terça-feira, 16 de julho de 2013

Golpistas aproveitam shows e futebol para espalhar vírus de celular

Um estudo de uma companhia de segurança digital revela que criminosos digitais têm se aproveitado do uso de celulares em grandes eventos, como shows e jogos de futebol, para infectar os aparelhos e roubar dados. A pesquisa da Norton, da Symantec, indica que o crescimento do uso dos dispositivos móveis nessas ocasiões tem chamado a intenção dos golpistas, que se aproveitam para espalhar softwares maliciosos.
No relatório Modern Fan (Fã Moderno, em tradução literal), a empresa observou que 88% dos brasileiros considera que o celular é o item pessoal que mais se leva para grandes eventos. Desse total, 87% usa o aparelho para fazer fotos e vídeos, e 71% compartilham os momentos em redes sociais como Facebook, Instagram, Twitter e Foursquare.
Outro estudo da Symantec indica que os malwares para dispositivos móveis cresceram 58% nos últimos 12 meses.
TERRA..SNB

Tribunal dos EUA abre caminho para fim de sigilo de dados do Yahoo!

Um tribunal dos Estados Unidos responsável por supervisionar os programas de vigilância revelados por Edward Snowden determinou ao governo que decida quais documentos podem perder o sigilo no que diz respeito ao grupo Yahoo!.
Deppois das revelações do ex-consultor de inteligência, o Yahoo!, assim como outros grupos de internet, solicitou a divulgação das decisões desse tribunal secreto, denominado Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISC, na sigla em inglês).Mas o Departamento de Justiça não adotou nenhuma posição sobre o pedido, de acordo com um documento divulgado na segunda-feira pelo FISC. O juiz do FISC Reggie Walton afirmou que o Departamento de Justiça deve tratar o caso com "prioridade".
Em 2008, o FISC ordenou a vários grupos de Internet - incluindo o Yahoo! - que permitissem o acesso do governo a seus dados, por meio do programa de monitoração chamado Prism, revelado por Snowden. Outros grupos como Google e Microsoft também exigem o fim do sigilo das decisões do FISC.
Os grupos informaram que permitiram o acesso do governo a seus dados em resposta aos pedidos do FISC, mas negaram que o governo dos Estados Unidos tenha um acesso amplo e direto a seus servidores.
Snowden revelou em particular a existência de dois programas de vigilância dos Estados Unidos: um que compila os dados das comunicações telefônicas de milhões de americanos e outro, denominado Prism, vigia as comunicações eletrônicas de estrangeiros.
AFP

...SNB

Google é processado por coleta de dados de brasileiros no Street View

O Instituto Brasileiro de Política e Direito da Informática (IBDI) entrou na justiça para obter esclarecimentos do Google sobre a coleta de informações sigilosas de brasileiros, pelo Google, durante o mapeamento das ruas para o serviço Street View. Segundo o órgão, a justiça concedeu uma liminar no último dia 9 obrigando a companhia americana a fornecer as informações em até cinco dias após a intimação pessoal, que ainda não aconteceu.
Os carros do Google Street View começaram a circular no País em 2009. Segundo o IBDI, "por meio do acesso a redes de internet sem fio abertas, a empresa coletou dados sigilosos e pessoais de brasileiros, assim como fez em cerca de 30 países onde já há denúncias similares". "A empresa americana já foi condenada no exterior por interceptar comunicações eletrônicas, e-mails, senhas, fotos e dados pessoais nas cidades em que os automóveis circularam, e assumiu ter feito o mesmo no Brasil", afirmou o instituto em nota.O IBDI afirma que já havia notificado extrajudicialmente o Google para saber se a mesma coleta indevida de informações havia ocorrido no Brasil, o que teria sido confirmado pela empresa, "mas disse que havia desinstalado os equipamentos dos carros em maio de 2010, alegando que o objetivo deles era apenas ter acesso a redes de internet sem fio. Segundo o Google, as informações foram coletadas sem intenção e estão guardadas de modo inacessível".
O IBDI resolveu acionar a Justiça após ter negado o acesso a detalhes dos equipamentos utilizados e dos locais em que as informações sigilosas estavam armazenadas. O advogado do IBDI responsável pelo caso, Sérgio Palomares, disse ao Terra que, caso o Google não forneça as informações, o órgão irá ajuizar uma ação coletiva contra a companhia.
"O Google sempre se preocupa com o respeito à privacidade. Todos os aspectos relacionados à coleta de dados no projeto Street View foram endereçados tão logo identificados em 2010, e não há nenhum fato novo", afirmou a empresa em nota enviada ao Terra.
No começo deste ano, o IBDI entrou com um processo contra a Apple por "obsolência planejada". O foco da ação era o iPad 4, lançado em 23 de outubro do ano passado, sete meses depois da geração anterior. Segundo o órgão, a Apple lançou um aparelho sabendo que ficaria ultrapassado num tempo menor que o usual. 
TERRA...SNB

Hackers vendem brechas a governos interessados em ciberespionagem

Da África do Sul à Coreia do Sul, o negócio de descobrir brechas de seguranças e bugs em sistemas está crescendo para os hackers, segundo reportagem do The New York Times. As falhas encontradas pelos programadores podem dar acesso a sistemas como o Windows, da Microsoft, e permitir ao comprador do segredo acesso ao computador de qualquer companhia ou governo que use o sistema.
Até alguns anos atrás, os bugs descobertos eram vendidos às próprias fabricantes do software defeituoso. Microsoft e Apple, por exemplo, pagam por essas informações - e Redmond inclusive aumentou o valor máximo por erro para US$ 150 mil no mês passado. O Facebook gastou US$ 1 milhão desde 2011, quando iniciou seu programa de recompensas, e o Google paga até US$ 20 mil por falhas encontradas no navegador Chrome. A Apple não tem uma iniciativa de recompensa, e diz-se no ramo que uma falha no iOS uma vez foi vendida por US$ 500 mil.​Mas atualmente os governos pagam por esse tipo de informação do que as companhias desenvolvedoras dos softwares, uma vez que países podem explorar os dados para conseguir estar à frente - ainda que por tempo limitado - de nações rivais com que travam disputas. De acordo com companhias do setor, uma falha custa hoje, em média, entre US$ 35 mil e US$ 160 mil. Um dos modelos de negócio exige US$ 100 mil de assinatura anual, para olhar o "catálogo" de falhas e, uma vez escolhida a brecha desejada, cobra por cada item separadamente.
Os profissionais do ramo chamam essas falhas de "zero days" - algo como "tempo zero", em tradução livre -, em referência ao fato de que o usuário não tem tempo nenhum de se proteger: a falha vendida pode ser usada imediatamente por quem a comprar.
"Governos estão começando a dizer, 'para proteger meu país, preciso encontrar vulnerabilidades em outras nações'", afirma Howard Schmidt, ex-coordenador de cibersegurança da Casa Branca. "O problema é que estamos essencialmente ficando menos seguros", contrapõe.
O jornal americano cita dados da Symantec de que falhas 'zero days' persistem por cerca de 312 antes de ser detectada - nesse tempo, a brecha pode ser explorada por golpistas ou governos. Os Estados Unidos seriam um dos países compradores desse tipo de informação, de acordo com os dados vazados pelo ex-agente da CIA Edward Snowden sobre o esquema de vigilância em massa do governo americano através da agência nacional de segurança ianque (NSA).
Mas os EUA não estariam sozinhos. Israel, Reino Unido, Rússia, Índia e Brasil investiriam pesado na compra desses bugs. A Coreia do Norte e agências de inteligência em alguns países do Oriente Médio também, segundo Luigi Auriemma e Donato Ferrante, dois profissionais do ramo que moram em Malta e falaram ao NYT. De acordo com o Centro para Estratégias e Estudos Internacional, de Washington, países da Ásia como Malásia e Singapura, completam a lista.
A negociação entre hackers e governos é feita por corretores, que cobram 15% do valor do negócio em comissão. Em alguns casos, o programador que descobre a falha ganha um adicional por cada mês em que o bug não é arrumado - ou seja, em que a brecha continua aberta ao invasor.
Mas o lado confidencial é essencial ao negócio desses corretores. Um dos mias famosos, que atua de Bangcoc e atende na conta Grugq do Twitter, deu entrevista à revista Forbes no ano passado e viu as transações diminuírem, porque os clientes ficaram desconfiados.
Apesar disso, de acordo com o jornal americano, a abordagem não precisa ser discreta. A reportagem cita quatro startups que anunciam que vendem vulnerabilidades para fins de ciberespionagem e, em alguns casos, ciberataque.
Uma delas, onde atua um ex-gerente da NSA, afirma que oferece suas ferramentas para encontrar brechas primeiramente ao governo americano. Outra, diz que todos os seus clientes são americanos. Uma terceira alega que não vende a países com os quais a União Europeia, os EUA ou a ONU têm embargo.
O mercado, alegam todos os players, começou a crescer em 2010, quando Estados Unidos e Israel compraram falhas para atacar o sistema iraniano de enriquecimento de uranio. Agora, mais países pagam, e pagam melhor, para obter essas informações. Hackers afirmam que não é possível escolher os clientes, ou o profissional acaba "escanteado". Alguns, inclusive, defendem que não se deve entregar de graça conhecimento profissional. "Há sempre alguém interessado em pagar", lamenta Schmidt, ex-Casa Branca.
TERRA..SNB

segunda-feira, 15 de julho de 2013

EUA apresentam robô humanoide para atuar em emergências


A Darpa, agência de desenvolvimento tecnológico do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, apresentou seu robô Atlas.
Com dois braços, duas pernas, 1,80 metro de altura e 150 quilos, tem o que seus criadores chamam de "antropometria quase humana".
O robô está sendo desenvolvido para atuar em situações de emergência onde atividades normalmente desempenhadas pelo corpo humano - como acionar alavancas, apertar botões ou abrir portas - são necessárias, mas onde pessoas de carne e osso não teriam chance de sobreviver, como acidentes graves em instalações nucleares.
A Darpa estabeleceu um prêmio de US$ 2 milhões para que equipes de pesquisadores criem softwares para ensinar ao robô a fazer coisas como fechar válvulas ou acionar interruptores.
Durante a apresentação ao público, o Atlas moveu as mãos como se estivesse dando cartas numa mesa, e caminhou. O robô foi projetado pela empresa Boston Dynamics.
De acordo com reportagem sobre o robô publicada no jornal The New York Times, embora sistemas robóticos - softwares - já sejam capazes de pilotar aviões ou guiar automóveis, a complexidade envolvida em comandar de um corpo semelhante ao humano é muito maior, e ainda deve demorar para que modelos baseados no Atlas possam realmente ir a campo.
Gill Pratt, um administrador da Darpa, mencionou os 19 bombeiros americanos que morreram em ação no Arizona, na semana passada. "Muitos de nós, no campo da robótica, vemos eventos assim no noticiário, e o que nos comove profundamente é um sentimento de, não poderíamos fazer melhor?", disse.
Pratt disse que a versão atual do Atlas é como uma criança de um ano de idade, mas deve aprender depressa.
SNB

Nave espacial europeia passa pelo primeiro teste

Descida controlada
Depois de alguns adiamentos, a futura nave espacial europeia passou pelo primeiro de seus testes - uma descida controlada no mar.
A nave IXV (Intermediate eXperimental Vehicle, ou Veículo Experimental Intermediário) terá como principal característica um sistema ativo de controle na reentrada na atmosfera.
Além de testar a própria nave, a Agência Espacial Europeia (ESA) precisava avaliar o sistema de recuperação da nave no oceano, que não poderá ter falhas quando houver astronautas a bordo.
E os testes mostraram seu valor: os balões de flutuação, que mantêm a nave na superfície da água, não inflaram como esperado, embora sem deixar a IXV afundar.
O protótipo foi liberado por um helicóptero de uma altitude de 3.000 metros, caindo até atingir a velocidade que terá quando estiver retornando do espaço.

Um sistema de atuadores não-explosivos abriu então os pára-quedas, reduzindo a velocidade a 7 m/s, segura para a queda na água.Sistema de pouso na água
Segundo a ESA, o teste serviu para avaliar todo o sistema de descida e pouso na água, incluindo a ejeção das duas proteções térmicas que cobrem os pára-quedas, o disparo de 16 atuadores não-explosivos para liberar os quatro painéis cobrindo os balões de flutuação, a detecção do impacto na água, a ejeção das balizas de sinalização e a emissão de um sinal para que o satélite Cospas-Sarsat possa apontar a localização precisa da nave no mar.
Ainda não há data marcada para o primeiro voo ao espaço da nave, que deverá fazer uma órbita completa em torno da Terra, caindo no mar para um teste final.
A IXV pesa 1.800 kg, e terá versões para carga e para tripulantes.
Ela deverá ser a sucessora dos cargueiros não-tripulados ATV (Veículo de Transferência Automatizado), que atualmente abastecem a Estação Espacial 
SNB

Exoplaneta é mais azul do que a Terra

Cor dos exoplanetas
O telescópio espacial Hubble conseguiu observar pela primeira vez a cor de um exoplaneta, um planeta que orbita outra estrela, a 63 anos-luz de distância.
O planeta é conhecido como HD 189733b, um dos exoplanetas mais próximos de nós dentre aqueles que podem ser vistos cruzando à frente de sua estrela - uma técnica conhecida como trânsito planetário.
Observando em luz visível, o Hubble mediu as mudanças na cor da luz do planeta, antes, durante e depois de ele passar por trás da sua estrela.
"Nós vimos a luz tornando-se menos brilhante no azul, mas não no verde ou no vermelho. Houve menos luz azul, mas não vermelha, quando ele ficou escondido. Isso significa que o objeto que desapareceu era azul," explica o astrônomo Frederic Pont, da Universidade de Exeter, na Inglaterra, membro da equipe que fez a análise.

O Hubble já fez várias observações do HD 189733b, uma das quais já havia dado indícios de espalhamento de uma luz azul pelo planeta. As novas observações confirmaram a suspeita
Chuva de vidro
Se pudéssemos olhar para ele diretamente, este exoplaneta seria azul profundo, mais azul do que a própria Terra.
Mas as comparações terminam aí.
O HD 189733b pertence a uma classe de planetas, chamados Júpiteres quentes.
Ele está a apenas 2,9 milhões de quilômetros da sua estrela-mãe, tão perto que ele é gravitacionalmente "travado" - um lado está sempre voltado para a estrela e do outro lado é sempre escuro.
A temperatura durante o dia na face voltada para a estrela fica próxima dos 1.100 graus centígrados.
O mais impressionante é que lá deve chover vidro, em tempestades com ventos soprando a mais de 7.000 km/h.

É essa atmosfera bizarra que explica a cor azul profunda do planeta. Suas nuvens de grande altitude contêm partículas de silicatos, que se condensam devido ao calor, formando pequenas gotas de vidro que refletem a luz azul mais do que outros comprimentos de onda.
SNB

Uma guerra cibernética já está em andamento, diz UIT

GENEBRA – O mundo já vive “uma guerra cibernética” e a prática de espionagem na rede – denunciada nos últimas semanas – é algo generalizado entre os governos. O alerta é do secretário-geral da União Internacional de Telecomunicações, Hamadoun Touré, em coletiva de imprensa na manhã de hoje em Genebra.
Sua entidade tem sido o foco de governos de vários países, entre eles o Brasil, que pressionam para que a polêmica da espionagem por parte dos EUA seja tratada pela UIT, na forma de um acordo internacional.
Touré saiu em defesa de um entendimento entre governos e insiste que chegou a hora de um “tratado de paz cibernético”. Mas alerta que o desafío não será pequeno.
“Sabemos que todos os países estão fazendo isso (espionagem)”, declarou. “Eu conversava com um embaixador outro dia que me confessou: não sei porque estão todos surpresos diante das histórias de espionagem.  Todos fazemos isso”, contou.
Touré, diretor máximo da UIT, admite que seus próprios emails estão sendo lidos. “Você acha que meu email é seguro?”, questionou. “Eu seria estúpido se achasse isso”, disse, lembrando que até os emails do diretor da CIA são revisados.
“Já existe uma guerra cibernética ocorrendo, lamentavelmente”, constatou. “Mas ainda acho que a melhor forma de vencer é vence-la”, disse. “Não existirá vencedor, assim como na guerra tradicional. Tudo será destruição”, insistiu.
“Governos devem parar de realizar essas ações e apenas uma organização internacional pode trazer a uma mesma mesa governos para debater o assunto”, completou.
jamil-chade
 .estadao.com.br ,...SNB

Defesa destaca urgência de o País ter seu satélite

ÂNIA MONTEIRO, LISANDRA PARAGUASSU, BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
As denúncias de violação de telefonemas e transmissão de dados de empresas e cidadãos brasileiros serviram para reforçar a tese das Forças Armadas da necessidade de o Brasil dispor de seu próprio satélite de comunicação militar, em vez de continuar alugando a Banda X do satélite para a Embratel, cujo controlador é a mexicana Telmex, ao custo anual de R$ 14 milhões, como ocorre hoje.
Nas reuniões de governo dos últimos dias, o Ministério da Defesa tratou da preocupação dos militares e a necessidade de acelerar o investimento. A expectativa é a de que o episódio seja decisivo para que não ocorram novos atrasos na licitação para a construção do satélite, que está em andamento. E sejam garantidos os recursos para que o satélite fique pronto e entre em operação, em uma nova estimativa otimista, em abril de 2016.
Em 2009, quando foi mais uma vez prometida a construção do satélite geoestacionário brasileiro, a previsão era que sua entrada em operação ocorreria em 2014, ao custo de R$ 700 milhões, na época. Agora, a expectativa de gastos já ultrapassa a casa do R$ 1 bilhão.
Desde que surgiram as informações sobre a violação do sigilo de e-mails e telefonemas de autoridades brasileiras, ficou no ar a pergunta a respeito da segurança das correspondências de funcionários de alto escalão. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República informou ao Estado que costuma renovar os "tipos de criptografia usados para proteger as informações sensíveis do governo federal".
Para garantir o sigilo das comunicações feitas pelo governo, o GSI informou que dispõe do Centro de Tratamento de Incidentes de Rede (CTirGov), que pertence ao Departamento de Segurança e Informação.
Mas o Brasil depende de empresas estrangeiras para estabelecer canais de comunicação via satélite dentro do próprio território. Dos oito satélites utilizados pelo País para esse fim, nenhum é estatal. Para dar conta dessa demanda, o Brasil aluga os equipamentos ao custo anual de mais de R$ 100 milhões. O sistema em licitação é para o projeto do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC).
Para tal, foi criada a empresa Visiona Tecnologia Espacial SA, parceria entre a Telebrás e a Embraer. A conclusão da licitação deve ocorrer no fim do mês e espera-se que o contrato seja assinado no final de agosto. A estimativa de entrada em operação é de 32 meses após a assinatura do contrato, ou seja, abril de 2016, se houver vontade política e não ocorrerem novos atrasos. O novo satélite triplicará a capacidade de utilização do sistema.
A preocupação de possuir um satélite próprio é antiga no País. O governo brasileiro também tenta, há anos, desenvolver um veículo lançador de satélites para ser usado na base de Alcântara, mas até hoje não teve sucesso. Da mesma forma, os servidores-raiz da internet, por onde passa todo fluxo de informações via rede mundial, são controlados pelo Departamento de Comércio dos EUA. Até mesmo as redes de fibra ótica que conectam a maior parte dos países passam pelo território americano.
Em 2003, o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, foi incendiado na explosão do foguete VLS. Passados dez anos, a infraestrutura da base ainda não está 100% recuperada.
SNB

domingo, 14 de julho de 2013

Israel pode agir contra o Irã antes dos EUA, diz primeiro-ministro

O Irã está se aproximando "cada vez mais" da produção de uma arma nuclear e Israel pode agir antes dos Estados Unidos, advertiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, neste domingo (14).
"Estão se aproximando cada vez mais da linha vermelha, embora ainda não a tenham atravessado", afirmou Netanyahu ao programa "Face the Nation", da rede CBS News.
Netanyahu explicou que Israel tem um calendário mais curto do que Washington, o que implica a possibilidade de ações unilaterais para acabar com o polêmico programa nuclear iraniano.
"Nossos relógios estão marcando um ritmo diferente. Nós estamos mais perto deles que os Estados Unidos. Somos mais vulneráveis e, portanto, teremos que solucionar esta questão de como deter o Irã, talvez antes que os Estados Unidos o façam", disse.
Netanyahu afirmou que os iranianos estão construindo "centrífugas mais rápidas que os permitirão cruzar a linha a uma velocidade muito maior, isto é, dentro de algumas semanas".
Ele também se mostrou cético em relação à possibilidade de mudança de postura do novo presidente iraniano, o clérigo moderado e ex-negociador nuclear Hassan Rohani, que assumirá o poder em 3 de agosto.
"Ele critica seu antecessor (o presidente Mahmud Ahmadinejad) por ser um lobo e ter a pele de um lobo. Sua estratégia será a de um lobo com pele de cordeiro, sorrir e produzir uma bomba", afirmou Netanyahu.
O líder israelense pediu que os EUA deixem claro para Rohani que não permitirão que o Irã construa uma arma nuclear e que a força militar "esteja realmente sobre a mesa".
"Se as sanções não funcionarem, saibam que estamos preparados para realizar ações militares, é a única coisa em que prestarão atenção", afirmou.
O Ocidente defende que o Irã está desenvolvendo uma arma nuclear, enquanto Teerã insiste que seu programa tem fins totalmente pacíficos.
As sanções econômicas causaram o isolamento do país islâmico.
SNB

Brasil gasta só 8,9% do previsto com defesa cibernética

Maneira oficial mais direta de prevenir espionagens e ataques de hackers contra sistemas sensíveis do Estado, a política de defesa cibernética comandada pelo Exército Brasileiro ainda engatinha em termos orçamentários.
Mais que isso, como revela levantamento feito pela Folha nos detalhes de gastos dessas ações, o pouco dinheiro usado é direcionado para iniciativas sem relação direta com segurança de redes de informações estratégicas.
O objetivo da "Implantação do Sistema de Defesa Cibernética", que faz parte da Política Nacional de Defesa, é claro: contribuir "com o esforço governamental para garantir o funcionamento de setores essenciais ao desenvolvimento econômico e social do país de maneira contínua e confiável".
Neste ano, R$ 90 milhões foram reservados para a missão --menos que os R$ 100 milhões citados pelo ministro Celso Amorim (Defesa) em depoimento no Congresso nesta semana, após a revelação de que o Brasil é um dos principais alvos do esquema de espionagem americano delatado pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden.
No entanto, até a última quarta-feira, apenas R$ 8 milhões (8,9%) tinham sido usados --no jargão orçamentário, "empenhados", ou seja, dinheiro garantido para fornecedores.
Quase a metade desse valor foi destinada para a compra de jipes militares e cabines para a instalação de estações de comunicação. O edital da licitação deixa claro que o objetivo central da compra é o uso em combate ou situações de tensão social.
O mecanismo permite a transmissão de imagens e acesso à internet mesmo longe de centros urbanos. Mas não tem qualquer relação direta com prevenção de ataques de hackers ou espionagem de fluxo de dados.
Outros R$ 282 mil foram gastos em equipamentos e acessórios para garantir a segurança do prédio do Centro de Inteligência do Exército, em Brasília. Na lista, adesivos para carros, cartões magnéticos, cancelas e catracas.
Uma das funções do Sistema de Defesa Cibernética é estimular a capacitação de profissionais --no caso, militares-- na área. No entanto, esse tipo de iniciativa também está em baixa.
Neste ano, apenas três militares, segundo o detalhamento da execução orçamentária, foram custeados pela rubrica para se aperfeiçoarem no exterior.
Um deles foi o general José Carlos dos Santos, comandante do Centro de Defesa Cibernética do Exército.
Acompanhado de um tenente-coronel, passou uma semana no Reino Unido, conhecendo as instalações de uma unidade semelhante do Ministério da Defesa local.
O valor gasto com as passagens desses militares foi de R$ 21,4 mil, inferior aos R$ 26,4 mil gastos pelo Exército com um serviço de bufê para atender aos participantes do Seminário de Inteligência Cibernética, realizado em Brasília.
Somente o deslocamento de ida e volta do general consumiu R$ 13,7 mil --ele viajou em classe executiva, conforme norma do Exército para oficiais de sua patente.
OUTRO LADO
O Comando do Exército defendeu, em nota, o uso feito dos recursos destinados neste ano à implantação do Sistema de Defesa Cibernética.
No caso da compra dos jipes e cabines, por exemplo, o Exército afirma que essas unidades móveis de comunicação "atuarão em rede" e que, portanto, estão englobadas no propósito da estratégia cibernética, que prevê "atuação em rede e a defesa dessas redes contra ataques".
Em relação à proteção da portaria do Centro de Inteligência do Exército, o argumento é parecido: o projeto de defesa cibernética prevê atuação na área de "inteligência".
Como o centro de inteligência tem "sistemas delicados", inclusive na área cibernética, a segurança dessas instalações é necessária.
Sobre o dinheiro investido em capacitações, o Exército destaca cursos e outros eventos realizados em território nacional, além de idas a diversos países --mas ao longo dos últimos anos, e não somente em 2013.
Entre os países visitados, conforme o Exército, estão Estados Unidos, Índia, Suécia, Turquia, Argentina, Colômbia e Chile.
Em nota divulgada após a publicação da reportagem, o assessor especial de comunicação do Ministério da Defesa afirma que "o fato de, até o momento, ter havido o empenho de apenas parte desse valor não significa que os recursos não serão desembolsados ao longo deste exercício financeiro" e que "o orçamento da área cibernética tem histórico de execução que registra uma concentração de empenho dos recursos no segundo semestre do ano".
*
Leia a íntegra da nota:
"A propósito da matéria publicada nesta Folha na edição de hoje, 14/07, com o título 'Brasil gasta só 8,9% do previsto com defesa cibernética', esclareço:
A Lei Orçamentária Anual (LOA) prevê investimentos de R$ 90 milhões para as ações da defesa cibernética em 2013. O fato de, até o momento, ter havido o empenho de apenas parte desse valor não significa que os recursos não serão desembolsados ao longo deste exercício financeiro. O orçamento da área cibernética tem histórico de execução que registra uma concentração de empenho dos recursos no segundo semestre do ano. Há projetos e contratações em curso no âmbito da defesa cibernética este ano que permitem a execução integral do montante financeiro previsto na LOA. A previsão de recursos inserida na LOA também não impede eventual destinação de crédito adicional para a área, como ocorreu no ano passado em razão da conferência Rio+20.
Luiz Gustavo Rabelo
Assessor Especial de Comunicação Social do Ministério da Defesa"
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA
FOLHA... SNB

HUMILHADO, ELE SE CALOU

Assim como se queixa de ter sido "humilhado", porque, sob suspeita de dar fuga a um procurado pelo governo dos Estados Unidos, seu avião foi impedido de sobrevoar o espaço aéreo de países europeus, o cocaleiro presidente da Bolívia, Evo Morales, impôs uma humilhação ultrajante ao nanoministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, no final de 2012, em episódio mantido em segredo pelo governo brasileiro até agora. Amorim visitara La Paz e se preparava para decolar quando seu avião foi cercado e revistado, inclusive com cães farejadores, a mando do cocaleiro, desconfiado que o ex-chanceler do governo Lula levava um senador de oposição asilado na embaixada do Brasil. A informação é de diplomatas e funcionários que não podem ser identificados, em razão de represálias. A humilhação ao Brasil foi ainda maior, considerando que o ministro era transportado por um avião da FAB.
Esta semana, Morales exigiu e obteve a solidariedade dos parceiros do Mercosul, mas ele se comporta exatamente como seus supostos detratores, mantendo cerco em La Paz à versão boliviana do ex-agente americano Edward Snowden. O senador oposicionista Roger Pinto Molina se viu obrigado a pedir asilo político à embaixada do Brasil em La Paz, onde se encontra há mais de um ano. Ele quer deixar a Bolívia, porque teme até ser assassinado, mas Morales se recusa a conceder-lhe salvo conduto, para sair da embaixada em segurança até sair do país.O governo brasileiro novamente se acovardou, diante da agressão ao ministro da Defesa, e apenas emitiu na ocasião uma "nota de protesto" que permaneceu secreta, ou seja, apenas foi lida pelo destinatário - que, claro, a ignorou.
Além do senador Moloina, há muitos bolivianos asilados, tentando se proteger da perseguição de Evo Moraes. Inclusive um candidato à presidência e também magistrados que ousaram prolatar sentenças contra o governo do cocaleiro,  tiveram de se asilar para não morrerem.
Habeas corpus extraterritorial
O jurista Fernando Tiburcio Pena, que defende o senador Roger Pinto Molina, impetrou um "habeas corpus extraterritorial", junto ao Supremo Tribunal Federal. Trata-se do primeiro caso do gênero no Brasil, segundo explica o advogado, que usa como precedente uma decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, que entendeu cabível o direito de habeas corpus a um prisioneiro em Guantánamo. O habeas corpus deve ser julgado em agosto no plenário do STF. O objetivo da medida é obrigar o governo brasileiro a colocar à disposição do senador um veículo diplomático, para que ele possa deixar o território boliviano sob a jurisdição do Brasil durante todo o percurso. Veículo diplomático é protegido pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e, em razão disso, o senador não poderá ser removido à força do carro. Mas a Bolívia de Evo Morales não costuma respeitar regras e tratados internacionais, nem muito menos os mais elementares princípios democráticos.

Repórter: Documentos do Snowden poderia ser "Worst Nightmare 'EUA

RIA Novosti) - A jornalista que foi o primeiro a publicar documento secreto vazado por Edward Snowden, disse no sábado o contratante fugitivo de inteligência dos EUA controla as informações que poderiam tornar-se "pior pesadelo" do governo dos EUA se revelou.
Em entrevista ao jornal argentino La Nación, feita durante sua visita ao Rio de Janeiro, jornalista do Guardian Glenn Greenwald disse Snowden tem informações mais prejudicial armazenados em diferentes partes do mundo.
"Snowden tem informação suficiente para causar mais danos ao governo dos EUA em um único minuto do que qualquer outra pessoa já teve", Greenwald foi citado pela Reuters.
"O governo dos EUA deve ser de joelhos todos os dias pedindo que nada acontecerá com Snowden, porque se algo acontecer com ele, todas as informações serão reveladas e que poderia ser o seu pior pesadelo", disse ele.
Snowden, que é procurado por Washington sob a acusação de espionagem e roubo de propriedade depois que ele vazou detalhes de programas secretos de vigilância do Estado, foi escondido numa zona de trânsito no aeroporto de Moscovodesde a sua chegada em 23 de junho de vôo a partir de Hong Kong.
Durante uma reunião com uma dúzia de proeminentes advogados russos e ativistas de direitos no aeroporto na sexta-feira, Snowden anunciou planos para pedir asilo temporário na Rússia na esperança de arranjar uma eventual passagem segura para a América Latina.
SNB

