sábado, 7 de outubro de 2017

Navios soviéticos da classe Kirov continuam sendo pesadelo da Marinha estadunidense

A União Soviética fez voltar à vida um conceito esquecido: um grande navio de guerra no estilo dos cruzadores de batalha das duas guerras mundiais. Nenhuma outra Marinha do mundo pensou que valia a pena. A revista National Interest relembra a história dos navios temíveis do projeto 1144 (classe Kirov).
O conceito inicial dos navios da classe Kirov tinha a ver com a guerra antissubmarino, escreve Robert Farley, colaborador da revista National Interest e autor de vários livros sobre armamentos.
Os navios da nova classe deviam detetar e combater os submarinos inimigos, protegendo assim os grupos de ataque navais soviéticos.
No entanto, os avanços nas tecnologias de mísseis na década de 1970 abriram caminho para um conceito ainda mais ousado: um navio de guerra capaz de atacar qualquer alvo marítimo, seja submarino ou um navio de superfície, escreve Farley.
O núcleo do projeto 1144 foi o míssil supersônico antinavio P-700 Granit. Com essas armas, os navios passaram a ser capazes de atacar os porta-aviões estadunidenses sem prejudicar suas capacidades de guerra antissubmarino.
Com essas capacidades, as suas proporções aumentaram: os navios da classe Kirov eram maiores do que qualquer outro navio soviético, inferiores apenas aos porta-aviões e aos grandes navios de assalto anfíbios.
A respectiva classe também desempenhou um papel "auxiliar". Com uma central de energia nuclear, o navio é capaz de efetuar missões longas. A URSS usou essa capacidade para projetar força no alto-mar e manter seu prestígio naval no mundo.
A aparição dos navios da classe Kirov forçou os EUA a retirarem das reservas seus antigos cruzadores da classe Iowa, construídos antes da Segunda Guerra Mundial, bem como a reconsiderarem as ameaças marítimas em sua doutrina naval.
Família Kirov
Apenas quatro navios do projeto 1144 foram construídos antes da dissolução da URSS. Em relação a um deles, Kirov, a decisão sobre o desmantelamento já foi tomada. Outro, o Admiral Lazarev, está em conservação e aguarda a decisão final do Comando da Marinha russa sobre seu destino.
Contudo, seus dois irmãos continuam efetuando serviço na Marinha nacional. O cruzador de mísseis nucleares Pyotr Veliky é o navio-chefe da Frota do Norte. Ao longo do seu serviço, ele participou de várias missões antipirataria e de manobras em diferentes partes do mundo, relembra o autor.
Em outubro de 2016, ele se juntou ao grupo naval russo liderado pelo único porta-aviões russo, o Admiral Kuznetsov, em sua missão nas costas da Síria, recebendo seu "batismo de fogo".
O cruzador-gêmeo Admiral Nakhimov entrou nos estaleiros para se submeter a uma modernização com o fim de renovar todos os seus equipamentos e armamentos e prolongar assim seu período de vida útil por muitas décadas mais. Uma vez que os trabalhos nesse navio terminarem, o Pyotr Veliky também passará pelas mesmas melhorias.
Os dois navios da classe Kirov existentes continuam sendo uma ameaça para qualquer navio da Marinha dos EUA e também são um símbolo do poder da Marinha russa.
São encarnações de um conceito que quase desapareceu depois da Segunda Guerra Mundial mas que, com novos sistemas e equipamentos modernos, formam "uma formidável mistura de armamentos", conclui Farley.

