quarta-feira, 27 de junho de 2012

Alcântara Cyclone Space


Brasil e Ucrânia deram mais um importante passo no seu intento de explorar comercialmente missões de lançamento de satélites, por meio da empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). No último mês de maio, foi inaugurada na cidade de Dnepropetrovsk, a planta de testes e integração de sistemas do foguete Cyclone 4 e sua plataforma de lançamento. Em uma área situada próximo às instalações das companhias estatais Yuzhnoye, responsável pelo projeto e desenvolvimento, e Yuzhmash, especializada na fabricação e industrialização, serão feitos todos os testes de equipamentos necessários à operação do Cyclone 4, a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, antes do envio para montagem e integração final no sítio brasileiro.Como parte de seus esforços para se posicionar no mercado de lançamentos espaciais, a ACS realizou, em meados de maio, uma apresentação técnica do projeto para um grupo de empresas seguradoras. O objetivo foi mostrar o status do programa e o nível de confiabilidade dos sistemas envolvidos, uma vez que os seguros podem representar até 25% do valor total do lançamento. Assim, quanto mais confiável um lançador é, menores são os prêmios exigidos, daí a importância de se manter um estreito relacionamento com esses stakeholders.A cooperação espacial entre o Brasil e a Ucrânia em serviços de lançamento tem origens no final da década de 1990. Mas, foi em 2003, com a assinatura do Tratado sobre Cooperação de Longo Prazo na Utilização do Veículo de Lançamento Cyclone 4 no Centro de Lançamento de Alcântara, que começaram as definições. Três anos depois, foi criada a Alcântara Cyclone Space com a finalidade de viabilizar o projeto, administrar o complexo de lançamento e explorá-lo comercialmente. A expectativa é que em 15 de novembro de 2013, levando ao espaço um pequeno satélite japonês e marcando o dia da Proclamação da República, seja registrada como a data do primeiro lançamento comercial de um satélite a partir do território nacional.Porém, o cronograma de trabalho e aquela data podem estar ameaçados. E, diferentemente do ocorrido no primeiro ano de gestão da presidente Dilma Rousseff, em que dirigentes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação colocaram o programa binacional em xeque em razão de alegados atrasos no aporte de recursos pela parte ucraniana, o problema agora parece estar do lado brasileiro.
 A ACS não tem recebido do governo brasileiro a mesma atenção dada a outras parcerias estratégicas internacionais recentemente celebradas. “Se o Brasil não repassar sua parte já aprovada em orçamento, a binacional terá que paralisar as obras das instalações em Alcântara, o que vai atrasar o programa e tornará sua retomada ainda mais custosa”, disse uma  a ACS tem uma dívida com empresas brasileiras no valor R$ 60 milhões.

Em 2012, o Governo Federal não repassou nada dos quase R$ 49 milhões que deveria, enquanto que os sócios ucranianos integralizaram a totalidade do capital planejado para o ano, ainda no mês de abril. No início de maio, os diretores gerais da binacional, Reginaldo dos Santos e seu contraparte ucraniano, Oleksandr Serdyuk, enviaram ao ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antônio Raupp, carta expondo os problemas enfrentados pela empresa.
Outra dificuldade vivida pela ACS é a ausência de um acordo de salvaguardas tecnológicas entre o Brasil e os Estados Unidos, tema polêmico e que teve grande destaque na mídia no inicio da década de 2000. Estima-se que a maioria dos satélites comerciais potencialmente acessíveis à ACS, algo em torno de 70% a 80%, contenham pelo menos um componente norte-americano protegido pelo regime ITAR (International Traffic in Arms Regulation). Assim, a exportação de tais componentes e/ou satélites para lançamento a partir do território brasileiro somente pode ser autorizada pelo Departamento do Estado, e desde que haja um acordo de salvaguardas tecnológicas (conhecido tecnicamente como TSA) em vigor entre os dois países, o que, atualmente, não é o caso. A ausência do TSA pode tornar inviável a operação da ACS e prejudicar o retorno dos investimentos feitos pelos sócios.
Resultado da visita de Barack Obama ao Brasil em 2011, foram iniciadas negociações entre os dois países visando à assinatura de um TSA. Fontes da ACS dizem que a proposta brasileira já foi submetida às autoridades de Washington, mas a empresa, embora sendo a parte mais interessada no acordo, não foi consultada durante a preparação do documento.

