quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Avanço da Embraer no campo militar depende do governo, diz analista


Embora a venda inédita de vinte Super Tucanos da Embraer para os Estados Unidos reforce o sucesso comercial dessa aeronave militar, o avanço da empresa no mercado de armamentos requer um maior endosso do governo brasileiro, segundo Thomaz Costa, professor da National Defense University, em Washington.
"A compra é episódica, não significa que marque alguma tendência (de maior participação da Embraer no mercado militar)", disse ele à BBC Brasil.
Segundo Costa, que é brasileiro, o avanço da empresa no setor depende de encomendas do governo brasileiro e do que ela pode fazer para aumentar a produção de componentes no Brasil.
"O desenvolvimento de equipamentos militares leva vários anos e é muito custoso; o governo precisaria bancá-lo", afirma. Ele acrescenta, no entanto, que o Planalto não tem demonstrado intenção de investir no setor militar, citando como exemplo a indefinição para a compra de caças para as forças brasileiras.
Em 2010, após vários anos de especulações, surgiram rumores de que Brasil e França haviam fechado um acordo para a venda de 36 caças franceses Rafale à Força Aérea Brasileira (FAB), ao custo de cerca de US$ 6 bilhões (R$ 11 bilhões).
No entanto, a negociação jamais foi concretizada e gerou polêmica, já que um relatório técnico da FAB teria revelado que o Rafale era inferior aos seus dois concorrentes na disputa - o caça sueco Gripen e o americano F-18, da Boeing.
Para Costa, sem o endosso do governo brasileiro, o avanço da Embraer no mercado dependeria de parcerias com empresas estrangeiras e oportunidades pontuais.
"Como a Embraer é uma empresa de capital aberto, os investidores buscarão sempre as melhores oportunidades, não necessariamente no campo militar".
Ele afirma ainda que a expectativa de que a companhia amplie nos próximos anos as vendas para o governo dos EUA poderá ser frustrada por cortes no orçamento militar do país, que tornariam o mercado americano ainda mais competitivo.
Aeronave 'madura'
Mesmo que considere incerta a evolução da Embraer no setor de armamentos, o professor diz que o acordo para a venda de Super Tucanos aos Estados Unidos "demonstra a maturidade" da aeronave, desenvolvida há cerca de 30 anos.
Segundo o Pentágono, os aviões serão repassados ao Corpo Aéreo do Exército Nacional do Afeganistão, onde serão usados para combater grupos insurgentes.
De acordo com Costa, o emprego dos Super Tucanos no país se justifica pelo sucesso obtido pela aeronave em operações de combate às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território colombiano.
"Como o Afeganistão, a Colômbia é um país de vales. A compra faz sentido, porque o apoio aproximado para ataques em solo de vales requer aviões com grande capacidade de carga, velocidade baixa e capacidade de manobra eficiente - todas essas são características do Super Tucano".
Firmado ao custo de US$ 355 milhões (R$ 650 milhões), o contrato para a venda dos vinte aviões foi o primeiro entre a Embraer e a Defesa americana e prevê ainda o treinamento de pilotos e a manutenção das aeronaves. A companhia terá 60 meses para entregar os equipamentos. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC. 

