quarta-feira, 28 de julho de 2010

Coreia do Sul e EUA encerram exercícios militares de alerta a Pyongyang

Seul, 28 jul (EFE).- Coreia do Sul e Estados Unidos encerraram nesta quarta-feira sem incidentes uma rodada de quatro dias de exercícios militares conjuntos no Mar do Japão, destinados a mostrar ao regime comunista da Coreia do Norte o poderio militar dos dois aliados.




As atividades aéreas e navais, iniciadas no domingo sob o nome de Espírito Invencível, foram uma resposta ao afundamento em março da corveta sul-coreana "Cheonan", que tirou a vida de 46 marinheiros sul-coreanos.



Uma equipe internacional de investigadores financiada por Seul atribuiu o afundamento a um torpedo norte-coreano, mas Pyongyang nega envolvimento no caso.



As manobras militares foram as maiores realizadas na península coreana em três décadas e as primeiras de uma série que EUA e Coreia do Sul organizarão mensalmente até finais deste ano.



Segundo fontes militares sul-coreanas, os próximos exercícios conjuntos serão promovidos em meados de setembro no Mar Amarelo.



A Coreia do Norte criticou severamente essas manobras e ameaçou utilizar seu poder de dissuasão nuclear em represália, mas nenhum tipo de incidente foi registrado.



A operação conjunta de quatro dias contou com a mobilização do porta-aviões americano "George Washington", 20 navios de guerra, 200 aviões de combate e 8 mil soldados.



O "George Washington" é uma enorme embarcação com 330 metros de comprimento e capacidade para transportar 97 mil toneladas, cuja presença no litoral sul-coreano refletiu o compromisso de Washington em defesa de Seul diante de qualquer eventual ataque norte-coreano.



Nas manobras também participaram pela primeira vez aviões de combate F-22 Raptor, os caças mais avançados do mundo. Essas aeronaves teriam capacidade de alcançar, em meia hora desde a decolagem, as instalações nucleares norte-coreanas de Yongbyon.



A Coreia do Sul, por sua vez, mobilizou o porta-aviões "Dokdo", de 14 mil toneladas, o submarino "Son Won-il", de 1,8 mil toneladas, e vários caças de combate F-15K, entre outros.



As operações se concentraram principalmente em exercícios submarinos, que incluíram a detecção de aparelhos norte-coreanos, a simulação de torpedos e de ofensiva contra forças navais de Pyongyang.



Também foram realizadas manobras de treino para transportar combustível e outras provisões via mar e ar, em uma situação de suposta ameaça.



Com esses exercícios, Seul e Washington quiseram enviar uma taxativa mensagem a Pyongyang para que se abstenha de novas provocações similares ao afundamento do "Cheonan", ocorrido em 26 de março, e mostrar, ao mesmo tempo, a forte aliança existente entre os dois países.



As manobras se realizaram depois de a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, anunciar na semana passada, em Seul, novas sanções contra a Coreia do Norte em resposta ao afundamento da corveta sul-coreana.



Está previsto que o assessor especial para Controle de Armas e Não-Proliferação dos EUA, Robert Einhorn, se reúna na próxima segunda-feira em Seul com as autoridades sul-coreanas para discutir este tema.



As duas Coreias se encontram tecnicamente em estado de guerra, já que, após o fim da Guerra da Coreia, em 1953, apenas um armistício foi assinado, mas nunca um tratado de paz.



Atualmente, 28,5 mil soldados americanos estão mobilizados em território sul-coreano, como forma de dissuasão perante eventuais provocações norte-coreanas.



Embora em princípio estivesse previsto que as manobras concluídas hoje seriam realizadas em águas do Mar Amarelo, entre a península coreana e a China, os protestos de Pequim fizeram com que Seul e Washington mudassem o local para a costa oriental.



Alguns analistas sul-coreanos indicam que as manobras criaram desavenças entre EUA e China e que a península coreana viverá um tempo sob estado de tensão.

Nenhum comentário: