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quinta-feira, 11 de abril de 2013

LAAD 2013 - imagens do evento.

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Rússia-Brasil: dos helicópteros para os caças de quinta geração?


A Rússia e o Brasil intensificam a sua cooperação técnico-militar. Durante a exposição LAAD 2013 se está planejando discutir a possibilidade de desenvolver em conjunto sistemas antiaéreos, assim como aumentar a exportação de armamento russo para o Brasil.

América Latina – uma entrada cautelosa... Ilia Kramnik
Os helicópteros russos são populares na região, na América Latina eles podem ser encontrados praticamente em todos os países, desde o México até à Argentina. Eles são muito usados por países como o Peru, a Venezuela e Cuba, tendo também aparecido nos últimos anos nos principais países da região – no Brasil e na Argentina.
A cooperação técnico-militar da Rússia com os países da América Latina já se desenvolve há bastante tempo, mas a sua escala tem sido bastante limitada. A situação começou a se alterar nos anos 2000 graças à cooperação com a Venezuela, que continua a ser o parceiro mais importante da Rússia nessa região. Entretanto, foram também concluídos pequenos contratos com outros países, do Uruguai ao Brasil.
Os primeiros contratos com o Brasil datam de meados dos anos 2000, quando esse país recebeu sistemas portáteis de mísseis terra-ar russos Igla no valor de 20 milhões de dólares. Em 2009, foi assinado um contrato para o fornecimento de 12 helicópteros de combate Mi-35 por mais de 200 milhões de dólares. Já no final de 2012, se chegou a um acordo para a instalação no Brasil de uma unidade de montagem de helicópteros Mi-171 e de um centro de assistência aos Mi-35. Nos próximos tempos é esperada a assinatura de um contrato de fornecimento de sistemas antiaéreos, os complexos de artilharia e mísseis Pantsir e mais sistemas móveisIgla, num total de um bilhão de dólares.
Além disso, também o empreendedorismo brasileiro se começou a interessar pelo material russo. Em dezembro de 2012, o fabricante russo Helicópteros da Rússia (Vertolety Rossii, em russo) firmou um contrato para o fornecimento em 2015 de 7 helicópteros Ka-62 à empresa brasileira Atlas Táxi Aéreo, com opção de compra para mais 7 aparelhos. É de referir o fato de este ser o primeiro contrato de exportação de aparelhos Ka-62, cuja produção em série deverá ter início apenas em 2014.
O T-50 para o Brasil será uma realidade aguardada?
O potencial de cooperação aeronáutica da Rússia com o Brasil não se esgota nos helicópteros. Uma das intrigas principais dos últimos anos são os resultados do concurso para o fornecimento de caças à Força Aérea Brasileira. Ele já dura há 10 anos com periódicas interrupções. O concurso para a compra de caças para a FAB segundo o programa F-X foi anunciado em 2001 e cancelado em 2005. Em 2008, ele foi retomado como F-X2 e voltou a ser interrompido em 2010. No concurso participaram, nas diferentes fases, o caça norte-americano Boeing F/A-18E/F Super Hornet, o francês Dassault Rafale, o sueco Saab JAS 39 Gripen NG e o europeu Eurofighter Typhoon.
Durante algum tempo, a Rússia tentou entrar no concurso com o caça Su-35S, mas essa tentativa não teve sucesso. Entretanto, muitos especialistas referem o interesse brasileiro relativamente ao caça de quinta geração T-50. A aquisição desse aparelho com a instalação da montagem no Brasil poderia aumentar consideravelmente as capacidades da FAB e da indústria aeronáutica brasileira.
A possível aquisição pelo Brasil do T-50, ou de uma versão desse avião especialmente desenvolvida para esse país, já está a ser discutida há algum tempo e o aparelho russo tem hipóteses de sucesso: de fato, este é o único caça de quinta geração que o Brasil poderá receber num futuro previsível. Entretanto, e considerando o crescimento do potencial econômico desse país, um avião deste tipo não seria nenhum luxo supérfluo, especialmente numa atual situação política pouco previsível.
Essa aquisição estaria dentro da lógica geral do reequipamento das Forças Armadas brasileiras, que visa desenvolver capacidades de uma potência de primeira linha tais como uma aviação de convés e uma frota de submarinos nucleares. Um avião de quinta geração, na atual situação, seria não só um elemento de prestígio, mas também um meio dissuasor. Ele poderá ser muito útil no caso de o desenvolvimento da economia brasileira e a defesa dos seus interesses criarem um antagonismo político entre o Brasil e alguma das principais potências mundiais.
 VOZ DA RUSSIA...SNB                      

Foguete R-7 – veterano do espaço soviético


Grigori Milenin

A família dos foguetes portadores R-7 é utilizada na cosmonáutica soviética há mais de meio-século. O famoso “Sete” de Korolev, que levou ao espaço o primeiro homem e o primeiro satélite, é usado com êxito até hoje. Especialistas contam à Voz da Rússia qual a contribuição destes foguetes para a conquista do espaço e o que os espera no futuro.

