Passados alguns dias depois dos ataques verbais dos EUA contra o Irã, em Teerã foi realizada um desfile militar em que os iranianos demonstraram o seu potencial e as últimas elaborações na área de defesa. O Irã apresentou o míssil balístico Khorramshahr capaz de transportar várias ogivas.
A distância do voo de 2.000 km o permite atingir grande número de países do Médio Oriente, incluindo Israel.
Em entrevista à Sputnik Persa, o especialista em assuntos do Oriente Médio e redator-chefe do jornal Iran Press, Emad Abshenas, disse que o míssil balístico iraniano se trata de uma reação de defesa. Ele acredita ser pouco provável que o Irã fique de braços cruzados à espera de um ataque, enquanto os EUA equipam até os dentes os inimigos do Irã na região e o primeiro-ministro israelense ameaça atacar o país com mísseis:
Em meio à retórica agressiva e ataques crescentes por parte do presidente norte-americano, muitos pensavam que o Irã não resistiria ou recuaria. Mas o Irã não somente se recusou a recuar, mas demonstrou o seu novo míssil balístico Khorramshahr. Agora a questão é a seguinte: até que ponto os EUA podem agravar as relações já tensas", frisou o especialista.
Para o especialista, como mostra a experiência, quando um país recua devido à pressão dos EUA, o governo norte-americano faz todo o possível para aumentar a pressão e ganhar mais preferências. "O Irã continua inabalável, e acha que são os EUA que têm que definir a sua posição quanto ao Acordo Nuclear: cumpri-lo ou proceder com as verborreias."
A apresentação do novo míssil estava marcada para a Semana da Defesa Sagrada e, como sempre, o Irã demonstrou os avanços militares e na esfera de defesa. Não foi por acaso que o míssil recebeu o nome Khorramshahr. A cidade de Khorramshahr passou a ser designada “cidade sangrenta” depois da libertação durante a guerra contra o Iraque; para os iranianos é símbolo da vitória desta guerra injusta.
O especialista ressaltou que o Irã, antes da guerra contra o Iraque, possuía armas potentes e novíssimas, mas a maior parte delas ficou ineficaz no decorrer das ações militares. Depois da guerra, o Irã percebeu claramente que, para assegurar a sua segurança, deveria elaborar o seu próprio programa e lançar produção de armas, acrescentou.
Abshenas relembrou os antecessores do novo míssil iraniano:
Todas as armas podem ser divididas em duas categorias: de ataque e de defesa. Ao mesmo tempo, há armas, como, por exemplo, bomba atômica, que são usadas na maioria dos casos para conter. Por enquanto, ninguém, com exceção dos EUA, usou armas nucleares para atacar inimigo, e possui-las significa conter e precaver o inimigo. Mísseis balísticos se encaixam nesta categoria de armas, ou seja, são destinadas para precaver o rival."
Oficialmente, o Irã anunciou a criação de dois tipos de mísseis, entre os quais são:
— Shahab-1 e Fateh com alcance de 300 km
— Shahab-2 com alcance de 500 km
— Zulfiqar com alcance de 700 km
— Qiyam com alcance de 800 km
— Shahab-3, Emad, Qader, Sejjil, Khorramshahr com alcance de 2.000 km
— míssil de cruzeiro Soumar com alcance de 2500 km
— Shahab-2 com alcance de 500 km
— Zulfiqar com alcance de 700 km
— Qiyam com alcance de 800 km
— Shahab-3, Emad, Qader, Sejjil, Khorramshahr com alcance de 2.000 km
— míssil de cruzeiro Soumar com alcance de 2500 km
"Todos estes mísseis representam grande ameaça para os países que planejam algo ruim contra o Irã. Os Khorramshahr podem transportar ao mesmo tempo três ogivas com o peso total de até 1.800 kg."
O especialista ressaltou que enquanto outros países ameaçam o Irã, ele vai continuar desenvolvendo e apresentando à comunidade mundial seus armamentos modernos – isso de maneira alguma viola o Acordo Nuclear.
Só resta assinalar que o programa de míssil não viola as disposições do Acordo Nuclear. Para diminuir a tensão, o Irã durante muito tempo não deu passos que pudessem causar preocupação da oposição esperando que as sanções financeiras e econômicas fossem canceladas. Contudo, os EUA não estão prontos para cumprir a sua parte das obrigações, e nestas circunstâncias não podem acusar o Irã de ações que, possivelmente, não agradem a alguém, mas não violam o Acordo Nuclear de maneira alguma. Conforme os acordos internacionais, o Irã tem o direito de desenvolver o seu potencial militar e de defesa e vai responder à política das sanções e ameaças com a criação de armas modernas mais potentes."
O redator-chefe do jornal Iran Press reforça: "Enquanto os EUA estão equipando os inimigos do Irã na região e Israel está ameaçando o Irã quase que diariamente com ataques militares, não se pode esperar que o Irã fique de braços cruzados. É claro que nestas circunstâncias o Irã deve aumentar o seu potencial militar para, de um lado, criar algum balanço, por outro, prevenir um possível ataque dos inimigos. Infelizmente, algumas pessoas, incluindo Donald Trump, entendem apenas o idioma da força."