domingo, 17 de janeiro de 2010

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(foto marinha portuguesa)




 fuzileiros constituem uma das forças militares mais bem preparadas e eficazes das Forças Armadas Portuguesas com capacidade para intervir em qualquer parte do globo.



Disponíveis para qualquer missão, desde missões humanitárias no estrangeiro até à intervenção na defesa da costa portuguesa, representam a infantaria ligeira da Marinha de Guerra Portuguesa. Este artigo abordará a sua formação, missão, orgânica e equipamentos.






(foto marinha portuguesa)



História e Missões




O Corpo de Fuzileiros portugueses possui quase quatro séculos de história. Ao longo do tempo a evolução da doutrina que envolve o emprego destas forças mudou e com ela verificaram-se importantes alterações na estrutura dos fuzileiros, no seu treino e nas suas missões, tornando-se num corpo de infantaria de elite com capacidade para executar várias missões.







Tiveram a sua origem no corpo de fuzileiros mais antigo do mundo, o espanhol "Tercio da Armada". Aquando a sua criação, em 1621, representaram um aumento da capacidade de combate da marinha portuguesa, em especial no Brasil, onde era urgente a necessidade de desembarcar tropas para garantir a segurança dos colonos. As missões atribuídas aos fuzileiros consistiam na defesa da costa e guarnição dos vasos de guerra portugueses.





Revelaram-se de extrema utilidade nos combates navais travados contra outras marinhas rivais até ao início do século XVIII. Foi aliás neste século que a estrutura orgânica dos fuzileiros recebeu uma importante alteração, passando a ser constituída por uma unidade de artilharia e duas de infantaria.







Aquando das invasões francesas é a "Brigada Real de Marinha" - nome atribuído ao Corpo de Fuzileiros na altura - que acompanha a família real na sua viagem para o Brasil, e cuja presença iria originar o homólogo brasileiro, o Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha Brasileira.







O facto de Portugal possuir colónias tornava a existência dos fuzileiros um imperativo, pois o carácter das suas missões fazia destes a força militar mais indicada para garantir a defesa das colónias africanas. O seu contributo para a exploração do território africano e afirmação da soberania portuguesa é inegável, tendo realizado entre os séculos XIX e XX várias missões nos territórios ultramarinos.












Durante a Guerra Colonial (1961 a 1974), houve a necessidade de infiltrar tropas de elite no território africano e praticar a guerra de guerrilha. Mais uma vez a polivalência desta força militar ficou provada ao serem das principais forças mobilizadas para os combates.







Com o 25 de Abril de 1974 e o fim da guerra em África, dá-se a sua reestruturação de modo a responder aos novos cenários e missões. A descolonização leva a uma redefinição da doutrina dos fuzileiros tendo em vista o cenário da Guerra Fria entre a URSS e os EUA com os seus aliados.





Neste novo cenário surge o Destacamento de Acções Especiais, similar a outras unidades estrangeiras, tendo como função executar operações de alto risco recorrendo a um pequeno número de homens, mas com grande capacidade de combate.







A sua criação, em 1985, dá aos fuzileiros um novo papel em caso de conflito, passando a estar capacitados para realizar missões de grande importância no cenário estratégico actual, como operações de resgate, incursões em território inimigo, reconhecimento, sabotagem, entre outras. A preparação e treino especializado destes homens é constante e engloba várias áreas.







O Destacamento de Acções Especiais recebe instrução em mergulho, natação de combate, explosivos, vários tipos de armas, rappel e fast-rope, escalada, pára-quedismo, heli-assalto, defesa pessoal, condução de vários veículos, prestação dos primeiros-socorros, técnicas de evasão e outras técnicas úteis às missões específicas destes. Durante o processo de selecção, os voluntários são avaliados física e psicologicamente em função da capacidade necessária para fazer face às adversidades inerentes à sua missão. O treino com unidades da Armada contribui também para aprofundar a experiência e preparação destes homens.





Assim, são regulares os exercícios conjuntos em que se recorre aos helicópteros Super Lynx da Armada e aos submarinos da classe "Albacora", que fornecem um meio de desembarque e embarque rápido e móvel útil à realizações de operações em território hostil.




Em 1993 é de novo alterada a estrutura do Corpo de Fuzileiros. O Decreto de Lei nº49/93, publicado a 23 de Fevereiro de 1993, fixa o Corpo de Fuzileiros com um efectivo máximo de 2000 homens e atribui-lhe como missões a projecção de forças militares em terra a partir do mar, vigilância e defesa da costa portuguesa e das instalações militares portuguesas e da NATO situadas no território nacional, cooperação em missões de interesse público, destacamentos a bordo de unidades navais da Armada de modo a garantir a segurança nestas e executar missões em terra se necessário, cooperação técnico-militar com os países de expressão portuguesa ou membros da NATO.