“É imprescindível que seja dada pelas autoridades brasileiras a prioridade quanto às negociações com as autoridades estadunidenses sobre o TSA, bem como que a ACS seja envolvida nas negociações ou consultada sobre o texto do Acordo antes de a proposta ser enviada para os Estados Unidos”, afirmou à pessoa bastante familiarizada com o assunto.
A concorrência ao Cyclone-4: uma breve análise
O Cyclone-4 é um veículo lançador de classe média, capaz de colocar em órbita cargas de até 5.300 kg em órbita baixa (500 km), ou de 1.600 kg em órbita de transferência geoestacionário. Os principais lançadores de sua categoria incluem os norte-americanos Falcon-9 e Antares, o chinês Longa Marcha 2, os indianos PSLV e GSLV, e o russo Soyuz-2, sendo que os lançadores Soyuz e Antares são bem mais caros que o Cyclone-4 e, em princípio, não seriam muito interessantes comercialmente.

O Falcon-9 oferece um preço de tabela competitivo e é capaz de transportar mais carga útil que o Cyclone-4. Mas, nos próximos anos, o veículo terá um extenso manifesto de lançamentos a cumprir, o que gera dúvidas quanto à capacidade de fabricação acompanhar a demanda. Além disso, embora sua operadora divulgue admin/publicamente o preço de US$ 54 milhões como frete, um relatório interno da NASA, a agência espacial norte-americana, projeta um custo, em 2012, de US$ 111 milhões (trata-se de lançamento de um satélite e não da cápsula orbital).

Do lado chinês, a família Longa Marcha é confiável e de preço atraente. Contudo, somente há tentativas de comercializar os foguetes mais recentes da série 3 (3B), que são de maior capacidade (superior a 5 toneladas em órbita GTO), e, portanto, não competem com o Cyclone-4. Os lançadores da classe média (série 2), por enquanto, estão reservados para satisfazer a demanda doméstica. Outro ponto que desfavorece os foguetes chineses é que estão sujeitos às restrições impostas pelo regime ITAR.
Já os lançadores indianos (PSLV e GSLV) oferecem um preço baixo, mas enfrentam o mesmo problema do ITAR. Também, o PSLV não oferece disponibilidade imediata, uma vez que cada unidade de lançador é construída para uma missão específica, e leva muito menos carga útil que o Cyclone-4. O GSLV sofreu muitas falhas (em três dos últimos quatro lançamentos), o que, pelos critérios existentes, coloca-o fora do mercado.
Brasil e Ucrânia participam com o que tem de melhor

No sistema Cyclone-4/ACS, o Brasil entra com a infraestrutura do CLA, sítio espacial situado numa área com excelente localização geográfica, a apenas dois graus da linha do Equador, o que permite realizar o lançamento de satélites para órbitas equatoriais e geoestacionárias com custos menores e altamente competitivos. Esta localização é estratégica e coloca Alcântara como um dos melhores pontos para a atividade no mundo. Já os ucranianos trazem o know how de quem desenvolve, fabrica e lança foguetes com sucesso há décadas, com tecnologias maduras e testadas.

O Cyclone-4 é um lançador de porte médio e representa a mais recente e avançada versão da família Cyclone. Para se ter uma ideia, seu antecessor, o Cyclone-3, que esteve em operação de 1977 a 2009, realizou 115 lançamentos com sucesso. A área reservada para a carga útil do Cyclone-4 é capaz de acomodar qualquer tipo de satélite de porte médio, e ainda tem a possibilidade de lançar múltiplas cargas úteis em diferentes órbitas.
Com um potencial considerável de mercado e a proposta de lançar quatro a seis foguetes ao ano por um custo aproximado de R$ 120 milhões cada, a ACS pode colocar Brasil e Ucrânia na vanguarda das nações que exploram comercialmente a atividade espacial, levando desenvolvimento e investimentos à região de Alcântara e alavancando o desenvolvimento de uma indústria espacial no País.
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ITA apresenta novo VANT