Dilma à Sputnik: nas relações de Temer com EUA, há 'continência de se mostrar submisso

Em 6 de outubro, a Sputnik Brasil teve uma oportunidade única de entrevistar com exclusividade a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff no decorrer da sua visita à Rússia. Durante a conversa, fizemos questão de abordar não só as questões internas, mas também as da agenda geopolítica internacional.
Para qualquer cidadão brasileiro, bem como para um observador externo, fica evidente que com a chegada do novo governo, na sequência do impeachment da petista Dilma Rousseff no ano passado, a estratégia brasileira no palco internacional passou por várias mudanças. A Sputnik Brasil falou com a presidente afastada para descobrir sua opinião sobre o tema.
Sputnik Brasil: Bom, e passando pela agenda internacional um pouco. Há duas semanas, Michel Temer participou de um "jantar" organizado pelo atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para os líderes de vários países da América Latina; o encontro foi dedicado à situação na Venezuela. A aliança com Washington no que toca a assuntos do continente sul-americano pode ser considerada segura? Como a senhora pode explicar o interesse elevado de Washington em relação à Venezuela?
Dilma Rousseff: Olha, Washington tem tido esse interesse elevado em relação à Venezuela há muito tempo, porque na América Latina, nessa região do mundo, se você considerar a produção global de petróleo, a Venezuela tem uma das maiores reservas do petróleo do mundo. Venezuela é um país bastante rico: tem terras férteis, a Venezuela é um país muito significativo na ordem da geopolítica internacional. O que é que acontece com o governo Temer? Quando eu disse que o golpe é para enquadrar a gente geopoliticamente, porque eu disse isso? Porque desde o governo Lula, passando pelo meu governo, nós tivemos uma atitude clara.Especificando os principais pontos dessa "atitude", Dilma destacou que o governo petista sempre deu "importância aos nossos vizinhos latino-americanos" e criou "espaços de articulação multilateral", tais como a UNASUL e a CELAC, além do Mercosul que já existia. Em seguida, a ex-chefe de Estado brasileiro enfatizou os principais "fracassos" estratégicos da política externa do seu ex-companheiro na chapa.
"O governo Temer (além da gente ser pró-América Latina, nós somos a favor da África) assume e fecha as embaixadas na África ou diz que vai fechar as embaixadas na África. Por quê a África? Porque somos o maior país negro fora da África e, se você considerar as populações dos países africanos, somos a segunda maior do mundo depois da Nigéria. Então, o Brasil tem uma relação com a África que é de raiz, ou seja, integra sua nação. Então, a África era muito importante", criticou.
Multilateralismo como prioridade está sendo questionado?
Entretanto, a petista deu um destaque especial às organizações internacionais que surgiram no período de governança do seu partido, elogiando, particularmente, o grupo dos países BRICS.Aí, vêm os países emergentes, notadamente os BRICS. Nós ajudamos tais países como a Rússia, a China e a Índia a construir os BRICS, posteriormente entra a África do Sul. Por que é que os BRICS são importantes? Porque os BRICS são afirmação do multilateralismo. Não vivemos em um mundo em que um país dá as cartas para que outros seguem que nem cordeiros. No caso, nós não estamos mais na época da Guerra Fria, em que os EUA consideravam a América Latina seu quintal. Nós não somos o quintal de ninguém. Nós somos uma nação que reconhece entre o concerto das nações seus iguais", defendeu Dilma, falando com a Sputnik Brasil.
Evidentemente, a senhora ex-presidente expressou uma certa preocupação com que as conquistas do seu governo, inclusive as no palco internacional, sejam prejudicadas pelo "projeto neoliberal", que veio ao poder na sequência do seu afastamento.
"Eu acho que uma das maiores realizações do século XXI é a criação dos BRICS. Se hoje o governo brasileiro não tem coluna vertical, não tem consistência e se submete a governo Trump, é porque quer, porque nós construímos uma política externa independente altiva e ativa. Altiva é o seguinte: você tem que respeitar os outros países, porque você quer ser respeitado", explicou.
Venezuela ‘na mira' da onda neoliberalista latino-americana?
Falando nomeadamente da postura do gabinete de Temer em relação à crise na Venezuela e às declarações bem ousadas do líder estadunidense em respeito a esse assunto, a Dilma não poupou palavras.
