A previsão é que o primeiro voo do cargueiro da Embraer ocorra em 2014, com entrada em serviço no final de 2015
SÃO PAULO - Portugal manifestou nesta sexta-feira, 10, a intenção de comprar seis cargueiros KC-390, avião militar em desenvolvimento pela brasileira Embraer. Assim, o total de vendas encaminhadas da aeronave já chega a 52 unidades, com valor potencial da ordem de US$ 4 bilhões.
A previsão é que o primeiro voo do cargueiro da Embraer ocorra em 2014, com entrada em serviço no final de 2015.
Os ministros da Defesa do Brasil e de Portugal, Nelson Jobim e Augusto Santos Silva, assinaram nesta sexta declaração de intenções relativa à participação dos portugueses no desenvolvimento do KC-390, que será usado para transporte militar.
"O acordo marca o início das negociações para a entrada de empresas portuguesas no projeto e na fabricação do novo avião, bem como para a futura aquisição de seis aeronaves para equipar a Força Aérea Portuguesa", informou a Embraer em comunicado à imprensa.
As ações da Embraer avançavam 1,06% às 16h00, para R$ 11,42. No mesmo horário, o Ibovespa tinha oscilação positiva de 0,11%.
De acordo com o presidente-executivo da Embraer, Frederico Curado, os estudos preliminares para o KC-390 foram concluídos e "estamos avançando na definição da configuração final da aeronave e dos principais fornecedores".
Antes de Portugal, o Chile e a Colômbia assinaram acordos com a Embraer para futura aquisição de seis e 12 unidades do KC-390, respectivamente. Além disso, a Força Aérea Brasileira (FAB) pretende comprar 28 aeronaves para renovação da frota.
A Embraer não divulgou o preço do KC-390, mas já informou querer um terço do mercado global de cargueiros estimado em 700 unidades em 15 anos, o que significaria receita de US$ 18 bilhões para a fabricante brasileira.
Com base nesses números, é possível chegar a um valor médio por cargueiro perto de US$ 80 milhões. Assim, o valor potencial das vendas das 52 unidades seria de pouco mais de US$ 4 bilhões.
(Reportagem de Cesar Bianconi)
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
China pretende lançar nova sonda para Lua ainda neste ano
Ilustração da sonda Chang'e-1, que partiu em 2007, feita pela Nasa. Divulgação
A China lançará sua segunda missão de exploração lunar ainda em 2010, impulsionando o esforço do país para ascender como uma potência espacial e, um dia, tornar-se capaz de realizar pousos lunares, informa a mídia estatal.
Obama pede 'uso responsável' do espaço e propõe cooperação intrernacional
Um engenheiro que supervisiona o programa chinês de exploração lunar, Wu Werein, disse que o trabalho na sonda Chang'e-2 "prossegue como esperado", diz o jornal Diário do Povo.
"Ela está agora no estágio de testes pré-lançamento e preparativos, e o plano é realizar um voo de teste até o fim do ano", disse Wu, segundo o diário.
A Chang'e tem o nome de uma deusa mitológica chinesa que voou para a Lua. Uma missão bem-sucedida marcaria mais um avanço no plano chinês de rivalizar com EUA e Rússia em termos de exploração espacial.
Em 2003, a China se tornou o terceiro país, atrás de Rússia e Estados Unidos, a demonstrar a capacidade de enviar um ser humano ao espaço por meios próprios.
Autoridades chinesas dizem estar estudando o envio de astronautas à Lua entre 2025 e 2030. A China enviou sua primeira sonda orbital à Lua, a Chang'e-1, em outubro de 2007.
O engenheiro Wu disse que a Chang'e-2 chegaria 15 km da superfície lunar, testando a tecnologia necessária para a realização de um pouso não-tripulado que pode acontecer por volta de 2013.
O temor de uma corrida armamentista espacial entre EUA, China e outras potências aumentou desde que os chineses usaram um míssil para abater um de seus próprios satélites, em janeiro de 2007.
Caças AMX da Itália atingem a marca de 1.500 horas de voo no Afeganistão
As aeronaves de caça AMX da Força Aérea Italiana (AMI) destacadas em Herat, no Afeganistão, registraram mais de 1.500 horas de voo, em cerca de 600 surtidas, desde o dia 7 de novembro de 2009.
Uma vista aérea da Base Aérea em Herat, no Afeganistão, mostrando dois caças AMX, uma aeronave C-130 Hercules e os membros do Esquadrão Black Cats formando o nº 1500. (Foto: AMI)
As quatro aeronaves do Grupo Tarefa ‘Black Cats’ são parte da Força Tarefa Aérea Conjunta (JATF), e são utilizados basicamente para missões ISR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento) em apoio as forças aliadas e da Itália pertencentes a ISAF.
Durante suas missões operacionais, as aeronaves tem mostrado uma grande versatilidade nas operações completadas durante o dia e noite graças a tecnologia de seus pods RecceLite e aos óculos de visão noturna (NGV) utilizados pelos pilotos. Esses sistemas permitiram que as aeronaves explorassem cerca de 1.000 locais e gerassem cerca de 10.000 fotografias para análise e distribuição para os analistas de imagens da Força Aérea Italiana.
O Major Fabio Traversa, comandante dos ‘Black Cats’, destacou que “a avançada tecnologia trazida pelas aeronaves, as quais os pods tiveram a habilidade de transmitir as imagens em tempo real para as tropas no solo, em várias ocasiões contribuiram para uma resolução favorável de situações táticas perigosas.”
Uma vista aérea da Base Aérea em Herat, no Afeganistão, mostrando dois caças AMX, uma aeronave C-130 Hercules e os membros do Esquadrão Black Cats formando o nº 1500. (Foto: AMI)
As quatro aeronaves do Grupo Tarefa ‘Black Cats’ são parte da Força Tarefa Aérea Conjunta (JATF), e são utilizados basicamente para missões ISR (Inteligência, Vigilância e Reconhecimento) em apoio as forças aliadas e da Itália pertencentes a ISAF.
Durante suas missões operacionais, as aeronaves tem mostrado uma grande versatilidade nas operações completadas durante o dia e noite graças a tecnologia de seus pods RecceLite e aos óculos de visão noturna (NGV) utilizados pelos pilotos. Esses sistemas permitiram que as aeronaves explorassem cerca de 1.000 locais e gerassem cerca de 10.000 fotografias para análise e distribuição para os analistas de imagens da Força Aérea Italiana.
O Major Fabio Traversa, comandante dos ‘Black Cats’, destacou que “a avançada tecnologia trazida pelas aeronaves, as quais os pods tiveram a habilidade de transmitir as imagens em tempo real para as tropas no solo, em várias ocasiões contribuiram para uma resolução favorável de situações táticas perigosas.”
Começa hoje a venda de ingressos para 'Tropa de Elite 2'
Os cinemas do Grupo Severiano Ribeiro/ Kinoplex dão início nesta quinta-feira (9) à venda antecipada de ingressos para 'Tropa de Elite 2'. O filme do diretor José Padilha tem no elenco Wagner Moura, André Ramiro, Maria Ribeiro, Milhem Cortaz e Seu Jorge.
Bento Marzo/DivulgaçãoNascimento volta como secretário de segurança
A compra, válida para todo o Brasil, pode ser feita pelo site www.kinoplex.com.br, ou nas bilheterias dos cinemas.
Continuação de um dos filmes de maior sucesso do cinema nacional em 2007, o longa mostrará o crescimento do Batalhão de Operações Especiais do Rio (Bope) e trará o capitão Nascimento, vivido por Wagner Moura, 13 anos mais velho, como secretário de Segurança Pública, O filme tem estreia prevista para o dia 8 de outubro.
Bento Marzo/DivulgaçãoNascimento volta como secretário de segurança
A compra, válida para todo o Brasil, pode ser feita pelo site www.kinoplex.com.br, ou nas bilheterias dos cinemas.
Continuação de um dos filmes de maior sucesso do cinema nacional em 2007, o longa mostrará o crescimento do Batalhão de Operações Especiais do Rio (Bope) e trará o capitão Nascimento, vivido por Wagner Moura, 13 anos mais velho, como secretário de Segurança Pública, O filme tem estreia prevista para o dia 8 de outubro.
Planetas gigantes e quentes podem ter vida curta, diz estudo
A maioria dos "Jupíteres quentes" que os astrônomos buscam em aglomerados de estrelas provavelmente já foram destruídos há tempos, diz artigo aceito para publicação no Astrophysical Journal. Os autores, John Debes e Brian Jackson, da Nasa, levantam a hipótese para explicar por que nenhum planeta de trânsito - mundos que cruzam a linha de visão entre suas estrelas e a Terra - jamais foi observado em aglomerados estelares.
