quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Fase terrestre da luta começa com domínio de duas cidades


O Estado de S.Paulo
Cenário Roberto Godoy
A luta está no chão do Mali, e já produz resultados importantes, embora a operação efetivamente tenha começado apenas dois dias atrás. Posicionando as tropas, a força francesa e malinesa tomou duas cidades até então em poder dos rebeldes jihadistas, Diabaly e Douentza. Os franceses permanecem fora da área urbana. Funcionários do Mali assumiram a administração. Ontem começou a caça aos extremistas, em direção aos desertos do norte e às savanas do sul. É uma linha e tanto. Estão em ação cerca de 900, dos 1.700 soldados - combatentes da infantaria aerotransportada, dos regimentos de fuzileiros navais e dos grupos especiais, antiterror e de inteligência. Na França e, com certeza, nas bases estrangeiras, há outros 800 militares em alerta laranja - "prontos para embarcar em até 40 minutos, após a condição passar para o vermelho", disse ontem ao Estado uma fonte do Ministério da Defesa, em Paris.
O contingente mobilizado utiliza a versão mais recente dos blindados Sagaie, veículo 6x6 armado com canhão de 90 mm. Rápido e de baixo custo. Foi projetado para o cenário áspero da região; pesa 8,3 toneladas e leva 3 tripulantes. O pessoal circula a bordo de caminhões protegidos e nos couraçados leves com capacidade para abrigar até 9 soldados (mais motorista e artilheiro), levando um canhão de tiro rápido de 20 mm, que é acionado da torre de comando por um sistema digital. As maiores façanhas, todavia, estão sendo feitas até agora, no ar. Os quatro caças supersônicos Rafale, do mesmo tipo oferecido à Força Aérea Brasileira na escolha F-X2, chegaram ao teatro de operações já cumprindo uma missão complicada - saíram de Saint-Dizier, no nordeste da França, e voaram por 9 horas até o Mali, realizando reabastecimentos em voo. Algo equivalente a decolar do Rio Grande do Sul para bombardear alvos na fronteira da Amazônia a altura de Roraima.
Os aviões lançaram cargas AASM, uma família de bombas inteligentes de 125 kg e 250 kg, com alcances entre 15 km e 55 km. Foram usadas também as GBU-12, de alta precisão. Os objetivos visados - depósitos logísticos, centros de treinamento - foram destruídos. Os Rafale, com os mais antigos Mirage-2000D, estão instalados em N'Djamena, capital do Chade. Ao menos uma aeronave de inteligência coleta informações na área. Os extremistas empregam, de forma desigual, armamento escoado dos arsenais da Líbia durante a guerra que eliminou o regime de Muamar Kadafi. São picapes civis, sobre as quais foram adaptados canhões leves e lançadores de foguetes. Mas há também mísseis antiaéreos russos. Fáceis de usar e 
eficientes.
SNB

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