Uma equipe do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), instituição de ensino superior subordinada ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) de São José dos Campos, SP, apresentou durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio + 20) o seu projeto “Aeronave Não Tripulada Autônoma para Inspeção de Linhas de Transmissão”. Exposto durante o evento no stand da companhia Centrais Elétricas Brasileiras S.A.(Eletrobrás), o sistema aéreo não tripulado é produto de um acordo firmado em 2009 entre ITA e Fundação Casimiro Montenegro Filho (FCMF) com suas parceiras no projeto, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) e o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR).
Criado para ser utilizado nas tarefas de inspeção de linhas de transmissão de energia, a plataforma aérea do sistema é capaz de voar através de ambientes sujeitos a fortes rajadas de vento e obedecendo a uma rota pré-programada ao longo das linhas de transmissão objeto de inspeção. Durante o voo, o qual pode ser realizado autonomamente, a aeronave desloca-se paralelamente a essas linhas guardando um distanciamento médio de 50 metros da cablagem captando imagens que permitem a visualização de seus elementos, como por exemplo, cabos, emendas, espaçadores e isoladores. Quando necessário, suas manobras podem ser comandadas por uma estação remota através de um piloto humano que terá a sua disposição monitores que reproduzem em tempo real as imagens captadas pelas câmeras da aeronave não tripulada.
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AEL desenvolve armas do Guarani


Virgínia Silveira

A AEL Sistemas, de Porto Alegre, está em fase final de desenvolvimento de um sistema de armas nacional para o veículo blindado Guarani. A produção do veículo, que terá 60% de conteúdo nacional, será iniciada no próximo ano, em uma fábrica que a Iveco está construindo no município de Sete Lagoas (MG).
O sistema de armas ou torreta do Guarani, também conhecido pela sigla UT30BR, é composto por um canhão de 30 milímetros e uma metralhadora de 7.62 mm, controlada remotamente pelo atirador e pelo comandante da torre, montada em cima do veículo. Possui ainda um computador central de tiro, que permite à tripulação a execução de tiros de precisão mesmo com o veículo em movimento.
Segundo o vice-presidente de Operações da AEL, Vitor Neves, a venda do primeiro lote de produção do sistema está sendo negociada com o Exército Brasileiro para equipar os 16 carros que vão anteceder a produção seriada do modelo, um programa que prevê 2044 unidades em 20 anos.
O primeiro carro do lote piloto foi entregue pela Iveco, ao Exército, na semana passada, durante a Eurosatory, maior feira de equipamentos de defesa da Europa.
De acordo com o executivo da AEL, um protocolo de intenções firmado com o Estado Maior do Exército contempla o fornecimento de 216 unidades nacionalizadas. "Par cumprir este contrato, a AEL fará um investimento adicional de US$ 8 milhões, além dos US$ 10 milhões já investidos na construção de um centro tecnológico de defesa dedicado ao desenvolvimento de tecnologias na área de defesa", afirmou.
O Exército conta com três torretas fabricadas pela Elbit Systems, empresa de Israel controladora da AEL. A companhia pretende contratar 70 funcionários para atender a demanda de sistemas de armas do Exército. "O desenvolvimento dos sistemas UT30BR também irá mobilizar o envolvimento de 150 funcionários de outras empresas brasileiras nas áreas de estrutura mecânica especializada e blindagem", destacou o executivo.
O sistema UT30 é utilizado em outros programas militares na Bélgica, Portugal e Eslovênia. Neves comenta que o engajamento dos engenheiros brasileiros no desenvolvimento dos sistemas vai permitir o domínio de tecnologias nas áreas de optrônicos, sensores óticos, blindagem, estabilização de plataformas terrestres e computadores de controle de tiro.
O executivo estima que, a partir de 30% do programa desenvolvido, o índice de transferência de tecnologia dos sistemas de armas do Guarani será de 50%. No fim do programa está previsto quase 100% de nacionalização do sistema. No contrato com o Exército ficou definido que os sistemas de três protótipos serão montados no Brasil por equipes do próprio Exército e com o suporte da AEL.
"A AEL está há dois anos trabalhando neste projeto, que pode ser considerado tão ou mais complexo que os sistemas aviônicos das aeronaves de caça de última geração", ressaltou. A construção do prédio onde serão fabricados os sistemas, de acordo com Neves, já está 60% concluída e ficará pronto para uso em dezembro deste ano.
É neste prédio também que a AEL pretende concentrar o desenvolvimento de tecnologias para atender aos projetos que atualmente trabalha na área de defesa. A empresa foi selecionada para fornecer os sistemas aviônicos (eletrônica embarcada) dos helicópteros Esquilo do Exército, que estão sendo modernizados, assim como para os 50 helicópteros EC725, que vão equipar as Forças Armadas do Brasil e que serão produzidos em parte no Brasil.
A Embraer também selecionou a AEL para fornecer quatro sistemas do cargueiro KC-390, que está desenvolvendo para a Força Aérea Brasileira (FAB). As duas empresas criaram este ano a Harpia, para explorar o mercado de veículos aéreos não tripulados (vants). A Embraer também é uma das acionistas da AEL, com participação de 25% no capital da empresa.
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Brasil - Itália - Reforçam Cooperação em Defesa


