General Antunes: do Vale para a Amazônia
Nascido em Guaratinguetá, o General de Brigada Mario Antonio Ramos Antunes, 56 anos, é chefe do Estado Maior do CMA (Comando Militar da Amazônia), região em que ele mora desde 2009. Veja imagens da entrevista concedida ao O VALE e trechos da conversa com o general.
General Antunes, fale sobre a sua trajetória militar.
Nasci em Guaratinguetá. Em 1972, ingressei na escola preparatória de cadetes, em Campinas, onde fiquei três anos e depois fui para Resende, na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), me formando em 1978. Minha primeira unidade depois de formado foi o atual 5º Batalhão de Infantaria Leve de Lorena. Depois fui instrutor da Aman durante quatro anos, logo após fui comandar a Companhia de Comando da 9º Brigada de Infantaria Motorizada Escola, unidade de elite do Exército, e em seguida fui para a escola de aperfeiçoamento de oficiais, para capitães.
Depois, tive passagem rápida por Florianópolis e voltei para o Rio de Janeiro, para a escola de aperfeiçoamento de oficiais, na condição de instrutor, onde permaneci quatro anos. Fui aprovado no concurso para a escola de comando e estado maior do Exército, por dois anos. Depois fui para Corumbá, na fronteira com a Bolívia, por dois anos, na Brigada de Infantaria de Fronteira.
Voltei para Caçapava e fiquei dois anos na Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel), em 1999 e 2000, também fui o comandante do 6º Batalhão de Infantaria Leve de Caçapava. Voltei para a Aman, onde fui subcomandante do corpo de cadetes durante três anos e meio. Fui destacado para trabalhar na Bolívia como adido militar junto à Embaixada Brasileira, por dois anos, e depois fui para Brasília no Estado Maior do Exército, na seção de política e estratégia, onde permaneci durante três anos.
Sendo promovido a oficial general, em março de 2009, fui destacado para trabalhar na Amazônia. Cheguei como chefe de operações do CMA, durante dois anos, e no terceiro ano desempenho a função de chefe do Estado Maior do CMA, com muita honra e orgulho de difundir o nome do Vale do Paraíba pela Amazônia.
O Vale tem uma ligação especial com o Exército?
Tradicionalmente, o Vale oferece oficiais ao Exército. É um celeiro para os oficiais e sargentos do Exército Brasileiro.
O que dizer aos jovens da região?
Aquele que sonha com a carreira das armas, deve manter seu sonho vivo. Não deixe morrer o seu sonho. Ingresse numa das academias militares das Forças Armadas. É uma vida que se abre e um sonho que se realiza.
O que lhe faz falta no Vale?
Vou completar 40 anos distante da minha terra. Voltei em Lorena em 1979 até 1981, e depois em Caçapava, no final da década. O que mais me faz falta é a cordialidade e o calor humano do povo valeparaibano. O brasileiro é muito cordial, amigo, porém o valeparaibano tem um carinho especial com seus filhos. Tenho uma família muito grande em Guaratinguetá e espalhada pelo Vale.
Deixe um recado para os amigos do Vale do Paraíba.
Um grande abraço a todos os amigos e parentes e, para Guaratinguetá, embora esteja afastado pela distância, estou próximo pelo coração.
Na fronteira
Militares do Exército de um PEF (Pelotão Especial de Fronteira) aguardando instruções para mais uma missão na defesa das fronteiras do país, que tem ao todo 17 mil km de fronteira, sendo 11 mil km apenas na Amazônia. Nestes PEF’s, os militares têm a chance de fazer amizade com índios e até estrangeiros que moram na fronteira. Muitos descendentes de índios também servem nestes locais que, de tão longe, o transporte mais adequado é de helicóptero.
General Araújo Lima
Entrevista com o general Araújo Lima, comandante da 12ª Brigada de infantaria Leve (Aeromóvel) de Caçapava e ex-comandante do Cigs (Centro de Instrução de Guerra na Selva), na Amazônia. A gravação ocorreu uma semana antes da viagem de O VALE à Amazônia. “Eu ainda penso em servir na selva”, disse o general.
Guerreiros da selva
Drops da Selva
Após aventuras inesquecíveis nos Estados do Amazonas e Roraima, nossa equipe retornou a São José dos Campos e prepara um material especial, que será publicado a partir deste domingo em nossa edição impressa e portal de notícias.
