O diretor do serviço secreto de inteligência israelense Mossad reconheceu que as agências do país realizam "centenas de milhares" de operações contra "países inimigos" por ano – histórias de operações da organização contra aliados próximos não foram mencionadas.
No dia 2 de outubro, ao discursar na cerimônia de honra aos oficiais do Mossad, Yossi Cohen, diretor da organização, mencionou "centenas de milhares" de operações que o serviço secreto realiza anualmente em países inimigos, acrescentando que algumas foram "complicadas e ousadas".
Em particular, Cohen saudou o trabalho da agência contra o novo perigo – Irã, em especial, devido à presença militar iraniana na Síria e ao foco no Hamas e Hezbollah.
Mossad está reforçando sua estrutura interna, junto com novas capacidades de enfrentar futuros desafios, tal como tecnologia avançada nos sistemas de inteligência, construção de forças humanas e recursos. Estamos trabalhando em todos esses segmentos para estar prontos para os desafios que podem vir a ser enfrentados por nossas capacidades durante operações secretas dentro de muitos anos", disse Cohen.
Na cerimônia, Cohen estava acompanhado pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu, que elogiou "a iniciativa, coragem, profissionalismo, planejamento e execução" dos agentes.
"Há campanhas e operações de inteligência que proporcionam contra-ataque a ameaças que temos que lidar", disse Netanyahu.
Atividade controversa
Muitas das operações do Mossad no exterior contra vários "inimigos" são bem conhecidas. Por exemplo, em 2010 desencadeou-se um escândalo internacional quando a agência usou três passaportes australianos falsos para entrar em Dubai, onde foi assassinado o líder do Hamas Mahmoud al-Mabhouh. A Austrália, por sua vez, avisou para Israel que tal comportamento poderia comprometer as boas relações entre os países.
E, talvez, a operação internacional mais infame e ampla na história do Mossad, depois do ataque contra esportistas israelenses nos Jogos Olímpicos de 1972, em Munique, pelo grupo terrorista Setembro Negro, Mossad iniciou operação Cólera de Deus como medida de retaliação contra os membros do grupo.
No decorrer da operação, alguns palestinos, que viviam no exterior e que não tinham ligação evidente com a crise de reféns, foram assassinados em uma série de países. Um homem na Noruega foi morto depois de a agência ter recebido a informação de que Ali Hassan Salameh, planejador do ataque em Munique, estaria escondido no país.
De fato, esta informação foi enviada por Salameh para desviar Mossad da pista. Uma dúzia de agentes foi enviada à Noruega para monitorar, como eles achavam, Saleh. O homem que foi assassinado era de fato inocente e se chamava Ahmed Bouchiki.
Os membros do Mossad foram depois levados a julgamento por causa do assassinato.
Com amigos deste tipo…
Contudo, várias operações do Mossad contra seus aliados são muito menos conhecidas.
Nos finais dos anos 60, Zalman Shapiro, membro famoso da Organização Sionista da América entregou urânio altamente enriquecido a Israel. Shapiro encontrou uma usina nuclear na Pensilvânia e há quem diga que uma parte do urânio tenha sido roubada da usina para criar a primeira dúzia de bombas nucleares de Israel.
De acordo com o chefe da Agência Central de Inteligência, a usina foi operação do Mossad "desde o início".
Vale destacar que, em 1985, Richard Kelly Smyth, homem de negócios e físico com contratos com a OTAN e NASA, foi preso por ilegalmente ter entregado 15 embarques de dispositivos nucleares ao governo de Israel através de uma companhia comercial israelense. Ele foi condenado a 40 meses de prisão, mas foi liberado imediatamente por ter 72 anos.
Em 1996, ficou conhecido que Israel vendeu tecnologia roubada dos EUA à China. Dizem que a transferência destas tecnologias "representou um grande passo para o desenvolvimento da aviação chinesa".