"O governo Temer, em relação à Venezuela, tem uma atitude absolutamente equivocada, porque não é só essa ação de lado Trump, parece que há continência aí… de se mostrar submisso. É sobretudo o fato que ele aceitou uma ação conjunta com os EUA de tropas na Amazônia, coisa que nunca foi aceita no Brasil, nem na época de ditadura. Qual é essa visão? Essa visão é uma visão antidemocrática, de cerco à Venezuela, visão que já se provou completamente equivocada nas avaliações que os EUA fizeram das oposições, por exemplo, na Síria, achando que eram oposições democráticas, e eram oposições que tinham organizações terroristas dentro", especificou a ex-presidente.
SB: Mas. para a senhora, há uma ligação direta entre seu impeachment e aumento da pressão contra a Venezuela?
DR: Não, […] há um ambiente, não é uma ação direta assim. O que foi para cá, é um ambiente que se cria na América Latina de avanço das forças de direita. No caso da Venezuela é gravíssimo. Por quê gravíssimo? Porque vai dar a guerra civil. Vai dar a disruptura. E ao dar guerra civil, eles estão levando a guerra para um continente que tem mais de 140 anos sem guerra, é isso que estão fazendo. E é irresponsável da parte do presidente atual ilegítimo Temer, que ocupa o Palácio, não ter protestado e não ter dito que ele é contra intervenção militar. Eu não estou falando isso por paranoia, porque Trump foi ao público que cabia intervenção na Venezuela, assim como disse que ia revogar todo o acordo com Cuba.
SB: Qual é a razão principal deste avanço de direita do qual a senhora está falando?
DR: Porque a América Latina, ela nadou contra a corrente. […] A América Latina reduziu a desigualdade no tempo em que a desigualdade crescia em todo o mundo. Você olha que a financeirização nos EUA e na Europa leva a duas coisas complicadas. Leva a um aumento da desigualdade, uma estagnação de salários, uma redução dos investimentos em ciência e tecnologia, isso mais nos EUA que na Europa. Como consequência disso, o que é que acontece com as pessoas quando veem que durante muito tempo suas demandas não são atendidas? Elas ficam descrentes dos governos, elas ficam descrentes da participação política.
Como exemplo de tal tendência, a política citou um dos maiores eventos da política europeia dessa década, ou seja, a saída britânica da União Europeia. Na opinião de Dilma, é uma evidência clara da desconfiança e indignação expressa pela população do Reino Unido em relação às estruturas europeias em meio ao crescimento de desigualdade na respectiva região do mundo.
No caso, o salário do americano médio branco estagnou: eles ganham o mesmo hoje que ganhavam 60 anos atrás. Num país cuja ideologia da ascensão social é um cimento que unifica a nação. E, ao mesmo tempo, você vê a mesma coisa no Brexit. Por que é que vota na saída da União Europeia? Porque a culpa da desigualdade eles colocam na União Europeia, como Trump coloca a culpa da desigualdade nos mexicanos e nos acordos comerciais, como se não fossem os grandes bancos, as grandes empresas financeirizadas que são responsáveis por isso", manifestou.
Segundo a ex-presidente brasileira, tais fenômenos como estagnação de salários, trabalho precário, a precarização do trabalho é "uma coisa gravíssima que ocorre na Alemanha, que ocorre na França, com legislações específicas para isso". Ou seja, na Europa há cada vez mais descontentamento. Porém, esse fenômeno, de acordo com a política, não teve a ver com a América Latina por muito tempo.
Então, uma das razões é que a América Latina não tinha isso. Era, vamos dizer, estava fora de compasso. Estava tocando uma música que não era a música da orquestra", adiantou.
Dilma voltou a sublinhar que as forças neoliberais que a sucederam, não tendo podido a derrotar em eleições gerais, construíram um "golpe" para "enquadrar" o país no respectivo paradigma político, o Brasil social, econômica e geopoliticamente.
"E se para isso é necessário ferir a democracia, prejudicar o povo brasileiro e criar um retrocesso — não tem problema, eles encaram. Por isso é que 2018 para nós, o Brasil, é um momento de resistência e luta. Nós temos que derrotar esse programa neoliberal, a melhor pessoa para fazer isso é um líder brasileiro comprovado e testado, porque o Lula não precisa de falar: 'Vou fazer.' Ele fez. Ele saiu do governo com 90% de aprovação, então, por isso é que eles tem um medo pânico do Lula, é isso que eles têm", afirmou a ex-presidente com ar otimista.

