sexta-feira, 13 de julho de 2018

As mais Recentes Aquisições da Marinha do Brasil

Vídeo: mais detalhes do Porta-Helicópteros Atlântico A140

O Porta-Helicópteros Multipropósito (PHM) “Atlântico” foi incorporado à Marinha do Brasil no dia 29 de junho de 2018, em cerimônia realizada na cidade de Plymouth, na Inglaterra.


O navio era conhecido como HMS Ocean na Royal Navy e foi projetado para realizar, dentre outras tarefas, a projeção de poder sobre terra pelo mar e pelo ar.
O navio somará à Marinha do Brasil importantes capacidades anfíbias e de operações navais com helicópteros embarcados para a manutenção da segurança do Atlântico Sul e a defesa dos interesses marítimos do País em qualquer parte do planeta.
Projetado para operar com até sete aeronaves em seu convoo e 12 no hangar, pode transportar Grupamentos Operativos de 500 a 800 Fuzileiros Navais e projetá-los por movimentos helitransportados, ou por superfície, empregando suas quatro lanchas de desembarque, a partir de uma distância de até 200 milhas da costa (cerca de 321 km). Possui, ainda, diversas salas de planejamento para uso de Estado-Maior.
É dotado de um Sistema de Combate que integra o Sistema de Comando e Controle LPH CMS, quatro canhões de 30mm DS30M Mk2, dois Radares 1007, um Radar 1008 e do moderníssimo Radar Artisan 3D 997, com elevada capacidade de detecção e acompanhamento.
Nas próximas semanas, o navio passará por um intenso programa de treinamentos no porto e no mar com o reconhecido e rigoroso Centro de Instrução da Marinha do Reino Unido Flag Officer Sea Training. A chegada ao Brasil está prevista para o final de agosto, em data próxima ao aniversário da Aviação Naval.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

RIDEX 2018: 1ª edição da feira trouxe novidades no setor de Segurança e Defesa

SOBR - unidade especial de resposta rápida 2018

O Centro de Instrução de Blindados do Exército Brasileiro

Por que Brasil toma caminho de um aprimoramento cada vez maior das Forças Armadas?

