificamente para aviões da quinta geração.
O caça, equipado com o novo motor do Product 30, realizou com sucesso seu primeiro voo em 5 de dezembro. Embora suas especificações sejam pouco conhecidas, a OAK disse que no ano passado era um motor totalmente novo projetado a partir do zero.
O Su-57, projetado para substituir o icônico Sukhoi Su-27 em aviação tática de primeira linha, fez seu primeiro voo em 2010. O novo avião tem um preço estimado de cerca de US$ 50 milhões.
Características impressionantes
Os novos aviões já foram exibidos em várias exposições, incluindo o show aéreo MAKS 2017 em julho passado. Um modelo da aeronave, conhecida então como o T-50, roubou o show, realizando uma variedade de incríveis acrobacias. A designação Su-57 foi oficialmente confirmada para o novo avião em agosto passado.
A aeronave possui uma plaina totalmente nova, construída em grande parte a partir de materiais compósitos, radar moderno e aviônica. O novo equipamento de voo permite ao jato trocar informações em tempo real com outros aviões e unidades de comando terrestre, bem como executar missões individuais, de acordo com a OAK. A aviônica fornece um alto nível de automatização e "suporte intelectual" para a equipe, ajudando os pilotos a se concentrar em seus objetivos táticos.
O armamento principal do avião está escondido em compartimentos internos para aumentar suas capacidades aerodinâmicas e reduzir a seção transversal do radar. O Su-57 também pode transportar munições em pilares externos. O armamento do jato inclui um canhão interno de 30mm recentemente modernizado e uma variedade de mísseis guiados modernos.

China pode aproveitar 'brecha' dos EUA e construir base naval no Paquistão

A China está planejando aumentar sua presença militar no exterior com sua segunda base naval estrangeira no Paquistão. A notícia vem em meio a uma disputa entre os EUA e o Paquistão, com Washington congelando o financiamento de segurança para Islamabad.
Depois de instalar sua primeira instalação naval estrangeira em Djibouti, em agosto do ano passado, ao lado da base do Pentágono, Pequim pode agora buscar uma posição no Paquistão.
A China planeja construir uma segunda base no exterior perto de Gwadar — um porto paquistanês estrategicamente importante no Mar da Arábia, de acordo com fontes próximas ao Exército chinês, citadas pelo jornal South China Morning Post.
Uma fonte anônima informou à publicação que a Marinha configuraria uma base perto de Gwadar, uma vez que os navios militares precisam de "serviços específicos" que não podem ser fornecidos pela instalação comercial existente.
"A porta Gwadar não pode fornecer serviços específicos para navios de guerra. A ordem pública está uma bagunça. Não é um bom lugar para realizar o apoio logístico militar", disse a fonte.
A China precisa montar outra base em Gwadar para seus navios de guerra porque Gwadar é agora um porto civil", disse o analista militar Zhou Chenming, sediado em Pequim. Zhou disse que uma instalação naval separada perto do porto de Gwadar é necessária para manter navios de guerra e fornecer suporte logístico.
Ideia conhecida pelos EUA
No início desta semana, o coronel da Reserva do Exército dos Estados Unidos, Lawrence Sellin, falou sobre a intenção de Pequim de construir a nova base naval no exterior no Paquistão em uma publicação publicada pelo site Daily Caller.
Sellin disse que as recentes reuniões entre militares de alto escalão chinês e paquistanês indicam que a instalação "será construída na península de Jiwani entre Gwadar e a fronteira iraniana".
Em junho, o Pentágono sugeriu em um relatório anual sobre os desenvolvimentos militares da China que Pequim poderia lançar bases militares no Paquistão. O relatório foi posteriormente criticado pelos chineses, com o seu ministério estrangeiro chamando de "especulação" e acusando Washington de desconsiderar os fatos.
Gwadar é um porto de alto mar localizado a menos de 50 milhas a leste da fronteira Paquistão-Irã na província do Balochistan. Foi desenvolvido por investidores chineses como parte do ambicioso Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC) de US$ 62 bilhões e vem lidando com cargas comerciais da China desde novembro de 2017.
O projeto de bilhões de dólares destina-se a criar uma rede de estradas, ferrovias e oleodutos, para expandir suas relações comerciais e de transporte e aumentar a influência econômica no centro e sul da Ásia. O CPEC também está no cerne da iniciativa maior da Rota da Seda da China, que prevê a conexão da China com a Europa, Oriente Médio e África.
Washington x Islamabad
O relatório sobre o planejamento da China para construir uma base naval no Paquistão ocorre quando o presidente dos EUA, Donald Trump, começou o ano batendo em Islamabad por supostamente abrigar terroristas, ameaçando cortar a ajuda de segurança no país, o que equivale a cerca de US$ 1 bilhão anualmente.
Enquanto os EUA já congelaram a assistência de US$ 255 milhões no ano passado para o Paquistão, a suspensão também pode afetar pelo menos US$ 900 milhões em fundos de apoio à coalizão (CSF) autorizados para o Paquistão para o ano fiscal de 2017.
O movimento desencadeou críticas severas em Islamabad. O ministro da Defesa, Khurram Dastgir Khan, prometeu uma "resposta de sangue frio" à intenção de reter a ajuda no Paquistão.