lutador da 6ª geração - um que parece muito mais do que o Northrop passou por YF-23 Black Widow



055Destroyer: o primeiro navio a lançar apenas 10 dias e o fechamento de 2 embarcações





China lança navio de guerra avançado em meio a controvérsias territoriais no Mar da China Meridional

Em que novo destróier chinês supera os navios de guerra norte-americanos?

O maior número de sistemas de lançamento vertical do novo navio militar chinês Type 055 reforça as suas capacidades de reação rápida, informa o RT.
A China continua desenvolvendo a sua Marinha. O seu novo destróier de mísseis Type 055 está equipado com 112 sistemas de lançamento vertical (VLS, em inglês), o que aumenta significativamente a capacidade de reação rápida do navio, informa o RT.
Além do mais, possuindo tal número de VLS, o navio supera os destróiers da classe Arleigh Bruke da Marinha norte-americana.
O número de VLS demonstra a capacidade de combate e de reação rápida dos navios de guerra. Considerando que a recarga de um VLS é relativamente difícil, quanto mais sistemas possuir um navio, tanto mais potente e rápida é a sua reação", explicou o analista militar Song Zhongping ao portal Global Times, citado pelo RT.

Entretanto, os destróiers possuem 96 silos lançadores, o mesmo número de sistemas de lançamento que os navios japoneses da classe Atago. 
O novo destróier Type 055 foi lançado à agua nos estaleiros de Jiangnan, em Xangai, no fim de junho. 
O navio é o primeiro da nova classe de destróiers dotados de sistemas avançados de mísseis antiaéreos e antinavio.  

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

FELIZ ANIVERSARIO SEGURANÇA NACIONAL BLOG SNB 8 ANOS

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Novo cruzador gigante da China lança desafio a potências do Pacífico

De acordo com o relatório publicado pela televisão central da China em 3 de outubro, o novo cruzador de mísseis guiados do tipo 055 chinês dispõe de 112 sistemas de lançamento vertical (VLS, na sigla em inglês), superando em quantidade os destróieres da classe Arleigh Burke da Marinha dos EUA, afirma o jornal chinês The Global Times.
Para comparar, os destróieres da classe Arleigh Burke da Marinha norte-americana, de 9.600 toneladas, contam com 96 silos de lançamento. Os destróieres japoneses da classe Atago, com um deslocamento de 10.000 toneladas, também têm 96 silos. O cruzador russo de 11.500 toneladas Varyag, o maior navio da Frota do Pacífico da Rússia, transporta 120 mísseis, compara o analista do portal WarIsBoring, David Axe.
Com os navios do tipo 055, a China alcançou, ou até superou, outras potências do Pacífico quanto ao poder de fogo naval, sublinha o autor do artigo.
No entanto, a Marinha chinesa continua atrás da dos EUA e mal supera o Japão no que diz respeito ao número de silos de mísseis verticais.
Os 39 destróieres e fragatas modernos da China, sem levar em conta os navios do tipo 055, podem ser equipados com cerca de 1.500 silos. Os 36 Burkes e 12 Ticonderogas da Frota do Pacífico dos EUA, por sua vez, juntos possuem quase 5.000 silos de lançamento. Os 19 destróieres modernos do Japão têm aproximadamente 1.000 silos, explica o especialista.
Segundo David Axe, prevê-se que o novo navio entrará em serviço na Marinha chinesa em 2018.
Anteriormente, foi informado que os cruzadores do tipo 055 de 12.000 toneladas de produção chinesa estão equipados com sistemas de propulsão elétrica, dispõem de metralhadoras de 30 milímetros do tipo 1130, sistemas de mísseis antiaéreos de curto alcance, bem como de sistemas de artilharia universais de 130 milímetros.
Segundo a informação disponível, atualmente a China está produzindo mais três cruzadores do projeto 055.

