quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Brasil exercita sua influência regional em Cuba


Por John Lyons
A aproximação da presidente Dilma Rousseff com Cuba é o exemplo mais recente da estratégia brasileira para expandir sua influência regional oferecendo empréstimos subsidiados para países mais pobres.
Rousseff ofereceu ampliar a cooperação econômica com Cuba durante uma visita na terça-feira à ilha comunista que representou a tentativa mais evidente até agora do Brasil de transformar seu poderio econômico crescente em liderança diplomática na América Latina.
O BNDES está financiando uma obra de US$ 680 milhões para recuperar o (vídeo: Fonte-BBC via youtube ) porto cubano de Mariel. A reforma está a cargo da empreiteira baiana Odebrecht SA, que também pode dar suporte à indústria açucareira cubana, disseram autoridades brasileiras.
O Brasil emprestou dezenas de bilhões de dólares a países da América Latina nos últimos anos.
Mas nenhum desses esforços teve a importância simbólica da iniciativa em Cuba, que é inimiga dos Estados Unidos desde a revolução de Fidel Castro, em 1959.
“Isso tem a ver com expandir o ‘poder suave’ do Brasil para uma escala internacional e aumentar a importância do Brasil no mundo”, disse Matthew Taylor, especialista em Brasil na Faculdade de Serviço Diplomático da Universidade American, em Washington. “O Brasil está assumindo um papel mais proeminente [nas Américas] em termos de ajuda e financiamento internacional, e ajudando Cuba ele realmente torna evidente o seu novo papel.”
Embora os EUA continuem sendo a potência predominante na América Latina, os especialistas dizem que o país não é contrário à tentativa brasileira de ganhar mais influência regional. Muitos analistas acreditam que o Brasil pode ser tornar uma força estabilizadora.
Em Cuba, por exemplo, o Brasil pode ser uma alternativa mais moderada ao principal guardião econômico da empobrecida ilha, o presidente venezuelano Hugo Chávez. O presidente, que se descreve como inimigo dos EUA, envia cerca de 100.000 barris de petróleo e refinados para Cuba diariamente em troca de serviços de médicos cubanos para moradores de bairros pobres venezuelanos, juntamente com outros acordos de permuta.
E Cuba, ao mesmo tempo, está desesperada por qualquer oportunidade econômica. Raúl Castro, que assumiu a presidência desde que Fidel adoeceu, tem experimentado com reformas econômicas limitadas.
“Quanto mais normalizadas forem as relações econômicas cubanas, mais fácil será normalizar as relações com os EUA”, disse Archibald Ritter, especialista em economia cubana da Universidade Carleton, do Canadá.
“Imagino que os EUA secretamente esperam que o Brasil tenha um papel de mediação nas questões que nos preocupam, como direitos humanos”, disse Cynthia Arnson, diretora de estudos latino-americanos do Centro Internacional de Pesquisa Woodrow Wilson, em Washington.
Mesmo assim, durante a visita de terça-feira, Rousseff criticou a existência da base americana na Baía de Guantánamo, centro de detenção de suspeitos de terrorismo, e o embargo comercial americano, que ela afirma contribuir para a pobreza na ilha.

Ela recusou convites para se reunir com dissidentes cubanos e já tinha dito que não iria questionar os irmãos Castro sobre os direitos humanos da ilha.
“Direitos humanos não são uma pedra que você joga só de um lado para o outro”, disse ela em Havana na terça-feira. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse também esta semana que os direitos humanos não são uma questão “emergencial” em Cuba.
Observadores dizem que o caso de Yoani Sánchez, blogueira que critica o regime castrista, pode oferecer pistas para mudanças na política de direitos humanos do Brasil. O país deu visto a Sánchez e observadores disseram que se Cuba permitir a saída dela, Rousseff terá conseguido usar a aproximação para obter alguns avanços nos direitos humanos.
Sánchez escreveu em seu blog terça-feira que esperava que Rousseff se reunisse com ativistas dos direitos humanos em Cuba, e que fosse “consequente com a fala democrática, em vez de optar pelo silêncio cúmplice ante uma ditadura”.

Mísseis são capazes de atingir o triplo da velocidade do som


Foram revelados detalhes do 'Sea Ceptor', um sistema de defesa capaz de destruir projéteis supersônicos disparados por inimigosO novo mecanismo de defesa criado pela Marinha Real Britânica, batizado de Sea Ceptor, realiza disparos que poderão alcançar aproximadamente 3200 km/h. A ideia é que ele intercepte mísseis supersônicos inimigos no ar.

