quarta-feira, 14 de março de 2012

Eike e Petrobrás se associam pela primeira vez em acordo de US$ 1,6 bi


RIO - A Petrobrás e o empresário Eike Batista devem se associar pela primeira vez, nas próximas semanas, num contrato de fornecimento de equipamentos para exploração do pré-sal. O elo será a OSX, empresa de serviços offshore do grupo, que negocia a construção de duas sondas de perfuração, num valor estimado em US$ 1,6 bilhão, com a Sete Brasil, empresa de investimentos da qual a Petrobrás é sócia. 
Posteriormente, as sondas construídas pelo grupo de Eike devem ser afretadas (alugadas) para a própria Petrobrás. "A Sete Brasil está em fase de negociação com o estaleiro OSX e acredita muito no interesse comum entre as empresas de tornar este projeto possível", disse à Agência Estado João Carlos Ferraz, presidente da Sete Brasil. 
O negócio selará uma nova fase de relacionamento de Eike com a Petrobrás, antes marcado pela disputa por investidores e pelo recrutamento de executivos da estatal. Desde a criação da petroleira concorrente, a Petrobrás viu estrelas de seus quadros serem contratadas a peso de ouro por Eike - como é o caso do próprio diretor-geral da OGX, Paulo Mendonça. 
Dificuldades. Em 2005, Eike também teve atritos com a companhia por causa de uma térmica no Ceará. O empresário construiu a usina e contava com a Petrobrás como cliente para fechar as contas até a maturação do projeto. Eike não recebeu um dos pagamentos e ameaçou entrar na Justiça por quebra de contrato. A térmica acabou sendo vendida posteriormente. 
Os atritos, no entanto, parecem ter ficado no passado. O empresário fez questão de demonstrar isso prestigiando, no mês passado, a posse de Graça Foster na presidência da Petrobrás. Segundo uma fonte do grupo, a associação agora é possível diante do crescimento da OSX, que já atende às necessidades da OGX e conquista capacidade para oferecer serviços também fora do conglomerado. 
Além do negócio de US$ 1,6 bilhão para a construção das sondas, o possível afretamento delas não custaria à Petrobrás menos de US$ 1 milhão por dia. Os últimos contratos de afretamento fechados pela estatal em fevereiro foram de até 15 anos e ultrapassaram este valor.
Perguntado sobre a possibilidade de afretamento das sondas à Petrobrás, Ferraz respondeu: "Por que não?". 
Um megaequipamento desse tipo não fica pronto em menos de três anos, no melhor dos cenários. As sondas seriam construídas na Unidade de Construção Naval do Açu (UCN Açu, ao lado do Superporto do Açu), mais um estaleiro que pode ser enquadrado na denominação "virtual". Ou seja: as sondas precisam começar a ser montadas com o estaleiro ainda em construção. 
Perfil
A possibilidade de Eike construir as sondas e depois afretá-las à Petrobrás, em vez de usá-las dentro de casa, na OGX, faz sentido se for mantido o atual perfil de sua petroleira. Hoje, 92% dos ativos de petróleo e gás da companhia estão em águas rasas ou em campos terrestres. 
As sondas alvo da negociação são para águas ultraprofundas, com até 2 mil metros, perfil do pré-sal. Os blocos marítimos da OGX ficam em lâminas d’água cerca de 20 vezes menores que na área do pré-sal da Bacia de Santos, onde a Petrobrás atua. 
As duas sondas alvo das conversas com a OSX são as únicas das 30 do portfólio da Sete Brasil ainda sem contrato de afretamento com a Petrobrás. Todas as outras 28 sondas prestarão serviço à estatal.
"A Petrobrás é uma gigante que está em todas as áreas, e a EBX, um grupo de grande complexidade. É natural que as duas passem a ser ao mesmo tempo parceiras e concorrentes. Para a OSX, com a exigência de conteúdo nacional da Petrobrás, abre-se um mercado enorme", diz Ricardo Corrêa, analista de petróleo da corretora Ativa.
 Estado de S. Paulo segurança nacional