O novo ruso não tripulado o aparelho "" ORION "" Copia sem tripulado de estados unidos MQ-9 Reaper

A China anunciou o desenvolvimento bem sucedido de uma nova tecnologia

Marinha russa 2018

Rússia Poder Militar 2017 ✭ Exercícios táticos militares russos.

Força Aérea dos EUA publica VÍDEO da escolta de Su-30 russos

A Força Aérea estadunidense publicou a filmagem de uma escolta de dois caças russos sobre a região do Báltico. Segundo afirma o Pentágono os incidentes ocorreram em 23 de novembro e 13 de dezembro do ano passado.
Trata-se de uma montagem de vários trechos. O primeiro mostra como os pilotos americanos são chamados de emergência na base aérea lituana de Zokniai.
A segunda parte mostra como dois caças F-15 da Força Aérea dos EUA decolam para interceptar dois caças russos Su-30, supostamente da Marinha da Rússia, "no espaço aéreo internacional do Báltico" em 23 de novembro. "A interceptação foi realizada por os aviões russos não terem enviado os códigos exigidos, bem como os planos de voo", diz o anúncio.
Outra parte mostra um incidente parecido que, segundo se afirma, teve lugar em 13 de dezembro. Destaca-se que a interceptação foi realizada "de modo profissional em conformidade com todas as regras e padrões de segurança de voos".
Em ambos os casos a escolta foi realizada por pilotos da 493ª esquadrilha do 48º grupo da Força Aérea dos EUA que está estacionado na base de Lakenheath, Reino Unido. Os aviões estadunidenses participam de operações da OTAN para garantir a segurança do espaço aéreo dos países do Báltico.

General: Rússia agora tem 'tesouro' de informação sobre aviões furtivos dos EUA

O conflito na Síria deu à Rússia a oportunidade de aprender mais sobre os aviões furtivos dos EUA, como por exemplo o F-22 Raptor, e como eles operam, disse uma general da Força Aérea dos EUA em um briefing da Associação da Força Aérea.

Os céus sobre o Iraque e especialmente sobre a Síria foram realmente um tesouro para eles verem como nós operamos", disse a tenente-general da FA estadunidense VeraLinn Jamieson em 4 de janeiro.

Os nossos adversários nos observam, eles estão aprendendo conosco", acrescentou.