Inicialmente os Sea Ceptors serão instalados em fragatas da Marinha Real e terão a capacidade de proteger uma área de até 1300 km² ao redor de cada navio. Estima-se que os primeiros equipamentos serão testados daqui a cinco anos, após um investimento de 483 milhões de libras.
E, como o design do projeto é versátil, espera-se que o equipamento também possa ser instalado em aviões da Força Aérea Real e em veículos do exército. (Daily Mail)

Ataques a sites continuam; ‘irão nos conhecer pelo amor ou pela dor’, diz hacker (áudio)


Luiz Guilherme Gerbelli e Nayara Fraga
Uma onda de ataques cibernéticos a sites de bancos está chamando a atenção na web nesta semana. Intitulada de #OpWeeksPayment — por esta ser a semana em que os salários são pagos —, a ação é conduzida por hackers brasileiros que se dizem integrantes do grupo internacional Anonymous, que já derrubou sites importantes pelo mundo, como os do FBI e da CIA.
O ataque começou com o site do banco Itaú na segunda-feira, que ficou fora do ar durante três horas, segundo o perfil do grupo no Twitter (@AntiSecBRTeam). Na terça e nesta quarta-feira, as páginas do Bradesco e do Banco do Brasil, respectivamente, ficaram inacessíveis ou muito lentas durante alguns momentos. Os bancos não confirmaram o ataque e disseram apenas terem notado um excesso no volume de acessos.
Em entrevista ao Estado (ouça o áudio acima), um hacker que assina como “Bile Day” afirmou que o objetivo não é roubar dinheiro dos correntistas. “Não somos crackers (hackers que cometem crimes), não usamos nosso conhecimento para roubar dinheiro. Em nossos ataques deixamos apenas o site inacessível”. [As perguntas foram enviadas por e-mail; parte das respostas foi gravada em áudio e outra foi escrita em e-mail.]
Segundo ele, a ação tem o objetivo de “afetar a população”, pois os ataques a sites de governo “não estavam surtindo muito efeito”. Páginas vinculadas ao governo do distrito federal (com o domíniodf.gov.br), governo paulista (sãopaulo.sp.gov.br) e Tribunal de Justiça de São Paulo  tj.sp.gov.br) foram também derrubadas na semana passada. A ideia é chamar a atenção para a causa do Anonymous. “Nós nos posicionamos contra corrupção, desigualdade e etc…”, escreveu.
Quando questionado sobre o porquê de afetar a população, o hacker diz que eles seriam conhecidos só se realizando ataques desse tipo — a sites que tenham “impacto direto na vida das pessoas”.  “Sim, pois a população é muito acomodada (…)”. As pessoas, para ele, não estão reagindo.  “Então, decidimos tomar medidas mais extremas para isso. Irão nos conhecer pelo amor ou pela dor.” Os próximos alvos seriam Santander e Caixa.
O perfil @AntiSecBRTeam é um entre uma dezena de perfis, do Brasil e do exterior, que se diz parte do grupo Anonymous. “Anonymous é uma ideia, Anonymous não tem líder, qualquer um pode ser Anonymous”, diz o hacker. O movimento no País seria conduzido, segundo ele, por @iPiratesGroup@LulzSecBrazil,@AnonBRNews e @AntiSecBrTeam (perfis no Twitter). Mas o perfil @PlanoAnonBR, que também se vincula ao Anonymous, chegou a afirmar que o ataque não era uma ação coletiva do grupo. Parece haver uma briga em torno da bandeira Anonymous.
Segurança
Não é de hoje que sites são derrubados dessa forma. Desde o início dos anos 1990, isso ocorre, lembra o professor da Escola Politécnica da USP Marcelo Zuffo. Em geral, usa-se o método da distribuição de ataque por negação do serviço (Ddos, na sigla em inglês) para tirar o site do ar. Assim, bombardeia-se uma página com milhões de acesso simultâneos, até que ele fique lento e inacessível.
Isso pode ser feito por meio de inúmeros computadores infectados, que poderiam ser programados para acessar um site ao mesmo tempo, ou pela invasão em grandes servidores, explica o professor.
“A novidade é que, dessa vez, o movimento tem uma conotação de ativismo que não havia no passado”, diz Zuffo. O ataque aos sites do governo paulista e do Tribunal de Justiça, por exemplo, era, para os hackers, uma resposta à ação da polícia na comunidade de Pinheiro, no interior de São Paulo.  Ao atacar as páginas, eles publicavam no Twitter mensagens com a hashtag #OpPinheiro, acompanhada de “tango down”, que vem do inglês “target down” (alvo atingido).
O problema, segundo Zuffo, está nos transtornos que tais ataques trazem para a sociedade. “Como se trata de garotos, muitos são inconsequentes. Para muitos deles, brigar pela causa é mais importante que qualquer outra coisa.” O professor conta que já chegaram a invadir uma base de dados de saúde (sem dizer os autores).
Em nota, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban)  informou que trabalha pela aprovação de uma lei específica que criminalize os ataques e fraudes eletrônicas. A entidade também disse que “as instituições financeiras dispõem de mecanismos e contingências capazes de inibir eventuais ataques como os supostamente seriam tentados contra os bancos.”
Nesta semana, o Procon orientou os internautas a procurar outras formas de acessar a conta corrente, como telefone, caixas eletrônicos e agências bancárias. Segundo o órgão, ainda não foi registrado nenhum caso de um ataque que tenha movimentado recursos financeiros.
“A principal recomendação é que a pessoa acompanhe bem de perto a sua conta, por meio de extratos”, diz Carlos Coscarelli, assessor do Procon-SP. “A qualquer sinal de alteração, o internauta deve entrar em contato imediatamente com o banco.” Segundo Coscarelli, a responsabilidade de manter a segurança dos serviços online é do banco.