NasaIlustração do planeta sendo destruído pela gravidade estelarA pesquisa prevê que a busca por planetas atualmente em curso com a missão Kepler terá mais sucesso em aglomerados jovens. "Planetas são difíceis de achar", disse Jackson, em nota. "E nós descobrimos mais um motivo para isso".
Quando astrônomos começaram a buscar planetas nos aglomerados globulares de estrelas, há cerca de uma década, havia a esperança de que muitos novos mundos fossem encontrados. Esperava-se que uma busca realizada no aglomerado 47 Tucanae, por exemplo, encontrasse pelo menos uma dezena de planetas entre 34.000 estrelas candidatas. Mas nada foi achado.
Segundo Debes, a grande maioria dos mais de 450 planetas encontrados fora do Sistema Solar estão em órbita de estrelas solitárias, fora dos aglomerados.
A grande densidade de estrelas nos aglomerados sugere que os planetas podem ser arremessados para fora de seus sistemas solares pela gravidade de astros próximos. Além disso, os aglomerados se mostram pobres em "metais" - astronomicamente, o termo se refere aos elementos químicos mais pesados que o hélio - que são a matéria prima dos planetas.
Debes e Jackson propõem que Jupíteres quentes - planetas gigantes que têm órbitas muito próximas a suas estrelas - são rapidamente destruídos. Nessas órbitas estreitas, a atração gravitacional entre estrela e planeta reduz a energia da órbita planetária, o que faz com que o planeta chegue cada vez mais perto do astro. Ao longo de bilhões de anos, o planeta acaba mergulhando na estrela ou destroçado por ela.
NasaIlustração do planeta sendo destruído pela gravidade estelarA pesquisa prevê que a busca por planetas atualmente em curso com a missão Kepler terá mais sucesso em aglomerados jovens. "Planetas são difíceis de achar", disse Jackson, em nota. "E nós descobrimos mais um motivo para isso".
Quando astrônomos começaram a buscar planetas nos aglomerados globulares de estrelas, há cerca de uma década, havia a esperança de que muitos novos mundos fossem encontrados. Esperava-se que uma busca realizada no aglomerado 47 Tucanae, por exemplo, encontrasse pelo menos uma dezena de planetas entre 34.000 estrelas candidatas. Mas nada foi achado.
Segundo Debes, a grande maioria dos mais de 450 planetas encontrados fora do Sistema Solar estão em órbita de estrelas solitárias, fora dos aglomerados.
A grande densidade de estrelas nos aglomerados sugere que os planetas podem ser arremessados para fora de seus sistemas solares pela gravidade de astros próximos. Além disso, os aglomerados se mostram pobres em "metais" - astronomicamente, o termo se refere aos elementos químicos mais pesados que o hélio - que são a matéria prima dos planetas.
Debes e Jackson propõem que Jupíteres quentes - planetas gigantes que têm órbitas muito próximas a suas estrelas - são rapidamente destruídos. Nessas órbitas estreitas, a atração gravitacional entre estrela e planeta reduz a energia da órbita planetária, o que faz com que o planeta chegue cada vez mais perto do astro. Ao longo de bilhões de anos, o planeta acaba mergulhando na estrela ou destroçado por ela.
Água interagiu com a superfície de Marte até tempos modernos
Dados da sonda Phoenix, que atuou perto do polo norte de Marte em 2008, sugere que água em estado líquido interagiu com a superfície marciana ao longo da história do planeta, e até tempos modernos. A pesquisa também oferece evidência de que Marte teve atividade vulcânica até poucos milhões de anos atrás.
NasaParte da instrumentação da sonda Phoenix, já coberta de areia marcianaEmbora a Phoenix não esteja mais operando, cientistas continuam a analisar os dados reunidos pela missão. As descobertas anunciadas nesta semana, na revista Science, baseiam-se em informações sobre o dióxido de carbono que compõe 95% da atmosfera do planeta.
"Dióxido de carbono atmosférico é como um espião", disse, por meio de nota, o cientista Paul Niles, da Nasa. "Ele se infiltra em cada pedaço da superfície, e pode indicar a presença de água, e sua história".
A Phoenix mediu em detalhes os isótopos de carbono e oxigênio da atmosfera marciana. No artigo da Science, Niles explica a proporção dos isótopos estáveis e sua implicação para a história do planeta.
"Isótopos podem ser usados como uma assinatura química para nos dizer de onde uma coisa veio, e que tipos de eventos experimentou", acrescenta ele.
Essas assinaturas químicas sugerem que água em estado líquido existiu principalmente em temperaturas próximas ao congelamento, e que sistemas hidrotermais, como nascentes de água quente, foram raras durante o passado marciano.
As medições do dióxido de carbono também revelam que Marte foi um planeta muito mais ativo no passado do que se imaginava. Os resultados implicam que Marte repôs sua atmosfera de CO2 em um período relativamente recente, e que o dióxido de carbono reagiu com o líquido na superfície.
O fato de Marte ter baixa gravidade e não contar com, um campo magnético faz com que a atmosfera de Co2 se perca lentamente para o espaço. O processo favorece a perda do isótopo mais leve, o carbono 12, em comparação com o carbono 13. Se a perda estivesse ocorrendo sem reposição, a taxa de C-12 para C-13 seria muito mais baixa que a medida pela Phoenix.
Isso sugere que a atmosfera marciana foi reabastecida por meio de vulcões, e num tempo geologicamente próximo.
No entanto, a assinatura vulcânica não aparece quando se avalia a proporção de dois outros isótopos, oxigênio 18 e oxigênio 16, que também compõem o CO2 marciano. Isso indica que o dióxido de carbono reagiu com água no passado recente, e acabou enriquecido em O-18.
Fonte Estadão
NasaParte da instrumentação da sonda Phoenix, já coberta de areia marcianaEmbora a Phoenix não esteja mais operando, cientistas continuam a analisar os dados reunidos pela missão. As descobertas anunciadas nesta semana, na revista Science, baseiam-se em informações sobre o dióxido de carbono que compõe 95% da atmosfera do planeta.
"Dióxido de carbono atmosférico é como um espião", disse, por meio de nota, o cientista Paul Niles, da Nasa. "Ele se infiltra em cada pedaço da superfície, e pode indicar a presença de água, e sua história".
A Phoenix mediu em detalhes os isótopos de carbono e oxigênio da atmosfera marciana. No artigo da Science, Niles explica a proporção dos isótopos estáveis e sua implicação para a história do planeta.
"Isótopos podem ser usados como uma assinatura química para nos dizer de onde uma coisa veio, e que tipos de eventos experimentou", acrescenta ele.
Essas assinaturas químicas sugerem que água em estado líquido existiu principalmente em temperaturas próximas ao congelamento, e que sistemas hidrotermais, como nascentes de água quente, foram raras durante o passado marciano.
As medições do dióxido de carbono também revelam que Marte foi um planeta muito mais ativo no passado do que se imaginava. Os resultados implicam que Marte repôs sua atmosfera de CO2 em um período relativamente recente, e que o dióxido de carbono reagiu com o líquido na superfície.
O fato de Marte ter baixa gravidade e não contar com, um campo magnético faz com que a atmosfera de Co2 se perca lentamente para o espaço. O processo favorece a perda do isótopo mais leve, o carbono 12, em comparação com o carbono 13. Se a perda estivesse ocorrendo sem reposição, a taxa de C-12 para C-13 seria muito mais baixa que a medida pela Phoenix.
Isso sugere que a atmosfera marciana foi reabastecida por meio de vulcões, e num tempo geologicamente próximo.
No entanto, a assinatura vulcânica não aparece quando se avalia a proporção de dois outros isótopos, oxigênio 18 e oxigênio 16, que também compõem o CO2 marciano. Isso indica que o dióxido de carbono reagiu com água no passado recente, e acabou enriquecido em O-18.
Fonte Estadão
IMAGEM: Orion da FAB em testes na Espanha
O P-3AM, matrícula 7203, visto durante testes de voo próximo em Madri, na Espanha. (Foto: Ruben Galindo Verdugo / AviationCornet.net)
Imagem de uma aeronave Lockheed P-3AM Orion destinada para Força Aérea Brasileira (FAB) durante um voo de testes na unidade da EADS de Getafe, em Madri, Espanha.
A foto feita no dia 15 de julho de 2010, mostra a aeronave ainda sem a pintura definitiva, com a cor amarela do “primer” aplicada.