Makolin referiu especificamente a vantagem tática de perseguir o avião do oponente de uma posição benéfica por trás dele, ficando assim no seu ponto cego.
Os F-22 dos EUA e os caças Su-35 russos tiveram alguns encontros diretos no espaço aéreo sírio, mas usaram a linha de comunicação existente para evitar conflitos e situações perigosas no ar.
"Continuaremos a evitar conflitos com os russos, mas não temos intenção de operar em áreas que estão sob controle do regime [sírio]", disse no fim de dezembro Felix Gedney, major-general do exército britânico e responsável oficial na coalizão contra o Daesh (organização proibida na Rússia e vários países) liderada pelos EUA.
Além de monitorar os voos dos jatos americanos a partir do ar, a Rússia pode também "'pintar' os caças ocidentais e outros alvos aéreos usando radares de controle de fogo e reconhecimento terrestres e aéreos", disse Justin Bronk, analista de combate aéreo, ao Business Insider
Mas enquanto a Rússia observava as táticas da FA estadunidense, os EUA também tiveram a oportunidade de ver como opera a força aérea russa no céu sírio, apontou o especialista, sublinhando que o "processo funciona em duas direções".

Proposta de compra da Embraer pela Boeing americana: "Soberania não se vende.

Por : Pettersen Filho
Corre na Mídia em geral boato de que a Gigante do Ar Americana, as Indústrias Boeing, maior fabricante de Jatos Comerciais do Mundo, também produtora de aviões militares de última geração, assombrada com o vertiginoso crescimento do Consórcio Europeu Airbus, predominantemente Francês, Alemão e Inglês, teria demonstrado interesse na aquisição da Embraer brasileira, ascendente construtora de Jatos Comerciais de Médio Porte, também sucinta tecnologia militar, a fim de abafar a sua concorrente.
Proposta que assemelha-se com a de uma feita por Homem Casado à uma Menina Moça, que jamais alijará como a sua definitiva Esposa, com quem contraiu históricos interesses, no caso os EUA, a fim de desposar a Ninfeta, soa-nos muito mais a uma tentativa de Aquisição, para posterior desativação, retirando do Mercado, em uma só tacada, uma Empresa que já começa ameaçar a própria Boeing, seja no filão de jatos Executivos ou de Médio Porte, ou seja no Estratégico Mercado Militar, com a tecnologia assimilada pelo novo Cargueiro 390 da Embraer, ou seja no Know How a ser adquirido com os Caças Suecos Griphem.
Filhote dos mais proeminentes do Regime Militar, e do antigo sonho despojado do Brasil de ter Independência Militar, e ser Potência Regional, a Embraer - Empresa Brasileira de Aeronáutica, hoje parcialmente privada, assim como outros sucessos comerciais, e tecnológicos da sua Época, Engesa, Celma, Avibrás, Nuclebras, hoje, estranhamente, desmantelados ou adormecidos pelos Governos Civis, nasceu nos próprios seios do Governo, ou apoiados por ele, no caso, dentro de institutos de Pesquisa, como o CTA - Centro de Tecnológico da Aeronáutica, ITA, e similares, primeiro com o modesto avião agrícola Ipanema, depois com o saudoso turboélice de passageiros Bandeirante, passando pela assimilação do Jato Militar Xavante, de tecnologia Italiana, até chegar no Supertucano, de treinamento e ataque, e o Jato de Combate AMX, projeto Brasil/Itália, ainda enquanto Estatal, até desencadear nos atuais jatos de passageiros de Porte Médio 175/190.
Setor sensível de Tecnologia, onde interesse de Soberania Nacional, e Mercado andam juntos, inegável sucesso, a Embraer, exibe-nos a História, assistiu ao longo dos seus últimos anos, vendas consumadas, e estratégias de alianças políticas do Brasil, serem vetadas pelos EUA, na venda de aviões, seja para Venezuela ou para o Iraque, tão logo fossem contrárias a esses, e o próprio Sonda IV, e toda a Equipe de Engenheiros de Alcântara serem explodidos...
Por que a Boeing, indolente e presunçosa, não vai fazer essa proposta mirabolante para Empresas Estatais de Países Soberanos, como a Dessaut Francesa ou a SukKoi, Russa, onde se arriscam, em nome da Soberania Nacional desses, levar um sonoro Não !?
Estaria, como dizem alguns, diante da fragilidade Política e Econômica, o Brasil realmente à venda ?
Me respondam, então, os patrióticos Militares brasileiros, adormecidos em suas Casernas, mesmo diante da eloquência da Lava Jato e da Alienação da Petrobrás.!
Antuérpio Pettersen Filho, membro da IWA - International Writers and Artists Association, é advogado militante e assessor jurídico da ABDIC - Associação Brasileira de Defesa do Individuo e da Cidadania, que ora escreve na qualidade de editor do periódico eletrônico "Jornal Grito do Cidadã", sendo a atual crônica sua mera opinião pessoal, não significando necessariamente a posição da Associação, nem do assessor jurídico da ABDIC. 