Ciberguerra: fornecedor de segurança do Exército explica treinamento de SI


Depois de fornecer um software de controle para os Jogos Militares de 2011, a Decatron, empresa brasileira de TI focada em desenvolvimento, venceu licitação realizada pelo Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército para desenvolver o primeiro simulador nacional de operações cibernéticas (Simoc). O processo ocorreu há cerca de um mês e o valor estipulado para o projeto foi de R$ 5 milhões – um valor pequeno, mas que indica um desejo do governo de proteger suas fronteiras virtuais.
A preparação para uma guerra online – um inimigo silencioso que fica cada vez mais próximo, especialmente com ataques como o do vírus Stuxnet e diversas invasões do Anonymous e LulzSec– tornou-se foco público brasileiro no início deste ano, ganhando corpo depois de invasões de hackers a sites do governo. Os ataques ao Brasil ganharam notoriedade, especialmente, em junho deste ano, quando no dia 22 foi postada uma mensagem em seu perfil do LulzSec  no Twitter afirmando um ataque às páginas da Presidência e Brasil.gov durante a madrugada. Os endereços eletrônicos voltaram ao ar apenas pero das 9h. A mais recente invasão que se teve notícia foi em 3 de novembro, quando o Anonymous invadiu a página do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar, na internet.
Em conversa com o IT Web, Carlos Rust, sócio-diretor da Decatron, explicou como funciona a preparação para parte do Exército especializado em tecnologia com base no software em desenvolvimento pela companhia. O ponto central, explicou o executivo, é humano. “São pessoas que tomam conta dos computadores. São as pessoas que programam. Para se proteger contra ataques e fazer ataques, o ser humano é necessário. Obviamente que isso ocorre com o apoio de ferramentas, mas o verdadeiro patrimônio é o guerreiro cibernético, que é um nome bonito para o que chamamos de hacker do bem”, alertou.
Em sua visão, as invasões não são atos isolados e se configuram em uma tendência. “O País vive esse momento econômico único, somos a sexta economia mundial – passamos pela primeira vez o Reino Unido – e essas coisas chamam a atenção. É preciso defender esse patrimônio. E somos extremamente dependentes dos computadores e das redes da internet. É um ponto vulnerável: é possível desestabilizar um país inteiro se atacar seu ecossistema cibernético. Tudo isso sem dar nenhum tiro”, pontuou.
O software será utilizado pelo exército para treinamento do corpo militar responsável pela proteção do ambiente virtual do Brasil. Pelo processo da Lei de Licitação, a 8666, eles terão um prazo de seis meses para entregar o produto final, que, atualmente, está em uma versão beta. Cerca de 20 pessoas estão trabalhando na produção do software, que foi desenvolvido em plataforma Java.
De acordo com Rust, o programa é, na verdade, um simulador que permite a criação de diferentes cenários de ataques e avalie o aluno de forma online. “O capital intelectual, de como se comportar em uma situação de guerra, é deles. A ferramenta dá, apenas, o ambiente”, explicou. Os professores usam o simulador para criar cenários e rotinas, como se fosse a aplicação de um exercício em sala de aula. Já o aluno se vale da ferramenta para traçar estratégias e operação de ataque e defesa em um ambiente específico, como por exemplo Unix contra Windows, Unix com Windows contra Unix com Windows, ambiente com e sem firewall, por exemplo. “Eles podem simular uma rede de seis computadores, de 20, de 24, enfim. É uma rede de laboratório virtual e pode mudar a configuração o tempo todo”, detalhou.
Com cerca de 250 profissionais e faturamento que gira em torno de R$ 70 milhões, a Decatron, que tem 17 anos de vida, iniciou o foco no setor público em 2011. A primeira ação veio com os Jogos Militares. E os próximos eventos esportivos são um filão em potencial. Isso, sem limitar as oportunidades à Copa do Mundo 2014 e à Olimpíada de 2016. “Teremos 18 grandes eventos nos próximos anos”, disse, considerando, mais uma vez, jogos e encontro militares.

EUA reduzirão gastos militares e priorizarão recuperação econômica


Efe e Associated Press
WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta quinta-feira, 5, que os Estados Unidos "estão passando uma página de uma década de guerras" e devem se concentrar agora em fortalecer sua economia, alterando sua estratégia de defesa e tendo um efetivo militar menor.
Estados Unidos estão reformulando sua capacidade militar, afirma Obama - Jason Reed/Reuters
Jason Reed/Reuters
Estados Unidos estão reformulando sua capacidade militar, afirma Obama
"Tivemos êxito na defesa da nossa nação, levamos a guerra ao inimigo e restabelecemos a liderança global dos Estados Unidos", disse Obama ao apresentar a nove estratégia de defesa americana. O presidente falou ao lado do secretário de Defesa, Leon Panetta, e o do chefe de Estado-Maior, o general Martin Dempsey.
Obama anuncia a nova estratégia com o intuito de reduzir em bilhões de dólares os custos da defesa americana, uma das áreas que mais pesou nos cofres de Washington na última década. Não há novas missões militares e não foram anunciadas novas iniciativas.
O presidente anunciou que a organização militar passará por reformas com o tempo e que haverá ênfase no combate ao terrorismo, à proliferação nuclear, na proteção ao território americano e na "detenção de qualquer potencial adversário". No geral, ele explicou que os militares americanos manterão o foco atual, mas sem se envolver em conflitos de larga escala, como a recém terminada guerra no Iraque e a ainda vigente incursão no Afeganistão.
"Conforme encerramos as guerras atuais e reformulados nossas Forças Armadas, vamos assegurar que nossos militares estejam ágeis, flexíveis e prontos para qualquer situação", escreveu Obama na introdução do documento que detalha a nova estratégia, intitulado "Sustentando a liderança global dos Estados Unidos: As Prioridades para a Defesa do século 21".
De acordo com o documento, a presença militar americana na Europa será reduzida e a Ásia terá uma prioridade maior. O texto ainda diz que os EUA devem melhorar suas instalações antimísseis e seu aparato cibernético.
Quanto às preocupações do governo americano, as principais são a China - devido ao dinâmico crescimento econômico e ao rápido aumento das forças militares - e o Irã - não apenas pelas ameaças de interromper o comércio de petróleo através do Golfo, mas também por suas ambições nucleares.