Inicialmente, o foguete R-7 foi criado como míssil balístico, destinado a levar cargas termo-nucleares a qualquer ponto do globo terrestre. Entretanto suas possibilidades técnicas eram muito mais amplas do que as exigências em relação à arma balística, o que tornou o “Sete” a principal "locomotiva" da cosmonáutica soviética – assinalou o redator chefe da revista Novosti Kosmonavtiki (Notícias de Cosmonáutica) Igor Marinin:
“Os foguetes portadores da família R-7 desempenharam enorme papel positivo na cosmonáutica nacional. É que o esquema de pacote, em que os motores do primeiro e segundo estágios descem à terra, era tão avançado na época que possibilitou superar os americanos e todos os que se dedicavam à produção de foguetes. Lembremos que nosso primeiro satélite, lançado em 4 de outubro de 1957, pesava 83 quilos, diferentemente do americano, que foi lançado seis meses depois e pesava apenas cerca de 8. Por conta dessa solução técnica ímpar, nosso foguete era dez vezes mais potente. Além disso, ele era mais seguro dos que os americanos naquela época.”
Talvez não seja exagero chamar à construção do R-7 uma das soluções mais geniais do "pai" da cosmonáutica russa Serguei Korolev.Em toda a história de quase dois mil lançamentos, apenas algumas dezenas fracassaram, o que por si só é um nível sem precedentes de segurança do “Sete”. Tal como muitas obras geniais da humanidade, este foguete se destaca pela simplicidade de uso e produção – assinala o assessor do diretor do Instituto de Pesquisas Cósmicas Vyacheslav Rodin:
“Digamos assim: o foguete apresenta soluções técnicas bem sucedidas nos motores, componentes ecológicos, o que é muito importante, e uma tecnologia de produção simples. Por que razão a metralhadora Kalashnikov é considerada a melhor do mundo? Porque é simples. É simples fazê-la e simples usá-la. Este foguete é o mesmo que a Kalashnikov.”
O conjunto destas vantagens não deixa envelhecer a família R-7– assinalam os especialistas. Enquanto não surgirem novos foguetes-portadores, o “Sete” modificado ainda será por muito tempo o principal modelo da cosmonáutica russa e estrangeira – salientou Igor Marinin:
"É 100% certo que nos próximos 50 anos, nada substituirá esta família. Irão voar diferentes variantes do R-7. Uma confirmação disto foi o fato de há três anos ter sido construído um complexo de lançamento para tais foguetes na Guiana francesa, por encomenda da Agência Espacial Europeia e lá nós lançamos nossos foguetes segundo o programa europeu. Eles apostaram em nosso foguete. Mais do que isto, agora começou a construção do complexo de lançamento do R-7 em nosso novo cosmódromo Vostochny, na região do Amur."
Agora estão sendo efetuados com êxito os testes de voo da nova modificação do R-7 – o foguete portador Soyuz 21A. Em breve ele substituirá o Soyuz-U e irá colocar em órbita as naves de transporte de carga para a Estação Espacial Internacional. Realizam-se testes do foguete-portador Soyuz-21B, mais potente e com novo motor de terceiro estágio. Ele tem maior capacidade de carga (quase de uma tonelada) e provavelmente será aprovado para vôos pilotados dentro de cinco anos, quando fizer um determinado número de lançamentos.
VOZ DA RUSSIA...SNB

Por que o Irã e a Coreia do Norte não podem ter a bomba e a França pode?


Os Estados Unidos, a França, a Grã Bretanha, a Rússia e a China possuem armas atômicas e poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas. São, desta forma, superiores ao Brasil, Argentina, Turquia, México, Espanha, África do Sul e Indonésia na escala global.
Por este motivo, existe uma certa ironia quando os americanos, franceses, britânicos, chineses e russos punem um país como o Irã e a Coreia do Norte por seus programas nucleares. Afinal, pensando como um iraniano ou um norte-coreano, por que a França pode ter uma bomba atômica e meu país, não?
A resposta de a França ser uma democracia não vale porque a China tem a bomba e é uma ditadura. A resposta indicando que a França não oferece uma ameaça à segurança global tampouco vale. O Paquistão, uma nação instável e que travou guerras contra a vizinha Índia, também tem a bomba e é tolerado pelos EUA e os outros membros do Conselho de Segurança da ONU.
Por este motivo, é compreensível o Brasil reclamar do poder destes quatro países no Conselho de Segurança e o Irã tentar seguir adiante com o seu programa nuclear. Ao mesmo tempo, foram os próprios brasileiros que aceitaram estas regras das Nações Unidas no passado e o regime de Teerã que aceitou assinar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, ficando sujeito às penalidades previstas para quem não cumprir o acordo...Guga Chacra,
Globo News...SNB

