Ele propôs, nada mais nada menos, do que criar o seu próprio sistema de defesa antimíssil. De acordo com o presidente, este sistema deve ser "capaz de proteger o país" contra as potenciais ameaças balísticas. Futuramente, afirma ele, o sistema polonês de defesa antimíssil pode vir a ser uma parte do “escudo” comum da NATO.
Quanto à causa de apresentação desta sua iniciativa, aí Komorowski primou na mesma medida pela franqueza e pela falta de respeito em relação ao seu parceiro ultramarino na aliança. Mais exatamente, em relação ao presidente Barack Obama, que continua por enquanto a dirigir a Casa Branca. O líder polaco afirmou, em particular, que um erro que a Polônia fez ao concordar com a proposta dos EUA sobre o sistema europeu de defesa antimíssil, foi não levar em consideração "todo o risco político", relacionado com a mudança do presidente. Komorowski ressaltou que os polacos tiveram que pagar um "alto preço" por isso e que futuramente semelhantes erros não se podem repetir.
Como se sabe, Obama alterou o plano do seu antecessor, George W. Bush, a respeito da instalação de mísseis interceptores e de radares na Polônia e na República Checa, dilatando o processo de criação do "escudo antimíssil" europeu ao longo de quatro etapas. É preciso constatar que este gesto não foi um "presente muito valioso" para a Rússia, pois o objetivo final dos EUA continua o mesmo. Todavia, o diretor do Centro Russo de Análise de Estratégias e de Tecnologias, Ruslan Pukhov, afirma que mesmo esta decisão da Casa Branca por pouco não foi interpretada pela direção da Polônia como traição. Komorowski está preocupado também com o fato de que os sistemas de que a Polônia dispõe já serem obsoletos. Por isso, afirma ele, simplesmente não vale a pena gastar meios com a sua renovação.
Vamos deixar de lado a questão de saber o que é mais sensato nas condições da atual crise – renovar os meios de defesa antiaérea existentes ou criar a partir do zero todo um sistema de proteção contra os golpes aéreos e balísticos. Como se diz, é o dono que sabe! Mas neste caso impõe-se uma outra questão – de onde virão os golpes aéreos que Varsóvia receia tanto? Aliás, a mesma pergunta pode ser feita relativamente a várias outras capitais europeias, especialmente às capitais dos países bálticos. Quanto a um possível ataque balístico do Irã ou da Coreia do Norte, disso na Europa praticamente não se fala mais. Mas quanto a alusões à região russa de Kaliningrado, onde os antimísseis russos podem ser instalados em caso de criação do "escudo" da NATO, estas é que não faltam e os autores destas afirmações preferem não perceber que, neste caso, a lógica das suas considerações está virada "de cabeça para baixo". O perito militar Viktor Litovkin, redator-chefe do jornal Resenha Militar Independente, constata na declaração de Bronislaw Komorowski uma série de nuances:
"Por um lado, isso tem o aspeto de recriminação aos americanos por terem protelado o processo de criação do sistema europeu de defesa antimíssil, afirma o perito. Mas quanto à Rússia, afirma-se que ela estaria ameaçando a Polônia já agora, pois pretende instalar no território da região de Kaliningrado os seus complexos antimísseisIskander-M. Os autores destas declarações ignoram por completo o fato de a Rússia pretender instalar estes antimísseis somente como resposta à instalação do sistema americano de defesa antimíssil no território da Polônia. Por outro lado, esta é uma forma de apoio à indústria militar americana pois os elementos do sistema antimíssil dos EUA serão adquiridos precisamente aí. Tal é a posição dupla de Varsóvia em relação ao aliado. O mais engraçado nisso é que este tal aliado não aprecia muito os esforços feitos pela Polônia no Iraque, no Afeganistão e em outros locais."
É preciso constatar que a iniciativa de Varsóvia, que pode ser qualificada, usando palavras bem medidas, de pouco comum, tem como pano de fundo as permanentes declarações a favor da criação do escudo antimíssil americano na Europa. O jornal alemão Der Tagesspiegel afirma, por exemplo, que o perito em questões de defesa Svenja Sinjen, da Associação Alemã para a Política Externa, DGAP, já percebeu a ameaça por parte de certos misteriosos mísseis sírios. "Por isso, afirma o jornal, é preciso construir o escudo da Europa apesar da resistência da Rússia". Como se diz, "o medo torna tudo maior". Será que os demais membros da aliança irão seguir a iniciativa de Komarowski? Quanto à crise econômica, ela que espere.
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