A administração Trump considera introduzir sanções contra a China, um passo que não pode deixar de afetar a economia chinesa e até mundial.
Segundo a agência japonesa Nikkei, especializada em informação econômica, no prazo de um mês, Washington tomará a decisão quanto à implementação de sanções em relação à China, apesar de muitos analistas estadunidenses advertirem sobre o risco de tal passo.
Parece que a administração está agindo de acordo com o provérbio norte-americano "se tem apenas um martelo, todos os problemas parecem pregos", destaca Ivan Danilov no seu artigo para a Sputnik.
Do ponto de vista das autoridades norte-americanas, há certas razões para introduzir sanções contra a China. A principal é a posição de Pequim em relação a Pyongyang, tendo a China sido acusada de "minar" os esforços para conter a Coreia do Norte.
O próprio presidente Trump várias vezes afirmou que a China "foi flagrada" a violar as sanções norte-coreanas e o embargo às entregas de produtos petrolíferos. A questão das sanções está pendurada já faz tempo, no entanto o lado americano em qualquer momento pode avançar com ele.
As empresas metalúrgicas chinesas, que são suspeitas "de minar a segurança nacional norte-americana", são algumas das que podem ser alvo de sanções. Como a produção chinesa pode causar danos aos EUA? A investigação iniciada em relação ao assunto se baseia no princípio de que o aço chinês é mais barato nos EUA, o que, por sua parte, leva ao fechamento das fábricas norte-americanas por não poderem concorrer com o gigante asiático.
Como resultado, os Estados Unidos poderão perder ou já perderam a capacidade de produzir internamente a quantidade necessária de aço e, em caso de guerra, os EUA serão incapazes de produzir tanques, aviões e navios de guerra. Os partidários das sanções antichinesas veem nisso um plano para "desarmar" os EUA e, como resultado, o "lobby das armas" pressiona Trump a tomar medidas, aponta Ivan Danilov.
Além da própria China, as sanções podem afetar os parceiros dos EUA na América do Norte e região asiática, ou seja, o Canadá, o Japão e a Coreia do Sul. Um dos roteiros possíveis pressupõe sanções indiretas contra os países em que a produção chinesa está localizada, o que significa que o Canadá, o Japão e a Coreia do Sul podem perder postos de trabalho e receitas dos impostos, além da própria exportação, porque há certos riscos de que Washington não vá analisar a origem nacional de produtores concretas.
As consequências de tais ações imprudentes podem ser muito perigosas, já que a política de sanções da administração Trump pode levar à diminuição dos países interessados na cooperação com Washington. Os EUA podem enfrentar uma situação em que, para além dos conflitos com concorrentes tradicionais como a China e a Rússia, podem surgir mais atritos com outros países, adverte o autor do artigo.
O arsenal das respostas a que os países podem recorrer contra Washington é bem vasto e pode afetar dolorosamente a economia dos EUA. Como exemplo, o autor lembra que o mercado chinês é um mercado-chave para a maioria das empresas estadunidenses, entre elas, a famosa Apple.
Entre outras medidas é mencionada a possibilidade de suspensão da compra por Pequim de obrigações norte-americanas. No entanto, esta informação ainda não foi confirmada.
Independentemente da decisão da administração Trump, de certa forma os EUA já se encurralaram a si próprios segundo o mesmo roteiro que levou ao fracasso no conflito em torno da península coreana.
"Washington não tem uma decisão que seja realmente boa. Se, depois de todas as ameaças em relação a Pequim, não forem apresentadas medidas sérias, isso será mais um golpe para a hegemonia dos EUA e todas as ameaças posteriores não serão levadas a sério", frisa Ivan Danilov.
Se, ao contrário, a administração Trump introduzir as sanções contra a China e começar uma guerra comercial, isto pode ter consequências graves para economia americana e para o sistema financeiro mundial. Tal passo levaria à destruição do sistema de comércio mundial que Washington tem vindo a construir nos últimos 50 anos, resumiu o autor.