sábado, 6 de janeiro de 2018

O Coronel Montenegro trata das perspectivas que afetam a Inteligência Brasileira

Coronel R1 Fernando Montenegro
Operador de Forças Especiais do Exército Brasileiro, Auditor Instituto
de Defesa Nacional de Portugal, Doutorando em Relações
Internacionais na Universidade Autônoma de Lisboa e Jornalista
.

Já faz algum tempo que se percebe uma resistência passiva na integração dos serviços de Inteligência do Brasil. Na verdade, o nome original era Serviço Nacional de Informações (SNI) até que o ex-Presidente Collor extinguisse aquele órgão singular que realmente integrava o sistema como um todo até o início da década de 1990. Basta constatar que cerca de 30 organizações subversivas foram desmanteladas no Brasil durante a Guerra Fria.

Quero deixar bem claro que concordo com meu antigo Comandante, Gen Paulo Chagas, quando ele diz que “nenhuma ditadura serve para nós”. Não vou aqui entrar na discussão sobre tortura e eliminações, há registros suficientes, assim como também ocorreram ataques terroristas com explosões de bombas, assassinatos seletivos, sequestros e etc. Militares, policiais, subversivos e inocentes vivenciaram violência e morreram em um período da história brasileira que necessita realmente de uma conciliação entre as pessoas para que o país possa caminhar para frente.

Vamos lembrar que estávamos em um mundo bipolar e desde o início dos anos 1960 já existiam no Brasil focos subversivos armados com apoio do bloco liderado pela URSS. A lúcida definição naquele momento de 1964 era se teríamos aqueles governos militares de Direita que levaram à morte de 424 pessoas na luta armada ou uma Ditadura do Proletariado no modelo cubano apoiado por Che Guevara que assassinou cerca de 100 mil pessoas.

A realidade é que, falando operacionalmente, até os americanos reconheceram que os brasileiros foram eficientes, um exemplo dessa constatação é a declaração do Coronel do Exército Americano William W. Mendel à edição de março/abril da Military Reviewem março-abril de 1996 

 
“Em 1974, as Forças Armadas Brasileiras já haviam derrotado a guerrilha rural do Partido Comunista do Brasil. Os brasileiros não empregaram tropas nem assessores estrangeiros para derrotar a guerrilha comunista em seu território. Esse fato lhes confere uma característica atípica na experiência militar latino-americana e expressa o sentimento de orgulho dos membros daquelas Forças Armadas em defender seu patrimônio nacional”.

O desafio da integração das diferentes agências de inteligência do Brasil está diretamente ligado às pessoas que trabalham no sistema e para isso é essencial a confiança mútua. A constatação de que, em algumas ocasiões, integrantes do sistema se valeram de informações para obterem benefícios pessoais ou favorecerem alguns grupos assinala uma forma de corrupção e prejudica o processo de aproximação. Da mesma forma, também há grupos que chegam ao poder buscam desesperadamente se valer de informações sigilosas para atingir seus rivais, caracterizando a proteção do Governo e não do Estado; a História retrata isso repetidas vezes e os filmes de Hollywood também dramatizam bastante.

Eu também gostaria de provocar uma reflexão sobre dois conceitos de Segurança que se tornaram conflitantes recentemente: Segurança de Estado, mais predominante na época da Guerra Fria, e a Segurança Humana, ratificada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Resumidamente, a primeira prioriza a proteção dos três pilares do Estado Soberania, Território e Forças Armadas; e o segundo conceito prioriza o bem-estar, a liberdade individual e os direitos.

