Os islamitas retomaram a ofensiva no Mali ao atacar e dominar nesta segunda-feira uma cidade 400 km ao norte de Bamako e ameaçaram atingir o coração da França, que bombardeia há quatro dias suas colunas e posições, provocando duras perdas.
O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir na tarde desta segunda-feira, a pedido da França, que deseja informar a seus aliados sobre a situação no país africano e sobre sua intervenção militar.
"Os islamitas atacaram hoje (segunda-feira) a localidade de Diabali (centro). Vieram da fronteira mauritana, onde foram bombardeados pelo exército francês", declarou à AFP uma fonte dos serviços de segurança do Mali.
O ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, reconheceu nesta segunda-feira que embora os islamitas estejam em retirada na frente leste, continua havendo um ponto difícil no oeste, onde encontra-se Diabali.
A França confirmou as primeiras informações de testemunhas de que Diabali havia caído em mãos dos jihadistas.
A aviação francesa bombardeou pela primeira vez no domingo posições islamitas no norte do país, em pleno território jihadista, atacando campos de treinamento e depósitos logísticos.
"A França atacou o islã. Em nome de Alá, vamos atingir o coração da França. Em toda parte. Em Bamako, na África, na Europa", declarou à AFP Abu Dardar, um dos líderes do Mujao (Movimento para a Unidade e a Jihad na África Ocidental) no norte do Mali.
Outro chefe do Mujao disse a uma rádio francesa que, com a sua intervenção militar, a França havia aberto as portas do inferno e caído em uma armadilha "muito mais perigosa que Iraque, Afeganistão ou Somália".
A França se proclamou "em guerra contra o terrorismo" no Mali, segundo a expressão do ministro Le Drian, e deteve o avanço em direção ao sul do país dos grupos armados islamitas que há nove meses controlam o norte do Mali, a Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), o Ansar Dine (Defensores do Islã) e o Mujao.
Jihadistas 'no paraíso'
Um porta-voz do Ansar Dine se recusou a fornecer um balanço dos bombardeios franceses, limitando-se a afirmar que "todos os mujahedines mortos foram ao paraíso".Mais de 60 jihadistas morreram no domingo na cidade de Gao e em sua periferia devido aos intensos bombardeios das forças francesas nesta cidade do norte do Mali, declararam nesta segunda-feira habitantes e autoridades dos serviços de segurança.
Gao, Kidal e a histórica Timbuctu são as três principais cidades do norte do Mali - uma região majoritariamente desértica - que estão em mãos dos islamitas há nove meses.
Em Timbuctu, os islamitas realizaram nos últimos meses apedrejamentos e amputações.
Bloquear o avanço "dos terroristas, nós já fizemos. O que começamos agora é a ocupar as bases de retaguarda terroristas", explicou no domingo o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius, que considera que a intervenção francesa na linha de frente será "questão de semanas".
Mas as famílias de sete reféns franceses em mãos de grupos islamitas no Sahel temem que a intervenção francesa coloque em perigo a vida dos cativos.
Por sua vez, os primeiros voos de aviões de transporte militar britânicos para apoiar a operação das Forças Armadas francesas no Mali começarão nesta segunda-feira a partir de uma base do noroeste da França, informou a Força Aérea francesa.
A Grã-Bretanha anunciou no sábado que forneceria ajuda logística à intervenção francesa, mas que não mobilizaria tropas em situação de combate.
A Alemanha anunciou nesta segunda-feira que iria estudar um possível apoio logístico, médico ou humanitário à intervenção francesa no Mali, que recebe um amplo apoio internacional, embora a China seja mais reticente.
Também se aceleram os preparativos para a mobilização de uma força de países do oeste africano, com o aval da ONU, para desalojar os grupos vinculados à Al-Qaeda.
Os primeiros elementos das tropas dos países da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) já estão prontos e serão dirigidos por um general nigeriano, Shehu Abdulkadir.
A Nigéria enviará 600 homens. Níger, Burkina Faso, Togo e Senegal também anunciaram um envio de 500 homens cada um, enquanto Benin fornecerá 300
(AFP)SEGURANÇA NACIONAL BLOG