Será uma série com duração de uma semana. A TV O VALE também prepara o documentário “Guerra na Selva”, que começa a ser veiculado no dia 21 de novembro.
Serão seis capítulos. Hoje, sexta-feira, já temos dois deles finalizados e está ficando muito bom. Só para compartilhar com vocês, gravamos mais de 10 horas de imagens.
Como não poderemos usar todas no documentário, logicamente muita coisa vai ficar de fora … infelizmente. Para tentar compensar, no entanto, decidimos lançar em nosso blog alguns “drops da selva“, ou seja, coisas legais que seriam descartadas e que serão veiculadas aqui.
O primeiro “drops” é uma entrevista muito legal com o Major Marcelo Ambrósio, do 4º Batalhão de Aviação do Exército, que fica em Manaus. Ele explica a importância do uso do simulador de voo no aprimoramento dos reflexos dos pilotos, como operar a aeronave em voos por instrumentos e muito mais.
Até a próxima!
Aurélio
Sexto dia: Bienvenido a Venezuela!
Nossa equipe se dividiu neste domingo. Como os repórteres Aurélio Moreira e Cláudio Vieira voaram ontem com o Bavex, hoje foi a vez do repórter Xandu Alves acompanhar uma missão pelo ar. Ele fez um voo de reconhecimento com militares do Exército, fiscais do Ibama e agentes da Polícia Federal na região sul de Roraima, entre as cidades de São Luiz do Anauá e Entre Rios, na divisa com o Pará.
Enquanto isso, fomos destacados para outra missão –desta vez por terra. Percorremos (ida e volta) cerca de 550km entre o 6º Batalhão de Engenharia de Construção, em Boa Vista, e o 3º Pelotão Especial de Fronteira. Novamente tivemos sorte porque, apesar do cansaço, chegamos a tempo de acompanhar uma das atividades cívico-social com comunidades indígenas remotas.
Ainda bem que estávamos em uma viatura com tração 4 x 4. Demoramos exatos 45 minutos para percorrer 16 quilômetros até os índios de Bananal. Lá, a comunidade estava em festa, já que recebia serviços médico e odontológico (uma oportunidade rara) e donativos (mantimentos).
Depois, nossa viagem, literalmente, cruzou fronteiras. Estivemos na Venezuela! Em um tour rápido, descobrimos distorções inacreditáveis … o litro da gasolina custa R$ 0,07. Sim, você leu direito – R$ 0,07 (!). Na divisa, na parte brasileira o asfalto é esburacado e parece uma colcha de retalhos … no país vizinho, a manta asfáltica possui 10 cm de espessura.
Bom, o custo de vida é baixíssimo para os padrões brasileiros. Uma compra (grande) do mês pode ser feita com R$ 120. Aqui, no Brasil, isso não sai por menos de R$ 300. Distorções à parte, a cidade fronteiriça de Santa Helena de Uiarén é bem modesta. Bonitinha, mas muito simples.
Militar brasileiro brinca com crianças de origem indígena perto da fronteira com a Venezuela
Atendimento médico em comunidade indígena do Bananal
Brasil é logo ali! Você já viu uma placa dessas?
Quinto dia: no fim do Brasil
Nosso quinto dia de aventuras com o Exército na Amazônia foi marcado por uma experiência de tirar o fôlego! Embarcamos em um helicóptero Pantera do 4º Bavex (Batalhão de Aviação do Exército) e fomos conhecer três dos seis PEF´s (Pelotões Especiais de Fronteira) que existem em Roraima, na divisa com a Guiana (ex-Inglesa) e a Venezuela. Nosso anfitrião foi o general Franklimberg, comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva.
Estivemos nos PEF´s de Bonfim, Normandia e Uiramutã, que fica dentro da reserva indígena Raposa Serra do Sol. O local, entre 2008 e 2009, esteve presente no noticiário nacional por conta de um sério conflito entre brancos e índios, após determinação da Justiça para demarcação do território indígena. À época, rizicultores, criadores de gado e o restante da população não indígena da região resistiram à desocupação. Hoje, a paz reina no local, embora não seja definitiva, o que fez com que o Exército decidisse se aproximar mais com a construção das instalações do pelotão dentro da reserva.
