Israel se absterá de atacar o Irã antes das eleições norte-americanas se os EUA prometerem começar eles próprios uma operação militar na primavera. Esse é, aparentemente, o ponto principal de um secreto acordo prévio, ao qual os líderes dos dois países retornarão em setembro, à margem da Assembleia Geral da ONU.
Esse vazamento apareceu na mídia israelense na véspera de uma nova rodada de negociações sobre a questão nuclear iraniana. Segundo peritos, isso pode ser um pedido oculto aos Estados Unidos para aumentarem sua ajuda.
O acordo ao qual se refere a mídia foi elaborado a nível de assessores dos líderes dos dois países, Tom Donilon e Ron Dermer. Ele contém outras clausulas também. Se não houver progresso na resolução do problema iraniano, Barack Obama deve notificar por escrito o Congresso sobre sua decisão de usar a força militar para evitar a criação de uma bomba nuclear iraniana. E mais perto das eleições de novembro nos EUA, Obama irá dar um discurso no parlamento israelense e se comprometerá publicamente a usar a força. Se os procedimentos forem cumpridos, Israel concordará em adiar o ataque, diz a publicação.
Nos últimos meses, os Estados Unidos tem restringido de todos modos a retórica beligerante de Israel em relação ao Irã. No âmbito deste esforço, em 14 de agosto o chefe do Pentágono Leon Panetta apontou em seu discurso para a incapacidade de Israel de causar sérios danos a instalações nucleares iranianas. Os americanos estão tentando ganhar tempo para dar outra chance à diplomacia. Portanto, tal acordo poderia muito bem existir, acredita o perito do Instituto de Estudos Orientais, Liudmila Kulechova:
“A América está tentando por todos os meios chegar a um acordo com o Irã. Especialmente agora, quando a situação econômica e financeira no Irã está bastante difícil. Por causa disso, ele pode fazer algumas concessões em seu programa nuclear. Eu acho que até a primavera será esclarecido o problema com a Síria, o que também é muito importante. Obama disse recentemente que ele está quase pronto para intervir na Síria. E depois há a questão do Irã. Isso é difícil até para a América.”
Existe um outro ponto de vista: um ataque militar contra o Irã é pouco provável. Esta conclusão foi publicada no recente relatório de Shai Feldman – um grande perito israelense sobre o triângulo de relações Washington-Teerã-Tel Aviv. O chefe do Centro de Estudos Orientais da Academia Diplomática do Ministério das Relações Exteriores russo, Andrei Volodin, concorda com sua opinião:
“Uma operação militar contra o Irã é loucura. A América precisa destacar pelo menos um milhão de soldados e mais de 2 mil aviões. Ela não tem tal capacidade. Qualquer outra operação, exceto por terra, não terá muito efeito. Uma operação limitada só irá acelerar a criação de armas nucleares pelo Irã. Por enquanto, a decisão política de sua produção ainda não foi tomada.”
O relato sobre o suposto acordo secreto não é uma tentativa de influenciar Teerã antes da nova rodada de negociações. Seus autores certamente pensam sobriamente, continua Andrei Volodin:
“O vazamento está relacionado com a pressão dos círculos dirigentes israelenses sobre os EUA. É um desejo de usar as contradições entre os dois principais candidatos presidenciais – Barack Obama e Mitt Romney. Israel acredita que precisamente antes da votação decisiva em novembro pode ganhar ainda mais concessões tanto do lado do presidente, como da parte dos republicanos, concorrentes para a presidência.”
Segundo o perito, quando a publicação funcionar, Israel receberá dos EUA uma ajuda militar e financeira ainda maior. Não há dúvidas disso. Até agora, todos os seus pedidos têm sido totalmente satisfeitos
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