Os ministros da Defesa do Brasil, Celso Amorim, e da Itália, Giampaolo Di Paola, reiteraram o desejo de estreitar as relações de cooperação na área de defesa e promover o intercâmbio de experiências entre as Forças Armadas dos dois países.

O ministro italiano foi recebido com honras militares na entrada do Ministério da Defesa (MD). Logo após, em reunião, Celso Amorim disse que a parceria entre Brasil e Itália já é antiga e precisa continuar. Ele expôs aos italianos projetos realizados conjuntamente com o país europeu e setores que podem gerar potenciais parcerias.

Amorim ressaltou que dentro do Plano de Articulação e Equipamento de Defesa (Paed), um dos projetos prioritários para a Marinha é o Programa de Obtenção de Meios de Superfície (Prosuper). A iniciativa prevê a aquisição de novos navios de superfície e abrange 11 embarcações (cinco fragatas, cinco escoltas e um super navio de apoio).

A Itália é um dos países que tem interesse em desenvolver embarcações para o Brasil. Nesse sentido, o ministro da Defesa italiano manifestou que a intenção do seu país não é comprar ou vender navios, “mas trabalhar junto” no desenvolvimento deles. Sobre esse assunto, o ministro brasileiro destacou que é importante haver essa transferência de tecnologia para aumentar a capacitação nacional.

Um dos assuntos tratados na reunião foi a histórica parceria entre os dois países no desenvolvimento do projeto dos jatos AMX, iniciado em 1980. Iniciativa bem-sucedida, o AMX foi fundamental para que a Embraer adquirisse capacitação para produção de aviões civis e militares. Foi ressaltado que é preciso continuar a cooperação ítalo-brasileira em logística no programa.

Os AMX brasileiros estão passando por um processo de modernização. Nessa semana, na terça-feira (19), a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o primeiro voo de um AMX modernizado. O fato aconteceu na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo.

No encontro, os ministros foram acompanhados por seus oficiais de Alto Comando. Pelo lado brasileiro estiveram presentes os comandantes da Marinha, almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto; do Exército, general-de-exército Enzo Martins Peri; e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Aprígio Eduardo de Moura Azevedo (interino); além do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), general-de-exército José Carlos De Nardi.
Troca de experiências

Celso Amorim mencionou a experiência do Brasil em operações de paz, como no Haiti, e disse que “é uma boa oportunidade de cooperação nessa área”. Sobre o país caribenho, o ministro brasileiro reforçou a ideia da retirada gradual das tropas. “Não é bom para nós nem para eles que façamos a segurança do Haiti para sempre.”

Também foi citado o trabalho realizado pelos militares brasileiros no Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), no Rio de Janeiro – responsável pelo treinamento das tropas. O ministro da Defesa brasileiro disse que seria interessante que os italianos conhecessem o centro e abriu as portas para um futuro intercâmbio entre oficiais dos dois países nessa área.

Giampaolo Di Paola, por sua vez, convidou os militares brasileiros a conhecer o trabalho de combate aos grupos de piratas realizado por eles no Oceano Índico. Sobre esse aspecto, Amorim lembrou que é importante para o Brasil ver como se dá uma operação naval em outro teatro e que as ações de pirataria já chagaram no Atlântico Sul, principalmente no Golfo da Guiné.