Em 1995, foi definida a actual estrutura operacional, compreendendo uma orgânica de dois batalhões de infantaria, unidades de apoio e logística, e respectivos órgãos de comando.







O ano de 1998 constituiu para os fuzileiros um grande desafio às suas capacidades. Devido à guerra civil na Guiné-Bissau, Portugal necessitava de evacuar os cidadãos portugueses aí residentes para salvaguardar a sua segurança. A mobilização de forças militares foi significativa. Os três ramos destacaram meios e tropas para executarem a operação de resgate e apoio às populações civis. A grande responsabilidade foi sem dúvida para a Marinha Portuguesa a quem coube fornecer os navios necessários à evacuação dos refugiados, pois por via aérea tal revelava-se impossível.



Entre corvetas, fragatas, um navio reabastecedor e um navio porta-contentores civil, o "Ponta de Sagres", a frota incluía ainda fuzileiros que garantiram a segurança dos refugiados durante os desembarques e embarques nos navios portugueses, uma missão arriscada tendo em conta a vulnerabilidade face a ataques vindos da costa. Felizmente a operação correu bem e sem nenhum percalço.





Os fuzileiros foram ainda destacados para as missões de paz nos Balcãs, com o envio de uma companhia.







Mas a mais importante missão de paz - ainda a decorrer - foi em Timor-Leste, onde apoiaram a população timorense durante o processo de transição para independência deste país. A recepção das populações locais foi calorosa e durante a presença contínua da missão da ONU em Timor, as tropas portuguesas tem cooperado na reconstrução das infra-estruturas (como escolas e hospitais), tendo também sido iniciada a cooperação técnico-militar com as FALINTIL (o "embrião" das futuras forças armadas timorenses) na qual os fuzileiros têm dado um enorme contributo e mostrado grande dedicação.






Toda a operação militar foi preparada antecipadamente, e inclusive colocada a hipótese, numa primeira fase (muito antes do envio da missão da ONU), de enviar dois navios de guerra, uma corveta e uma fragata, e cem fuzileiros. A prontidão de apenas 48 horas desta tropa de elite ditou a sua escolha para um eventual envio na altura. Contudo, tal não veio a realizar-se. O treino das tropas destinadas à missão de Timor foi longo. Durante alguns meses realizaram-se vários exercícios e treinos englobando operações simuladas de desembarque nas praias timorenses e de progressão em terreno hostil.







A primeira unidade militar portuguesa a chegar a Timor foi um contigente de fuzileiros destinado ao apoio à operação de presença naval, transportado pela fragata "Vasco da Gama" da Armada. Após o seu regresso a Portugal, foi rendida pela fragata "Hermenegildo Capelo" (da classe "João Belo").







Mais recentemente os fuzileiro demonstraram a sua vertente no apoio às populações civis durante as cheias em Moçambique. O seu apoio foi de grande importância para o salvamento das populações afectadas pela catástrofe natural.





As missões de paz revelam ser sempre uma experiência gratificante para os militares envolvidos e enriquecedora do ponto de vista humano, além da vertente operacional, pois fornecem à Armada uma experiência e conhecimentos importantes para o melhoramento do treino dos militares e uma melhor adaptação face aos desafios estratégicos do novo século.




Em 2000 realizaram-se em Portugal vários exercícios com forças internacionais, dos quais se destaca o famoso Linked Seas. Aproveitando este exercício os fuzileiros utilizaram navios de desembarque da França e Espanha. A experiência transmitidas pelos homólogos destes países e a presença das tropas portuguesas nestes navios permitiu o contacto com novos procedimentos de desembarque e de condução de operações anfíbias.




Em 2001 decorreu em Portugal um exercício combinado entre forças militares portuguesas e norte-americanas cujo objectivo era simular um ataque a um centro de comunicações pertencente a uma rede de tráfico de droga. Conjuntamente com forças militares norte-americanas o Destacamento de Acções Especiais realizou uma missão de assalto envolvendo helicópteros SA-330 Puma da Força Aérea, em cooperação com outro meios navais. Um importante ponto deste exercício foi a execução pela primeira vez de um salto de pára-quedas para água pelo Destacamento de Acções Especiais.







Aos exercícios constantes dos fuzileiros, juntam-se a experiência adquirida ao longo da história deste corpo, contribuindo com um conjunto de conhecimentos vitais para a realização com sucesso de operações de combate e de apoio às populações dentro e fora do território português.



Estrutura Operacional do Corpo de Fuzileiros



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