Arianespace prepara 13 lançamentos de foguetes para este ano


O consórcio espacial europeu Arianespace anunciou nesta quinta-feira, 5, que pretende fazer 13 lançamentos com os três modelos de foguetes que ofereceu aos seus clientes, o Ariane-5, o russo Soyuz e o italiano Vega.

Só do foguete Ariane-5, o Arianespace pretende utilizar sete unidades, entre os quais o que deve pôr em órbita o veículo ATV3 "Edoardo Amaldi" para o abastecimento da Estação Espacial Internacional (ISS) em 9 de março, indicou o Arianespace em comunicado.

O programa do consórcio também prevê o lançamento de cinco foguetes Soyuz, três a partir da base na Guiana Francesa e dois de Baikonur, no Cazaquistão, com o consórcio Starsem.

O consórcio espacial europeu prepara ainda com a Agência Espacial Europeia (ESA) a primeira operação do pequeno Vega na Guiana Francesa com os satélites LARES, ALMASat-1 e vários microsatélites como carga.

No ano passado, o Arianespace teve faturamento de 985 milhões de euros e cumpriu a meta de alcançar "contas equilibradas" por meio dos cinco lançamentos do Ariane-5 em 2011, que puseram em órbita nove cargas úteis: oito satélites de telecomunicações e o ATV2 "Johannes Kepler", para abastecer a ISS.

Contando com a metade dos satélites de telecomunicações geoestacionários do mundo, o consórcio manteve a liderança no mercado de grandes foguetes.

No ano passado, foram feitos os dois primeiros lançamentos do Soyuz na Guiana Francesa, além de mais dois em Baikonur, com o Starsem.

O Arianespace assinou no ano passado dez contratos para lançamentos com Ariane-5 do total de 21 abertos à concorrência, e outro do Governo, além de fazer novo contrato para o lançamento do Soyuz do Centro Espacial da Guiana Francesa e dois em Vega.

Ao todo, o número de pedidos representa o volume recorde de 4,5 bilhões de euros, com 21 lançamentos pendentes do Ariane-5, 15 do Soyuz e os dois do Vega, o que representa mais de três anos de atividade.

Força aérea dos EUA suspende encomenda de aviões feita à Embraer


Agência Estado, com Roberto Godoy, de O Estado de S. Paulo
WASHINGTON - A Força Aérea dos EUA suspendeu temporariamente a encomenda de 20 aviões de treinamento e suporte EMB-314 Super Tucano, da Embraer, no valor de US$ 355 milhões, anunciada na sexta-feira passada. Segundo a Força Aérea, a suspensão foi motivada pelo fato de a norte-americana Hawker Beechcraft estar contestando o resultado da concorrência em um tribunal federal norte-americano.
A Embraer venceu a concorrência em associação com a norte-americana Sierra Nevada Corp., que responderia pelo treinamento de pilotos e do pessoal de apoio. Nos EUA, o EMB-314 tem a designação A-20. Os aviões serão construídos na fábrica da Embraer em Jacksonville (Flórida), para operar no Afeganistão.
Segundo um porta-voz da Força Aérea norte-americana, o tenente-coronel Wesley Miller, a Força Aérea está "confiante nos méritos da decisão da concorrência e prevê que a contestação será resolvida rapidamente".
O mercado internacional para essa classe de equipamento é avaliado em US$ 3,5 bilhões, envolvendo 300 aeronaves a serem adquiridas até 2020.
Em novembro, quando o AT-6 da Hawker Beechcraft foi afastado da competição, a empresa já havia reagido com perplexidade.
O fabricante americano acumula dificuldades. O avião nunca entrou em combate e só recentemente pode realizar os testes iniciais com bombas inteligentes, guiadas a laser, no Arizona, de 28 de setembro e 5 de outubro.
Em novembro a companhia divulgou comunicado informando que estava pedindo explicações à USAF e que vencer a escolha permitiria gerar 1.400 empregos em 20 Estados.
O interesse da aviação americana é por um avião capaz de oferecer apoio à tropa em terra. Os caças pesados são caros. O gasto com a operação, alto. A hora de voo do supersônico F-16E não sai por menos de US$ 6,5 mil, contra apenas US$ 500 do Super Tucano.
As informações são da Dow Jones. (Renato Martins)