Como parar uma guerra nuclear


MICHEL DOBBS - FOREIGN POLICY - O Estado de S.Paulo
À medida que estuda como responder à bravata militar da Coreia do Norte, Barack Obama está aprendendo a lição que John F. Kennedy precisou assimilar durante a Crise dos Mísseis de Cuba. No caso de um possível confronto nuclear, delegar poderes para os generais antecipadamente pode ser um grande erro.
De acordo com notícia publicada esta semana no Wall Street Journal, a Casa Branca abriu mão de um "manual" previamente aprovado que exigia uma demonstração de força contra a Coreia do Norte em resposta às suas ameaças de um ataque nuclear. Em vez de adotar uma série de medidas, bem orquestradas e bem divulgadas, com o objetivo de aumentar a pressão sobre Pyongyang, o governo Obama estaria agora examinando maneiras de acalmar a tensão na Península Coreana.
Funcionários da Casa Branca estariam contrariados com o fato de a Marinha ter tornado pública a mobilização de dois destróieres lançadores de mísseis teleguiados para a região - o que poderia provocar uma resposta imprevisível de Kim Jong-un.
Esses sinais de divergência entre civis e militares lembram um célebre confronto no auge da Crise dos Mísseis, entre o secretário de Estado Robert McNamara e o comandante das operações navais, almirante George Anderson. Depois de o presidente anunciar um bloqueio naval de Cuba, Anderson achou que tinha toda a autoridade necessária para impedir que os navios soviéticos cruzassem a "linha de quarentena", se necessário, à força. "Sabemos como fazer isso", ele disse a McNamara, agitando no ar sua bastante manuseada cópia das leis militares em caso de guerra. "Fazemos isso desde os tempos de John Paul Jones."
O confronto chegou a tal clímax que o secretário da Defesa, furioso, respondeu ao comandante: "Nenhum tiro será disparado sem minha permissão expressa". Alguns meses depois o almirante Anderson foi exilado como embaixador dos EUA em Portugal.
Esse episódio foi um momento decisivo de mudança nas relações entre civis e militares. Durante a 2.ª Guerra, os comandantes militares desfrutavam de muita autonomia. O general Dwight Eisenhower deu ordens para "libertar a Europa" - mas não houve nenhum político interferindo, supervisionando cada detalhe das suas operações. Ele tomou decisões históricas - como sua recusa em disputar com o Exército soviético a chegada a Berlim - o que decidiu sozinho.
A era nuclear acabou com o tradicional comportamento militar do "diga-nos o que fazer, mas não como". Erros são inevitáveis em guerras - mas não existe nenhuma margem de erro quando ela envolve o uso de armas nucleares.
Preocupado com a possibilidade que um simples erro pudesse ter consequências cataclísmicas, John F. Kennedy e Robert McNamara insistiram na criação de um centro de tomada de decisões militares. O símbolo dessa mudança foi a criação da "Sala da Situação de Emergência" na Casa Branca, que permite ao presidente e seus assessores obter informações quase em tempo real do campo de batalha e portanto ter um controle e poder de comando muito maiores.
Com material suficiente para fabricar meia dúzia de armas nucleares, Kim Jong-un dificilmente pode ser comparado ao arqui-inimigo de Kennedy, Nikita Kruchev. Em 1962, a União Soviética possuía 300 armas nucleares capazes de atingir o território dos EUA, incluindo 32 em Cuba, a 145 quilômetros de Florida Keys.
Entretanto, existem paralelos inquietantes com a Crise dos Mísseis. Apesar de Kim precisar de alguns anos até poder atingir o território americano com um míssil, ele poderá transformar Seul num monte de cinzas amanhã. Com seus ternos estilo Mao e uma imagem de Doutor Maldade, Kim pode servir de tema para os comediantes de programas de TV, mas o fato é que ele controla um arsenal nuclear crescente que ameaça aliados dos EUA. Como Kennedy, Obama precisa se preocupar com a possibilidade de um erro de cálculo que pode resultar no que McNamara chamou de "resposta espasmódica" do outro lado.
Quatro décadas se passaram desde que o mundo chegou à beira de uma destruição nuclear, em outubro de 1962, mas as repercussões desse incidente continuam relevantes. A seguir, um sumário das lições mais importantes oferecidas pela Crise dos Mísseis, no que se refere à Coreia do Norte (ou ao Irã):
1. Uma única bomba nuclear muda tudo. Confiando que os EUA desfrutavam de uma vantagem nuclear de 10 para 1 em relação à União Soviética, os que defendiam uma guerra, liderados pelo general Curtis LeMay, insistiram para o presidente acertar as contas com os "bastardos comunistas" de uma vez por todas. Mas a superioridade nuclear esmagadora dos EUA pouco importava para Kennedy, que mais tarde admitiu que a possibilidade de uma única ogiva nuclear soviética atingir uma cidade americana fora um "fator de dissuasão substancial".
2. Evitar uma escalada cega. Quando um avião espião U-2 foi derrubado em Cuba no dia 27 de outubro, no auge da crise, Kennedy foi informado de que os planos de guerra existentes estabeleciam uma imediata resposta contra o sistema antimísseis soviético. Preocupado com a possibilidade de uma retaliação ter consequências imprevisíveis, Kennedy ordenou ao Pentágono retardar a resposta, permitindo mais tempo para a diplomacia.
3. Prestar atenção às "incógnitas". Por mais confiantes que os chefes da inteligência possam estar, eles podem ser incapazes de informar muita coisa. Durante a Crise dos Mísseis, Kennedy ignorava que as tropas soviéticas em Cuba possuíam quase 100 armas nucleares táticas capazes de aniquilar uma força invasora dos EUA. O presidente parecia um cego tropeçando na escuridão, mal sabendo o que ocorria em torno dele. Como JFK, Obama está descobrindo que precisa agir com base no instinto, tanto quanto na inteligência, em tempo real e confiável.
4. Compreender os limites da "administração da crise". Como resultado da Crise dos Mísseis, acólitos de Kennedy como Arthur Schlesinger alimentaram o mito de um presidente resoluto usando um poder militar "calibrado" e uma diplomacia hábil para fazer frente ao seu homólogo no Kremlin. Acreditando na sua própria propaganda, de "melhores e mais brilhantes", eles acharam que poderiam usar uma estratégia similar durante a Guerra do Vietnã. Mas superestimaram seu poder de controlar os acontecimentos. Desconhecendo os princípio da teoria do jogo da maneira ensinada pela Rand Corporation, os comunistas norte-vietnamitas se igualaram aos americanos a cada escalada da guerra.
5. Evitar traçar linhas que levem a arrependimentos mais tarde. Antes da Crise dos Mísseis, Kennedy ficou cada vez mais pressionado pelos republicanos, que o acusaram de ignorar a expansão militar soviética em Cuba. Ele reagiu publicando uma declaração na qual disse que "problemas mais graves" surgiriam se os soviéticos desenvolvessem "uma capacidade de ofensiva significativa" na ilha. Depois de ficar comprovado que Kruchev tinha enviado de fato mísseis nucleares para Cuba, Kennedy desejaria não ter feito aquela declaração. E foi compelido a agir, não porque os mísseis soviéticos haviam mudado consideravelmente a balança do poder militar, mas porque temia parecer fraco. Ele se viu enjaulado.
6. Conversar com os inimigos. Depois de analisar seriamente um possível ataque aéreo cujo alvo seriam locais onde estavam estacionados os mísseis, Kennedy decidiu-se por uma ação intermediária, um bloqueio parcial a Cuba, limitado a "equipamentos militares ofensivos". O bloqueio serviu para dar tempo de todos voltarem à razão. Kruchev mais tarde elogiou Kennedy por seu enfoque "racional". Tivesse o presidente americano seguido seus instintos iniciais e os conselhos de pessoas como LeMay, Kruchev provavelmente teria autorizado algum tipo de resposta militar que desencadearia uma cadeia imprevisível de acontecimentos.
7. A contenção funciona. O comunismo não foi derrotado militarmente; ele foi vencido econômica, cultural e ideologicamente. Esgotados em razão da competição militar com os EUA, os sucessores de Kruchev não conseguiram oferecer ao seu próprio povo um nível básico de prosperidade material. Com a aquisição de armas nucleares, os comunistas norte-coreanos conseguiram afastar a ameaça de uma intervenção estrangeira. Mas não resolveram nenhum dos problemas econômicos subjacentes e podem até mesmo tê-los aprofundado. O comunismo no final será derrotado na Coreia do Norte, como ocorreu na União Soviética. Precisamos apenas ser pacientes. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
* É AUTOR DE UMA TRILOGIA SOBRE A GUERRA FRIA, INCLUINDO 'UM MINUTO PARA A MEIA-NOITE', ESTUDO SOBRE A CRISE DOS MÍSSEIS DAS PERSPECTIVAS CUBANA, RUSSA E AMERICANA
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