Com incidentes que vão de avarias no sistema hidráulico e de geradores à explosão de compressor de ar condicionado, situação pressiona que debate sobre reaparelhamento das Forças Armadas seja feito na sucessão presidencial.
MARCO AURÉLIO REIS
(O Dia) A Corveta Frontin da Marinha, com 145 militares a bordo, três canhões e seis lançadores de mísseis, reúne uma série de incidentes recentes que forçarão que o reaparelhamento das Forças Armadas seja discutido abertamente na sucessão presidencial. Os casos vão de avaria no sistema hidráulico e de geradores até explosão de um compressor de ar condicionado. Os problemas tiram o sono de esposas de militares embarcados e preocupam alguns praças e oficiais.
A Coluna reuniu relatos de episódios ocorridos na Corveta Frontin. Todos dizem respeito a ocorrências vividas ao longo dos últimos 12 meses, notadamente nas manobras militares de defesa da plataformas de petróleo do litoral brasileiro, batizadas de Operação Atlântico I e II (setembro de 2008 e julho passado). Pediu e recebeu explicações para cada um deles (confira abaixo). O quadro descrito sublinha a necessidade de a proposta de reaparelhamento da Força Naval ser discutida abertamente durante a campanha eleitoral deste ano.
Cabe destacar que a Frontin, quarta e última de quatro corvetas da classe Inhaúma (projeto de aparelhamento dos anos 80) entrou em serviço em 1994. Fez 16 anos em março passado.
Comentando os relatos, todos mantidos no anonimato pela Coluna, a Marinha, em nota assinada pelo comandante-em-chefe da Esquadra, vice-almirante Eduardo Monteiro Lopes, afirmou que parece claro para a Força “que algumas pessoas, motivadas por interesses que desconhecemos, procuram trazer à baila assuntos e aspectos com evidente interesse de denegrir a nossa Instituição”.
TAMPA CHEGOU ATINGIR BRAÇO DE MILITAR: EDUARDO M. LOPES - COMANDANTE DA ESQUADRA
— Leitores informam que nenhum navio da Esquadra possuiria Epirb (equipamento responsável por enviar mensagem de socorro aos satélites, em caso de sinistro ou afundamento) com revisão em dia. A denúncia procede?
— Os navios da Esquadra possuem os meios necessários e previstos nas normas da Marinha para comunicação em caso de emergência, que são outros além do Epirb.
— No caso da Frontin, todos falam que o Epirb não está operando. Procede?
— Sim.
—Na Frontin, após os consertos feitos na última semana de julho, teria ocorrido avarias no sistema hidráulico do hélice (tecnicamente no ângulo das pás de boreste). Isso com derramamento de mais de 700 litros de óleo no mar.
— De fato ocorreu avaria (tecnicamente no sistema de passo do eixo de BE — HPC), quando o navio estava no mar, antes de iniciar a aterragem para o porto de Vitória. A avaria consistiu de ruptura de conexão da rede hidráulica (do HPC), gerando perda momentânea de controle do passo e vazamento de óleo para o porão (piso da Praça de Máquinas). O reparo foi realizado antes de o navio entrar no porto e o óleo foi retirado após atracação, por caminhão.
— Já em Vitória, a tripulação da Frontin teria constado avaria no gerador numero 2. Foi quando uma rede de resfriamento se rompeu (por desgaste de material e atraso no reparo programado). Foi tentado reparo, mas o gerador teria se incendiado. O próprio chefe de máquinas é que teria apagado o incêndio, com ajuda de três homens. Isso teria ocorrido num momento crítico uma vez que, em junho, o único grupo gerador que funcionava (o número 1) também teria sofrido avaria (água no motor). Para a operação Atlântico teriam sido reparados os números 3 e 2. Ou seja, a corverta teria viajado só com metade dos geradores. A situação é normal em tempos de paz?
— Durante o teste de funcionamento, após reparo da avaria no gerador citado, ocorreu centelhamento (do relé de proteção), gerando fumaça. O chefe de máquinas, estava presente ao teste, participou da contenção da avaria. Admite-se o emprego do navio com apenas dois geradores em determinadas missões, onde se espera não necessitar da máxima disponibilidade de energia e em áreas próximas ao porto sede.
— Já de volta ao Rio, a Frontin teria apresentado avaria no grupo gerador número 3. Motivo teria sido a entrada de água no motor. A corveta teria ficado apenas com o gerador número um, pois quatro estariam desmontado há mais de um ano. A informação procede?
— Sim. Essa avaria aconteceu no motor gerador número 1, quando o selo da bomba de água salgada para resfriamento se rompeu.
— Sobre o episódio que noticiado pelo DIA em 20 de março, (dando conta que havia água dentro do navio) procede a informação que aquele problema teria sido fruto da explosão de um compressor de ar condicionado, que quase teria vitimado o cabo Constâncio. A tampa de aço do compressor teria sido ejetada, raspando a testa do cabo e destruindo a rede?
— A tampa se chocou com a rede de incêndio, rompendo-a, atingindo o braço do referido militar, que foi atendido na enfermaria.
Fonte: O Dia