No que diz respeito às missões internacionais, Giampaolo Di Paola explicou que “a Itália está agora engajada em operações de paz”. O ministro destacou a experiência do país no comando da Força Interina das Nações Unidas no Líbano, a Unifil – a qual o Brasil participa com o comando da Força-Tarefa Marítima. O ministro italiano citou, também, as ações realizadas no Afeganistão, onde o país europeu mantém mais de 4 mil militares.
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terça-feira, 26 de junho de 2012

O Rafale Naval é compatível com porta-aviões dotados de rampa

Essa condição pode dar ao caça francês novas oportunidades de exportação. Após estudos e simulações, os engenheiros da Dassault Aviation determinaram que o Rafale M (Marine) é capaz de decolar de porta-aviões sem catapultas, mas com rampa. Para isso, não seria necessária qualquer mudança estrutural com relação aos Rafale da aviação naval francesa, que operam com catapultas a partir do porta-aviões Charles de Gaulle. Para o pouso da aeronave, no entanto, é necessária uma pista oblíqua com cabos de parada. Por enquanto, apenas a Rússia, China e Índia têm ou terão porta-aviões com rampa e cabos de parada. Se, para os dois primeiros países, a aquisição do Rafale está excluída, para a Índia, no entanto, esta é uma nova oportunidade. Este último país, no momento, planeja equipar seus dois novos porta-aviões, o Vikrant e o Vikramaditya, com os aviões russos MiG-29K. Mas Nova Déli também está em fase de negociações exclusivas com a Dassault Aviation para comprar os Rafale para sua força aérea. O contrato, que poderá ser assinado nos próximos meses, não inclui aeronaves navais. Mas, se a Índia quiser, poderá ter uma alternativa para o MiG-29K, com a vantagem de padronizar sua frota futura. Por enquanto, nenhum pedido foi feito nesta direção, mas a opção técnica existe, o que é bom saber.Além da Índia, a capacidade do Rafale para decolar de pista com rampa poderá ser, nos próximos anos, de interesse em outros países, como o Brasil, que quer incorporar dois novos porta-aviões no futuro, não sendo obrigado, assim, a escolher porta-aviões dotados de catapultas. Isso pode ser considerado, uma vez que Rafale já foi proposto para a modernização da Força Aérea Brasileira.
Em tese, qualquer porta-aviões com um deck suficientemente grande para acomodar uma pista oblíqua poderia ser considerado. O ponto técnico mais crítico incide sobre os espaços disponíveis no convés de vôo para acomodar os cabos de parada e o maquinário requerido para seu funcionamento. Os novos porta-aviões britânicos podem ser adaptados, mas, por outro lado, isso é menos evidente para o Cavour italiano, que provavelmente exigiria trabalhos pesados. No momento, os porta-aviões da Marinha Britânica e da Marina Militare Italiana preveem operar as aeronaves de decolagem curta e aterrissagem vertical F-35B. Mas este programa já sofre com muitos atrasos e elevados custos extras, e mesmo o F-35 está apenas iniciando fase de desenvolvimento dos seus sistemas, e essa fase é geralmente considerada como a mais complexa de um projeto aeronáutico.
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Lockheed não oferece o F-35 ao Brasil para não compartilhar tecnologia


SÃO PAULO - A gigante da norte-americana de defesa Lockheed Martin confirmou que decidiu não apresentar seu avião caça modelo F-35 Joint Strike Fighter à licitação do governo brasileiro para a modernização de sua frota militar. Segundo a empresa, o motivo para não incluir o jato em sua proposta foi o alto grau de transferência de tecnologia, imposto pelas regras da concorrência.

Pelo estipulado pelo governo para o projeto F-X2, o fabricante vencedor terá que repassar toda a tecnologia necessária para manter o avião em operação.

Por isso, a Lockheed decidiu apresentar à licitação o modelo F-16BR, uma versão do F-16, um dos aviões de caça mais utilizados em todo o mundo, adaptada às necessidades da Força Aérea Brasileira. Embora seja um sucesso de vendas, o F-16 é um caça mais antigo, tendo sido desenvolvido nos anos 1970. Sua vantagem é ser relativamente barato e ter um baixo custo operacional. Já o F-35 foi criado no final da década de 1990, começo dos anos 2000 e tem capacidade furtiva (stealth) e de pouso e decolagem na vertical (VTOL), como o britânico Harrier.

