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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sonda da Nasa vai analisar a tênue atmosfera da Lua

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Nasa está voltando à Lua para estudar uma coisa que quase ninguém sequer imaginava que existisse: a atmosfera lunar.
Se tudo correr bem, a sonda não tripulada Ladee (sigla para Explorador do Ambiente de Poeira e Atmosfera Lunar) deve decolar nesta sexta-feira, iniciando uma série de primazias para o programa espacial americano.
Será a primeira decolagem da Instalação de Voo Wallops, centro da Nasa na Virgínia. Até então, os lançamentos costumavam ser feitos a partir do Cabo Kennedy, na Flórida.
Também será a primeira espaçonave a manter comunicação com o pessoal em terra por laser, em vez de rádio, além da órbita terrestre.
Tudo para analisar a poeira que, ao que tudo indica, se eleva da superfície lunar, por motivos ainda não totalmente compreendidos.QUASE NADA
Chamar o objeto de estudo da Ladee de "atmosfera" chega a ser uma gentileza. Para os efeitos práticos, a Lua não tem um invólucro gasoso como a Terra. O que há, na melhor das hipóteses, são partículas do solo em suspensão.
Só elas poderiam explicar um estranho brilho observado na borda da Lua no nascer do Sol, visto pelos astronautas das missões Apollo nas décadas de 1960 e 1970.
Da Terra, é possível estudar a atmosfera de outros mundos no Sistema Solar por meio das ocultações, nas quais o astro a ser investigado passa à frente de uma estrela de fundo.
Analisando a luz que passa de raspão pelo objeto de estudo, é possível determinar a existência de uma atmosfera e até sua composição.
Isso já foi feito para a Lua, sem resultado apreciável. "Pelo que sei, nas ocultações estelares pela Lua, não há nenhuma assinatura de atmosfera, o que significa que ela deve ser de pressão muito baixa e inferior ao limite de detecção", diz Roberto Vieira Martins, astrônomo do Observatório Nacional que estuda objetos além da órbita de Netuno usando essa técnica.
Ou seja, a Ladee está num território novo. A Nasa estima que a densidade da atmosfera lá seja um centésimo de milésimo da terrestre.
Numa órbita baixa ao redor da Lua (até 20 km da superfície), a sonda tentará colher grãos de poeira que possam estar em suspensão e medir a luminosidade emanada por eles no horizonte, para detectar sua natureza e composição exata.
Outro experimento importante da sonda é de cunho tecnológico. Ao usar laser para a comunicação, ela pode iniciar a aposentadoria do rádio como forma de transmissão de dados no espaço profundo. As vantagens são a energia bem mais baixa para enviar e receber pulsos de luz e a maior velocidade de transmissão de dados.
A espaçonave deve passar cem dias em sua fase científica, depois dos quais ela naturalmente decairá em sua órbita, até colidir com o solo lunar. A Nasa espera receber dados da sonda, que custou US$ 280 milhões, até o momento do choque.
SNB