Até a próxima sexta-feira, 13, o Exército Brasileiro e especialistas de mais oito países discutem as táticas de pontaria e estratégia de blindados da história militar moderna, como as utilizadas em 1991 durante a Operação Tempestade no Deserto, no Iraque.
A 19.ª Conferência Internacional de Instrutores Avançados de Tiros acontece no Centro de Instruções de Blindados, localizado em Santa Maria (RS), com a participação de especialistas do Brasil, Alemanha, Dinamarca, Chile, Espanha, Finlândia, Noruega, Polônia e Suécia. O objetivo do encontro é apresentar e trocar atualizações e novas experiências relacionadas ao emprego de plataformas blindadas.
O Master Gunners, ou Instrutor Avançado de Tiro, remonta a 1975, quando o Exército americano criou um programa homônimo, com a meta de elevar os índices de adestramento de seus blindados. A concepção foi posta em prática em 1991, durante a Operação Tempestade no Deserto. A partir do sucesso do programa, diversos países passaram a formar seus próprios especialistas.No Brasil, o Centro de Instrução de Blindados cumpre essa formação com cursos de 12 semanas para o pessoal militar. O Centro fornece dois tipos de curso: os de operação das viaturas para militares de cavalaria, infantaria, artilharia e engenharia e os de manutenção para os sargentos encarregados de material bélico. Os cursos são ministrados basicamente logo após a formação dos militares na Escola de Sargento das Armas e Academia Militar das Agulhas Negras.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o coronel Adamo Colombo, comandante do Centro de Instrução de Blindados, fala sobre a importância do evento e do trabalho da unidade, que comemora, nesta quarta-feira, o aniversário de criação em 11 de outubro de 1996, à época no Rio de Janeiro, onde permaneceu até 2004.
O coronel Colombo observa que o grande desenvolvimento tecnológico das forças armadas em todo o mundo nas últimas décadas não deixou de fora a importância do emprego dos blindados. Pelo contrário.
Quando os Estados Unidos e outros países adotaram esses carros, deram um grande agregado tecnológico ao seu material. Isso fez com que funções específicas dos carros fossem criadas, como a função do Master Gunners, que no Brasil temos chamado de Instrutor Avançado de Tiro. Quando os exércitos chegam à primeira Guerra do Golfo, eles se utilizaram vastamente desse material e com uma alta especialização de recursos humanos. Eles ajudaram a descrever como lidar com o inimigo, qual a tática a utilizar e como bater o inimigo com o armamento que tinham no momento: os canhões de 120 milímetros dos carros de combate Abraham (americanos) e Challenger (ingleses)", diz o coronel.
O oficial lembra que a criação do Centro de Instrução de Blindados coincide com a chegada do Leopard 1A1 (da Bélgica) e do carro de combate M60 (EUA). Ambos, segundo ele, já necessitavam de maior especialização para o seu uso.
"Os homem que até então utilizavam o M41 ou os Cascáveis precisavam de maior capacitação para lidar com o agregado tecnológico que então se apresentava. Isso começou no Rio de Janeiro e as conferências começaram em 1999. O armamento do carro de combate é o grande foco da conferência, seus sistemas, como as guarnições são treinadas, como se empregam meios de simulação e como se instruem as guarnições. Com isso, passamos a ir constantemente às conferências internacionais ter uma nova noção dessa função que se iniciou no Brasil em 2011 com o primeiro curso de Instrutor Avançado de Tiro", relembra o coronel Colombo.
O comandante do Centro de Instrução de Blindados confirmou ainda que o Brasil está recebendo os M109 A5 Plus BR, viatura fabricada nos EUA voltada para artilharia para fogo indireto. O modelo blindado já é usado pelo Exército Brasileiro na versão M109 A3. As novas unidades, porém, trazem agregados tecnológicos que vão mudar sensivelmente a qualidade do tiro da artilharia.Com relação à conferência, o coronel Colombo classifica a troca de experiências como bastante positiva.
"Eles (conferencistas) ficam bastante impressionados com o que encontram no Brasil. Alguns não tinham noção de que tínhamos uma estrutura tão grande como a do Centro, e alguns não tinham nem ideia de que tínhamos participado da Segunda Guerra Mundial. Uma das atividades que vamos fazer durante a conferência vai ser utilizar nossos treinadores sintéticos — que usam ambiente virtual para formação de nossas guarnições — para fazer um duelo entre guarnições de diferentes países. Isso mais como um evento de congregação", finaliza o coronel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário