terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A nova 'guerra fria' é virtual


/ TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO, É JORNALISTA, DAVID E., SANGER, THE NEW YORK TIMES, / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO, É JORNALISTA, DAVID E., SANGER, THE NEW YORK TIMES - O Estado de S.Paulo
Desde que, na semana passada, o governo Barack Obama enviou aos provedores de internet dos EUA uma longa lista confidencial de endereços de computadores ligados a um grupo de hackers que roubou dados de empresas americanas, ficou nítido um fato crucial: quase todos os endereços digitais levavam a um bairro em Xangai onde fica a sede do comando cibernético do Exército chinês.
Essa deliberada omissão sublinha as fortes preocupações dentro do governo Obama sobre o quão diretamente confrontar a nova liderança da China no tocante a esse problema, já que o governo intensifica as demandas para a China conter os ataques patrocinados pelo Estado que Pequim insiste não estar envolvido.
O assunto ilustra bem como esta escalada de uma guerra fria cibernética entre as duas maiores economias do mundo difere dos conflitos entre duas superpotências em décadas passadas - sob alguns aspectos ela é menos perigosa em outros, mais complexa e perniciosa.
Autoridades do governo dizem estar agora mais dispostas do que antes a desafiar os chineses diretamente - como fez o secretário da Justiça Eric Holder na semana passada, anunciando uma nova estratégia para combater o roubo de propriedade intelectual. Mas o presidente Barack Obama evitou mencionar a China pelo nome - ou Rússia, Irã ou outros países com os quais ele mais se preocupa - ao afirmar no seu discurso sobre o Estado da União que "sabemos que empresas e países estrangeiros roubam nossos segredos corporativos", acrescentando que "agora nossos inimigos também estão buscando a possibilidade de sabotar nossa rede elétrica, nossas instituições financeiras e outros sistemas de controle do tráfego aéreo".
Definir "inimigos" neste caso nem sempre é fácil. A China não é um inimigo direto dos Estados Unidos, da maneira como a União Soviética era; a China é uma concorrente econômica e uma crucial fornecedora e cliente. O intercâmbio comercial dos dois países no ano passado foi de US$ 425 bilhões e os chineses, apesar das muitas tensões diplomáticas, são financiadores importantes da dívida americana. Como disse Hillary Clinton ao primeiro-ministro da Austrália, em 2009, quando estava a caminho de sua primeira visita à China como secretária de Estado, "até que ponto você pode ser rígido com seu banqueiro?".
Se há evidências de que o Exército de Libertação Popular é provavelmente a força por trás do "Comment View", o maior dos 20 grupos de piratas de internet que as agências de inteligência americanas rastrearam, o fato é que os Estados Unidos estão muito circunspectos.
Estratégias. Autoridades do governo mostraram-se muito satisfeitas com a Mandiant, empresa de segurança privada, por ter emitido relatório rastreando os ciberataques e chegando à porta do comando cibernético da China. As autoridades americanas disseram em particular não terem visto nenhum problema nas conclusões, mas não quiseram afirmar isso publicamente. Isso explica porque a China não foi mencionada como local dos servidores suspeitos no alerta.
Mas, nos próximos meses, muitas advertências serão feitas em particular por Washington aos líderes chineses, incluindo Xi Jinping, que logo mais assumirá a presidência da China. Tom Donilon, assessor de Segurança Nacional, e John Kerry, que ocupou a vaga de Hillary Clinton no Departamento de Estado, viajarão para a China em breve. Nos encontros privados que deverão manter, ambos argumentarão que o porte e a sofisticação descomunais desses ataques nos últimos anos podem prejudicar o apoio que a China desfruta junto a seus maiores aliados em Washington, a comunidade empresarial dos Estados Unidos.
É muito cedo para dizer se esse apelo aos interesses pessoais da China surtirá efeito. Argumentos similares foram oferecidos antes, mas quando um dos mais importantes líderes militares da China visitou o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas em maio de 2011, ele disse não ter muito conhecimento de armas cibernéticas e o Exército chinês não as usava. Nesse aspecto, sua atitude foi um pouco semelhante à do governo Obama, que jamais falou sobre o arsenal cibernético dos EUA.
Mas as soluções variam enormemente, desde uma negociação tranquila até sanções econômicas e rumores de contra-ataques liderados pelo Comando Cibernético do Exército dos Estados Unidos, unidade envolvida nos ataques cibernéticos dos EUA e de Israel contra usinas de enriquecimento de urânio do Irã.
Autoridades como Robert Hormats, subsecretário de Estado para Assuntos Econômicos e Comerciais, dizem que a chave para o sucesso no combate aos ataques é enfatizar aos chineses que suas esperanças de crescimento econômico ficarão prejudicadas.
"Temos de deixar claro que os chineses não vão obter o que desejam", disse Hormats. Ou seja, "os investimentos da nata das nossas empresas de tecnologia, a menos que controlem rapidamente o problema".
O próximo debate é sobre se o governo deve retaliar. Em Washington, em uma infinidade de conferências já foram abordadas questões como "escalada da dominação", "dissuasão ampliada", terminologias tiradas da Guerra Fria.
Alguns dos debates são acalorados, estimulados pelo crescente setor de segurança cibernética e o desenvolvimento de armas cibernéticas ofensivas, mesmo que o governo americano jamais tenha admitido o seu uso, mesmo nos ataques do vírus Stuxnet contra o Irã. Mas existe uma discussão séria nos bastidores sobre que tipo de ataque contra a infraestrutura dos EUA poderia levar o presidente a ordenar um contra-ataque.
SNB

AMORIM - Anuncia para “muito breve” a retomada dos voos do VLS

São José dos Campos (SP), 25/02/2013 – O Brasil retomará o projeto de lançamentos de satélites e microssatélites para “muito breve”. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, pelo ministro da Defesa, Celso Amorim, durante aula magna para 124 alunos aprovados no curso do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Segundo Amorim, “projetamos a retomada dos voos do VLS [Veículo Lançador de Satélite], já que neste ano terá seu primeiro ensaio elétrico”.

“Na sequência teremos o lançamento do VLM [Veículo Lançador de Microssatélite]. Nesses e em outros programas que envolvem a cooperação junto a parceiros do mundo desenvolvido, o princípio do fortalecimento tecnológico da base industrial brasileira constitui uma referência permanente”, explicou o ministro sem querer determinar prazo para a retomada.

Amorim iniciou a palestra para os alunos explicando que por sua formação na área de humanas poderia cair em lugar comum com um discurso para estudantes que têm a base nas ciências exatas. Por isso, conforme explicou, convidou-os a uma reflexão sobre como a política de defesa brasileira “pode se preparar para os desafios futuros”.

“Assim, ainda que vocês não estejam particularmente interessados pela política mundial, saibam que a política mundial se interessará pelos progressos que vocês farão”, disse.

A partir daí, Celso Amorim foi expondo para os acadêmicos os movimentos de formação de blocos econômicos e políticos. O ministro lembrou da criação do Mercosul, em 1991, quando Brasil, Argentina, Chile e Uruguai se uniram para intensificar o comércio e interagir suas cadeias produtivas, passando a contar com a Venezuela, no ano passado, e a Bolívia que em breve deverá se integrar ao bloco.

O ministro destacou mais recentemente a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que expandiu a integração para o campo político. Segundo Amorim, a decisão de criar a Unasul levou em consideração o fato de que o mundo é atualmente organizado ao redor de grandes blocos.

“A União Europeia, apesar de todas as dificuldades por que tem passado, é, evidentemente, um grande bloco; os Estados Unidos são um bloco em si; o mesmo ocorre com a China e, até certo ponto, com a Índia; outras regiões, embora em estágios distintos de integração, tratam de agrupar-se, como a União Africana e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean)”, explicou.

Celso Amorim entremeou a palestra entre o improviso e o texto preparado para a aula magna. Durante pouco mais de 50 minutos, o ministro destacou a aproximação do Brasil com a África, bem como a integração das nações sul-americanas com o Caribe e a América Central.

No discurso, mencionou a participação das Forças Armadas nas missões de paz sob liderança da Organização das Nações Unidas (ONU), na mobilização dos governos do Brasil e da Turquia no embate sobre o programa nuclear do Irã e voltou a defender mudanças no Conselho de Segurança da ONU que permitam a inclusão de novos integrantes, como por exemplo, o Brasil.

Amorim também enfatizou a presença brasileira no extremo sul do atlântico, na Antártica, “onde a reestruturação da Estação Comandante Ferraz já está em curso”. E seguiu: “Atlântico Sul e África são dois espaços de natural presença brasileira”.

Na palestra, o ministro lembrou, ainda, de sua passagem pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, quando foi assessor internacional daquela pasta.

Novos cargos

Durante a aula magna, Celso Amorim informou que foi autorizada a contratação de 800 novos cargos no Centro Técnico Aeroespacial, fato que “dará novo ímpeto a esse setor absolutamente estratégico para a modernização de nossa defesa”. Lembrou que isso é fruto de parceria firmada com o Ministério da Educação.

“O ITA é uma referência nacional e internacional como instituição de excelência na área de ciência e tecnologia. Os trabalhos e pesquisas desenvolvidos nesse instituto foram e são motivo de orgulho para todos os brasileiros, e têm merecido crescente atenção no governo da presidenta Dilma Rousseff”, destacou.

Após a palestra, Amorim, na companhia do comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, do reitor do ITA, Carlos Américo Pacheco, e de oficiais da Força Aérea, percorreu as dependências da instituição. No trajeto, o ministro conversou com um grupo de alunos que destacou a importância do instituto na formação profissional militar e civil.
MINITERIO DA DEFESA..SNB