A Força Aérea Brasileira deverá receber três aeronaves ainda esse ano, e as seis restantes sendo entregues quatro em 2011 e duas em 2012. Todas as nove aeronaves serão atribuídas ao 1º Esquadrão do 7º Grupo de Aviação da Força Aérea Brasileira (Esquadrão de Patrulha Orungan), sediado em Salvador (BA).
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Foguete nacional só deve decolar em 2015
Sete anos após o incêndio que matou 21 pessoas na base de Alcântara, Maranhão, finalmente a torre de lançamento do VLS-1, o Veículo Lançador de Satélites brasileiro, está quase completa. Ela será inspecionada nesta quinta-feira pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.
O foguete, porém, só deve realizar um lançamento completo em 2015, quase uma década depois da promessa inicial do governo. A previsão consta de um documento do Ministério da Ciência e Tecnologia. Nele, o primeiro voo de teste do VLS-1, com apenas dois de seus quatro estágios, está agendado para 2012 ou 2013. Um teste do foguete completo, mas sem carga útil, ocorre até 2014.
O brigadeiro Francisco Pantoja, diretor do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), órgão da Força Aérea que desenvolve o VLS, diz que o lançamento em 2015 só acontece no pior cenário. “Pode ser que o voo com carga útil aconteça antes. Tudo depende dos resultados dos ensaios”, diz.
Em agosto de 2003, quando a torre de integração do foguete pegou fogo, o então ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, prometeu o VLS para 2006.
Mas problemas na licitação da nova torre impediram que o IAE cumprisse o cronograma. Além disso, o projeto sofreu uma revisão completa, que levou à necessidade de novos testes.
ESTRANHO NO NINHO
Enquanto o VLS não vem, o país espera poder lançar de Alcântara outro foguete, o ucraniano Cyclone-4. O Brasil criou com a Ucrânia uma empresa binacional, a ACS (Alcântara Cyclone Space), para vender lançamentos de satélite.
A empresa, cujo diretor brasileiro é Roberto Amaral, foi instituída em 2006. Ela terá sua pedra fundamental lançada hoje por Rezende. A presença da ACS dentro do CLA (Centro de Lançamentos de Alcântara) incomoda militares, pois cria competição por recursos do programa espacial.
Enquanto o projeto do VLS e a infraestrutura associada estão no patamar dos R$ 60 milhões por ano, os investimentos em centros de lançamento –que incluem o CLA, mas também o sítio do Cyclone-4– chegaram a R$ 200 milhões em 2009.
O VLS é considerado por especialistas um “beco sem saída” tecnológico. Ele pode levar cargas úteis de apenas 150 kg, um décimo do peso de satélites como o sino-brasileiro CBERS. Rezende reconhece a limitação, mas aposta que o VLS poderia cada vez mais ser usado para microssatélites, tendência no setor.
Enquanto isso, o MCT quer usar o Cyclone para lançar um trio de satélites do Inpe a partir de 2012: o Amazônia-1 (de monitoramento de florestas), o Lattes (de astrofísica) e o GPM-Br (meteorológico).
O foguete, porém, só deve realizar um lançamento completo em 2015, quase uma década depois da promessa inicial do governo. A previsão consta de um documento do Ministério da Ciência e Tecnologia. Nele, o primeiro voo de teste do VLS-1, com apenas dois de seus quatro estágios, está agendado para 2012 ou 2013. Um teste do foguete completo, mas sem carga útil, ocorre até 2014.
O brigadeiro Francisco Pantoja, diretor do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), órgão da Força Aérea que desenvolve o VLS, diz que o lançamento em 2015 só acontece no pior cenário. “Pode ser que o voo com carga útil aconteça antes. Tudo depende dos resultados dos ensaios”, diz.
Em agosto de 2003, quando a torre de integração do foguete pegou fogo, o então ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, prometeu o VLS para 2006.
Mas problemas na licitação da nova torre impediram que o IAE cumprisse o cronograma. Além disso, o projeto sofreu uma revisão completa, que levou à necessidade de novos testes.
ESTRANHO NO NINHO
Enquanto o VLS não vem, o país espera poder lançar de Alcântara outro foguete, o ucraniano Cyclone-4. O Brasil criou com a Ucrânia uma empresa binacional, a ACS (Alcântara Cyclone Space), para vender lançamentos de satélite.
A empresa, cujo diretor brasileiro é Roberto Amaral, foi instituída em 2006. Ela terá sua pedra fundamental lançada hoje por Rezende. A presença da ACS dentro do CLA (Centro de Lançamentos de Alcântara) incomoda militares, pois cria competição por recursos do programa espacial.
Enquanto o projeto do VLS e a infraestrutura associada estão no patamar dos R$ 60 milhões por ano, os investimentos em centros de lançamento –que incluem o CLA, mas também o sítio do Cyclone-4– chegaram a R$ 200 milhões em 2009.
O VLS é considerado por especialistas um “beco sem saída” tecnológico. Ele pode levar cargas úteis de apenas 150 kg, um décimo do peso de satélites como o sino-brasileiro CBERS. Rezende reconhece a limitação, mas aposta que o VLS poderia cada vez mais ser usado para microssatélites, tendência no setor.
Enquanto isso, o MCT quer usar o Cyclone para lançar um trio de satélites do Inpe a partir de 2012: o Amazônia-1 (de monitoramento de florestas), o Lattes (de astrofísica) e o GPM-Br (meteorológico).
novo fuzil do uruguaio Steyr AUG y HK G-36
Ejército Nacional Uruguayo (EU) adquirirá en una primera etapa 3500 fusiles de asalto Steyr AUG y 600 HK G36 según lo anunció el Ministerio de Defensa.
Luego de un tumultuoso proceso, salpicado por el affaire de las municiones iraníes que venían al país vía Venezuela (enviadas por una empresa persa que participó en el llamado a propuestas) y una denuncia de tráfico de influencias en favor de una empresa de origen chileno, finalmente el Ejército Nacional Uruguayo definió el equipo para llevar a cabo la renovación del armamento liviano de la fuerza. La noticia fue comunicada por el Ministro de Defensa, Dr. José Bayardi, al comparecer ante legisladores que integran las comisiones de defensa del poder legislativo.
Ambos fusiles utilizan el calibre 5.56 mm NATO, el cual pasará a ser el nuevo calibre estándar del EU, sustituyendo al 7.62 mm de los actuales FAL a los cuales reemplazarán los nuevos fusiles. Asimismo deberán convivir con los AK-101 adquiridos en su momento a Rusia, con los cuales comparten el calibre.
El proceso de selección comenzó en agosto de 2006 cuando el Ejército realizó un RFP (Request for Proposals) para la adquisición de 18.000 fusiles de asalto para reemplazar al actual FAL de 7,62 mm de fabricación argentina. Se recibieron quince ofertas cuando venció el plazo de presentación el 6 de noviembre de ese mismo año. Durante el 2007 se realizaron las pruebas técnicas de donde surgió una preselección de fusiles y el 21 de diciembre se declaró ganadora a la empresa austríaca Steyr con su fusil AUG de 5,56 mm.
La Armada también participaba en este proceso, pero aún no está claro si recibirá alguno de estos modelos, al menos en esta primera etapa. La planificación de este plan de reequipamiento prevé que el año que viene se encarguen 3500 fusiles más del modelo Steyr AUG, siendo que las armas alemanas estarán destinadas a unidades de FFEE.
HMS ‘Ocean’ vai realizar operações com a Marinha do Brasil
O HMS Ocean chega ao Rio de Janeiro amanhã (09.09) para participar de um exercício anfíbio com a Marinha do Brasil.
O Corpo de Fuzileiros Navais participará com o 3 º Batalhão de Infantaria, que vai se juntar ao 539 Assault Squadron dos Royal Marines, para realizar um treinamento anfíbio de três dias, período este onde haverá a troca de experiências em operações recentes.
A Aviação Naval será representada por uma aeronave UH-14 Super Puma, do 2° Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2), que permanecerá embarcada no HMS Ocean e fará o apoio aéreo durante o desembarque.
Enquanto isso, tripulantes do NDD Rio de Janeiro (G-31) também vão embarcar no HMS Ocean para acompanhar os exercícios, colaborando para estreitar os laços de cooperação entre as duas marinhas.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
IAE apresenta maquetes em Exposição da Força Aérea Brasileira
O IAE foi um dos destaques no estande da Força Aérea Brasileira (FAB), durante as comemorações da Semana da Pátria, em Brasília. Dentre a exposição de aeronaves, foguetes e equipamentos, foram apresentadas maquetes 1:1 dos foguetes VSB-30 e VS-40, preparadas pela Divisão de Mecânica (AME) do instituto.