Na minha visão, com a Globalização, acelerada pela Era da Informação, materializada pelos avanços da tecnologia e do mundo em rede, o segundo conceito passou a ganhar muita força, principalmente nos países democráticos. Até tempos atrás, os escândalos políticos eram facilmente resolvidos com assassinatos seletivos camuflados e as pessoas não tinham os recursos tecnológicos disponíveis para registrar os eventos, bem diferente de hoje em dia, em que os arquivos digitais passam a ser replicados nas redes sociais infinitamente. Os governos de países com posições políticas atípicas, como a China e a Rússia não sofrem tanto com esse tipo de pressão da opinião pública.

Outra visão que verifico nas democracias é sobre as prioridades conflitantes que ocorrem nos dois principais polos do mundo ocidental. Os americanos, ingleses e israelenses, com visão realista de Raymond Aron e foco principal na sobrevivência do Estado, priorizam Segurança e depois Democracia. Para isso, o Estado não valoriza tanto privacidade quando a Segurança está em jogo, embora possamos identificar algumas reclamações e protestos, há uma aceitação da maioria população, desde que se sintam seguros. Os europeus têm priorizado uma visão mais kantiana, que é materializada com a existência da União Europeia, assim sendo, parece-me que valorizam mais Democracia do que a Segurança, valorizando mais a privacidade individual. De maneira geral, essas divergências acabam por se traduzir nas disputas políticas entre blocos de Direita e de Esquerda em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo. No final, irá prevalecer qual preço cada sociedade quer pagar para ter o tipo de segurança que a maioria escolheu. Simples assim.
Um sistema de Segurança Pública eficaz precisa ter a capacidade de coletar dados através de suas variadas agências (Polícias, Forças Armadas, ABIN, Detran, Defesa Civil, etc) e ainda buscar integração com a inteligência empresarial, que engloba a Segurança Privada. O objetivo maior inicialmente é ter a maior base de dados possível de toda natureza, os metadados. Essa é a fase inicial, sem ela não existe nada.

Após o acesso aos dados operacionais, esses terão que passar por uma limpeza e tratamento por profissionais, para eliminação de redundâncias ou arquivos inúteis e serem transformados em dados (Área de Staging). Após isso, é realizado um processo de consolidação, agregação e transformação em que o Arquivo de Dados Operacionais evolui para um Repositório de Informações, através do cruzamento de fontes e dados de diversas matizes para confirmação de veracidade e credibilidade e são guardados num “Data Mart”.

A fase seguinte consiste na produção do conhecimento, em que são usadas várias ferramentas de análise das informações pelos analistas, que não vou explicar aqui (Data Mining, relatórios, etc). É esse conhecimento que é usado por gestores do Ministério da Justiça, estados, municípios, FFAA e outros clientes.

Para que se entenda a complexidade da natureza dos dados, é interessante saber como são coletados. O desenvolvimento da tecnologia levou a Inteligência de Sinais a captar transmissões de satélites, telefones, rádios, sistemas informáticos específicos, aviões e outros. Além do conteúdo, esse processo também serve para identificar a localização dos vetores de transmissão através de triangulação de antenas receptoras, por exemplo.

Faz parte desse universo a Inteligência de Comunicações, que estuda a interação entre dois ou mais atores por telefone, rádio, etc. É interessante ressaltar que a contrainteligência de sinais é extremamente difícil e sensível tendo em vista a necessidade de comunicação frequente de pessoas com cargos sensíveis e a facilidade de captação clandestina; a imprensa tem registrado isso com frequência gerando desconforto entre Estados.

O mais antigo e tradicional dos vetores, e ainda importantíssimo, é a Inteligência Humana. Os agentes no terreno observam dados abertos, entrevistam ou interrogam pessoas ou valem-se de engenharia social e outros métodos clandestinos para espionar dados negados. É necessário recordar que somos seres emocionais e que vivemos em comunidade. Assim sendo, a capacidade de interagir, dissimular, captar sinais da emoção, persuadir, identificar posturas corporais caracterizam o desempenho dos agentes de Inteligência Humana.