Aviões da Embraer podem ser usados no combate ao Talibã


Os vinte aviões da Embraer recentemente vendidos ao governo dos Estados Unidos deverão ser repassados ao Corpo Aéreo do Exército Nacional do Afeganistão, onde serão usados para combater grupos insurgentes como o Talibã.
Entretanto, a compra está, no momento, paralisada, segundo a Sierra Nevada Corporation, empresa norte-americana associada da Embraer no projeto. A paralisação ocorreu depois de a compra dos aviões ter sido questionada na Justiça por um concorrente, a Hawker Beechcraft. Segundo comunicado, a Sierra Nevada recebeu uma "ordem de paralisação" ("stop work order") da Força Aérea dos EUA. A Embraer não fez nenhum comentário na manhã desta quinta.
Na quarta-feira, em resposta a questionamento da BBC Brasil acerca da venda, anunciada no último dia 30, o Pentágono (Departamento de Defesa americano) afirmou que as aeronaves A-29 Super Tucano serão entregues às forças afegãs para promover "treinamento avançado em voo, vigilância, interdição aérea (ataques a alvos no solo) e apoio aéreo próximo".
"O LAS (sigla em inglês para Apoio Aéreo Leve, programa em que as aeronaves serão empregadas) é um esforço de assistência em segurança para o governo afegão", disse o Pentágono.
Questionamento na Justiça 
No comunicado em que citou a ordem de paralisação da compra, a Sierra Nevada disse que está "confiante em que a questão será resolvida de forma célere. (As aeronaves) precisam ser disponibilizadas rapidamente para apoiar (soldados) no Afeganistão".
A concorrente Hawker Beechcraft questiona na Justiça americana sua "exclusão" da competição e a forma como a Embraer foi anunciada vencedora do processo, segundo comunicado da companhia em 30 de dezembro. Alega que "faltou transparência da Força Aérea durante a competição". A Sierra Nevada, por sua vez, afirma que ela e a Embraer receberam o contrato "como resultado de uma disputa justa e aberta".
O A-29 Super Tucano é uma aeronave militar leve, projetada especialmente para ações de contrainsurgência. Capaz de voar em velocidade e altitude baixas, já teve cerca de 200 unidades encomendadas e é atualmente usado por forças aéreas de seis países.
Firmado ao custo de US$ 355 milhões (R$ 650 milhões), o contrato para a venda dos 20 aviões foi o primeiro entre a Embraer e a Defesa americana e prevê ainda o treinamento de pilotos e a manutenção das aeronaves. A companhia terá 60 meses para entregar as 20 aeronaves. Para concorrer à venda, conforme determina a legislação americana, a Embraer teve de se associar a uma empresa local, a Sierra Nevada.
Buy American
Caso a compra siga adiante, segundo a Embraer, os equipamentos serão montados em Jacksonville, no Estado americano da Flórida, e terão ao menos 88% de seus componentes fabricados por empresas americanas ou países que se enquadram no Buy America Act (legislação que regula as compras do governo americano).
A empresa diz que as cerca de 150 aeronaves em operação já voaram, ao todo, 130 mil horas (das quais 18 mil em missões de combate), sem jamais terem sido abatidas. Segundo a companhia, o treinamento para que pilotos experientes possam manejá-la dura poucas semanas.
Em nota, a Embraer disse que as aeronaves serão vitais "para ajudar o Afeganistão e nações parceiras (dos EUA) a desenvolver suas próprias capacidades aéreas (...), ajudando a trazer de volta com segurança e rapidez soldados americanos no Afeganistão e limitando a necessidade de forças americanas em outros locais".
Em discurso em junho de 2010, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que a presença de soldados americanos no Afeganistão (onde os EUA combatem desde 2001) se encerraria no fim deste ano.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