Brasil retomará testes com lançador de satélites em Alcântara neste ano


Ernesto Batista, de O Estado de S. Paulo
ALCÂNTARA - O Comandante do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), tenente-coronel César Demétrio Santos, anunciou nesta quinta-feira, 1°, que a unidade fará uma simulação de lançamento do foguete lançador de satélite nacional  VLS-1. O anúncio foi feito durante a solenidade de comemoração de 29 anos de fundação do centro espacial.
A operação de lançamento simulada ainda não tem data para acontecer, mas o que está previsto é o uso de um foguete inerte (sem combustível) em escala real para testar e treinar os procedimentos de montagem do veículo espacial, preparação de carga útil e operação de lançamento.
É a primeira vez que um foguete do tamanho do VLS-1 será testado em Alcântara desde o acidente com VLS-1 V03, que explodiu no CLA em agosto de 2003, matando 23 engenheiros e técnicos do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). Desde então, o programa para desenvolver tecnologia de construção de veículos espaciais complexos, como o VLS-1, está vitualmente parado.
A previsão inicial era que o programa do VLS-1 seria retomado em 2009, mas falta de recursos fizeram com que o programa de desenvolvimento do foguete de lançamento de satélites fosse adiado por vários anos. Antes, duas outras tentativas de lançar o VLS-1 de Alcântara fracassaram.
Hoje a Torre de Móvel de Integração (TMI), perdida no acidente de 2003 e onde o VLS-1 é montado e lançado, está reconstruída com modificações, como torres para prevenir descargas atmosféricas, e missões menores com foguetes de teste têm sido feitas para manter a proficiência dos técnicos do CLA na operação de lançamentos espaciais.
O comandante do CLA também anunciou que em 12 dias começa a primeira campanha de lançamento real de veículos espaciais brasileiros em 2012. A previsão é que seja lançado um VSB-30 no dia 16 de março.
“Nosso foco para o biênio 2012 e 2013 é a preparação de foguetes e veículos de lançamento. Além disso, temos outros projetos no âmbito social, como é o caso do Alcântara Sustentável, que visa ao desenvolvimento dessa região”, disse Santos.
 
VSB-30
O VSB-30 é um foguete de sondagem que tem 12,8 metros de altura, pesa cerca de 2,6 toneladas, tem dois estágios, é movido a combustível sólido e tem capacidade de carregar até 400 quilos de experimentos a altitudes de até 240 quilômetros.
A missão que está prevista para começar em duas semanas será o quinto lançamento deste foguete totalmente desenvolvido no Brasil, com apoio da Agência Espacial Alemã (DLR). Ao todo, foram feitos dois lançamentos no cosmódromo de Alcântara e dois no de Kiruna, na Suécia, na tentativa de habilitar o foguete nacional para substituir o foguete Skylark 7, como foguete de sondagem para a Agência Espacial Européia (ESA).
Porém, ainda não houve encomendas, apesar do foguete nacional ser o único modelo de foguete de sondagem de dois estágios em fase de fabricação no mundo, mas esperança é que o VSB-30 se torne um produto de exportação.
 Estado de S. Paulo ..segurança nacional

