SEGURANÇA NACIONAL SNB BRASIL

domingo, 27 de janeiro de 2013

FAB TV - Conexão FAB - Revista Eletrônica - Out 2012

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Vocabulário da Guerra dos Drones


AUMF: Autorização de Uso de Força Militar, uma lei aprovada pelo Congresso dias após os ataques de 11 de setembro de 2001, autorizando o presidente a usar de "toda a força necessária e apropriada" contra qualquer pessoa envolvida nos ataques ou que desse abrigo aos envolvidos. Baseados na AUMF, tanto Bush quanto Obama reivindicaram autoridade ampla para deter e matar suspeitos de terrorismo.
AQAP: A Al Qaeda na Península Arábica é a filial iemenita da Al Qaeda ligada à tentativa de explosão de um avião comercial no dia de Natal de 2009.
No último ano os EUA intensificaram os ataques à AQAP, alvejando líderes e também militantes não especificados"Disposition Matrix": Um sistema para rastrear alvos terroristas e avaliar quando --e onde-- eles podem ser mortos ou capturados. O "Washington Post" divulgou no semestre passado que a matriz é uma tentativa de codificar para o longo prazo as "kill lists", ou listas de alvos da administração.
Glomar: Uma resposta que rejeita um pedido de informação sobre um programa classificado, alegando simplesmente que a existência da tal informação não pode ser confirmada nem desmentida. O nome remonta a 1968, quando a CIA disse a jornalistas que não poderia "nem confirmar nem negar" a existência de um navio chamado Glomar Explorer. Aos pedidos de informações sobre seu programa de drones, a CIA vem dando respostas glomar.
JSOC: O Comando Conjunto de Operações Especiais é um setor de elite e sigiloso das Forças Armadas. Unidades do JSOC realizaram o ataque a Bin Laden, operam os programas de drones das Forças Armadas no Iêmen e na Somália e também realizam coleta de informação.
Ataque a personalidade: Um ataque seletivo contra um indivíduo específico identificado como líder terrorista.
"Signature Strike": Um ataque contra alguém que se acredita ser militante, mas cuja identidade não é necessariamente conhecida. Esses ataques seriam baseados numa análise de "padrão de vida" --ou seja, informações sobre seu comportamento que sugerem que o indivíduo seja militante. Essa política, que teria sido iniciada por Bush no Paquistão em 2008, hoje é permitida no Iêmen.
TADS: Ataque de Interrupção de Ataques Terroristas, termo usado ocasionalmente para descrever alguns ataques em que a identidade do alvo é desconhecida. Funcionários do governo disseram que os critérios que definem esses ataques são diferentes dos critérios que determinam os "signature strikes", mas não está claro de que modo.
QUEM SEGUIR
Para reportagens e comentários no Twitter sobre a guerra com drones:
@drones reúne editoriais, artigos de opinião e notícias sobre drones. É administrado por membros da Electronic Frontier Foundation, que cobre segurança nacional
e manifesta diretamente preocupações com privacidade no uso de
drones dentro dos EUA.
@natlsecuritycnn traz últimas notícias.
@Dangerroom, da "Wired", cobre segurança nacional e tecnologia, incluindo muitas informações sobre drones.
@lawfareblog cobre as dimensões legais dos drones.
@gregorydjohnsen é especialista no Iêmen e acompanha de perto a
guerra nesse país.
@AfPakChannel, da New America Foundation e "Foreign Policy", tuíta notícias e comentários sobre Afeganistão e Paquistão.
FOLHA..SNB

França encurrala combatentes ligados à Al Qaeda no Mali


A guerra do Mali entrou na terceira semana com os franceses encurralando combatentes ligados à Al Qaeda em Gao (1.200 km de Bamaco), um dos principias bastiões dos rebeldes que ocupam o norte do país.
Do ponto de vista militar, começa a fase crítica do combate porque a luta por terra deverá se intensificar.
Desde 11 de janeiro, os franceses retomaram duas cidades do centro do país --Konna e Diabali-- seguindo a mesma fórmula: primeiro, ataques aéreos contra alvos da Al Qaeda antes de ocupar as zonas urbanas com blindados e forças especiais para, depois, entregar as áreas para o Exército malinês.A Al Qaeda do Magreb Islâmico e Ansar Dine, os principais grupos de radicais islâmicos, são capazes de se deslocar rapidamente em caminhonetes quatro por quatro e tiveram mais de sete meses para esconder suprimentos e armas pelo deserto.
Muitos dos rebeldes são veteranos da guerra civil da Argélia nos anos 1990 e dos combates na Líbia que antecederam à queda do ditador Muammar Gaddafi, segundo o Exército francês.
Na semana passada, o ministro da Defesa da França, Jean-Yves Le Drian, admitiu que os radicais islâmicos são bem treinados e têm grande conhecimento do terreno. Segundo ele, os rebeldes costumam se misturar à população civil para se proteger de ataques aéreos.
No campo político, as autoridades do Mali começaram a adotar um discurso otimista, prevendo uma vitória completa sobre os grupos que ocuparam o norte do país expulsando, praticamente sem resistência, o Exército local.
Embora tenha apoio logístico e material de uma dúzia de nações, a França é o único país europeu a ter enviado soldados para lutar no solo. O isolamento só não é maior porque Paris conseguiu convencer países vizinhos ao Mali a reforçar o efetivo.
Este isolamento é o foco das críticas que o presidente socialista François Hollande passou a receber da sua oposição de direita.
Quanto mais a guerra durar, mais tende a se agravar a situação humanitária no norte de Mali, um dos países mais pobres do mundo.
Até agora, segundo o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), 380 mil pessoas já abandonaram suas casas desde o controle dos radicais islâmicos. O número, segundo a agência, poderá chegar a 700 mil nos próximos meses.
No norte desértico, onde vivem cerca de 1,8 milhão de habitantes, a ofensiva militar interrompeu a chegada de alimentos e medicamentos por causa da linha de cerco imposto pelos franceses.
FOLHA SNB

