O primeiro modelo funcional do foguetão-portador Angara será fabricado até ao final de 2012, informou o porta-voz do Centro Khrunichev, o maior fabricante russo desse equipamento espacial.
A família de foguetões universais de nova geração Angara inclui portadores das classes ligeira, média e pesada. No segundo trimestre do próximo ano está planejado o lançamento de um Angara ligeiro. A companhia está estudando a possibilidade de construir um foguetão super-pesado para missões interplanetárias. Se as viagens a Marte e a outros planetas são projetos a longo prazo, já as expedições à Lua e a criação de uma base lunar permanente são consideradas pelos peritos como realistas para um futuro próximo.
Neste momento está em estudo a ideia de viajar à Lua numa nave montada a partir de módulos. O Centro Khrunichev já está a fabricar módulos standard de 22 toneladas. Para um foguetão mais potente têm de ser fabricados módulos completamente diferentes.
A Roskosmos tem um projeto de construir foguetões com uma capacidade de cerca de 60 toneladas. A nave lunar será montada em órbita baixa a partir de dois desses módulos transportados em dois lançamentos. As 120 toneladas representam o mínimo necessário para uma viagem à Lua ou à volta dela, explica o representante da Academia Russa de Cosmonáutica Yuri Karash:
“Já se falarmos de viagens a Marte, a massa aproximada de um complexo tripulado anda à volta das 450-500 toneladas. Portanto será inevitável o recurso a um esquema de múltiplos lançamentos, a questão é de quantos lançamentos vamos precisar.”
Uma particularidade do Angara é ele consumir combustivel limpo do ponto de vista ecológico, incluindo o oxigénio e a querosene, ao contrário do Proton. Como é do conhecimento geral, de vez em quando surgem problemas entre a Rússia e o Cazaquistão por causa do cosmódromo de Baikonur. Isso se deve ao fato de, quando há acidentes nos lançamentos dos Proton, uma parte do combustível tóxico dimetilhidrazina contamina território cazaque com os consequentes prejuízos ambientais, sublinha Yuri Karash:
“Se o foguetão-portador trabalhar com combustível ecológico, a sua fuga para território cazaque não irá provocar danos. Por isso, uma rápida entrada ao serviço do Angara irá ajudar a remover as dificuldades no relacionamento entre os dois países provocadas pelo cosmódromo de Baikonur.”
Quanto à dimetilhidrazina, é uma substância realmente bastante tóxica, mas, se os sistemas de abastecimento funcionarem normalmente e não houver avarias no complexo de lançamento, é um combustível completamente seguro. Mas mesmo que ocorra um acidente que provoque a queda do foguetão na terra e houver um derrame de combustível, em contacto com a água, passadas várias horas, essa substância se transforma em adubo para plantas que até as faz crescer melhor.
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