MÍSSIL DO IRÃ ALCANÇA ISRAEL E ALTERA BALANÇA DE PODER

Juntos contra o imperialismo norte-americano!", Nicolas Maduro

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Kalashnikov vs M4A1: Qual é o melhor fuzil do mundo? (VÍDEOS)

Esse experimento mostra de forma clara qual é a arma mais potente e resistente.
Videoblogueiros de um canal do YouTube decidiram testar em condições extremas um modelo de fuzil de assalto de classe Kalashnikov e a carabina M4A1, de fabricação estadunidense.
Durante o experimento dispararam com ambas as armas de maneira praticamente ininterrupta, parando só para mudar os carregadores.
Para garantir a segurança e se proteger de queimaduras, usaram máscaras militares. As medidas de precaução não foram em vão, pois após disparar ininterruptamente, ambas as armas começaram a arder nas mãos do atirador.
Então qual é a arma mais vulnerável? O experimento mostra o seguinte:  o fuzil Kalashnikov — no vídeo foi usado o modelo WASR 10, fabricado pela empresa romena Cugir na base de tecnologia original da Kalashnikov — precisou de 895 disparos para que a arma deixasse de funcionar, enquanto a carabina M4A1 mostrou problemas para continuar funcionando depois de 569 disparos.

Cientista: Terra está entrando em ciclo de 35 anos de geadas extremas

Uma série de clarões solares, que ocorreu no início de setembro, pode provocar geadas extremas neste inverno – do hemisfério Norte, declarou o diretor do Instituto Internacional de Criologia e Criosofia da Universidade Estatal de Tyumen, Vladimir Melnikov, citado pelo portal russo Ridus.
Segundo o cientista, o ciclo frio de meados do século XX pode voltar devido às baixas atividades do Sol.
Melnikov explicou que fez a sua previsão usando dados relacionados à mudança no pergelissolo, pois os eventos nestes solos permanentemente gelados são semelhantes aos da atmosfera. Segundo o especialista, a Terra entra agora no ciclo de 35 anos do pergelissolo e as primeiras geadas chegarão neste inverno.
No dia 6 de setembro, foi observado que no Sol ocorreu um clarão que, segundo os astrônomos, foi a mais forte dos últimos 12 anos, tendo alcançado uma intensidade de X9,3.
Entretanto, nem todos os cientistas compartilham a opinião de Melnikov. Não há sinais de resfriamento global, disse o biológo Rashit Khantemirov, pois a vegetação e os animais não mostram mudanças algumas. O cientista sublinhou que agora o fator principal, que indica resfriamento, é um grande volume de dióxido de carbono na atmosfera, que interrompe a influência de todos os fatores naturais.

O que o 'separatismo' do Sul do Brasil tem a ver com a independência da Catalunha?

