SÃO PAULO - No banco do "futuro", a presença de papel será raridade e aparelhos como iPhone e iPad terão presença constante. A ideia é educar o cliente para o uso de meios digitais em procedimentos corriqueiros, como um pagamento ou conferência de saldo. Por trás disso, está a ideia dos bancos de transformar as agências numa espécie de butique financeira.
A materialização dessas ideias tomará forma na próxima semana, quando os dois principais bancos privados do País, Itaú e Bradesco, inauguram agências conceito em São Paulo.
Ao justificar o projeto, os dois bancos assumem que as lojas da badalada Apple foram inspiração. Itaú e Bradesco usam a mesma linguagem para definir as novas agências: executivos definem a nova aposta como "uma experiência high tech, high touch", ou seja, com alta tecnologia e próxima ao cliente.
As duas primeiras experiências serão inauguradas em shoppings da capital paulista. O Itaú abrirá as portas no shopping Villa-Lobos na próxima segunda-feira, enquanto o Bradesco inaugura sua unidade no JK Iguatemi na quinta-feira. As empresas dizem que as novidades são "incubadoras de ideias" que podem ser expandidas para o resto da rede.
Nos detalhes, contudo, as apostas são um pouco diferentes. O Bradesco transformou a agência numa viagem ao futuro, com displays por todo lado, e escalou um robô, o Link 237, para das as boas vindas ao cliente. Os caixas eletrônicos são paralelos à parede, de modo a garantir privacidade ao correntista.
Já no Itaú a aposta é na estratégia adotada desde a fusão com o Unibanco, em 2008: trazer mais informalidade e ar de "lounge" à rede de atendimento. "A agência não tem mesa fixa de gerente - ele vai com o notebook aonde o cliente estiver", explica Fernando Chacon, diretor executivo do Itaú Unibanco.
"Uma das tendências é que as agências se especializem de acordo com a região em que atuam. Elas vão atuar por vocação, de atendimento a pessoa física ou jurídica, por exemplo", diz Chacon. "Na agência, há uma prateleira, que parece uma vitrine de joalheria, exibindo os produtos do banco. "Vamos acompanhar a reação do público para ver o que deverá ser multiplicado."
O executivo diz que uma das ideias estudadas é oferecer internet sem fio dentro do banco. No próximo ano, o Itaú deve abrir uma nova unidade nos mesmos moldes no Shopping Ibirapuera.
Investimento. O Bradesco investiu R$ 10 milhões nos últimos meses para desenvolver seu modelo de "agência do futuro". "O negócio bancário não muda. Na hora de discutir um financiamento imobiliário, o cliente vai querer falar com o que ele chama de ‘meu’ gerente", afirma Cândido Leonelli, diretor executivo do Bradesco. Por isso, o banco criou uma sala espelhada no mezanino da agência. Cada vez que um cliente entrar, porém, os vidros ficarão foscos, para manter a privacidade no atendimento.
Bradesco e Itaú terão funcionários que vão ajudar os clientes a conhecer melhor os procedimentos que podem ser realizados por meio de telefones celulares e computadores. "Nosso desafio é conseguir transferir para os meios digitais transações que o cliente achava que só poderiam ter com o gerente", diz Leonelli.
Não por acaso, as operações por meios digitais já se destacam no Bradesco. "Nós incluímos uma função de empréstimo por meio de smartphones sem fazer publicidade. Hoje, já realizamos R$ 10 milhões de empréstimos por mês via iPhone."
As duas instituições não dizem às claras, mas a ideia é tornar a circulação mais restrita aos clientes tradicionais. No Bradesco, não haverá caixas para pagamento de contas. No Itaú, o caixa "físico" será mantido, mas o atendimento será exclusivo aos correntistas.
segurança nacional blog O Estado de S.Paulo
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