Segundo o chefe da mecânica, Valderci Giacomelli, esse também é um trabalho importante, pois possibilita a divulgação dos projetos espaciais desenvolvidos pelo instituto.
Os foguetes VSB-30 e VS-40 chegaram à capital brasileira após três dias de viagem e 1200 km de percurso desde a cidade de São José dos Campos. Caminhões do DARJ partiram no dia 27 de agosto levando inclusive as carretas que serviram de suporte aos foguetes.
O embarque da equipe de técnicos da AME aconteceu na segunda-feira, dia 01 de setembro, para a montagem dos veículos, na Base Aérea de Brasília. As maquetes foram levadas ao Parque de Exposição do Ministério da Defesa, no Parque da Cidade, na sexta feira, dia 03 de setembro.
As maquetes do IAE retornam do evento, na sexta-feira, dia 10, após a desmontagem iniciada na quarta-feira, diretamente para o depósito de containeres no almoxarifado, com previsão de utilização pela Agência Espacial Brasileira (AEB).
Segundo o chefe da mecânica, Valderci Giacomelli, esse também é um trabalho importante, pois possibilita a divulgação dos projetos espaciais desenvolvidos pelo instituto.
Os foguetes VSB-30 e VS-40 chegaram à capital brasileira após três dias de viagem e 1200 km de percurso desde a cidade de São José dos Campos. Caminhões do DARJ partiram no dia 27 de agosto levando inclusive as carretas que serviram de suporte aos foguetes.
O embarque da equipe de técnicos da AME aconteceu na segunda-feira, dia 01 de setembro, para a montagem dos veículos, na Base Aérea de Brasília. As maquetes foram levadas ao Parque de Exposição do Ministério da Defesa, no Parque da Cidade, na sexta feira, dia 03 de setembro.
As maquetes do IAE retornam do evento, na sexta-feira, dia 10, após a desmontagem iniciada na quarta-feira, diretamente para o depósito de containeres no almoxarifado, com previsão de utilização pela Agência Espacial Brasileira (AEB).
terça-feira, 7 de setembro de 2010
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Nave espacial irá se aproximar do Sol
SÃO PAULO – A NASA começou a desenvolver uma missão que irá estudar o Sol mais de perto do que nunca.
O projeto, chamado de Solar Probe Plus, deve ser lançado no mais tardar em 2018 e colocará uma nave em plena atmosfera solar.
A apenas 6.437.376 km da superfície do astro, uma região jamais visitada por qualquer sonda, o equipamento da Agência Espacial Americana terá que suportar temperaturas de mais de 1300º C e fortes radiações.
A nave, do tamanho de um carro, carregará cinco experimentos que têm a função específica de esclarecer dois mistérios-chave da física solar: por que a atmosfera exterior é tão mais quente do que a superfície visível do Sol; e o que impulsiona o vento solar que afeta a Terra e o nosso sistema planetário?
Em 2009 a NASA convidou pesquisadores a enviarem propostas científicas para integrarem a missão. Treze foram analisadas e as cinco escolhidas receberão US$180 milhões somente para análises preliminares, criação do design, desenvolvimento e testes.
O objetivo principal é entender, caracterizar e prever a radiação do Sol – o que seria muito útil para futuras missões espaciais tripuladas.
O projeto, chamado de Solar Probe Plus, deve ser lançado no mais tardar em 2018 e colocará uma nave em plena atmosfera solar.
A apenas 6.437.376 km da superfície do astro, uma região jamais visitada por qualquer sonda, o equipamento da Agência Espacial Americana terá que suportar temperaturas de mais de 1300º C e fortes radiações.
A nave, do tamanho de um carro, carregará cinco experimentos que têm a função específica de esclarecer dois mistérios-chave da física solar: por que a atmosfera exterior é tão mais quente do que a superfície visível do Sol; e o que impulsiona o vento solar que afeta a Terra e o nosso sistema planetário?
Em 2009 a NASA convidou pesquisadores a enviarem propostas científicas para integrarem a missão. Treze foram analisadas e as cinco escolhidas receberão US$180 milhões somente para análises preliminares, criação do design, desenvolvimento e testes.
O objetivo principal é entender, caracterizar e prever a radiação do Sol – o que seria muito útil para futuras missões espaciais tripuladas.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Evento da Marinha traz muitas novidades sobre os programas chaves
Foi realizado no dia 12 e 13 de agosto, dentro da EGN no Rio de Janeiro, o 13° Simpósio de Pesquisa Operacional e Logística da Marinha. Este evento de cunho eminentemente técnico e teórico reuniu os militares das três forças com acadêmicos de todo o Brasil para discutir novas maneiras e ferramentas para o aperfeiçoamento dos processos de avaliação e de logística no âmbito militar. O SPOLM busca difundir as ferramentas teóricas que são usadas regularmente pelas áreas de alta tecnologia das forças armadas e por alguns grandes órgãos de governo e empresas privadas para a avaliação e modelagem de processos/problemas complexos das suas atividades fim. Apesar do esforço da Marinha, e do para sustentar o evento que ainda é visto pela maior parte das empresas como algo excessivamente teórico para ser usado no seu dia a dia
No entanto, para os não “iniciados” duas apresentações, em especial, ocorridas dentro da sessão plenária de abertura, apresentaram várias novidades do interesse dos leitores de ALIDE logo no primeiro dia. A primeira palestra, realizada pelo Almirante Öberg Diretor de Armas da Marinha, versou sobre o programa Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, e em seguida, coube ao Almirante Fragelli falar sobre os planos e o andamento do programa de submarinos convencionais e de propulsão nuclear da MB.
A Marinha do Brasil vem divulgando intensivamente à mídia a importância da conclusão do seu Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul. Continuando na sua metáfora amazônica, o SisGAAz é apresentado ao público leigo como sendo o seu “SIVAM no Mar”.
Falando a ALIDE o Almirante Öberg explicou que o SisGAAz é o nome dado ao componente marítimo de uma solução que abrange também os vários CINDACTAs da FAB e o SisFron do Exército, todos eles funcionando integrados e sendo desenvolvidos coordenadamente sob a batuta do Ministério da Defesa. “A Amazônia Azul é um dos mais ricos patrimônios da nação brasileira, e ainda não se encontra protegida como deveria ser. Para obtermos o nível de proteção desejado, teremos que contar com o envolvimento de vários órgãos do governo.” Como todos os programas da MB, os requerimentos formulados para o SisGAAz foram definidos sob a forma de REMS (Requisitos de Estado Maior) e de RAN (Requisitos de Alto Nível) antes de serem entregues à Diretoria de Sistemas Armas da Marinha para seu completo desenvolvimento. Quando concluído, o SisGAAz será administrado pelo Comando de Operações Navais (CON) nas suas atividades regulares de controle do tráfego marítimo nas Águas Juridicionais Brasileiras (AJB).
O SisGAAz é o que se convencionou chamar de um “sistema de sistemas”. Ele integra um grande numero de sistemas já existentes, com outros ainda em planejamento ou em desenvolvimento, para controlar nas 24hs por dia, toda a movimentação de navios na superfície, submarinos na profundezas e aeronaves no ar, ao longo dos 4,5 milhões de Km2 da Amazônia Azul. O Almirante disse que: “Para que o tal “Sistema de Sistemas” seja eficaz e confiável, muitos passos intermediários serão necessários: o aumento da robustez e da digitalização dos meios de comunicação da MB; Uma ampliação nas capacidades de sensoriamento remoto e de comunicações da MB; assim como muito desenvolvimento da atividade de Pesquisa Operacional na Força Naval”.
Alguns dos itens mais “high tech” do SisGAAz são, simultaneamente, ainda aqueles itens ainda mais indefinidos. Os futuros satélites nacionais de comunicação de voz e dados, os desejados radares OTH (“além do horizonte” – “Over the Horizon”) a serem instalados em alguns pontos-chaves da costa brasileira e aos sensores acústicos submarinos (potencialmente uma rede tupiniquim criada aos moldes do sistema SOSUS americano...) ainda estão bem no princípio de suas fases de análise tecnológica e operacional. Perguntado se este sistema complexo poderia no futuro vir a ser exportado para uso por outras marinhas de países amigas do Brasil, o Almirante Öberg disse que: “Isso depende... principalmente porque para cada cliente, esta solução, provavelmente, terá que ser configurada sob requisitos muito particulares (ser ‘tailor-made’)”. Öberg ainda disse que: “os requisitos estão todos prontos e a etapa atual é aquela de desenhar a ‘arquitetura’. Apenas ao concluirmos esta fase é que nos será possível levantar os custos de cada etapa deste desenvolvimento de hardware e software. Tentar falar de preços agora é uma proposta muito pouco significativa, pois estamos, ainda, com muitas dúvidas no ar.”