Também conhecemos mais sobre a operação Curare 5 (curare é o veneno que o índios colocam na ponta de suas flechas e lanças) e que tem o objetivo de combater o narcotráfico, o contrabando e o garimpo ilegal nas áreas de fronteira. A verdadeira guerra na selva! Diversas balsas e acampamentos foram destruídos e, até ontem, pelo menos 13 garimpeiros haviam sido presos.
E, no meio da aventura, as histórias dentro da história: descobrimos que o Exército testa um novo tipo de fuzil e, acredite ou não, nosso piloto é… JOSEENSE! É verdade, hoje voamos com o major Pinheiro, que promete passar o Natal com a família em São José. Os detalhes você confere na série especial que será pulbicada em nossa edição impressa e, também, no documentário produzido para a TV O VALE.
Curtam as imagens do dia de hoje e até o próximo post! Selva!
Os dois valorosos repórteres de O VALE a bordo do Pantera, na saída para a missão na região norte de Roraima, em foto do subtenente Irenio, do 6º BEC (Batalhão de Engenharia de Construção)
Imagens aéreas da região da reserva indígena Raposa Serra do Sol, guarnecida pelo Exército Brasileiro através dos pelotões de fronteira
Major Pinheiro, piloto do Pantera, nasceu em São José dos Campos e hoje trabalha na Amazônia
Quarto dia: obras
“A guerra aqui é outra”. A frase é do tenente coronel Mateus, ex-chefe de comunicação do Exército em Caçapava e atual comandante do 6º BEC (Batalhão de Engenharia de Construção). Na Amazônia, ele e a equipe são responsáveis por fazer obras de infraestrutura que beneficiam milhares de pessoas. Os militares fazem estradas, pontes, portos e aeroportos. Nós conhecemos o trabalho deles no município de Castanho, distante três horas de Manaus, onde estão sendo construídos os acessos a uma ponte erguida pelo Exército.
A aventura, que começou às 3h50 da madrugada, trouxe uma bela vantagem: fotografar o nascer do sol no encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Não tem preço. Confirmem vocês mesmos nas imagens de Cláudio Vieira.
Militares do 6º BEC trabalhando no acesso à ponte construída por eles no município de Castanho, na BR 319, que liga Manaus a Porto Velho
Tenente coronel Mateus (esq.) conversa com a equipe de O VALE
A sargento Alcilene concede entrevista a O VALE. Ela, que é técnica agrícola, é filha de indígenas da tribo Tucano
No acampamento do Exército, em Castanho, militares fazem peças de concreto que serão usadas nas obras na Amazônia
CENAS AMAZÔNICAS
ENQUANTO ISSO, NUMA IMPROVISADA REDAÇÃO AMAZÔNICA…
E, claro, o trânsito caótico já chegou a Manaus
Terceiro dia: selva!
No terceiro dia da reportagem com o Exército na Amazônia, acompanhamos uma das fases mais importantes do curso de guerra na selva do Cigs (Centro de Instrução de Guerra na Selva). Os alunos caminharam por quatro dias na selva, andando mais de 50 km, e pouco comeram ou dormiram. A tensão e o esgotamento físico fazem parte do treinamento.
Na Base de Instrução nº 1 do Cigs, distante mais de uma hora de Manaus indo de carro, os alunos ainda tiveram que participar de várias missões em que eram exigidos raciocínio rápido, tomada de decisão e liderança. Tudo isso antes de receber uma caneca de sopa, comida quente depois de ração dentro da selva.
Com fome e sono, as atividades tornam-se muito mais difíceis de executar. Até os repórteres de O VALE foram “testados” numa destas atividades, como mostra o vídeo editado por Aurélio Moreira. Vocês também poderão sentir um pouco do drama dos alunos através das imagens de Cláudio Vieira.
Coronel Palaia (esq.), comandante do Cigs, conversa com aluno do curso de guerra que acabou de chegar de quatro dias e noites de caminhada pela selva. A caneca na mão dele tem um pouco de sopa, única alimentação, além da ração e do que pegou na selva, que ele come nesse período. Pela feição do militar é possível sentir o cansaço e o esgotamento físico causados pelo treinamento.
Coronel Palaia conversa com equipe de O VALE
Zoológico
Entre os ensinamentos do Cigs, os alunos aprendem a conhecer e respeitar a fauna da floresta Amazônica. No QG do centro de instrução, em Manaus, o Exército mantém um zoológico com mamíferos, aves e cobras encontrados na Amazônia, como onças, jibóias e sucuris. O zoo pode ser visitado por civis durante a semana.