O Brasil, tal como toda a região da América Latina, sempre se considerou como o continente mais pacífico do mundo, com um número mínimo de conflitos militares e guerras. A Sputnik Brasil falou com uma especialista para saber ao que se deve a crescente propensão dos Estados latino-americanos para aumentar seu poderio bélico.
Como já havíamos discutido com a brasilianista e especialista em assuntos latino-americanos, professora titular da Universidade de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO), Lyudmila Okuneva, a doutrina de segurança nacional brasileira pretende ser meramente defensiva, sendo a proteção da região da Amazônia um dos principais pilares dela.
Manobras conjuntas com Pentágono
Entretanto, isso não impediu que em novembro do ano passado os militares brasileiros participassem dos exercícios conjuntos com os EUA e outros Estados latino-americanos, AmazonLog 17, em pleno coração da Amazônia. Será que esse evento não contradiz o conceito de não intervenção externa na respectiva região?
"Aqui, talvez [os brasileiros] queiram ir atrás dos EUA ou aprender algo deles […] Aí, claro que vão participar das manobras. Claro que sim, para eles os EUA são, digamos, um parceiro que nunca iriam recusar, inclusive no campo militar. Mas sempre há um momento de ‘cooperação VS rivalidade", como acontecia na segunda metade do século XX e no início do século XXI […] Eles podem ser amigos, mas quando se pode desaprovar — eles desaprovam", explica a cientista política russa.
Como exemplo, a especialista cita o caso do bloco ALCA (Área de Livre Comércio das Américas), que foi descartado pelos Estados latino-americanos (inclusive o Brasil) na versão estadunidense, e o escândalo dos grampos que aconteceu no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Este, contudo, ficou de fato nivelado, uma vez que Brasília sentiu necessidade em investimentos e acabou com a normalização de relações e realização da visita anteriormente cancelada da mandatária do Brasil aos EUA.
"Quando eles entenderam, a própria Dilma entendeu que eram precisas tecnologias, era preciso cooperar e de alguma maneira virar essa página desagradável das relações bilaterais, ela o fez e foi para os EUA com uma visita de alto nível, […] ainda que uma semana antes da cúpula dos BRICS", argumenta Lyudmila Okuneva.
Desse jeito, enfatiza ela, o conceito da soberania brasileira em relação às regiões amazônicas e do Atlântico Sul não contradiz, de fato, a disponibilidade para realizar manobras com tais países como, em primeiro lugar, os EUA.
Projeto de submarino atômico
Mais cedo, houve informações que o Brasil finalmente retomou o projeto de construçãodo seu primeiro submarino nuclear, arrastado por causa das perturbações econômicas e políticas no Brasil.
Para alguns, pareceu um passo inesperado: é estranho ver uma das potências mais pacíficas no mundo planejando construir uma arma deste tipo, dado que ela está formalmente em disposição apenas dos cinco países-membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e participantes do chamado "clube nuclear" — Rússia, EUA, França, China e Reino Unido.
Mas na realidade este passo inscreve-se na doutrina puramente defensiva brasileira e está orientado a proteger o Atlântico Sul como zona dos interesses nacionais do Brasil. Por isso, adotaram um programa de reforço da Marinha até 2030, inclusive planejando construir cinco submarinos, sendo um deles nuclear. O objetivo dessa futura frota submarina é garantir a segurança, a navegação e o comércio no local, explica a professora.
Aspectos políticos
Assim, explica a interlocutora da Sputnik Brasil, o submarino nuclear serve, em primeiro lugar, para defender a "Amazônia Azul", ou seja, as reservas estratégicas do país. Mas, evidentemente, esse não é o único motivo.
Possuir esse submarino nuclear é uma coisa muito importante para eles, tanto mais que se considera que esse tipo de frota só existe nos cinco países-membros [permanentes] do Conselho de Segurança da ONU. Acredita-se que com essas tecnologias o Brasil seria capaz de ganhar mais argumentos para assumir a posição do membro permanente deste órgão, o que é a diretriz permanente da política externa do Brasil. É assim que se garantem os objetivos políticos hoje em dia — através do poderio militar", sublinha a especialista.
Segundo acredita Lyudmila Okuneva, tal postura brasileira é um ato para tentar se encaixar no quadro político mundial de hoje, que é cada vez mais norteado por fatores militares.
De fato, se está travando uma nova corrida armamentista, com todos os países como exemplo, até o Brasil, que é todo pacífico e não querendo intervir em nada, mas mesmo eles entendem que, se precisam de alguma argumentação para serem um membro permanente do Conselho de Segurança, têm que se reforçar desse modo", observa.
A respectiva observação, porém, tem a ver não só com o Brasil, mas com toda a região, tendo como uma ilustração a recente adesão da Colômbia à OTAN.
"Sempre acreditamos que a América Latina fosse um oásis de estabilidade, um oásis de desenvolvimento pacífico e contínuo, pois na 'época dourada' ela de fato se desenvolveu, havia uma conjuntura econômica global muito boa, eles [países latino-americanos] vendiam petróleo, vendiam 'commodities'", diz a pesquisadora.
"Mas em algum momento, a crise econômica e política chegou até à América Latina e esta se tornou uma zona de conflitos. Por enquanto, esses conflitos são sociais e políticos, mas quem sabe? Se tivessem mais dinheiro, também teriam seguido o caminho armamentista, de comprar e produzir armas?", resume a especialista.

