sábado, 4 de agosto de 2012

O futuro dos bombardeiros russos: modernizar os existentes ou conceber novos?


À medida que se aproxima o centésimo aniversário da força aérea russa, se multiplica o número de eventos a ele associados. Em Moscou, se realizou uma mesa redonda com a participação dos peritos militares russos mais importantes dedicado ao tema da conceção de um novo bombardeiro para a Força Aérea russa. Os especialistas manifestaram opiniões divergentes quanto à necessidade de um “avião do futuro”.

Todos os participantes na mesa redonda, no entanto, estiveram de acordo numa coisa: a Rússia tem de continuar a fazer a manutenção e a modernizar o parque existente de aparelhos estratégicos. O tempo útil de vida dos aviões Tu-95MS, Tu-160 e Tu-22M3 permite mantê-los no ativo ainda por muito tempo. O aperfeiçoamento do seu equipamento e armamento, porém, se torna numa tarefa prioritária.
Neste momento os Tu-95MS e Tu-160 estão a ser modernizados e à aeronáutica foi entregue o primeiro Tu-22M3M modernizado. Os aparelhos melhorados podem utilizar armamento moderno, incluindo munições não-nucleares de alta precisão, o que os torna bastante úteis nos conflitos locais. A Rússia possui neste momento cerca de 200 aparelhos de aviação de longo alcance, incluindo 66 Tu-95MS e 16 Tu-160 (os restantes são Tu-22M3). Deixar ficar essa quantidade de máquinas de ataque pesadas sem a capacidade de executar missões não nucleares é, no mínimo, um despesismo.
Mesmo usando todo o potencial de modernização dos bombardeiros que a Rússia tem, a sua vida útil não é infinita: nos anos 2030-2050 eles terão de ser substituidos. Considerando os prazos de projeto e inicio de produção em série dos aviões de combate modernos, a sua conceção terá de começar agora mesmo para ter no início dos anos 2030 uma máquina de série.
Mas esse ponto de vista não recolhe a aprovação de todo o mundo. Andrei Frolov, vice-diretor do Centro de Análise de Estratégias e Tecnologias, se apresentou como o maior adversário da conceção de um novo bombardeiro estratégico nesta mesa redonda: “Nesta fase, a manutenção de uma tríade nuclear de grande poder é um fardo bastante pesado para a Rússia. A conceção de um novo avião de longo alcance de quinta geração se pode tornar num dos programas que não fazendo muito sentido consomem uma enorme quantidade de recursos financeiros."
Os restantes participantes na discussão se revelaram partidários da conceção de um aparelho novo. “A Rússia necessita de bombardeiros estratégicos de quinta geração. Isso, em primeiro lugar, para que a Federação Russa possa manter o estatuto de potência nuclear”, considera o chefe de redação da revista Defesa Nacional (Natsionalnaia Oborona) Igor Korotchenko. Na sua opinião, “a componente aeronáutica das forças estratégicas nucleares é a que está adaptada de forma mais flexível para, nos momentos críticos, dar a entender que as forças armadas russas possuem o potencial necessário para cumprir missões em situação de guerra."
Também o diretor do Instituto de Análise Política e Militar Alexander Sharavin se pronunciou a favor de um novo modelo: “Eu não tenho nada a objetar contra a nossa modernização dos aviões antigos. Mas e o que faremos daqui a 30 anos? É claro que aparelhos como o PAK DA (Complexo Aéreo Prometedor de Aviação de Longo Alcance) não se fazem em três, nem em cinco e nem mesmo em dez anos. Temos muitos anos de trabalho pela frente."
O destino do complexo aéreo prometedor de aviação de longo alcance ainda é desconhecido. Todos os argumentos apresentados têm razões válidas. E estas são as conclusões gerais do que foi debatido:
1. A manutenção da tríade nuclear na sua forma clássica, aviação de longo alcance, mísseis baseados em terra e submarinos porta-misseis nucleares, está sujeita a discussão.
2. A conceção de um novo avião de combate de longo alcance, no entanto, se apresenta como necessária. Considerando a extensão das fronteiras russas e a necessidade de uma reação às potenciais ameaças em diferentes regiões, a Rússia necessita de um agrupamento de aparelhos capazes de atingir alvos fora do raio de ação da aviação tática sem necessitar de reabastecimento no ar.
3. Enquanto não se chega à fase de preparação do fabrico em série de um novo tipo de avião, a conceção não é demasiado dispendiosa e pode ser interrompida, abrandada e recomeçada a qualquer momento sem grandes despesas.
4. Enquanto não se obtiveram provas contundentes da capacidade dos novos tipos de armamento, como os aparelhos comandados remotamente e outros, em substituir o bombardeiro de longo alcance clássico, esse trabalho deve continuar. O prazo de 10-15 anos necessário para a conceção do avião até ao lançamento do seu fabrico em série é suficiente para decidir as opções futuras.
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