A Inteligência de Imagens trabalha prioritariamente na interpretação e análise de fotografias e vídeos. Por ocasião do atentado da Maratona de Boston, por exemplo, foram recolhidos o maior número possível desses arquivos de todas as pessoas que estavam assistindo e registrando o evento; o mesmo procedimento também foi realizado na coleta das imagens das câmeras de segurança privada e de trânsito. A partir desses estudos foi possível identificar os terroristas e seus deslocamentos com uso de sofisticados programas de algoritmos e análise humana. Outras estratégias similares já ocorreram em vários outros lugares.

A Inteligência Cibernética basicamente coleta dados no Ciberespaço para análise. Redes sociais, websites, blogs e outros vetores são vasculhados por profissionais esoftwares em busca de dados de interesse. Atualmente, esse desafio torna-se cada vez maior com o novo paradigma social. Cada pessoa possui um aparelho tecnológico e a maneira de nos comunicarmos hoje é completamente diferente de como se fazia 20 anos atrás.

Se utilizar tecnologia em prol do cidadão leva à eficiência,  velocidade, competência e de uma maturidade tecnológica na resolução de problemas de diferentes matizes, também amplia de forma exponencial o potencial de metadados. Esse cenário nos leva a perceber  a necessidade de um processo criativo constante de ferramentas para integrar e organizar esses dados em permanente mutação.

O surgimento dos primeiros esboços das cidades inteligentes já viabiliza que os cidadãos, através de aplicativos de smartphone, informem sobre buracos no asfalto, postes de iluminação queimados, veículos abandonados e atos de violência. Mesmo que a cidade não tenha tanta evolução assim, alguns aplicativos como o OTT (Onde Tem Tiroteio) são muito úteis à população e à Polícia na atualização dos eventos violentos no Rio de Janeiro. Da mesma forma, aplicativos como o WAZE também acabam sendo úteis a criminosos que estão na condição de fuga porque os usuários atualizam a localização de operacionais da Polícia no terreno.

Logicamente, é essencial uma integração entre todos esses vetores dentro da mesma agência para que haja sinergia interna. A mesma fotografia captada na internet também precisa ser analisada pelo segmento que analisa imagens captadas por aeronaves e vetores humanos por exemplo.

Na atualidade, órgão encarregado formalmente de integrar as agências e sistemas é a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), que vem agonizando desde a sua criação. Apesar de alguns folders de propaganda que fazem os agentes parecer modernos “James Bond”, a realidade é que a ABIN só realizou três concursos até hoje (2004, 2008 e 2010). Por isso a falta de analistas e de pessoal para trabalho de campo é muito grande e inviabiliza o cumprimento das missões previstas. Essa limitação tende a ser reduzida com a abertura de um concurso em julho de 2018 para 300 profissionais.

Uma das atividades mais sensíveis para a atividade de Inteligência é o recrutamento dos recursos humanos que irão trabalhar no sistema. Nas agências mais sensíveis como o MI 6 (Reino Unido) e o Mossad (Israel), normalmente o ingresso é realizado à convite de recrutadores experientes e depois de haver sido realizada uma investigação aprofundada do candidato sem que ele saiba, modelo adotado no antigo SNI.

O Especialista de Inteligência Claudio Labanca entende “que causa muita estranheza aos profissionais mais antigos do ramo que o ingresso numa atividade sensível como essa seja realizado por concurso público na ABIN, pois facilita a infiltração de pessoas que sirvam a interesses estranhos ao do Estado Brasileiro se tiverem sua preparação patrocinada por terceiros, por exemplo”. O especialista com larga vivência na atividade acredita que “desde sempre a esquerda e os políticos corruptos tentam denegrir a atividade de Inteligência; quando a ABIN foi criada pelo Presidente Fernando Collor, seus quadros foram inicialmente mobiliados por muitas pessoas que sintonizavam principalmente com interesses de Governo ou ambições pessoais.