Argentina esteve perto de vencer guerra das Malvinas, aponta documentário


LONDRES - A Argentina esteve a ponto de derrotar a Grã-Bretanha na Guerra das Malvinas, mas não conseguiu alcançar esse objetivo por uma combinação de azar e de artilharia e munições com falhas, aponta um documentário transmitido em Londres pela emissora Channel 5.
Vista geral da costa de Port Stanley, nas Malvinas - Marcos Brindicci/Reuters
Marcos Brindicci/Reuters
Vista geral da costa de Port Stanley, nas Malvinas
Intitulado "The Great Falklands Gamble: Revealed" ("A grande aposta das Malvinas: revelada", em tradução livre), o documentário apresentou uma série de imagens de arquivo inéditas, entrevistas com ex-combatentes britânicos do conflito e análise sobre o futuro das ilhas. "A história será familiar para muitos, especialmente neste ano que se comemora o 30º aniversário da invasão argentina e, no entanto, há muitos detalhes novos", publicou nesta quarta-feira, 14, o jornal Daily Telegraph sobre o programa.
O documentário, dirigido e produzido pelo inglês Mark Fielder, gira em torno da teoria de que a Grã-Bretanha esteve muito perto de perder a guerra. "Seis navios britânicos foram alvo de bombas argentinas que não detonaram. Se tivessem explodido, a campanha britânica teria sido derrotada de imediato. Isso ajudou, como também o fato de que valentes soldados da Marinha e paraquedistas britânicos lutaram corpo a corpo até o final", destacou.
O brigadeiro Julian Thompson, que foi comandante das forças terrestres nas Malvinas durante o conflito, admitiu que, em caso de uma "nova invasão das ilhas, não poderíamos repeli-la novamente. Não poderíamos fazer o que fizemos de novo. Se os argentinos invadissem amanhã, não poderíamos recuperá-las sem um porta-aviões".
Detalhes 'chocantes'
Thompson contou no documentário que, durante a guerra, "o clima atroz nas ilhas, uma limitada Defesa aérea britânica, comunicações pobres em inclusive incompetência, colocaram em sério risco a campanha britânica".
A produção ainda narrou detalhes "chocantes" de navios britânicos destruídos por bombas argentinas, homens queimados, munições sendo impactadas contra barcos, ataques noturnos nas colinas de montanhas e combates sem piedade corpo a corpo, uma situação agravada com o despreparo de equipes e falta de helicópteros.
Nas últimas semanas, as tensões em torno do arquipélago voltaram a aumentar. O governo da Argentina denunciou recentemente diante da ONU a "militarização" do Atlântico Sul por parte da Grã-Bretanha depois do anúncio do iminente envio do destróier HMS Dauntless para a região e a chegada do príncipe William às Malvinas para uma missão de treinamento como piloto de helicópteros de busca e resgate.
Ansa ..segurança nacional

sexta-feira, 9 de março de 2012

“Caveiras” que pararam em greve são afastados do Bope até o fim da carreira


A PM afastou do Bope, até o fim da carreira, os 51 integrantes de sua Companhia Bravo, por terem se rebelado e se recusado a cumprir ordem de ir ao Quartel-General, aderindo à paralisação dos policiais militares, em 10 de fevereiro. A Bravo é uma das quatro companhias operacionais da unidade de elite da corporação, que atualmente tem cerca de 400 homensTodos os policiais transferidos do Bope vão perder a gratificação da unidade, de R$ 1.500 e – o pior, na opinião dos “caveiras” – ficarão fora do Bope até o fim da carreira, como exemplo para a tropa. As transferências aconteceram em três diferentes boletins internos. Foram afastados quatro subtenentes, 18 sargentos, 17 cabos e 12 soldados.


“O pior castigo é não poder ser mais do Bope. Nunca mais. Foi uma grave quebra de confiança e de lealdade, primeira palavra da canção do Bope”, afirmou um alto oficial da PM familiarizado com a situação. “No Bope, missão dada é missão cumprida. O policial do Bope não pode se negar a cumprir missão”, completou.


O afastamento eterno da unidade de operações especiais - uma espécie de "irmandade", com seus códigos próprios e camaradagem - é visto como um exílio dentro da corporação.


O Bope e o Choque são as tropas de reserva do Comando-Geral da PM e, portanto, consideradas unidades de confiança da chefia. No caso da greve, eram as duas unidades designadas pelo plano de contingência da corporação para compensar a eventual paralisação coletiva - foi o que ocorreu no dia seguinte. Assim, a perda de controle desses dois batalhões estratégicos poderia representar o êxito do movimento grevista.
Sanção dura, "exílio" tem intenção de servir como exemplo à tropa




Foto: Raphael Gomide Policiais do Bope fazem patrulhamento na principal via da Rocinha

A recusa à ordem do chefe de Estado-Maior Operacional e ex-comandante do Bope, coronel Pinheiro Neto, de se apresentar ao QG, foi considerada pela PM um ato de insubordinação, daí a punição dura.



Como o Bope é referência para os policiais, qualquer ação de seus membros tem grande repercussão sobre os colegas. A intenção é que a sanção sirva como exemplo para todos os policiais e para os oficiais jovens, a fim de desencorajar novas ações grevistas.



A determinação foi passada à equipe de plantão pelo comando da unidade, na noite em que PMs e bombeiros estavam reunidos na Cinelândia para declarar greve, que se iniciaria à meia-noite. A companhia se recusou a sair do quartel, em Laranjeiras.



De acordo com os policiais, eles não concordavam em reprimir os colegas de farda, pleiteando aumento salarial.


Eles justificam que queriam evitar afrontar os outros PMs e parecer estar contra eles e provocar, talvez, confusão.


