Nos anos 80, a espionagem dos Estados Unidos estava interessada mesmo era em saber o que se fazia no secreto Instituto de Estudos Avançados, o agregado ao então Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos.
Uma análise da Agência de Inteligência da Defesa, uma espécie de CIA militar, vazada em 1983, trazia o título Frente ao Pentágono, um Hexágono e dizia que o plano brasileiro de construir armas nucleares passava pelas atividades desenvolvidas naquele prédio de seis faces.
O analista americano destacava a preocupação com a pesquisa para enriquecer urânio com o uso de lasers um raro conhecimento, mais eficiente e rápido na tarefa de separar o U-235 adequado à produção do combustível dos reatores geradores de energia ou de bombas atômicas.
Uma análise da Agência de Inteligência da Defesa, uma espécie de CIA militar, vazada em 1983, trazia o título Frente ao Pentágono, um Hexágono e dizia que o plano brasileiro de construir armas nucleares passava pelas atividades desenvolvidas naquele prédio de seis faces.
O analista americano destacava a preocupação com a pesquisa para enriquecer urânio com o uso de lasers um raro conhecimento, mais eficiente e rápido na tarefa de separar o U-235 adequado à produção do combustível dos reatores geradores de energia ou de bombas atômicas.
O documento destacava peculiaridades das instalações subterrâneas do IEAv e de um grande salão que abrigava o supercomputador Cray, único desse tipo na América Latina.
Havia, sim, o plano secreto, com atribuições divididas entre os centros de investigação científica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Era considerado paralelo ao programa nuclear oficial, de 1975, resultado de um acordo entre os governos do Brasil e da Alemanha.
Em 1988, com a extinção da estatal Nuclebrás, por determinação do ex-presidente José Sarney, a empreitada do sigilo foi regularizada. A meta da construção de artefatos explosivos acabou sendo cancelada no mesmo ano.
Entretanto, a essa altura o País já dominava toda a tecnologia do ciclo do urânio. Mas não pela via do laser. O método adotado na época e ainda hoje, emprega máquinas de ultracentrifugação que não foram citadas no documento. A coleta de informações não era praticada apenas pela CIA, mas também por outras agências americanas e eventualmente pelos ingleses.
A pauta dos curiosos envolvia as atividades de empresas como o grupo Engesa Engenheiros Especializados S/A, por causa da sua grande desenvoltura nas ações comerciais junto a países-clientes tão diferentes quanto podiam ser naquele momento a Líbia, de Muamar Kadafi, o Iraque, de Saddam Hussein, ou o Chile, de Augusto Pinochet, além de uma constelação de forças da África e do Oriente Médio.
O catálogo de produtos blindados Cascavel, com canhão 90 mm, Urutu, e Jararaca, de reconhecimento armado; munições e propelentes levava a definições do tipo, "tratam-se de bens militares baratos, confiáveis e de manutenção simples".
Espionagem
A rede de informantes americana atuou ainda na espionagem das atividades da empresa Órbita, uma parceira montada nos anos 1980 com a participação da Engesa e da Embraer. Além dos informantes, a CIA recebia informações da embaixada americana, que mantinha contatos com empresários brasileiros.
Vito Antonio de Grassi, então presidente da Órbita é apontado no relatório de 20 de maio de 1988 como a fonte da informação de que a empresa ia produzir mísseis terra-ar, ar-ar e antitanque para as Forças Armadas brasileiras. O vice-presidente da Órbita era o brigadeiro Hugo Piva, que depois chefiaria uma missão técnica brasileira que desenvolvia armas para Saddam Hussein.
O mesmo relatório informava que a Avibras estaria desenvolvendo um míssil tático terra-terra. A embaixada dos Estados Unidos não quis se manifestar sobre o caso, assim como a Força Aérea Brasileira, a Embraer, a Avibrás e Vito Antonio de Grassi.
Havia, sim, o plano secreto, com atribuições divididas entre os centros de investigação científica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica. Era considerado paralelo ao programa nuclear oficial, de 1975, resultado de um acordo entre os governos do Brasil e da Alemanha.
Em 1988, com a extinção da estatal Nuclebrás, por determinação do ex-presidente José Sarney, a empreitada do sigilo foi regularizada. A meta da construção de artefatos explosivos acabou sendo cancelada no mesmo ano.
Entretanto, a essa altura o País já dominava toda a tecnologia do ciclo do urânio. Mas não pela via do laser. O método adotado na época e ainda hoje, emprega máquinas de ultracentrifugação que não foram citadas no documento. A coleta de informações não era praticada apenas pela CIA, mas também por outras agências americanas e eventualmente pelos ingleses.
A pauta dos curiosos envolvia as atividades de empresas como o grupo Engesa Engenheiros Especializados S/A, por causa da sua grande desenvoltura nas ações comerciais junto a países-clientes tão diferentes quanto podiam ser naquele momento a Líbia, de Muamar Kadafi, o Iraque, de Saddam Hussein, ou o Chile, de Augusto Pinochet, além de uma constelação de forças da África e do Oriente Médio.
O catálogo de produtos blindados Cascavel, com canhão 90 mm, Urutu, e Jararaca, de reconhecimento armado; munições e propelentes levava a definições do tipo, "tratam-se de bens militares baratos, confiáveis e de manutenção simples".
Espionagem
A rede de informantes americana atuou ainda na espionagem das atividades da empresa Órbita, uma parceira montada nos anos 1980 com a participação da Engesa e da Embraer. Além dos informantes, a CIA recebia informações da embaixada americana, que mantinha contatos com empresários brasileiros.
Vito Antonio de Grassi, então presidente da Órbita é apontado no relatório de 20 de maio de 1988 como a fonte da informação de que a empresa ia produzir mísseis terra-ar, ar-ar e antitanque para as Forças Armadas brasileiras. O vice-presidente da Órbita era o brigadeiro Hugo Piva, que depois chefiaria uma missão técnica brasileira que desenvolvia armas para Saddam Hussein.
O mesmo relatório informava que a Avibras estaria desenvolvendo um míssil tático terra-terra. A embaixada dos Estados Unidos não quis se manifestar sobre o caso, assim como a Força Aérea Brasileira, a Embraer, a Avibrás e Vito Antonio de Grassi.
A Agência Central de Inteligência (CIA) usou satélites para espionar o programa espacial brasileiro e o complexo industrial militar do País entre 1978 e 1988. Documentos desclassificados pelo governo americano em dezembro de 2016 mostram análises de fotos aéreas das instalações de fábricas, da base de lançamentos de foguetes em Natal (RN) e do campo de provas de armamentos da Serra do Cachimbo, onde a Força Aérea Brasileira (FAB) construía um poço que poderia ser usado em testes de artefatos nucleares (leia mais neste link).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.