terça-feira, 30 de julho de 2013

Exclusivo: A estratégia da MDA e Space Systems / Loral para o Brasil

O blog Panorama Espacial tem frequentemente abordado as estratégias de grupos e empresas interessadas em participar de projetos relacionados ao Programa Espacial Brasileiro, como o do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), atualmente o mais avançado e evidente deles.

Das três fabricantes pré-selecionadas para a fase final do SGDC, já tratamos da Thales Alenia Space (veja aqui). Agora é a vez da Space Systems / Loral, controlada pelo grupo canadenseMDA Coporation.

A seguir, reproduzimos informações traduzidas e adaptadas pelo blog Panorama Espacial, a partir de material recebido das empresas, sobre o histórico da SS/L / MDA na América Latina, experiência em satélites de banda larga e banda Ka, e também algumas informações sobre a proposta para o projeto do SGDC.

Desde junho, Laurent Mourre, executivo com extensa experiência nos setores aeroespacial e de defesa, e que anteriormente foi diretor geral do grupo francês Thales no Brasil, está encarregado da estratégia da MDA para o País.

Comprometimento com o Brasil

Em novembro de 2012, a SS/L foi adquirida pela MDA, uma companhia canadense criada em 1969. A aquisição foi importante para a SS/L por muitas razões, mas particularmente por que a MDA está assumindo um compromisso de longo prazo em fazer negócios na América Latina, com um enfoque particular em estabelecer uma presença no Brasil e tornar o País parte de sua cadeia global de fornecedores. A empresa oferece serviços de imageamento radar e vigilância, além de sistemas de comunicações e robótica, sistemas de informações, entre outros. A SS/L está comprometida com o mercado latino-americano como parte de uma estratégia corporativa e já demonstrou o valor de seus satélites de comunicações no Brasil e em outros países da América Latina.

Experiência em banda larga

A SS/L construiu o primeiro satélite com capacidade de banda larga em banda Ka hoje em serviço na América Latina. O satélite, chamado Amazonas 3, foi lançado em fevereiro deste ano e é operado pela Hispasat e por sua afiliada brasileira, a Hispamar. No Brasil, o satélite tem prestado serviços de banda larga no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Ele também oferece serviços de banda larga em outras cidades chave na América Latina, assim como outros serviços.

A SS/L é líder mundial em capacidade de banda larga espacial e construiu dois dos mais capazes satélites com banda Ka, atualmente em operação na América do Norte. A companhia está particularmente bem posicionada para oferecer serviços de satélites para inclusão digital e serviços governamentais no Brasil, a exemplo dos satélites e sistemas terrestres atualmente em produção para uma rede de banda larga nacional similar para o governo da Austrália. O sistema distribuirá capacidade em banda larga para regiões rurais e remotas na Austrália que não podem ser alcançadas por redes sem fio e tecnologia de fibra ótica. A companhia está bastante familiarizada com as questões técnicas e administrativas relacionadas a este tipo de projeto nacional, estando em condições de aportar sua experiência para um programa similar no Brasil.

Informações adicionais

- Durante este ano, a SS/L conquistou contratos para a construção de cinco satélites de comunicações, quatro destes que contarão com cargas úteis em banda Ka, para transmissões em banda larga. Segundo a companhia, seu "sucesso está baseado em sua reputação por qualidade, confiabilidade e valor, e [seu] conhecimento em satélites com banda Ka e transmissões em banda larga é insuperável".

- A SS/L já construiu ou está construído 42 cargas úteis em banda Ka. Satélites dedicados em banda larga incluem o Thaicom 4/iPSTAR (lançado em 2005); Wildblue 1 (2006), ViaSat01 (outubro de 2011), EchoStar XVII/Jupiter-1 (julho de 2012), NBN Co 1A (previsão de lançamento em 2015), NBN Co 1B (previsão de lançamento em 2015), Jupiter 2/EchoStar XIX (previsto para 2016).

- Aproximadamente 25 satélites construídos pela SS/L já atenderam o mercado latino-americano: vários satélites para a Intelsat, maior operadora de satélites de comunicações do mundo, em posições orbitais atendendo a América do Sul e América Central. Satélites recentemente colocados em órbita que atendem a região: Satmex 8 (México), Amazonas 3 (Hispasat / Hispamar do Brasil) (ilustração), Anik G1 (Telesat / Telesat Brasil). Outros satélites da SS/L que atendem a América Latina: QuetzSat-1, Telstar 11N, EchoStar 9, SES-4, Hispasat 1E e Satmex 6. A SS/L está atualmente construindo o Star One C4, da operadora brasileira Star One, do grupo Embratel. [Nota do blog: no mercado, comenta-se que a SS/L também fabricará o Star One D1, primeiro satélite da quarta geração da Star One, previsto para ser lançado no primeiro trimestre de 2016 e que contará com capacidade em banda C, Ku e Ka. A fabricante, porém, não confirma a informação]

- A SS/L não vende qualquer satélite para o governo norte-americano há mais de dez anos. É a única fabricante que venda apenas para companhias privadas e governos estrangeiros. [Nota do blog: a ausência de contratos governamentais nos EUA exige que a companhia seja mais competitiva - daí ser conhecida no mercado por seus preços e condições financeiras bastante agressivas levando-se em conta a proporção preço versus gigabytes transmitidos. Ainda, o fato de não haver vínculo com o governo norte-americano tende a desvincular a SS/L dos problemas relacionados à suposta espionagem dos EUA]

- A MDA, controladora da SS/L, é baseada no Canadá e está totalmente livre para propor transferência de tecnologia, independente da legislação norte-americana de exportação de produtos sensíveis (ITAR).
SNB

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