Duas horas de discussões em tom duro, gritos e ameaças de punição


Foram necessárias duas horas de discussões intensas no batalhão entre os oficiais do comando da unidade e a companhia Bravo, em tom duro, com gritos de lado a lado e ameaças de punição até que a equipe aceitasse sair e ir até o QG.


Leia também: Movimento grevista opõe oficiais a praças na PM do Rio



Foto: AE Ampliar Bope no Morro São João

Como punição, quase a metade desses PMs foi remanejada para lugares distantes da capital, onde atuavam, indo para Campos dos Goytacazes (a 284km do Rio) e Macaé (a 188km do Rio).



Para o comando da PM e do Bope, esse episódio vai ficar marcado negativamente na história da unidade, assim como o caso do ônibus 174, quando, após horas de negociação, a refém Geisa Firmo Gonçalves foi morta, após um atirador do Bope errar os disparos contra o seqüestrador, Sandro Nascimento. Preso sem ter sido baleado, Sandro acabou morto por policiais do Bope, por asfixia, dentro do camburão que o levava preso.


Perder uma equipe experiente, cortando na própria carne, está sendo traumático para o Bope. Os PMs afastados tinham anos de Bope e estiveram envolvidos em praticamente todas as grandes ações da unidade de elite. A ideia da PM é que “ninguém é insubstituível” e que se for necessário desmontar o Bope, isso será feito.


Leia também: Novo Caveirão do Bope deve ser o Maverick, da África do Sul



Foto: Raphael Gomide Ampliar Cabo do Bope, com a farda camuflada que substituirá a preta, em operações diurnas


Mais de 170 PMs de Volta Redonda, que se aquartelaram, são transferidos para a Baixada


O comando da corporação também transferiu mais de 170 policiais de Volta Redonda que se aquartelaram durante a paralisação, recusando-se a sair da unidade. Além do Bope, foi o mais problemático caso durante a crise, resolvida com o endurecimento do regulamento militar, ameaças de expulsão sumária e de prisão.


Policiais do Bope e do Choque precisaram ser enviados a Volta Redonda para assumir os postos de policiamento ostensivo na cidade.
segurança nacional

Destroços do Titanic são mapeados de forma completa pela 1ª vez

Uma equipe de expedição usou imagens de sonda e cerca de 130 mil fotos tiradas por robôs submarinos para criar o mapa, que mostra o local no qual centenas de objetos e partes do navio caíram após colidir com o iceberg, em uma tragédia que deixou mais de 1,5 mil mortos.


Exploradores do Titanic - que naufragou em sua viagem inaugural, que seria de Southampton, na Inglaterra, para Nova York, nos Estados Unidos – sabem há mais de 25 anos onde estão a proa (parte da frente) e a popa do navio. Mas mapas anteriores do solo ao redor dos destroços eram incompletos, de acordo com Parks Stephenson, historiador consultado durante a última expedição.


Segundo ele, estudar o local com os mapas antigos era como tentar navegar em um quarto escuro com uma lanterna fraca. “Com o mapa sonar, é como se de repente tudo se iluminasse e você pudesse passar de cômodo a cômodo com uma lupa, documentando tudo”, afirmou. “Algo assim nunca tinha sido feito no local onde está o Titanic.”


O mapeamento foi feito em 2010, durante uma expedição ao Titanic liderada pela RMS Titanic Inc., a dona legal dos destroços, em conjunto com o Instituto Oceanográfico Woods Hole, de Falmouth, em Massachusetts, e o Instituto Waitt, de La Jolla, na Califórnia.


Eles foram acompanhados por uma equipe da emissora History Channel e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica. Detalhes sobre as descobertas feitas ainda não foram revelados e serão contados em um documentário de duas horas que a rede exibirá em 15 de abril, exatamente cem anos após o naufrágio.

As 130 mil fotos em alta resolução tiradas por robôs foram unidas por um programa de computador, criando um detalhado mosaico dos destroços. O primeiro mapeamento do Titanic foi feito logo após sua descoberta, em 1985, usando fotos tiradas com câmeras instaladas em um veículo operado por controle remoto que não se aventurou muito além da proa e da popa.