Dois interessantes explicativos tuites recentes da Agência de Inteligência Americana CIA.
Outra vulnerabilidade do ingresso de “concurseiros” como agentes é a falta de comprometimento com a atividade, pois muitos vivem pensando no próximo concurso que venha a pagar mais. Não sendo normalmente vocacionados para a Inteligência, esses “profissionais” apresentam uma tendência a preferir trabalhar na comodidade de ar condicionado, onde não suam e nem não correm riscos; via de regra, desprezam o trabalho de campo, o contato com o agente adverso, o conhecimento do ambiente operacional e outros aspectos essenciais para a eficácia da atividade de inteligência”.

Outro fator que complica a Inteligência no Brasil é a desconfiança entre as agências. Na minha percepção, o mais alto nível de confiança que existe no Brasil é entre as três forças singulares (Marinha, Exército e Força Aérea), no nível estadual e municipal a relação é precária. Realmente ainda há muita reserva e burocracia no compartilhamento de informações e do conhecimento. Em parte por medo de desvios de conduta da outra parte ou também pelo receio de partilhar o Poder; afinal, “Conhecimento é Poder”, como se constata ao longo da História.

O Coronel do Exército Ulisses Almeida, Especialista em Inteligência, acredita que “não há confiança entre as agências porque a maioria dos Serviços de Inteligência é de Governo e não de Estado. Não há compromisso com valores éticos, nem continuidade ou planos estratégicos de Inteligência; muita gente que não tem qualificação foi colocada arbitrariamente para trabalhar na Inteligência. Cada instituição possui um chefe que faz a Inteligência que lhe interessa e a ABIN não consegue aglutinar esse pessoal. Por incrível que pareça, a Inteligência das FFAA, em especial do Exército, ainda consegue juntar essa turma em ações pontuais”.
Atualmente, verificamos vários serviços de Inteligência que operam independentemente. Além de ser fácil constatar que existe um “retrabalho” que é pago com desperdício de recursos dos cofres públicos, provavelmente muitos planejamentos e investigações perdem em oportunidade, eficiência e eficácia devido a essa compartimentação. É verdade que desde o início do ciclo dos megaeventos no Brasil houve uma aproximação progressiva apenas com esse foco, que iniciou nos Jogos Pan-americanos 2007, passou pela Rio+20 em 2012, Copa das Confederações 2013, Jornada Mundial da Juventude 2013, Copa FIFA 2014 e culminou com os Jogos Olímpicos Rio 2016. Após esses eventos, o GSI, ABIN, Exército, Marinha, Força Aérea, diversos segmentos de polícias e outros permaneceram com grande compartimentação.

Sob a ótica de Claudio Labanca, que integrou o sistema por vários anos, a integração necessária e satisfatória só virá se algum evento catastrófico abale profundamente a nação Brasileira, haja vista o atentado de 11 de setembro nos Estados Unidos, que provavelmente teria fracassado se as diversas agências de inteligência trabalhassem realmente integradas. Após aquele trágico evento, os procedimentos relativos à troca e disponibilidade de dados foram aprimorados, tanto internamente quanto entre as agências americanas e estrangeiras.
 
A maior parte das políticas de Inteligência para a Segurança Pública baseia-se na atuação sobre as chamadas “manchas criminais”, que são as regiões onde ocorre a maioria dos delitos. Pessoalmente conheço projetos ousados sobre a mudança de concepção estratégica de Inteligência para estados que infelizmente não foram implantados, mesmo sendo de baixo custo e a situação estando caótica. Trata-se do emprego de software usando sofisticados algoritmos para reprocessar os dados criminais e identificar as ações a realizar para solucionar as crises em curto prazo.