Em meio à pressão exercida pela tentativa de independência da Catalunha, na Espanha, vem ganhando força, no Brasil, um sentimento separatista na região Sul do país. Mas o que há de semelhante entre os dois movimentos? É possível que o Brasil tenha que lidar, em breve, com um cenário parecido com o espanhol?
No último domingo, 1 de outubro, a comunidade autônoma da Catalunha, região historicamente descontente por fazer fazer parte da Espanha, realizou um referendo no qual mais de 90% dos participantes votaram a favor da emancipação. A consulta, que despertou a fúria do poder central espanhol, foi resultado de um processo iniciado quando da vitória da coligação Juntos pelo Sim nas eleições de 2015, que tiveram a causa independentista como principal fator de mobilização. 
Embora não haja um consenso entre os historiadores sobre a condição da Catalunha como um Estado independente em algum momento da história, é de conhecimento geral que, antes de 1714, ano que marcou o final da Guerra da Sucessão Espanhola, a região gozava de uma autonomia muito grande, em vários níveis, em relação ao governo espanhol, que acabou sendo perdida com a confirmação de Filipe V como rei. Mais tarde, já no século XIX, os catalães passam a experimentar um forte sentimento nacionalista, marcado por uma língua própria, cultura própria e pelo desenvolvimento industrial, que faria da região um motor econômico da Espanha.
Nos anos 1930, a Catalunha conquista novamente uma autonomia política que é logo suprimida pela subida ao poder do general Francisco Franco, responsável por uma ditadura que duraria quatro décadas, com todo o poder concentrado em Madri. A democratização do país, nos anos 1970, devolveu a autonomia à região, mas a reivindicação independentista não foi muito expressiva, até 2006, quando as autoridades catalãs adotaram um novo estatuto para a comunidade, definindo a Catalunha como nação. De lá pra cá, o desejo de separação ganhou força principalmente após a crise econômica que atingiu a Espanha, gerando ainda mais revolta entre os catalães por conta do déficit orçamentário, estimado em 16 bilhões de euros. 
E o Sul com isso?
Motivados pelo referendo catalão, representantes do movimento O Sul é o Meu Paísmarcaram para o próximo final de semana a realização de uma consulta popular sobre a possível emancipação dos três estados da região do resto do Brasil, com o objetivo de criar uma nova pátria, formada por Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 
De acordo com seus organizadores, a medida tem caráter pacífico e democrático, embora não tenha valor legal, já que não tem aprovação do Congresso Nacional. Ao contrário do que muitos afirmam, segundo Celso Deucher, um dos fundadores do movimento, a história emancipatória do Sul do Brasil teria tido início muito antes do que se imagina, muito antes até da consolidação das atuais fronteiras do país. Para ele, a reivindicação de hoje dos sulistas seria uma espécie de nova versão de uma luta inaugurada em meados do século XVI, no Guaíra, e fortalecida mais tarde nas revoluções Farroupilha e Federalista. 
Ao contrário da Catalunha, os sulistas brasileiros se afirmam, culturalmente, numa diversidade que, segundo eles, seria característica da região, onde, se não fosse o Estado brasileiro, poderiam falar fluentemente o guarani e seus dialetos, o espanhol, o italiano, o polonês, o alemão e o japonês, além do próprio português. "Um povo unido pela sua diversidade étnica e cultural. Por isso nosso orgulho de lutarmos juntos moldando nossa unidade pela nossa diversidade", diz Deucher, descrevendo os ativistas do Sul como "herdeiros de uma tradição de resistência a opressão do poder central, hoje encastelado em Brasília". 
Se não há uma unidade cultural ou linguística envolvida no desejo de emancipação, o que mais motiva os militantes do O Sul é o Meu País?
Em recente entrevista, Celso Deucher utilizou o argumento econômico, fiscal, o mesmo que desencadeou a atual insatisfação popular na Catalunha, para justificar a separação dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De acordo com ele, sob a liderança de Brasília, a região sofre com o preconceito fiscal e a perda de recursos, sendo relegada a um nível de quase
 "inexistência" no país, apesar dos seus quase 30 milhões de habitantes e de sua renda per capita maior. 
Em resumo, a lógica sulista de emancipação é a de que uma região que, ao contrário da Catalunha, não possui uma unidade cultural e linguística nem experimentou autonomias políticas e administrativas oficialmente reconhecidas pelo Estado brasileiro tem o direito de cogitar a independência com base em um sentimento de discriminação fiscal e na ideia de que suas diversidades culturais formariam uma unidade que afastaria significativamente o Sul do resto do Brasil. 
Tenha a ver ou não com a situação da Catalunha, o movimento de emancipação do Sul do Brasil realizará o seu plebiscito no próximo sábado, 7, das 8h às 20h, em diferentes cidades dos três estados. Os locais de votação podem ser conferidos no endereço plebisul.sullivre.org.