Virgínia Silveira
A OrbiSat, controlada pela Embraer Defesa e Segurança, desenvolveu um Centro de Operações de Artilharia Antiaérea (COAAe) para o Exército Brasileiro, que encomendou nove unidades. Seis delas já foram entregues e outras três estão em fase de produção. Agora, a empresa vê possibilidade de ganhar o mercado externo.
O projeto, desenvolvido em parceria com o Centro Tecnológico do Exército (CTEx), vai integrar o Sistema de Defesa Antiaérea do Exército, abastecendo-o com informações capazes de contribuir para a tomada de decisões em inúmeras situações que envolvam questões de defesa e segurança. O valor do contrato, segundo o presidente da OrbiSat, Maurício Aveiro, gira em torno de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões.
Desenvolvido com tecnologia 100% brasileira e sem similares no mercado nacional, o sistema pode ser utilizado para coordenação da defesa de tropas e instalações militares, em situações de combate e em grandes eventos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. "Também estamos analisando as possibilidades de exportação e os países da América do Sul são um mercado natural para o nosso produto, não só pela proximidade com o Brasil, mas também pelo nível de relacionamento", disse Aveiro.
O sistema funciona como uma base para o comando e controle das informações enviadas, em tempo real, pelo radar Saber M60, também produzido pela OrbiSat. O COAAe opera embarcado em uma cabine integrada a uma viatura militar Marruá, fabricada pela Agrale.
O radar Saber M60, usado para vigilância aérea e terrestre de aviões a baixa altura, rastreia alvos em um raio de até 60 quilômetros e a uma altitude de até cinco mil metros. O Exército Brasileiro recebeu, no fim do ano passado, as últimas unidades de um lote de nove comprados da OrbiSat.
Os radares, que custaram R$ 26 milhões, também foram desenvolvidos em parceria com o CTEx para atender ao projeto Amazônia Protegida, programa que prevê o reaparelhamento das brigadas antiaéreas e postos de fronteira existentes na região. "Temos ainda uma carta de intenção de compra de outros quatro radares desse tipo para a Aeronáutica. A nossa expectativa è que o contrato de fornecimento seja assinado este ano", comentou.
A Embraer adquiriu o controle da OrbiSat em março do ano passado, com a compra de 64,7% do capital social da divisão de radares da companhia. O negócio foi avaliado em R$ 28,5 milhões. Desde então, segundo o presidente da OrbiSat, a empresa tem tido mais fôlego financeiro para desenvolver seus projetos e cumprir os cronogramas dos contratos.
O faturamento de 2011 ainda não foi fechado, mas segundo Aveiro, a empresa deverá registrar uma receita acima de R$ 50 milhões. A área de radares de defesa responde por 65% da receita e o restante vem da área de serviços de sensoriamento remoto através de aviões e radares. A empresa possui 150 funcionários.
Os principais desafios enfrentados neste primeiro ano dentro da nova estrutura, segundo ele, foi a entrega de nove radares Saber M-60 para o Exército e os serviços de sensoriamento remoto realizados através do radar OrbSar.
O equipamento está sendo utilizado para fazer o mapeamento da Amazônia e até o momento, segundo Aveiro, já foram mapeados cerca de 1.142 milhão de quilômetros quadrados, com informações inéditas da região em relação ao relevo, profundidade de rios e características da cobertura vegetal.
O presidente da OrbiSat conta que a experiência adquirida com este trabalho capacitou a empresa para outros mapeamentos. "Acabamos de iniciar um projeto semelhante no Panamá, como subcontratados de uma empresa italiana. Também já fizemos outros trabalhos similares na Venezuela, Colômbia e no Peru", disse.
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