A França está pedindo que as sanções econômicas contra o Irã por seu programa nuclear sejam aplicadas o mais rápido possível porque teme que Israel perca a paciência e cometa um ataque militar em meados desse ano, segundo fontes oficiais anônimas citadas nesta quinta-feira pelo jornal Le Monde.
"Acreditamos que falta cerca de um ano" para que o Irã tenha a bomba atômica, e "os israelenses não esperarão um teste nuclear iraniano para solucionar o problema", conforme depoimento de fontes francesas em artigo do jornal.
Se as autoridades israelenses decidirem bombardear as instalações nucleares iranianas, "o momento de maior risco é o meio do ano", indicaram as mesmas fontes.
Um diplomata francês de alto escalão informou que "se os israelenses quiserem atacar antes de se chegar a um estágio irreversível (no programa nuclear do Irã), o melhor momento será antes das eleições presidenciais americanas" de novembro.
A razão disso é que durante a campanha o presidente americano, Barack Obama, "estará submetido a uma pressão política muito forte para não deixar Israel sozinho diante da tentação de atacar militarmente" o Irã, acrescentou o diplomata.
Outra fonte oficial entrevistada pelo Le Monde e que também não quis se identificar explicou que para a França esse cenário bélico seria "uma catástrofe", como já veio advertindo o presidente francês, Nicolas Sarkozy, desde agosto de 2007.
Um bombardeio aéreo no Irã serviria para unir os iranianos em torno do líder supremo da revolução, o aiatolá Ali Khamenei, e "não faria mais do que atrasar o programa nuclear iraniano, sem dar uma detenção brusca definitiva", alertou o oficial francês.
Nesse contexto, o esforço diplomático francês para o avanço das sanções, como o embargo petrolífero debatido na União Europeia, consiste em "obrigar o Irã a optar entre o futuro do regime e a bomba nuclear", para que Teerã entenda que é melhor acabar com seu programa, já que do contrário o bloqueio poderia levar o país a uma crise econômica.
Além dessa questão sobre um possível ataque de Israel, o jornal francês destacou as "tensões" entre a equipe de Sarkozy e a de Obama pela crise iraniana.
O alto diplomata francês indicou que o presidente dos Estados Unidos teve dificuldade de assumir medidas contra o petróleo iraniano pelo medo de que isso possa provocar um aumento do preço do barril que se volte contra ele mesmo durante a campanha para sua reeleição em novembro.
O funcionário francês também reprovou Obama por não ter reconhecido o que Paris considera como "o fracasso de sua política de mão estendida" a Teerã.