Virgínia Silveira
O grupo europeu MBDA, fabricante de mísseis, e a brasileira Avibras, devem fechar uma joint-venture para ampliar o escopo de trabalho, iniciado com o desenvolvimento dos motores MM40, que equipam os mísseis Exocet da Marinha brasileira.
A MBDA, fabricante original do Exocet, faturou € 3 bilhões em 2011 e acumula uma carteira de pedidos da ordem de € 10,5 bilhões. Segundo o presidente da Avibras, Sami Hassuani, a parceria com a MBDA representa um movimento crescente de confiança.
Hassuani ressalta que o modelo de trabalho desenvolvido pelas duas empresas é vantajoso para a Avibras, pois mantém a empresa com tecnologia 100% nacional e independência para o atendimento das Forças Armadas Brasileiras.
A Avibras, segundo ele, já entrou na fase de produção dos motores MM40, desenvolvidos e certificados no Brasil, e a Marinha encomendou várias unidades de série do modelo. O executivo não revelou a quantidade, pois envolve sigilo de contrato.
O projeto do míssil Exocet MM40 teve investimento de R$ 75 milhões desde 2008 e envolve a Mectron, controlada pela Odebrecht Defesa e Tecnologia. A empresa foi responsável pelo sistema de telemetria do míssil, que substituiu a cabeça de combate (carga explosiva) nos testes de qualificação.
"Somos livres para atender o mercado brasileiro e trabalhamos em conjunto com a MBDA no externo", disse Hassuani. A MBDA, segundo seu vice-presidente de Vendas e Desenvolvimento de Negócios, Patrick de La Revelière, também será parceira no projeto do míssil AM39 para os helicópteros EC 725 que a Marinha comprou da Helibras. Hassuani disse que a Avibras fará os motores do míssil e a MBDA, a cabeça de guiagem.
A Avibras está centralizando suas operações em duas unidades, localizados em Jacareí e em Lorena, ambos na região do Vale do Paraíba. As duas instalações em São José dos Campos estão sendo desativadas gradativamente, segundo Hassuani. Uma delas, que fica ao lado da pista do aeroporto da cidade, atrai o interesse de grupos ligados ao setor de aviação executiva.
O presidente da Avibras disse que também analisa a possibilidade de criar um condomínio empresarial no local. A unidade possui 90 mil m2 de área total e conta com prédios de escritórios e galpões industriais. A outra unidade está localizada próxima á Rodovia Presidente Dutra e tem 50 mil m2 de terreno.
A fábrica de Jacareí será transformada na mais moderna unidade de blindados sobre rodas do Brasil, para atender os projetos do lançador de mísseis Astros 2020 e de exportação, além de veículos da linha 4/4 sobre rodas.
"Agora também teremos no mesmo site a produção dos veículos e rampas de lançamentos para todas as aplicações (artilharia de campanha, Astros, artilharia antiaérea, mísseis, lançadores navais, entre outros), afirmou Hassuani.
O presidente da empresa disse que a recuperação judicial da Avibras já está formalmente concluída. "A participação do governo no capital da companhia é algo desejável (não é mandatório) e continua em pauta", afirmou.
No ano passado, o executivo chegou a falar que existia uma expectativa de que a participação do governo na empresa ficasse entre 15% e 20%. "Este é um assunto mais relacionado aos acionistas da empresa, que continuam muito interessados em um acordo que permita a perpetuidade do negócio, que é altamente ligado ao governo", comentou.
O governo anunciou, em meados deste ano, a liberação de R$ 300 milhões do PAC Equipamentos (Programa de Aceleração do Crescimento) para a compra de 30 unidades do Astros 2020. O lançador vai aparelhar as unidades de combate da artilharia do Exército.
O projeto, segundo o presidente da Avibras, será implementado em várias fases dentro de um período de cinco anos. O valor total a ser investido pelo governo no programa é de R$ 1,2 bilhão
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