Como ALIDE já havia adiantado anteriormente aos seus leitores, o SBR é a modificação e modernização do projeto básico do submarino da DCNS. As modificações se verificam claramente no aumento do seu comprimento total e no seu deslocamento que cresceram respectivamente de 66,40m para 71,62m, e, de 1717 para 1870 toneladas. A razão por trás destas importantes alterações reside principalmente na inserção de um módulo de casco novo que aumentará simultaneamente a quantidade de combustível carregado, o que permitirá a realização de longas missões pelo Atlântico. O alongamento do casco proporcionará ainda um nível de conforto para sua tripulação muito superior ao do modelo atual. Os submarinos da MB não usarão a tecnologia AIP, pois ela não agrega muita vantagem para uma marinha que opera numa costa aberta e devassada como a que temos aqui no Atlântico Sul. Uma das grandes novidades introduzidas nesta classe é o sistema de contramedidas torpédicas CANTO, sistema este que será instalado por fora do casco de pressão do submarino.
Para enfatizar a diferença entre as capacidades dos submarinos de propulsão convencional contra os nucleares, o Almirante Fragelli comentou na sua palestra que o Tikuna, um submarino convencional dos mais modernos do mundo, se quiser se deslocar submergido à velocidade de 20 nós, inevitavelmente esgotará sua carga de bateria em apenas duas horas e meia, forçando logo sua volta à superfície. O submarino nuclear brasileiro deverá deslocar entre 6000 e 6500 toneladas, sendo por isso muito maior que os SBR. Seu tamanho deve regular em tamanho com o modelo americano da classe Los Angeles para conseguir acomodar no seu interior o reator nuclear em desenvolvimento pela Marinha. Fragelli disse: “Nosso primeiro reator deve necessitar ter sua carga de combustível nuclear completamente trocada a cada período de sete anos, um tempo relativamente curto se comparado com os 30 anos do novo programa americano, o classe Virgínia”. Este longo tempo de duração da carga de combustível atômico faz com que os submarinos Virginia usem apenas uma única carga de combustível ao longo de toda a sua vida operacional, reduzindo, assim, os seus custos operacionais.
Fragelli disse também que o Brasil já pode ser visto como um player importante na esfera econômica, um “Global Trader”, e que, por isso, precisa graduar-se do patamar dospaíses que apenas podem “ver a guerra” para aquele dos que podem “fazer a guerra”. O submarino de propulsão nuclear é justamente o tipo de arma que vai nos inserir, definitivamente, na nova categoria.
Os submarinos convencionais serão entregues à Marinha a cada 18 meses, começando em meados de 2017. O último dos quatro SBR sendo entregue, assim, no final de 2021.
O primeiro submarino nuclear brasileiro, após sua conclusão em 2022, ficará ainda cinco semestres em testes, antes de ser entregue à área operacional da Marinha no ano de 2025.
O Almirante Fragelli contou à platéia do evento que apenas 30% do território nacional já foi devidamente prospectado para identificar reservas de urânio e de outros materiais radioativos. Assim mesmo, com as 150 mil toneladas já identificadas, o nosso país já conta com a sexta maior reserva de urânio no mundo. Potencialmente, estima-se que o Brasil possa ter reservas de até 800 mil toneladas de urânio. Atualmente, de todo o ciclo industrial de beneficiamento do urânio, apenas a etapa da transformação do Urânio em pó (o chamado “yellow cake”) para o tipo gasoso (hexafluoreto de urânio) ainda é feito fora do país, no Canadá, o resto todo já é feito comercialmente nas instalações da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) em Resende, no sul do Estado do Rio de Janeiro. A partir de setembro deste ano, a usina de gaseificação do urânio (a chamada USEXA) em Aramar será finalmente colocada em operação, acabando com nossa dependência do exterior neste campo. Para seu transporte, de um lado para o outro, o hexafluoreto de urânio tem que ser acondicionado em grandes cilindros resistentes à pressão.
Na natureza o urânio é normalmente encontrado composto de 99,7% do isótopo U238 e de apenas 0,3% do isótopo desejado U235. Para seu uso na geração de energia o Urânio deve ser enriquecido para contar com pelo menos 20% de U238 e para isso são usadas no Brasil as ultracentrífugas. O design das ultracentrifugas brasileiras é inspirado no projeto original da Alemanha adquiridos na década de 70. O compartimento giratório do projeto alemão era feito de alumínio e pesava 700 gramas, girando à velocidade de 33000 RPMs. No novo modelos, desenvolvidos no país pela Marinha, ele foi substituído por uma nova peça criado inteiramente em fibra de carbono e pesando menos de 100g, podendo girar a impressionantes 66000 RPMs sobre um revolucionário mancal eletromagnético. Segundo o Almirante Fragelli, uma destas ultracentrífugas esta girando ininterruptamente em Aramar, no interior paulista, a mais de 15 anos. Dezenas das centrífugas já se encontram em produção industrial na planta da INB, mas, interessantemente, os equipamentos, em si, são 100% de propriedade da Marinha, estando meramente cedidos à INB, que paga à MB por seu uso.
Outra peça crucial do programa nuclear da Marinha é o “Labgene”, o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica, que já está sendo construído em Aramar. No seu interior uma cópia perfeita do reator desenvolvido para o nosso submarino nuclear será montado para a realização de exaustivos testes de operação em terra, antes que se inicie a construção do submarino nuclear propriamente dizendo. Frageli salientou que: “a decisão de construirmos o Labgene antes, visa, basicamente, reduzir os riscos do projeto, minimizando, assim, a possibilidade de se ocorrer problemas sérios como os que ocorreram em certo país da Ásia onde, ao se concluir a montagem do casco, o reator nuclear já não cabia no seu interior. Isso, gerou atrasos e muito desperdício de dinheiro”. O reator brasileiro é do tipo de água pressurizada a 150 milibares. Sob esta pressão a água exposta aos elementos radioativos se esquenta bastante, sem, no entanto, ferver. Esta água sob pressão transfere o seu calor para uma outra massa de água não pressurizada, que irá produzir vapor, e, assim, girar as turbinas que produzirão eletricidade para ser usada pelo motor do submarino nuclear. Após isso, este circuito de água intermediária será resfriado por contato com uma terceira tubulação de água (fria) para em seguida voltar a ser fervida, repetindo o ciclo da propulsão nuclear. “Os submarinos de propulsão nuclear da US Navy”, contou Fragelli, “tem seu hélice ligado por engrenagens à própria turbina, o que é bem simples, mecanicamente falando, mas acaba por produzir um alto nível de ruído. Os engenheiros franceses, no seu novo modelo Barracuda, optaram por uma instalação hibrida. Para a redução do ruído da propulsão, até os 15 nós se usa a geração elétrica para mover um grande motor elétrico instalado ao redor do eixo do hélice. Após esta velocidade, engrenagens mecânicas engatam mecanicamente o eixo do hélice aos motores diesel propelindo o submarino sob o mar”.
As usinas brasileiras de Angra I e II usam, como combustível, varetas de urânio enriquecido a 3,2%, enquanto a nova Angra III deve usar elementos enriquecidos à taxa de 4%. A taxa de enriquecimento a ser usado no reator do nosso submarino nuclear ainda não foi determinada com precisão, e este item só deverá ser decidido após a realização dos testes práticos no protótipo do reator instalado em terra (Labgene) em Aramar.
Fragelli contou que a “Marinha sempre soube que o IBAMA jamais autorizaria a construção de submarinos nucleares no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, dentro da Baía da Guanabara, ao lado do Centro da cidade do Rio”. Pois isso, dispor de uma nova localidade para construir o submarino de propulsão nuclear e para abrigar sua nova base seria necessariamente condições básica para o início deste desafiador programa.
A empresa francesa DCNS selecionada para a construção dos quatro primeiros SBRs e do casco do SNBR se associou com a construtora nacional Odebrecht para formar o Consórcio Baía de Sepetiba que construirá toda a infraestrutura demandada por este programa. Além do estaleiro, na localidade conhecida como Ilha da Madeira (22°55'18.34"S 43°50'58.98"O), bem ao lado do Porto de Itaguaí, será construída também uma nova base operacional para a Força de Submarinos, que deixará as Base Almirante Castro e Silva (BACS) sua sede atual localizada no lado sul da Ilha do Mocanguê. O projeto completo entregue a este Consórcio foi orçado em 6,75 bilhões de euros.