Com o passar dos anos, os mapeamentos foram ficando mais sofisticados. Na última versão é possível ver, por exemplo, um grande pedaço da lateral do navio, com peso estimado em mais de 40 toneladas, pedaços do casco, uma porta giratória e cinco caldeiras.


A análise dos destroços pode ajudar pesquisadores a responder questões sobre como o navio se partiu ao meio, como naufragou e quais falhas de construção tiveram papel crucial na tragédia.


O vice-presidente da rede History Channel, Dirk Hoogstra, se recusou a responder quais novas teorias estão sendo levantadas. “Temos uma visão de todo o local que não tínhamos antes”, afirmou. “Vamos poder reconstituir o naufrágio exatamente como aconteceu. Será inovador, de cair o queixo.”

Com AP...segurança nacional

Marinha dá os primeiros passos para ter seu submarino nuclear

LYNE SANTOS Após ingressar na seleta lista de países com um portaaviões, o Brasil vai integrar um grupo ainda mais restrito, o das nações com um submarino nuclear. A previsão é que a embarcação esteja pronta para os primeiros testes de mar em 2023. Atualmente, o projeto passa pelas fases de construção do protótipo do reator nuclear e produção do combustível, que devem ser concluídas em dois anos. Essas etapas são desenvolvidas no Centro Experimental de Aramar (CEA), unidade da Marinha localizada na cidade de Iperó, a 125 quilômetros de São Paulo. No local, visitado pela Reportagem de A Tribuna, é feita parte das atividades de pesquisa da Armada. OCEA também abrigará instalações onde serão testados os equipamentos nucleares a serem implantados no submarino. Um dos futuros prédios, por exemplo, será um protótipo, em terra, do próprio veículo. De acordo com o projeto, nesse imóvel, serão recriados os ambientes da embarcação e será testado seu reator, responsável pela produção de energia que a movimentará. "O nosso reator protótipo será utilizado para testar o projeto, ver se ele funciona de fato. Se funcionar, vamos reproduzi-lo exatamente igual e colocar a bordo do submarino. Se não, vamos fazer as modificações apropriadas para que a segurança e o desempenho sejam aqueles requeridos", explicou o superintendente do Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear da Marinha do Brasil, o contra-almirante e engenheiro naval Luciano Pagano Junior. Será a primeira vez que o Brasil construirá integralmente um reator nuclear. Os principais equipamentos para sua montagem foram adquiridos ao longo dos anos, já que a ideia de ter um submarino com esse tipo de propulsão surgiu no País há mais de duas décadas. O primeiro submarino nuclear do mundo foi o Nautilus, fabricado pelos Estados Unidos em 1954. Quase 60 anos depois, apenas cinco países contam com esse tipo de embarcação ¬ Rússia, China, Inglaterra e França, além dos Estados Unidos. Todos integram o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A Índia também tem um projeto em andamento. O grupo é mais seleto do que o dos países com porta-aviões, tipo de embarcação presente nas marinhas de dez nações atualmente. SUBMARINOS Segundo o contra-almirante Pagano Júnior, o submarino brasileiro será montado no estaleiro em construção nas proximidades do Porto de Itaguaí, às margens da Baía de Sepetiba, no litoral sul do Rio de Janeiro. Na área, também será implantada uma base naval. A estimativa da Marinha é que os empreendimentos sejam finalizados em meadosde2015. Ao todo, serão investidos 6,7 bilhões (cerca de R$ 15,4 bilhões, com base na cotação de ontem) na implantação de todo o projeto. Esse montante inclui os gastos com a construção da base naval, do estaleiro, do submarino nuclear (sem o reator) e de quatro submarinos convencionais. Estes últimos vão substituir os que a Marinha tem hoje e já estão comida de avançada ¬ Tupi, Tamoio, Timbira, Tapajó e Tikuna. O primeiro deve ser lançado ao mar em 2017. Assim como o submarino nuclear, os convencionais serão fabricados a partir de um contrato firmado com a França em 2008. Pelo acordo, os franceses são responsáveis pela construção dos equipamentos e da tecnologia não-nuclear. MOTOR A principal diferença entre os submarinos convencionais e os de propulsão nuclear está no motor. Enquanto o primeiro se movimenta graças a um motor a diesel, o segundo utiliza um reator nuclear. O submarino brasileiro não usará armamento nuclear. Isso se deve, principalmente, ao Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), assinado pelo País em 1968 e que impede a uso dessas armas pela nação. De acordo com contra-almirante Pagano Junior, a construção de um submarino nuclear garante à Marinha novas condições para defender o mar territorial brasileiro. Para ele, a embarcação é um instrumento de trabalho de qualidade e eficiência. "É mais ou menos como você defender o seu forte apache com ar coe flecha e, em seguida, passar para armas de fogo", exemplificou. São as características do motor que asseguram as principais vantagens dessa embarcação. O equipamento permite que o submarino permaneça meses submerso e ainda atinja uma maior velocidade. Os diferenciais são essenciais no caso de fuga ou perseguição a um inimigo. O tempo que ele ficará embaixo d'água dependerá apenas do estresse da tripulação. "A vantagem do submarino em um conflito é que ele não é detectável enquanto está submerso. Já quando está fora, é totalmente vulnerável. O tempo de submersão é a proteção do submarino", explicou. O oficial reiterou ainda que o submarino é um fator inibidor para possíveis inimigos. "Do ponto de vista do que se entende que é o poder naval, o exercício da capacidade de defender, o submarino é peça fundamental". segurança nacional