Também é necessário lembrar que o Brasil é um país de dimensões continentais e felizmente ainda é possível encontrar boas iniciativas integrando dados e que fazem a diferença, ainda que regionalmente. No estado do Mato Grosso do Sul está em funcionamento há cerca de 10 anos um projeto de gestão de serviços de segurança baseado em um software com vários módulos que integra várias agências como Polícia civil, Polícia Militar, Sistema Penitenciário, Instituto Médico Legal, Ministério Público, Tribunal de Justiça.  Cada um desses módulos tem uma série de informações integráveis e que podem ser disponibilizadas a outros usuários do sistema. Por exemplo, uma simples consulta de Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em um acidente de trânsito ou cumprimento de um mandato judicial até a conclusão de um flagrante ou do processo como um todo, originado a partir desse momento tem um registro digital de horário e atividades realizadas automaticamente. 

Caracteriza-se assim uma gestão integrada não só das ações policiais como dos processos do sistema de segurança do estado. Isso é interessante porque imprime um ritmo mais acelerado aos integrantes do sistema que passam a ter os resultados de seus serviços disponíveis a todos.

Uma das evidências da melhoria de desempenho do sistema em Mato grosso do Sul é a redução de 13 horas para 3 horas do tempo para a realização de um flagrante no estado. Isso ocorre porque o sistema começa a evidenciar todos os atores que estão envolvidos no flagrante. Quando a Polícia Militar (PM) faz o registro da ocorrência e começa a se deslocar para a Delegacia de Polícia, aquele tempo já está contando como sendo o tempo da polícia, e faz parte do processo. Ao chegar à Polícia Civil, é encerrado o tempo de trabalho da PM e passa-se a registrar o tempo de realização das ações daquela entidade e assim por diante. Com isso, consegue-se estabelecer indicadores de desempenho das instituições, permitindo uma visão sistêmica e a correção de falhas.

Na minha opinião, precisamos evitar a todo custo a perigosa “mexicanização” das Forças Armadas brasileiras com esse aumento frequente do emprego de tropas federais na Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em crises agudas de segurança pública nos estados. Os resultados no México não têm sido satisfatórios e os índices de deserção estão altíssimos. Estamos no momento com 2.800 militares no Rio Grande do Norte devido à greve de policiais por falta de pagamento de salários e falta de equipamentos mínimos. O Governo do RN tem apresentado um quadro caótico de gestão de contas públicas e corrupção que também se materializam nas rebeliões de presídios e elevados índices de violência.

Num cenário de fragilidade desses, o contexto se agrava mais ainda quando, no mesmo estado, os integrantes dos poderes Ministério Público, Legislativo e Judiciário, muito mais bem remunerados que os servidores do Poder Executivo, prosseguem recebendo seus vencimentos normalmente e o Governador comemora a passagem de ano normalmente em um dos restaurantes mais caros do estado com seus convidados. Esse contexto não favorece o estabelecimento de um ambiente que inspire confiança para a integração de sistemas de inteligência de diferentes matizes, por exemplo.

Espera-se que em 2018 os Ministros da Defesa (Raul Jungman) e da Justiça (Torquarto Jardim) tenham êxito na difícil tarefa de cumprir a determinação do Presidente Temer na integração dos serviços de inteligência do Brasil. Sem o comprometimento dos mais altos escalões dos vetores políticos, esse processo não tem nenhuma chance de ocorrer.

A aprovação em 29 de junho de 2016 da atual Política Nacional de Inteligência e a publicação em 15 de dezembro de 2017 do decreto estabelecendo a Estratégia Nacional de Inteligência (ENInt) assinalam que há uma preocupação real em reconstruir uma estrutura eficaz que foi destruída em 1990 e poderia ter sido apenas ajustada às novas demandas democráticas  e acompanhado a evolução dos tempos. Perdeu-se muita gente com capacitação que leva anos para se atingir e passamos muito tempo sem realizar os investimentos necessários.

Tive o privilégio de ter o Gen Etchegoyen como meu comandante quando realizei o Curso de Comando e Estado Maior do Exército. Além de ser uma memória viva da atividade de Inteligência nas últimas décadas, possui um engajamento pessoal em tratar esse assunto como atividade de Estado. Assim sendo, entendo que a permanência dele como Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) também fará toda a diferença nesse desafio.


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