A nova localidade do estaleiro é particularmente favorável a esta nova atividade industrial por se localizar a apenas 4,5 quilômetros da fabrica da Nuclep –Nuclebras Equipamentos Pesados. Foi lá onde, no passado, foram feitos os anéis do casco resistente dos quatro submarinos da classe Tupi fabricados no país. Como o envolvimento da Nuclep será muito maior nestes novo programa de construção de submarinos, haverá a construção também de uma nova construção industrial chamada Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) onde ocorrerá grande parte do “fitting out” (a instalação dos conveses, tubulações e anteparas) antes de sua entrega ao novo estaleiro para a montagem final. Com seus 90.000 metros de área construída, a UFEM será a primeira parte do empreendimento a sair do papel, com previsão de ficar pronta ainda em 2012. A futura base fica posicionada ao pé de um morro onde hoje existe um grave caso de material contaminante da extinta empresa Ingá, o Almirante Fragelli contou que: “entre os acordos realizados para a instalação da Marinha naquele local está a remoção destes dejetos químicos de lá”. O estaleiro deve ser completado, e ficar pronto para entrar em atividade em meados de 2014 enquanto a base deve ficar pronta até o fim deste mesmo ano.
A nova base será composta basicamente por duas áreas separadas, a Área Norte, mais externa, acomodará um Hotel de Trânsito, além de vários outros prédios administrativos e residenciais da Força de Submarinos. Está previsto que a ForSub seja transferida em peso da atual BACS para a sua nova base. Junto com ela irá o CIAMA (o centro de treinamento das tripulações de submarino e de mergulhadores da MB), mas, no entanto, a força de mergulhadores de combate, por prestar a maior parte de seus serviços junto à Esquadra, permanecerá em Mocanguê junto com o Centro de Medicina Hiperbárica da Marinha. No contrato assinado com a Marinha os franceses tem que entregar cinco modelos diferentes de simuladores dos sistemas do SBR que serão usados para treinar as tripulações antes mesmo delas saírem para o mar pela primeira vez.
Espremida entre dois morros e o mar, a Área Sul terá naturalmente um acesso bem mais restritivo. é lá onde ficarão o Estaleiro e a Base, construídos sobre um grande aterro em formato de “Y”. O acesso entre as duas partes do complexo será feito via um túnel de 800 metros de comprimento a ser construído sob o morro. A perna inferior deste “ípsilon” é a chamada “ilha nuclear”. Aqui, num terreno em terra firme serão construídos os dois diques secos cobertos dedicados à faina de troca de combustível do submarino nuclear e também será onde as barras de combustível gasto (com 1 ou 1,2 % de U238) ficarão armazenadas por mais 12 anos dentro d´água, numa grande piscina, até que seu nível de radiação residual atinja o patamar que permita sua remoção para um local de armazenamento definitivo e seguro.
A área de manobra definida pelos os braços do “Y” tem um tamanho que permitirá que até os nossos grandes submarinos de propulsão nuclear possam ser girados antes de partirem para o mar aberto. O Diretor da COGESN lembrou que: “esta manobra será realizada com o auxilio de rebocadores porque o SNBR terá apenas um eixo”. Com mais de 500.000m2 de área construída, este novo complexo passará a ser o maior estaleiro da MB, sendo significativamente maior que o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. A atividade de construção dos submarinos será realizada dentro do chamado “Main Hall”, um grande galpão comprido medindo 50 metros de altura, e com capacidade de montagem simultânea de dois submarinos.
Para a realização deste projeto a MB teve que pedir licenciamento ambiental a 10 órgãos públicos diferentes. Foi preparado um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) que analisaram e documentaram cada possível decorrência ecológica e se segurança às populações locais naquela região. Por se localizar a nova base numa área ambientalmente preservada, a MB teve que refinar, várias vezes, seu projeto antes de receber do IBAMA a aprovação do seu Projeto Básico Ambiental (com 24 condicionantes!) no dia 5 de maio deste ano.
A administração deste programa dentro da MB ficou a cargo da COGESN – Coordenadoria-geral de desenvolvimento do Submarino com Propulsão Nuclear, uma entidade matricial, subordinada a DGMM, que se utilizará por tempo determinado de recursos humanos especializados que fazem parte das diversas organizações regulares existentes dentro da MB, da Força de Submarinos à DEN e ao AMRJ. passando pela Diretoria de Pessoal e por uma dezena de outras unidades variadas. Para se obter e manter os recursos humanos necessários para este projeto será criada uma nova empresa, chamada “Amazul”, como maneira de se pagar os salários compatíveis com o patamar praticado no mercado.
A COGESN tem por missão gerenciar o projeto e a construção do Estaleiro e da Base, assim como o projeto e a construção dos submarinos nuclear e dos convencionais para a Marinha. O Almirante Fragelli contou que como o foco principal da Marinha do Brasil era a obtenção do submarino de propulsão nuclear apenas dois países poderiam ser considerados como potenciais parceiros por dominar o know-how tecnológico em ambos os segmentos, a França e a Rússia. Como o russos não demonstraram interesse em compartilhar sua tecnologia com o Brasil a França foi escolhida como parceira nesta empreitada. Foram assinados um total de sete contratos com o Consórcio Baía de Sepetiba (submarinos convencionais, submarino de propulsão nuclear, 30 unidades de torpedos franceses do tipo “F-21” e 50 unidades do sistema de contramedidas anti-torpedo CANTO. Um contrato específico para a questão de transferência de Tecnologia (ToT) e outro para a atividade de gestão foram ainda assinados, nesta mesma ocasião, com os franceses. O contrato que especificaria os itens de offset (compensações comerciais) deste projeto acabou se tornando no final um anexo dos contratos de construção dos submarinos. O Almirante Fragelli lembrou ainda que: “Ao todo toda esta papelada ocupava um calhamaço com 5000 páginas, sendo todas as variáveis e condições acertadas entre as partes ao longo de oito meses de negociação”.
A MB enviará um total de 80 engenheiros para serem formandos na França na atividade de construção dos nossos submarinos, 40 destes engenheiros irão agora, em setembro deste ano, para já iniciarem seu processo de aprendizado na unidade industrial da DCNS em Lorient. A seguir, em 2011 e em 2012, serão enviados mais dois grupos com 20 engenheiros e técnicos cada um. No seu ano de maior atividade haverá um total de 500 homens e mulheres envolvidos na produção dos submarinos brasileiros.
No entanto, para os não “iniciados” duas apresentações, em especial, ocorridas dentro da sessão plenária de abertura, apresentaram várias novidades do interesse dos leitores de ALIDE logo no primeiro dia. A primeira palestra, realizada pelo Almirante Öberg Diretor de Armas da Marinha, versou sobre o programa Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, e em seguida, coube ao Almirante Fragelli falar sobre os planos e o andamento do programa de submarinos convencionais e de propulsão nuclear da MB.
A Marinha do Brasil vem divulgando intensivamente à mídia a importância da conclusão do seu Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul. Continuando na sua metáfora amazônica, o SisGAAz é apresentado ao público leigo como sendo o seu “SIVAM no Mar”.
Falando a ALIDE o Almirante Öberg explicou que o SisGAAz é o nome dado ao componente marítimo de uma solução que abrange também os vários CINDACTAs da FAB e o SisFron do Exército, todos eles funcionando integrados e sendo desenvolvidos coordenadamente sob a batuta do Ministério da Defesa. “A Amazônia Azul é um dos mais ricos patrimônios da nação brasileira, e ainda não se encontra protegida como deveria ser. Para obtermos o nível de proteção desejado, teremos que contar com o envolvimento de vários órgãos do governo.” Como todos os programas da MB, os requerimentos formulados para o SisGAAz foram definidos sob a forma de REMS (Requisitos de Estado Maior) e de RAN (Requisitos de Alto Nível) antes de serem entregues à Diretoria de Sistemas Armas da Marinha para seu completo desenvolvimento. Quando concluído, o SisGAAz será administrado pelo Comando de Operações Navais (CON) nas suas atividades regulares de controle do tráfego marítimo nas Águas Juridicionais Brasileiras (AJB).
