Parlamentares do governo argentino rejeitaram o referendo convocado nesta terça-feira pelo governo local das Ilhas Malvinas para votar em 2013 sobre o "status político" do arquipélago sob dominação britânica e cuja soberania é reivindicada pela Argentina.
"Isto não tem nenhum valor porque a Argentina rejeita a possibilidade de autodeterminação por parte de uma população implantada, como é a população britânica nas Malvinas", disse o titular da Comissão de Relações Externas da Câmara dos Deputados da Argentina, Guillermo Carmona.
O inesperado anúncio desta consulta foi realizado hoje em Puerto Argentino (Port Stanley para os britânicos) por Gavin Short, presidente da Assembleia Autônoma das Malvinas, faltando dois dias para que se completem 30 anos do final da guerra entre Reino Unido e Argentina pela posse das ilhas.
Por enquanto nem a presidência nem a chancelaria argentina se pronunciaram sobre a convocação do referendo.
Em declarações a emissoras de rádio, Carmona considerou que esta convocação "não se ajusta ao direito internacional" e só "busca gerar um efeito midiático porque amanhã estaremos viajando com a presidente argentina, Cristina Kirchner, ao Comitê de Descolonização das Nações Unidas".
Nessa instância, que será realizada na próxima quinta-feira em Nova York, pela primeira vez com a presença de um chefe de Estado, Cristina reivindicará mais uma vez que o Reino Unido cumpra a resolução das Nações Unidas que insta os dois governos a abrir negociações para resolver a questão da soberania das Malvinas, ocupadas pelos britânicos desde 1833.
Por sua parte, o titular da comissão de Relações Exteriores do Senado argentino, Daniel Filmus, considerou que o referendo nas Malvinas "não muda em nada" a postura argentina.
"Para a Argentina, a decisão de convocar um referendo não muda a posição de nosso país que sempre se baseou nas resoluções das Nações Unidas, onde se coloca que a negociação da soberania deve resolver-se em negociações bilaterais com o Reino Unido", disse Filmus à agência oficial "Télam".
Para o senador governista, "não há dúvidas sobre a identidade britânica" dos ilhéus e afirmou que o anúncio de hoje "tenta ser uma resposta pelos sucessos da diplomacia argentina em todos os fóruns internacionais".
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