Topol-M prepara-se para lançamento


Jornalistas e cadetes futuros foram mostrados um direito lançador Topol-M após exames de entrada para a Academia das Forças de Mísseis Estratégicos da Rússia (SMF). Assista a um vídeo RIA Novosti, mostrando a preparação do míssil balístico para o lançamento.
O míssil Topol-M, com um alcance de cerca de 7.000 milhas (11.000 km), é dito ser imune a qualquer defesa de mísseis anti-balísticos atual e planejada dos EUA. Ele é capaz de fazer manobras evasivas para evitar uma matança usando o terminal fase interceptores, e carrega segmentação contramedidas e chamarizes.
O SMF são susceptíveis de ser equipado com mais de 170 Topol-Ms (baseado em silos e móvel) em 2020.
RIA Novosti
SNB

Brasil exigirá respeito à privacidade na rede

U AIKO OTTA, EDUARDO RODRIGUES / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O governo brasileiro não tinha uma política unificada para a internet, disse ao Estado o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Vários órgãos cuidam de aspectos específicos da rede, mas a denúncia de espionagem de telefonemas e transmissão de dados de empresas e de pessoas do Brasil pelos EUA mostrou a necessidade de maior articulação.
Agora, a reação do governo segue três frentes: levantar na Organização das Nações Unidas uma discussão sobre a governança da rede mundial de computadores, investir mais em infraestrutura de rede no País e garantir o livre uso da internet com respeito à liberdade individual.
Nessa última área, técnicos analisam com lupa as políticas de privacidade de sites como Facebook e Google para ver se as autorizações contidas nelas estão ou não de acordo com a legislação brasileira. O governo também quer obrigar esses sites a manter cópias de dados no Brasil. A seguir, os principais trechos da entrevista com o ministro das Comunicações.
A revelação da rede de espionagem vai mudar a internet?
Estamos verificando que essas denúncias representam uma grave ameaça a essa imagem que a internet tem, de ambiente livre e democrático, onde você pode exercer o seu direito de escolha. Ao se manter essa tendência de controlar tudo e saber tudo o que as pessoas estão fazendo - até mesmo o conteúdo do seu e-mail -, nós podemos ter uma reversão e as pessoas vão começar a se policiar, se autocensurar. Teremos, com isso, uma situação não de liberdade, mas de autocensura. Isso é inaceitável.
O que fazer?
Isso não vai ser resolvido no Brasil. O problema é que a internet tem regras de governança exclusivamente ditadas pelos EUA, por meio de uma entidade privada ligada ao Departamento do Comércio. Temos defendido que é preciso ter governança multilateral e multissetorial. Países e sociedades têm que estar representados. Mas os EUA resistem muito e barram qualquer tentativa de discussão em fóruns internacionais.
Parece que há uma discussão difícil pela frente. Como conciliar liberdade e segurança?
Não sou contra ter segurança na internet, assim como você faz vigilância em aeroportos, em fronteiras. Mas você não faz isso devassando a vida das pessoas. Várias pessoas falam: "Se você está na internet, você está em um ambiente público". Uma coisa é você compartilhar aquilo que você faz em ambiente público na internet. Outra, que não é normal, é que alguém leia seus e-mails. Essa separação entre a vida pública e a vida privada tem de ser feita também na internet. Uma coisa é ter segurança para todos, outra coisa é permitir que se faça uma devassa na vida pública. Até porque tem uma parte dessa espionagem que se torna bisbilhotice.
O senhor esteve com o embaixador dos EUA, Thomas Shannon. Eles estão mostrando disposição em cooperar ou estão reticentes?
As duas coisas. Na conversa, o embaixador deu elementos para concluirmos que eles não estão negando que aconteça (a espionagem). Há uma coleta de informações no nível de metadados, que são informações agregadas sobre telefonemas e e-mails. Há processamento desses metadados e, eventualmente, se entra de forma mais aprofundada nessas informações. Ora, se ele pode ver os metadados e depois, se precisar, ver a gravação, tem de ter a gravação de tudo. Se vai ver o conteúdo do e-mail, é porque tem cópia.
Como relativizar o domínio dos EUA na rede?
O nível de concentração de empresas americanas de internet é colossal. Além disso, como os datacenters são todos quase que invariavelmente situados nos EUA, você está sempre se comunicando com servidores americanos. Criamos incentivos a datacenters no Brasil e tiramos todos os impostos para a compra de equipamentos. Mas eu acho que vamos ter de obrigá-los a armazenar os dados aqui.
Por quê?
Por um motivo também de soberania nacional. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) esteve investigando um caso de lavagem de dinheiro e pediu para o Google cópias de um e-mail, mas não conseguiu porque os dados ficam guardados nos EUA. Com essas denúncias, vimos que lá eles entregam tudo. Aqui, alegam que não podem entregar. O ideal seria a empresa manter o registro aqui, para que os dados estejam disponíveis se a Justiça brasileira pedir. Isso não estava originalmente no marco civil da internet, mas agora estamos discutindo essa inclusão.