BBC identifica 'pontos quentes' do terror em 2012


O correspondente de segurança da BBC Frank Gardner preparou uma lista com os pontos críticos do terror no ano de 2012.
Com as incertezas no Oriente Médio, suspeitas crescentes em relação ao programa nuclear do Irã, uma crise política cada vez mais profunda no Paquistão e o aumento da violência jihadista na Nigéria, há diversos locais que apresentam ameaças para o ano que começa.
Mas é preciso distinguir entre conflitos locais, em grande parte contidos pelas fronteiras de um país, e o terrorismo transnacional que produziu eventos como 11 de setembro, as bombas em Madri e, nos olhos de muitos, operações militares destruidoras como a invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos.
Afeganistão
2011 foi mais um ano violento para o Afeganistão, com mais de 2 mil civis mortos nos primeiros dez meses do ano. As razões dessas mortes - insurgência, tiroteios, ataques aéreos e criminalidade - não vão desaparecer de uma hora para a outra, mas o quadro no país está mudando.
A Otan, a aliança militar ocidental, está se preparando para a retirada de suas forças de combate até o fim de 2014, acelerando o treinamento das forças de segurança afegãs na esperança de que elas se tornem robustas o suficiente para manter uma segurança nacional mínima e manter a al-Qaeda fora do país.
Mas a futura partida da maior parte das forças estrangeiras não significa necessariamente o fim do conflito. O pior cenário possível - que a Otan está tentando evitar - é que o Afeganistão volte a enfrentar a desordem e a divisão interna que vigorou no país no início dos anos 90, logo após a retirada dos soviéticos, e que o talebã volte a ganhar poder no sul, levando junto a al-Qaeda.
Paquistão
Um enfraquecimento do conflito entre Otan e talebã no Afeganistão deveria reduzir a ameaça da insurgência no vizinho Paquistão, mas os problemas do país são muito mais profundos, já que começa 2012 com uma crise entre seu frágil governo civil e suas poderosas Forças Armadas, assim como uma grave desconfiança entre Washington e Islamabad.
As preocupações sobre a segurança do arsenal nuclear do Paquistão foram amplamente abordadas pela mídia americana. Apesar do possível exagero nesses temores, alguns militantes tentarão explorar o caos político no país e 2012 parece estar fadado a ser mais um ano violento. O fim parece estar longe tanto para os ataques da CIA contra os territórios tribais no Paquistão como para as atividades da al-Qaeda no país.
Irã e o Golfo
A preocupação internacional com o programa nuclear do Irã é agora tão profunda que Israel - que se sente mais ameaçado pelo país - está tendo que escolher entre duas opções nada agradáveis: conviver com a existência de um país que tem armas nucleares e mísseis capazes de atingir seu território ou lançar um ataque preventivo e começar uma guerra que pode não ter como terminar.
O Irã vem se preparando para este último caso por anos e teria diversas medidas de retaliação preparadas caso sofra um ataque em grande escala, entre elas estaria o Hezbollah lançar uma série de foguetes contra Israel a partir do Líbano, lançar seus próprios mísseis contra bases americanas no Glofo, fechar o estreito de Ormuz para navios e ativar células em países do golfo árabe para atacar infraestrutura e causar pânico.
As Forças Armadas dos Estados Unidos até agora mostraram pouca ou nenhuma vontade de iniciar um novo palco de conflito no Irã.
Iraque
A retirada das forças de combate americanas no mês passado após quase nove anos ainda não resultou no fim da violência no Iraque.
A franquia iraquiana da al-Qaeda, que muitos consideravam uma força derrotada, assumiu a autoria de explosões coordenadas em Bagdá, em dezembro, que mataram mais de 60 pessoas.
Se a maioria sunita no país continuar sentindo que tem as mãos atadas e que sofre discriminação por parte do governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, de maioria xiita, há um risco de que extremistas violentos consigam recrutar mais militantes para sua causa.
Iêmen
O Iêmen está atualmente em um momento de desordem em câmera lenta. Há confrontos quase diariamente, às vezes entre manifestantes pró-democracia e atiradores leais ao presidente Saleh, às vezes entre pessoas de grupos tribais rivais, às vezes entre o Exército e grupos de militantes islâmicos na província de Abyan, no sul do país.
Os vizinhos do Iêmen no Golfo, assim como os Estados Unidos e Grã-Bretanha, temem que os problemas do país somados à crise econômica possam levar ao colapso do Estado.
2012 será um ano fundamental para determinar se o Iêmen conseguirá sair do atual impasse.
Somália
Já houve especulações, até hoje não comprovadas, de uma ligação institucional entre o grupo jihadista somali al-Shabab e os temidos piratas do país. Há uma coexistência limitada, principalmente por razões financeiras, mas nenhum sinal até o momehnto de que os piratas somalis estariam dispostos a entregar reféns capturados ao al-Shabab.
Para as autoridades britânicas, a maior preocupação é o pequeno fluxo de britânicos indo para a Somália com a intenção de se unir à jihad.
O maior temor é que, mais cedo ou mais tarde, alguns deles decidam voltar , como outros fizeram vindos do Paquistão, para atacar na Grã-Bretanha em vez de lutar e morrer em um país estranho.
Norte da África
Os levantes na Tunísia, Líbia e Egito motivados pela Primavera Árabe foram seguidos por um pequeno número de eclosões de violência, mas certamente no caso de Líbia e Egito, há um risco de que mais confrontos ocorram.
Na Líbia, tem sido difícil convencer milícias armadas a entregar suas armas e há um temor de que armamentos saqueados do arsenal do coronel Muamar Khadafi tenham cruzado a fronteira no sul, indo parar nas mãos de militantes em Mali e em outros locais.
A maior preocupação é em relação a lançadores de mísseis que podem chegar até terroristas e há um grande esforço para localizá-los.
A franquia da al-Qaeda no Saara, Aqim, tem atualmente em seu poder 12 europeus, e governos ocidentais alertaram seus cidadãos de que certas partes do Saara devem ser evitadas por medo de sequestros.
Nigéria
No ano passado, ataques conduzidos pelo grupo Boko Haram, que significa "Educação Ocidental é Proibida", mataram mais de 450 pessoas, parte delas na sede da ONU em Abuja, uma mudança radical em relação a seus tradicionais alvos na polícia, poder judiciário e entre figuras locais.
Em meados de 2011, autoridades americanas alertaram que pode haver ligações entre o Boko Haram e a Aqim. A agência de inteligência doméstica britânica, o MI5, estaria procurando sinais de conexões do Boko Haram na considerável comunidade nigeriana na Grã- Bretanha.
Jogos Olímpicos
Os Jogos Olímpicos deste ano em Londres terão "a maior operação de segurança já vista no país desde a Segunda Guerra Mundial", segundo as autoridades.
Cerca de 13,5 mil militares estarão trabalhando; um navio de guerra da marinha com heliponto ficará ancorado perto do Estádio Olímpico; mísseis estarão à disposição e caças Typhoon ficarão a postos, mas nada disso será necessário, se tudo correr de acordo com os planos.
A Olímpiada é vista, no entanto, como um alvo de primeira grandeza para qualquer um com intenções de atingir a Grã-Bretanha e os preparativos de segurança estão sendo feitos considerando que a ameaça terrorista no país esteja no segundo grau mais severo em uma escala de cinco.
Ataques cibernéticos
Computadores de instituições governamentais, organizações comerciais e indivíduos estão sob ameaça constantes de ataques cibernéticos, que podem variar de espionagem comercial ao roubo de informações de cartões de crédito até à tentativa de acessar informações militares confidenciais.
Na Grã-Bretanha, as autoridades estão investindo pesado em medidas protetoras no que consideram uma "constante corrida armamentista no espaço cibernético" com o objetivo de eliminar a ameaça de um ataque cibernético de proporções catastróficas contra a infraestrutura do país. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC. 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