Uma das preocupações da Lockheed Martin ao apresentar a proposta com base no F-16 e não no F-35 - uma aeronave muito mais moderna - tem a ver com o tipo de tecnologia que o governo dos EUA autorizaria repassar ao Brasil. Sem esse compromisso, o negócio poderia ser desfeito.

A Boeing, que concorre com seu F/A-18 Super Hornet, porém, acredita que isso não será problema. A proposta da fabricante inclui um sistema de radar de varredura eletrônica ativa de última geração, fabricado pela também norte-americana Raytheon. Tecnologias como essa normalmente são protegidas pelos governos dos países para os quais foram desenvolvidas, uma vez que o acesso a ela facilita a criação de contramedidas eficientes.

Além do F-16BR e do F/A-18 E Super Hornet, modelos de quatro outras fabricantes também estão concorrendo. Eles são o Rafale, da Dassault; o Typhoon, da Eurofighter; o Gripen BG, da Saab; e o Su-30, da Sukhoi.

A intenção do governo brasileiro é adquirir uma primeira leva de até 36 aeronaves, para entrega a partir de 2010. As compras, porém, podem ser elevadas para um total de 120 aparelhos.
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Embraer espera elevar venda de cargueiro com parceria


SILVANA MAUTONE - Agencia Estado
SÃO PAULO - A Embraer acredita que a parceria firmada com a Boeing no projeto do cargueiro KC-390 permitirá aumentar sua projeção inicial de vendas para a aeronave. Segundo a estimativa inicial da empresa brasileira, há mercado nos próximos 20 anos para cerca de 2 mil aeronaves do porte do KC-390, sendo que, desse total, descontando países que fabricam produtos concorrentes ou que adquiriram recentemente esse tipo de avião, a Embraer teria acesso a um mercado de 700 unidades. Desses 700 aviões, a expectativa da Embraer era conquistar entre 15% e 20%. "A parceria com a Boeing nos permitirá aumentar muito esse número, mas ainda não sabemos quanto", disse o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar.
A Embraer anunciou hoje acordo com a americana Boeing para o projeto do cargueiro KC-390 para compartilhamento de conhecimentos técnicos e também análise de possíveis parcerias para comercialização. Segundo Aguiar, países que haviam sido excluídos inicialmente dos cálculos da Embraer, como os Estados Unidos, a Rússia, a Índia e o Canadá, poderão agora fazer parte do mercado alvo da companhia com o KC-390. "Vai depender da nova análise de mercado que faremos junto com a Boeing", disse o executivo.
O presidente da Boeing Defense, Space & Security, Dennis Muilenburg, disse que o acordo não prevê remuneração por parte da Embraer para a empresa americana. "É um acordo de parceria, onde os dois lados ganham", afirmou. Aguiar, porém, em conversa com jornalistas ao final do evento, disse que o acordo ainda não está detalhado a ponto de definir essas questões.
A Boeing comercializa no mercado o avião de transporte militar C-17, que é de grande porte, enquanto o KC-390 da Embraer se enquadra no mercado de médio porte.
O jato cargueiro militar KC-390 tem previsão de chegar ao mercado em 2015. Ele deve começar a ser produzido em 2013 (primeiro protótipo) e o primeiro voo deve ser programado para 2014. A expectativa da Embraer é que a produção seriada do jato seja iniciada no final de 2015 e a primeira entrega ocorra em 2016.
O projeto é da Força Aérea Brasileira (FAB) e a Embraer foi contratada para desenvolvê-los. A FAB tem a intenção de comprar pelo menos 28 unidades do cargueiro, para substituir a frota de aeronaves. A Embraer disse também que já tem 60 cartas e intenção de compra para o KC-390, cujo preço deve ser definido em 2013.
Aguiar e Muilenburg negaram que a parceria anunciada hoje também esteja relacionada com a disputa da qual a Boeing participa para a venda de caças à Força Aérea Brasileira (FAB), dentro do Programa FX-2. O governo brasileiro deve voltar a discutir nos próximos meses a compra dos caças para a FAB. O processo está suspenso desde o início do governo da presidente Dilma Rousseff. Os concorrentes são o avião Rafale, da francesa Dassault, o Gripen, da sueca Saab, e F-18 Super Hornet, da Boeing. Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita do presidente francês Nicolas Sarkozy, anunciou a opção pelo Rafale - o que acabou ainda não se confirmando.
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