O SisGAAz é o que se convencionou chamar de um “sistema de sistemas”. Ele integra um grande numero de sistemas já existentes, com outros ainda em planejamento ou em desenvolvimento, para controlar nas 24hs por dia, toda a movimentação de navios na superfície, submarinos na profundezas e aeronaves no ar, ao longo dos 4,5 milhões de Km2 da Amazônia Azul. O Almirante disse que: “Para que o tal “Sistema de Sistemas” seja eficaz e confiável, muitos passos intermediários serão necessários: o aumento da robustez e da digitalização dos meios de comunicação da MB; Uma ampliação nas capacidades de sensoriamento remoto e de comunicações da MB; assim como muito desenvolvimento da atividade de Pesquisa Operacional na Força Naval”.
Alguns dos itens mais “high tech” do SisGAAz são, simultaneamente, ainda aqueles itens ainda mais indefinidos. Os futuros satélites nacionais de comunicação de voz e dados, os desejados radares OTH (“além do horizonte” – “Over the Horizon”) a serem instalados em alguns pontos-chaves da costa brasileira e aos sensores acústicos submarinos (potencialmente uma rede tupiniquim criada aos moldes do sistema SOSUS americano...) ainda estão bem no princípio de suas fases de análise tecnológica e operacional. Perguntado se este sistema complexo poderia no futuro vir a ser exportado para uso por outras marinhas de países amigas do Brasil, o Almirante Öberg disse que: “Isso depende... principalmente porque para cada cliente, esta solução, provavelmente, terá que ser configurada sob requisitos muito particulares (ser ‘tailor-made’)”. Öberg ainda disse que: “os requisitos estão todos prontos e a etapa atual é aquela de desenhar a ‘arquitetura’. Apenas ao concluirmos esta fase é que nos será possível levantar os custos de cada etapa deste desenvolvimento de hardware e software. Tentar falar de preços agora é uma proposta muito pouco significativa, pois estamos, ainda, com muitas dúvidas no ar.”
A palestra do Almirante Fragelli atualizou os presentes sobre o andamento do programa de submarinos convencionais e nuclear da Marinha Brasileira. O almirante mostrou passo a passo o desenrolar do projeto, desde a escolha pelo modelo adotado pelo Brasil, aos detalhes da sua base conjugada com o estaleiro na Baía de Sepetiba. O SBR (sigla de “Submarino BRasileiro”) será um derivado do projeto básico do submarino francês Scorpène.
Como ALIDE já havia adiantado anteriormente aos seus leitores, o SBR é a modificação e modernização do projeto básico do submarino da DCNS. As modificações se verificam claramente no aumento do seu comprimento total e no seu deslocamento que cresceram respectivamente de 66,40m para 71,62m, e, de 1717 para 1870 toneladas. A razão por trás destas importantes alterações reside principalmente na inserção de um módulo de casco novo que aumentará simultaneamente a quantidade de combustível carregado, o que permitirá a realização de longas missões pelo Atlântico. O alongamento do casco proporcionará ainda um nível de conforto para sua tripulação muito superior ao do modelo atual. Os submarinos da MB não usarão a tecnologia AIP, pois ela não agrega muita vantagem para uma marinha que opera numa costa aberta e devassada como a que temos aqui no Atlântico Sul. Uma das grandes novidades introduzidas nesta classe é o sistema de contramedidas torpédicas CANTO, sistema este que será instalado por fora do casco de pressão do submarino.
Para enfatizar a diferença entre as capacidades dos submarinos de propulsão convencional contra os nucleares, o Almirante Fragelli comentou na sua palestra que o Tikuna, um submarino convencional dos mais modernos do mundo, se quiser se deslocar submergido à velocidade de 20 nós, inevitavelmente esgotará sua carga de bateria em apenas duas horas e meia, forçando logo sua volta à superfície. O submarino nuclear brasileiro deverá deslocar entre 6000 e 6500 toneladas, sendo por isso muito maior que os SBR. Seu tamanho deve regular em tamanho com o modelo americano da classe Los Angeles para conseguir acomodar no seu interior o reator nuclear em desenvolvimento pela Marinha. Fragelli disse: “Nosso primeiro reator deve necessitar ter sua carga de combustível nuclear completamente trocada a cada período de sete anos, um tempo relativamente curto se comparado com os 30 anos do novo programa americano, o classe Virgínia”. Este longo tempo de duração da carga de combustível atômico faz com que os submarinos Virginia usem apenas uma única carga de combustível ao longo de toda a sua vida operacional, reduzindo, assim, os seus custos operacionais.
Fragelli disse também que o Brasil já pode ser visto como um player importante na esfera econômica, um “Global Trader”, e que, por isso, precisa graduar-se do patamar dospaíses que apenas podem “ver a guerra” para aquele dos que podem “fazer a guerra”. O submarino de propulsão nuclear é justamente o tipo de arma que vai nos inserir, definitivamente, na nova categoria.
Os submarinos convencionais serão entregues à Marinha a cada 18 meses, começando em meados de 2017. O último dos quatro SBR sendo entregue, assim, no final de 2021.
O primeiro submarino nuclear brasileiro, após sua conclusão em 2022, ficará ainda cinco semestres em testes, antes de ser entregue à área operacional da Marinha no ano de 2025.
O Almirante Fragelli contou à platéia do evento que apenas 30% do território nacional já foi devidamente prospectado para identificar reservas de urânio e de outros materiais radioativos. Assim mesmo, com as 150 mil toneladas já identificadas, o nosso país já conta com a sexta maior reserva de urânio no mundo. Potencialmente, estima-se que o Brasil possa ter reservas de até 800 mil toneladas de urânio. Atualmente, de todo o ciclo industrial de beneficiamento do urânio, apenas a etapa da transformação do Urânio em pó (o chamado “yellow cake”) para o tipo gasoso (hexafluoreto de urânio) ainda é feito fora do país, no Canadá, o resto todo já é feito comercialmente nas instalações da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) em Resende, no sul do Estado do Rio de Janeiro. A partir de setembro deste ano, a usina de gaseificação do urânio (a chamada USEXA) em Aramar será finalmente colocada em operação, acabando com nossa dependência do exterior neste campo. Para seu transporte, de um lado para o outro, o hexafluoreto de urânio tem que ser acondicionado em grandes cilindros resistentes à pressão.
Na natureza o urânio é normalmente encontrado composto de 99,7% do isótopo U238 e de apenas 0,3% do isótopo desejado U235. Para seu uso na geração de energia o Urânio deve ser enriquecido para contar com pelo menos 20% de U238 e para isso são usadas no Brasil as ultracentrífugas. O design das ultracentrifugas brasileiras é inspirado no projeto original da Alemanha adquiridos na década de 70. O compartimento giratório do projeto alemão era feito de alumínio e pesava 700 gramas, girando à velocidade de 33000 RPMs. No novo modelos, desenvolvidos no país pela Marinha, ele foi substituído por uma nova peça criado inteiramente em fibra de carbono e pesando menos de 100g, podendo girar a impressionantes 66000 RPMs sobre um revolucionário mancal eletromagnético. Segundo o Almirante Fragelli, uma destas ultracentrífugas esta girando ininterruptamente em Aramar, no interior paulista, a mais de 15 anos. Dezenas das centrífugas já se encontram em produção industrial na planta da INB, mas, interessantemente, os equipamentos, em si, são 100% de propriedade da Marinha, estando meramente cedidos à INB, que paga à MB por seu uso.
Outra peça crucial do programa nuclear da Marinha é o “Labgene”, o Laboratório de Geração Núcleo-Elétrica, que já está sendo construído em Aramar. No seu interior uma cópia perfeita do reator desenvolvido para o nosso submarino nuclear será montado para a realização de exaustivos testes de operação em terra, antes que se inicie a construção do submarino nuclear propriamente dizendo. Frageli salientou que: “a decisão de construirmos o Labgene antes, visa, basicamente, reduzir os riscos do projeto, minimizando, assim, a possibilidade de se ocorrer problemas sérios como os que ocorreram em certo país da Ásia onde, ao se concluir a montagem do casco, o reator nuclear já não cabia no seu interior. Isso, gerou atrasos e muito desperdício de dinheiro”. O reator brasileiro é do tipo de água pressurizada a 150 milibares. Sob esta pressão a água exposta aos elementos radioativos se esquenta bastante, sem, no entanto, ferver. Esta água sob pressão transfere o seu calor para uma outra massa de água não pressurizada, que irá produzir vapor, e, assim, girar as turbinas que produzirão eletricidade para ser usada pelo motor do submarino nuclear. Após isso, este circuito de água intermediária será resfriado por contato com uma terceira tubulação de água (fria) para em seguida voltar a ser fervida, repetindo o ciclo da propulsão nuclear. “Os submarinos de propulsão nuclear da US Navy”, contou Fragelli, “tem seu hélice ligado por engrenagens à própria turbina, o que é bem simples, mecanicamente falando, mas acaba por produzir um alto nível de ruído. Os engenheiros franceses, no seu novo modelo Barracuda, optaram por uma instalação hibrida. Para a redução do ruído da propulsão, até os 15 nós se usa a geração elétrica para mover um grande motor elétrico instalado ao redor do eixo do hélice. Após esta velocidade, engrenagens mecânicas engatam mecanicamente o eixo do hélice aos motores diesel propelindo o submarino sob o mar”.