IRIS-T para a força aérea da Espanha


Uma recente encomenda à empresa alemão Diehl, veio confirmar a opção espanhola pelo míssil de curto alcance IRIS-T para substituição do AIM-9 Sidewinder, presentemente utilizado pelas aeronaves da força aérea daquele país da Europa.

O míssil IRIS-T, que é uma modernização do sistema norte-americano, ganhou uma concorrência onde participaram a versão mais recente do Sidewinder a AIM-9X, o míssil de curto alcance Python-5 de Israel e o AIM-132 Asraam da MBDA/EADS.

A opção, inclui contrapartidas, como a participação espanhola no projecto do IRIS-T e o fabrico naquele país de vários componentes do míssil.

O negócio, que atinge um montante de 247,32 milhões de Euros, prevê o fornecimento a Força Aérea Espanhola de 700 mísseis na versão standard, 70 mísseis de treino, 385 suportes de lançamento, além de material auxiliar de testes. O programa deverá ter uma duração de dez anos.

A Espanha já desenvolveu programas de teste e adaptação das suas aeronaves para a utilização do novo míssil. Entre as aeronaves que vão utilizar o IRIS-T está o caça europeu Eurofighter Typhoon-II e o caça norte-americano F-18.

U216 está em projeto na Alemanha


Novo navio complementará gama da HDW29.12.2011

 
Os estaleiros alemães HDW confirmaram que a empresa tem em desenvolvimento um submarino que junta características do U214 e do U212, num navio de dimensões muito maiores, que poderá ser proposto a marinhas que normalmente optam por navios de maiores dimensões, como é o caso das marinhas da Austrália, Canadá, Índia ou mesmo Japão.