Submarino pesquisa epicentro de terremoto devastador no Japão


Cientistas alemães e japoneses iniciaram uma missão para observar com um submarino a fossa do Japão, zona de deslizamentos de placas tectônicas onde se originou os violentos terremoto e tsunami que arrasaram o nordeste do arquipélago há um ano.


Os pesquisadores utilizam um veículo equipado com câmeras e toda uma série de instrumentos que vão sondar o fundo do mar até 7 mil metros de profundidade.


Este aparelho rastreará as imediações do epicentro dos tremores sísmicos de magnitude 9 que causaram um maremoto de mais de 15 metros no litoral pacífico do arquipélago, com um balanço de 19 mil mortos, e danos à central nuclear de Fukushima Daiichi.


"Queremos colocar instrumentos no solo oceânico para cartografar a zona e comprovar as grandes mudanças provocadas pelo terremoto", explicou Gerold Wefer, diretor projeto. Os dados recolhidos durante um mês na falha que se estende por centenas de quilômetros devem ajudar a compreender o mecanismo dos terremotos e tsunamis suscetíveis de serem reproduzidos.


Esta missão começa quando o Japão vai homenagear as vítimas do histórico desastre ocorrido em 11 de março de 2011, às 14H46 local (02h46 de Brasília). Segundo Wefer, diretor do Centro de Mudanças Ambientais da Universidade de Bremen, os cientistas vão ver "enormes fissuras nas rochas".


"O terremoto os deixou em pedaços e foram liberados fluidos e gás no Oceano", explica. O aparelho utilizado, de 5,5 metros de extensão, parece um submarino de pequenas dimensões e possui sonares de exploração multi-haz.


A embarcação de onde será lançado o veículo submergível está equipado com ecossensores e permitirá levantar vários mapas das profundidades submarinas da fossa do Japão que cerca a principal ilha de Honshu.

As novas representações geográficas serão comparadas com as realizadas antes do "grande tremor do leste" (nome oficial da catástrofe de 11 de março) para analisar o ocorrido sob o mar no momento das trepidações telúricas.


O epicentro do tremor foi situado no Pacífico, a 130 km das costas de Honshu, onde a placa tectônica oceânica se desliza debaixo da placa euroasiana que sustenta o Japão.


O submarino radioguiado de 3,5 toneladas vai instalar instrumentos que depois permitirão medir com mais precisão os movimentos terrestres nesta zona de forte atividade.


A missão também recolherá mostras de sedimentos da região da fossa, na esperança de realizar estimativas da possibilidade de novos tremores fortes.


"As previsões de terremotos são extremamente difíceis com as tecnologias e os dados atuais", recorda Shuichi Kodaira, do Instituto de Pesquisa sobre a Evolução da Terra na Agência japonesa de Tecnologias Marinhas e Terrestres.


"Mas o que podemos fazer, no entanto, é tentar entender a história e a ocorrência dos grandes terremotos na fossa do Japão utilizando dados desta expedição e de outras anteriores", acrescentou.


Os cientistas advertem que o Japão parece ter entrado numa nova etapa de acúmulo de tensões que poderão provocar outro terremoto devastador.

segurança nacional