O governo discute também um anteprojeto de lei sobre segurança de dados. O que vai propor?
Mesmo antes de as denúncias de espionagem atingirem o Brasil, eu já tinha enviado ao ministro (da Justiça, José Eduardo) Cardozo a minha avaliação de que nós precisaríamos acelerar o aperfeiçoamento da legislação. Essa lei trata de armazenamento e proteção de dados pessoais. Deve estar pronta entre 10 e 15 dias e deve ser enviada ao Congresso no segundo semestre. É um texto mais abrangente que abarca também os dados eletrônicos.
Os sites têm políticas de privacidade com as quais é preciso concordar para ter acesso aos serviços. Então, eles têm autorização para compartilhar dados, não?
A maioria das pessoas nem lê direito aquilo, mas sabe que alguém ganha dinheiro com os dados. Ali, está sendo dada uma autorização às empresas (para ter acesso aos dados), mas não acredito que as pessoas pensem que o conteúdo dos e-mails será lido, ou pior, que será entregue a uma agência de segurança dos EUA. Também duvido que a legislação brasileira considere que a autorização de pegar dados também sirva para fornecê-los a terceiros. É uma coisa a se pensar, em se fazer uma legislação que fale: "Olha, não é válida uma autorização que seja tão ampla que possa se voltar contra os direitos dos usuários". Estamos avaliando se as cláusulas estão de acordo com a norma brasileira.
Quando o sr. fala que a sociedade civil deveria participar da governança da internet, o que tem em mente?
No Brasil, temos o Comitê Gestor da Internet, no qual o governo tem assento, mas é minoria. Talvez pudesse ser algo desse tipo. A verdade é que o organismo americano é muito fechado. Ele tem um conselho consultivo, que acata se quiser.
Há chances de os europeus
apoiarem a iniciativa do Brasil de
tornar o controle da internet algo
multilateral?
Acho que sim. Em Dubai (conferência da União Internacional de Telecomunicações, em dezembro de 2012), a Europa se dividiu. Vários países votaram com a nossa proposta (de criar um organismo multilateral para a internet), mas houve pressão e alguns recuaram. Acho que esses acontecimentos podem ensejar uma mudança de opinião. Com certeza, o que ocorre aqui no Brasil, com a opinião pública pressionando, está ocorrendo na Europa.
No geral, como o governo pretende agir nesse caso da espionagem?
Posso definir três eixos do que o governo brasileiro quer fazer. Um é investimento em infraestrutura para ter mais acesso e mais qualidade na internet. O segundo eixo é garantir o livre uso da internet com direito à liberdade individual, com a ressalva de que tem de ter segurança institucional. Outra coisa é reformar a governança internacional, porque além de tratar da questão da espionagem, isso é capaz de baratear e tornar mais rápida a nossa internet.
Como isso ocorreria?
Hoje, os computadores centrais da internet são todos no Hemisfério Norte: dez nos EUA, dois na Europa e um no Japão. Cada clique que damos demora alguns milissegundos para ter uma resposta, porque a informação vai e volta. Sem contar que a internet não é de graça. O Brasil paga, no trânsito de informações com os EUA, cerca de US$ 650 milhões.
Quanto seria possível economizar?
Se tivéssemos um servidor raiz aqui, com certeza reduziria para um terço.
O governo dos EUA ofereceu a vinda de técnicos para cá, mas o governo brasileiro ainda avalia se é o caso. Por quê?
Nós vamos discutir o que com esses técnicos? Vem um cara da NSA (Agência de Segurança Nacional, na sigla em inglês) explicar como funciona o sistema deles? Não estamos interessados. Se querem fazer uma comissão de alto nível para discutir problemas da internet, aí sim, é outro assunto.
Mesmo se propuserem cooperação como a que têm com países europeus, em que o próprio governo captura dados e compartilha?
Com certeza não, porque a sociedade brasileira não concordaria. Cooperação tecnológica, com certeza. Brincar de Big Brother, não dá.
O governo criou um grupo de trabalho para discutir a espionagem. Houve algum avanço?
Vamos mandar outro relatório para a Presidência da República e Itamaraty. Nossa expectativa é a de que isso ajude a subsidiar um novo pedido de explicações. E, com certeza, vamos desdobrar isso em uma discussão em organismos internacionais. A verdade é que o governo não tinha uma política unificada. Vários ministérios incidem sobre essa questão da internet, mas não temos uma política consolidada e é o momento de termos isso, de estabelecer como o governo responde a situações como essa.
É intenção buscar algum tipo de censura aos EUA pelos organismos internacionais?
Não. O que tenho notado que a presidente quer fazer é definir a posição do Brasil e propor à ONU o que achamos que deveria ser feito.
SNB