As usinas brasileiras de Angra I e II usam, como combustível, varetas de urânio enriquecido a 3,2%, enquanto a nova Angra III deve usar elementos enriquecidos à taxa de 4%. A taxa de enriquecimento a ser usado no reator do nosso submarino nuclear ainda não foi determinada com precisão, e este item só deverá ser decidido após a realização dos testes práticos no protótipo do reator instalado em terra (Labgene) em Aramar.
Fragelli contou que a “Marinha sempre soube que o IBAMA jamais autorizaria a construção de submarinos nucleares no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, dentro da Baía da Guanabara, ao lado do Centro da cidade do Rio”. Pois isso, dispor de uma nova localidade para construir o submarino de propulsão nuclear e para abrigar sua nova base seria necessariamente condições básica para o início deste desafiador programa.
A empresa francesa DCNS selecionada para a construção dos quatro primeiros SBRs e do casco do SNBR se associou com a construtora nacional Odebrecht para formar o Consórcio Baía de Sepetiba que construirá toda a infraestrutura demandada por este programa. Além do estaleiro, na localidade conhecida como Ilha da Madeira (22°55'18.34"S 43°50'58.98"O), bem ao lado do Porto de Itaguaí, será construída também uma nova base operacional para a Força de Submarinos, que deixará as Base Almirante Castro e Silva (BACS) sua sede atual localizada no lado sul da Ilha do Mocanguê. O projeto completo entregue a este Consórcio foi orçado em 6,75 bilhões de euros.
A nova localidade do estaleiro é particularmente favorável a esta nova atividade industrial por se localizar a apenas 4,5 quilômetros da fabrica da Nuclep –Nuclebras Equipamentos Pesados. Foi lá onde, no passado, foram feitos os anéis do casco resistente dos quatro submarinos da classe Tupi fabricados no país. Como o envolvimento da Nuclep será muito maior nestes novo programa de construção de submarinos, haverá a construção também de uma nova construção industrial chamada Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM) onde ocorrerá grande parte do “fitting out” (a instalação dos conveses, tubulações e anteparas) antes de sua entrega ao novo estaleiro para a montagem final. Com seus 90.000 metros de área construída, a UFEM será a primeira parte do empreendimento a sair do papel, com previsão de ficar pronta ainda em 2012. A futura base fica posicionada ao pé de um morro onde hoje existe um grave caso de material contaminante da extinta empresa Ingá, o Almirante Fragelli contou que: “entre os acordos realizados para a instalação da Marinha naquele local está a remoção destes dejetos químicos de lá”. O estaleiro deve ser completado, e ficar pronto para entrar em atividade em meados de 2014 enquanto a base deve ficar pronta até o fim deste mesmo ano.
A nova base será composta basicamente por duas áreas separadas, a Área Norte, mais externa, acomodará um Hotel de Trânsito, além de vários outros prédios administrativos e residenciais da Força de Submarinos. Está previsto que a ForSub seja transferida em peso da atual BACS para a sua nova base. Junto com ela irá o CIAMA (o centro de treinamento das tripulações de submarino e de mergulhadores da MB), mas, no entanto, a força de mergulhadores de combate, por prestar a maior parte de seus serviços junto à Esquadra, permanecerá em Mocanguê junto com o Centro de Medicina Hiperbárica da Marinha. No contrato assinado com a Marinha os franceses tem que entregar cinco modelos diferentes de simuladores dos sistemas do SBR que serão usados para treinar as tripulações antes mesmo delas saírem para o mar pela primeira vez.
Espremida entre dois morros e o mar, a Área Sul terá naturalmente um acesso bem mais restritivo. é lá onde ficarão o Estaleiro e a Base, construídos sobre um grande aterro em formato de “Y”. O acesso entre as duas partes do complexo será feito via um túnel de 800 metros de comprimento a ser construído sob o morro. A perna inferior deste “ípsilon” é a chamada “ilha nuclear”. Aqui, num terreno em terra firme serão construídos os dois diques secos cobertos dedicados à faina de troca de combustível do submarino nuclear e também será onde as barras de combustível gasto (com 1 ou 1,2 % de U238) ficarão armazenadas por mais 12 anos dentro d´água, numa grande piscina, até que seu nível de radiação residual atinja o patamar que permita sua remoção para um local de armazenamento definitivo e seguro.
A área de manobra definida pelos os braços do “Y” tem um tamanho que permitirá que até os nossos grandes submarinos de propulsão nuclear possam ser girados antes de partirem para o mar aberto. O Diretor da COGESN lembrou que: “esta manobra será realizada com o auxilio de rebocadores porque o SNBR terá apenas um eixo”. Com mais de 500.000m2 de área construída, este novo complexo passará a ser o maior estaleiro da MB, sendo significativamente maior que o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. A atividade de construção dos submarinos será realizada dentro do chamado “Main Hall”, um grande galpão comprido medindo 50 metros de altura, e com capacidade de montagem simultânea de dois submarinos.
Para a realização deste projeto a MB teve que pedir licenciamento ambiental a 10 órgãos públicos diferentes. Foi preparado um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) que analisaram e documentaram cada possível decorrência ecológica e se segurança às populações locais naquela região. Por se localizar a nova base numa área ambientalmente preservada, a MB teve que refinar, várias vezes, seu projeto antes de receber do IBAMA a aprovação do seu Projeto Básico Ambiental (com 24 condicionantes!) no dia 5 de maio deste ano.
A administração deste programa dentro da MB ficou a cargo da COGESN – Coordenadoria-geral de desenvolvimento do Submarino com Propulsão Nuclear, uma entidade matricial, subordinada a DGMM, que se utilizará por tempo determinado de recursos humanos especializados que fazem parte das diversas organizações regulares existentes dentro da MB, da Força de Submarinos à DEN e ao AMRJ. passando pela Diretoria de Pessoal e por uma dezena de outras unidades variadas. Para se obter e manter os recursos humanos necessários para este projeto será criada uma nova empresa, chamada “Amazul”, como maneira de se pagar os salários compatíveis com o patamar praticado no mercado.
A COGESN tem por missão gerenciar o projeto e a construção do Estaleiro e da Base, assim como o projeto e a construção dos submarinos nuclear e dos convencionais para a Marinha. O Almirante Fragelli contou que como o foco principal da Marinha do Brasil era a obtenção do submarino de propulsão nuclear apenas dois países poderiam ser considerados como potenciais parceiros por dominar o know-how tecnológico em ambos os segmentos, a França e a Rússia. Como o russos não demonstraram interesse em compartilhar sua tecnologia com o Brasil a França foi escolhida como parceira nesta empreitada. Foram assinados um total de sete contratos com o Consórcio Baía de Sepetiba (submarinos convencionais, submarino de propulsão nuclear, 30 unidades de torpedos franceses do tipo “F-21” e 50 unidades do sistema de contramedidas anti-torpedo CANTO. Um contrato específico para a questão de transferência de Tecnologia (ToT) e outro para a atividade de gestão foram ainda assinados, nesta mesma ocasião, com os franceses. O contrato que especificaria os itens de offset (compensações comerciais) deste projeto acabou se tornando no final um anexo dos contratos de construção dos submarinos. O Almirante Fragelli lembrou ainda que: “Ao todo toda esta papelada ocupava um calhamaço com 5000 páginas, sendo todas as variáveis e condições acertadas entre as partes ao longo de oito meses de negociação”.
A MB enviará um total de 80 engenheiros para serem formandos na França na atividade de construção dos nossos submarinos, 40 destes engenheiros irão agora, em setembro deste ano, para já iniciarem seu processo de aprendizado na unidade industrial da DCNS em Lorient. A seguir, em 2011 e em 2012, serão enviados mais dois grupos com 20 engenheiros e técnicos cada um. No seu ano de maior atividade haverá um total de 500 homens e mulheres envolvidos na produção dos submarinos brasileiros.
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