O novo navio, terá casco duplo e com as mesmas características do U214 em termos de resistência, mas terá apenas seis tubos de torpedos como no U212. No entanto o navio contará com capacidade para lançamento vertical de mísseis de cruzeiro.

O navio terá um altíssimo nível de automatização, já que terá uma guarnição idêntica à do U214 (33 militares). Ele não se destina a substituir o U214, que continuará a ser oferecido no mercado internacional a marinhas que pretendem submarinos para águas profundas, mas que não vêm necessidade para a utilização de navios de maiores dimensões.

O estaleiro fornecerá o U216 com sistema de propulsão independente do ar, que em principio será derivado do utilizado no U214. A configuração interna do navio também deverá abandonar a configuração adotada para o U212. O novo submarino também vai dispor de um sistema que permite a colocação de mergulhadores em qualquer teatro de operações sem necessidade de vir à superfície.
Não tendo sido confirmado, é no entando de crer que os U216 estejam preparados para utilizar mísseis anti-aéreos lançados com o navio em imersão.

Com um comprimento de 89m e uma largura máxima de 8m o U216 terá um deslocamento em torno das 4,000t. Ele deverá dispor de um sistema AIP, mais poderoso e com mais autonomia, embora continue limitado a velocidades muito baixas quando utilizar o AIP.

Este tipo de navio poderá ser visto como uma opção por marinhas asiáticas, perante o aumento do poder da marinha da China. Como a passagem para o Indico é controlada por zonas de estreitos, navios deste tipo podem ser de extremo valor contra alvos de grande valor como o recente porta-aviões que a China tem em processo final de aprontamento e que deverá ser utilizado nos mares do sul da China, para fazer valer as pretensões chinesas sobre aquelas águas.

Irã ameaça agir se porta-aviões dos EUA voltar ao Golfo Pérsico


REUTERS
TEERÃ - O Irã vai agir se um porta-aviões dos Estados Unidos que deixou o Golfo Pérsico por causa das manobras navais iranianas retornar à região, disse nesta terça-feira, 3, o comandante do Exército, Ataollah Salehi, segundo a agência estatal de notícias Irna."O Irã não vai repetir sua advertência... o porta-aviões do inimigo se dirigiu ao Mar de Omã por causa de nossos exercícios. Eu recomendo - e enfatizo - ao porta-aviões americano que não retorne ao Golfo Pérsico", disse Salehi à Irna.
"Eu aviso, recomendo e alerto (os americanos) quanto ao retorno de seu porta-aviões ao Golfo Pérsico porque nós não temos o hábito de fazer advertências mais de uma vez", declarou Salehi, segundo outra agência de notícias, a semioficial Fars.
Salehi não citou o nome do porta-aviões nem deu detalhes sobre o tipo de medidas que o Irã poderia adotar se ele retornar à região.
O Irã completou na segunda-feira dez dias de exercícios navais no Golfo e, durante essas manobras, afirmou que se alguma potência estrangeira impuser sanções a suas exportações de petróleo o país poderá fechar o Estreito de Ormuz, pelo qual passa 40 por cento do petróleo transportado por navios no mundo.
A Quinta Frota dos EUA, baseada no Bahrein, afirmou que não permitirá que a navegação seja prejudicada no estreito.
Na segunda-feira, o Irã anunciou ter testado com sucesso dois mísseis de longo alcance durante as manobras navais, numa demonstração de força diante da crescente pressão ocidental sobre seu controverso programa nuclear.
O Irã nega as acusações de países ocidentais de que esteja tentando construir bombas atômicas e diz que seu programa tem como única finalidade o uso pacífico da energia nuclear. 