Como Amazônia define doutrina da política externa brasileira

Não é de duvidar que a região amazônica seja crucial para sustentabilidade e bem-estar ecológico do Brasil como país. Mas será que sua influência vai além destes conceitos? Discutimos essas e outras questões com uma cientista política russa especializada em assuntos brasileiros.
Continuidade do paradigma
Em uma conversa com a Sputnik Brasil, a brasilianista e especialista em assuntos latino-americanos, professora titular da Universidade de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO), Lyudmila Okuneva, explicou que os princípios da política de defesa expostos em três documentos — Estratégia Nacional de Defesa, Política Nacional de Defesa e Livro Branco da Defesa Nacional do Brasil — têm sido permanentes desde o século passado, bem como os alicerces da política externa.
Essa, por sua vez, se baseia na busca da paz, na resolução de todos os conflitos através de negociações e na diplomacia econômica.
Entre os objetivos da política externa brasileira está a diplomacia econômica, ou seja, a participação do Brasil em todos os acordos e uniões econômicas possíveis. Acredito que no mundo não há uma entidade de integração ou comercial com que o Brasil não esteja relacionado", comenta a especialista, adiantando que isto é uma "caraterística tradicional" que permaneceu ainda desde a época pós-guerra (Segunda Guerra Mundial).
Assim, ressalta Lyudmila Okuneva, o país continua convivendo com os mesmos princípios, embora estes evidentemente tenham se encaixado em um cenário novo, dadas todas as perturbações políticas dos últimos anos e uma "ruptura muito séria" em todas as áreas políticas e econômicas.
Um exemplo disso é a intenção brasileira de virar uma verdadeira potência global, que parecia bem vigente até 2013, observa a analista. Porém, hoje em dia a crise econômica, que foi "promotora" da consequente debilitação política, não o permite nas proporções pensadas antes.
Baluarte amazônico
Falando sobre os principais fatores em que está montada a política de segurança nacional brasileira, Lyudmila Okuneva observa que essa sempre se manifestou como meramente "defensiva".
"Caso encaixemos nesse conceito de política externa, ou seja, nesse rumo constante, os objetivos de defesa e militares, não serão operações militares de qualquer tipo… De manutenção de paz, sim, nisso o Brasil ganhou renome nas Nações Unidas. Mas são operações de paz, não ações militares fora do país e assim por diante", explica.
Deste modo, conta ela, a doutrina militar brasileira de fato se foca na vigilância de um "país-continente", que tem a maior fronteira marítima no Atlântico de 7,4 mil quilômetros e uma fronteira terrestre de 16,5 mil quilômetros.
Claro que se deve proteger essa riqueza. E sua doutrina de defesa é focada nomeadamente na proteção daquilo que eles têm, o que foi expresso por absolutamente todos os presidentes, tanto Lula e todos antes dele, quanto o atual, Michel Temer", diz.
Os dois pilares em que se baseia a respectiva doutrina defensiva, observa, são as regiões da "Amazônia Verde" e "Amazônia Azul".
"Pois, eles [brasileiros] pretendem guardar este 'pulmão do planeta' e esta floresta amazônica […] da intervenção externa. Assim, por exemplo, Madeleine Albright, quando era secretária de Estado dos EUA na era Clinton [1997-2001], dizia que era preciso abrir tudo isso 'para a humanidade'… Abrir a todo o mundo em geral. Ela era uma adepta do globalismo completamente exagerado, o que, a propósito, resultou paradoxicamente dentro de muitos anos em uma reação extremamente dura representada pela postura de Donald Trump que, pelo contrário, abre mão de tudo isso. Porque o globalismo — tal como foi na época do final da década 90 e no início dos 2000 — já se esgotou", relembra a cientista política.
Tal postura de então governo dos EUA, observa Lyudmila Okuneva, provocou uma atitude muito negativa por parte do então governo brasileiro, que se apressou a demonstrar que não tem a mínima disposição de partilhar aquilo que lhe pertence por direito.
"Por que isso deve ser um patrimônio nacional? É um patrimônio de toda a humanidade!' — parecem palavras bonitas, mas de fato querem dizer que isso [a região amazônica] estaria aberto para todos e que todos os países poderiam, digamos, usá-lo… Naquele momento, o Brasil ficou preocupado e protestou muito", assinala.
Recursos estratégicos
Além de aspetos evidentes como a biodiversidade e a emissão de oxigênio, a Amazônia ainda conserva muitas riquezas que devem ser protegidas, destaca a especialista.
"Vale falar ainda da água potável, pois aí na Amazônia tem reservatórios que igualam 3,5 lagos Baikal [maior lago da Rússia, muitas vezes considerado até como um mar]", argumenta a especialista, acrescentando que, segundo numerosos prognósticos, a escassez de água potável será o maior pomo de discórdia em regiões conflituosas em um futuro breve, inclusive no Oriente Médio.
"Por isso, suas reservas gigantes de água potável também são sua riqueza inestimável e uma vantagem competitiva, pois se todos correrem para eles na busca desta água potável, eles [o Brasil] vão se tornar a potência 'primeira entre iguais", assegura.
Em vista disso, conta a especialista, a estratégia no campo de segurança nacional do Brasil tem como prioridade as regiões da Amazônia, do Atlântico Sul e a camada pré-sal.
"Aquilo que eles chamam de ‘Amazônia Azul' tem a ver com a plataforma continental, onde foram descobertas reservas enormes de petróleo, isto é, o pré-sal", diz. "Assim, se trata de uma estratégia meramente defensiva que visa guardar tudo isso. Eles não planejam atacar ninguém, pois não é próprio deles — a última guerra foi a do Paraguai, que começou em 1864."