Irã ameaça Marinha dos EUA; sanções atingem economia


PARISA HAFEZI - REUTERS
O Irã fez nesta terça-feira sua ameaça mais agressiva após semanas de ofensividades ao afirmar que vai reagir se a Marinha dos Estados Unidos deslocar um porta-aviões para o Golfo Pérsico, depois que novas sanções financeiras dos EUA e da União Europeia afetaram sua economia.
A perspectiva de sanções que prejudiquem de uma maneira grave o setor do petróleo iraniano pela primeira vez atingiu a moeda do país, o rial, que registrou recorde de baixa nesta terça-feira e caiu 40 por cento em relação ao dólar no último mês.
Filas foram formadas diante de bancos e casas de câmbio fecharam suas portas enquanto os iranianos tentavam comprar dólares para proteger suas economias da desvalorização da moeda.
O chefe do Exército, Ataollah Salehi, disse que os Estados Unidos haviam deslocado um porta-aviões para fora do Golfo por causa dos recentes exercícios navais do Irã, e que o Irã reagiria se o navio retornasse.
"O Irã não vai repetir sua advertência... o porta-aviões do inimigo se dirigiu ao Mar de Omã por causa de nossos exercícios. Eu recomendo - e enfatizo - ao porta-aviões americano que não retorne ao Golfo Pérsico", disse Salehi à agência de notícias iraniana Irna.
"Eu aviso, recomendo e alerto (os norte-americanos) quanto ao retorno de seu porta-aviões ao Golfo Pérsico, porque nós não temos o hábito de fazer advertências mais de uma vez", declarou Salehi, segundo outra agência de notícias, a semioficial Fars.
O porta-aviões USS John C. Stennis lidera uma força-tarefa da Marinha norte-americana na região. Agora ele está no Mar da Arábia, fornecendo apoio aéreo para a guerra no Afeganistão, disse a tenente Rebecca Rebarich, porta-voz da 5a Frota dos EUA.
A embarcação deixou o Golfo em 27 de dezembro em "um trânsito de rotina pré-planejado" pelo Estreito de Ormuz, disse ela.
Quarenta por cento do petróleo comercializado no mundo passa pelo estreito canal - que o Irã ameaçou fechar no mês passado se as sanções internacionais suspenderem suas exportações de petróleo.
PETRÓLEO SOBE
O futuro do petróleo Brent subia quase 4 dólares na tarde de terça-feira em Londres, pressionando o preço do barril para mais de 111 dólares pelas notícias de ameaças em potencial ao fornecimento no Golfo, assim como pelos fortes números econômicos chineses.
A última ameaça de Teerã é feita em um momento em que as sanções estão tendo um impacto inédito em sua economia, e o país enfrenta incerteza política com uma eleição em março, a primeira desde uma votação contestada em 2009 que provocou protestos no país todo.
O Ocidente impõe sanções cada vez mais severas contra Teerã por causa do programa nuclear iraniano, que o país diz ser pacífico, mas que potências ocidentais acreditam ter por objetivo construir uma bomba atômica.
Depois de anos adotando medidas de baixo impacto, as novas sanções são as primeiras que podem provocar um efeito grave no comércio do petróleo do Irã, base de 60 por cento de sua economia.
As sanções que viraram lei assinada pelo presidente norte-americano Barack Obama na véspera do Ano Novo podem tirar as instituições financeiras que trabalham com o Banco Central do Irã do sistema financeiro norte-americano, bloqueando o principal caminho para pagamentos pelo petróleo iraniano.
A UE deve impor novas sanções até o final deste mês, possivelmente incluindo uma proibição às importações de petróleo e um congelamento de ativos do banco central.
Mesmo o principal parceiro comercial do Irã, a China, - que se recusou a apoiar novas sanções globais contra o Irã - está exigindo descontos para comprar o petróleo iraniano, em um momento em que as opções de Teerã encolhem.
Pequim reduziu suas importações de petróleo bruto iraniano em mais da metade para janeiro, pagando prêmios para o petróleo da Rússia e do Vietnã para substitui-lo.
O Irã vem respondendo às medidas mais duras com uma retórica beligerante. A República Islâmica completou na segunda-feira dez dias de exercícios navais no Golfo e, durante essas manobras, afirmou que se alguma potência estrangeira impuser sanções a suas exportações de petróleo o país poderá fechar o Estreito de Ormuz.
Especialistas ainda dizem que Teerã não deve transformar sua retórica em um ato de guerra - a Marinha dos EUA é muito mais poderosa do que as forças marítimas do Irã -, mas as opções diplomáticas do Irã estão acabando e isso pode levar a um confronto.
"Acho que deveríamos ficar muito preocupados porque a diplomacia que deveria acompanhar esse aumento de tensão parece estar faltando em ambos os lados", disse Richard Dalton, ex-embaixador britânico no Irã e hoje membro do instituto de estudos Chatam House.
"Não acredito que nenhum lado queira começar uma guerra. Eu acho que os iranianos estarão cientes de que se bloquearem o Estreito ou atacarem um navio norte-americano, serão os perdedores. Nem acho que os EUA queiram usar seu poderio militar com outro objetivo a não ser como pressão. No entanto, em um estado de emoções exacerbadas em ambos os lados, estamos em uma situação perigosa".
(Reportagem adicional de Hashem Kalantari em Teerã, Humeyra Pamuk em Dubai, Brian Love em Paris, Keith Weir e William Maclean em Londres e Florence Tan em Cingapura)