Drones: controvertidos franco-atiradores


Enquanto Barack Obama se preparava para subir ao palco do Centro de Convenções de Washington e celebrar, dançando, sua segunda posse, apenas um pequeno grupo de manifestantes enfrentava a baixa temperatura e a polícia para protestar.
O alvo único? Aquilo que se tornou a marca --ou mácula-- registrada do primeiro governo do democrata e prêmio Nobel da Paz em 2009: os drones.
A palavra em inglês, roubada da zoologia (significa "zangões"), define aeronaves robóticas, não tripuladas, que conduzem tanto operações de vigilância como de ataque, e se tornou o código para uma controversa política de assassinatos seletivos que Obama ampliou em lugares como o Paquistão, a Somália e o Iêmen.
Números a esse respeito são estimativas com base em registros da imprensa. Mas um surto de mortes ocasionadas por ataques de drones em 2010 --quando elas somaram 818 só no Paquistão segundo a independente New America Foundation-- causou reveses de opinião pública e vozes dissidentes no governo e na academia.
De 20 países analisados pelo Centro Pew de pesquisas em 2012, só nos Estados Unidos uma maioria apoiava seu uso. E um em cada três americanos se opunha a ele.
CAMPANHA
Críticas e pedidos por transparência ganharam eco nos últimos meses, com a campanha que reelegeu Obama --um presidente que diz ter acabado com a tortura em suas fileiras e prometera, sem sucesso, fechar a prisão de Guantánamo para suspeitos de terrorismo, heranças do governo George W. Bush com as quais os drones competem em impopularidade.
"Há exagero do governo [americano] em dizer a toda hora que os drones são a melhor coisa que existe", reclamou em teleconferência nesta semana o almirante Dennis Blair, que de janeiro de 2009 a maio de 2010 foi Diretor Nacional de Inteligência.
"Isso é uma visão de curto prazo para algo que será um problema de longo prazo", afirmou.
Blair, como outros críticos militares e civis, não vê erro no uso de drones, que descreve como "evolução dos franco-atiradores usados por Estados contra inimigos de peso em situações de guerra".
Tampouco teme que ele se reverta a favor dos inimigos --a tecnologia dos robôs armados ainda é privilégio dos Estados Unidos e só agora começa a ser desenvolvida por Israel; além disso, para que ela tenha serventia é preciso contar com uma ampla rede de inteligência da qual outros governos e atores não estatais carecem.
O problema, ressalta o militar, é que falta ao governo transparência para explicitar sua política e a inexistência de balizas ao conduzi-la.
Micah Zenko, um especialista em segurança do influente centro de estudos Council on Foreign Relations, concorda e lista as consequências do silêncio público.
Autor de um estudo abrangente e sóbrio sobre o tema apresentado nesta semana, ele aponta para uma corrosão do "soft power" americano e para a alienação da opinião pública doméstica --ambos, a seu ver, fundamentais para amparar as operações.
"Nas áreas tribais do Paquistão e nas zonas rurais do Iêmen, os drones são a cara da política externa dos Estados Unidos. E, porque nós não articulamos nem descrevemos nossa política, permitimos que outros o façam", ponderou Zenko em entrevista à imprensa. "É um erro estratégico de comunicação."
Seu relatório, "Reformando as Políticas de Ataque com Drones dos Estados Unidos", traz recomendações à Casa Branca, ao Congresso dos Estados Unidos e às instituições internacionais, quase todas voltadas à melhor divulgação de informações, no primeiro caso, e à supervisão e à revisão das ações militares americanas, nos demais.
Uma de suas propostas é a criação de uma associação internacional de fabricantes de drones, que poderia coletar informações e produzir dados hoje inexistentes.
CIVIS
Por ora, o pesquisador usa uma média de estimativas de ONGs para contabilizar em 3.430 os assassinatos por drones nos últimos 12 anos. Ao menos 401 deles, calcula, são de civis. Mas muito poucos, frisa, são de líderes terroristas de alto escalão.
"O governo Obama afirma, por questões legais, que todos os indivíduos visados são líderes sêniores da Al Qaeda e que representam uma ameaça significativa e iminente à segurança dos Estados Unidos", afirma. "Na verdade, não são essas pessoas que os Estados Unidos visam, e isso traz à tona a questão dos 'signature strikes'."
Os "signature strikes" de que Micah Zenko fala são ações que visam militantes não identificados com base em seu perfil, seus padrões de comportamento e redes de contatos --uma aplicação, com pena capital, da máxima "diga-me com quem andas que te direi quem és".
"Os Estados Unidos deveriam explicar melhor sua política e rever esse aspecto, limitando os assassinatos a líderes de organizações terroristas internacionais e indivíduos com envolvimento passado ou corrente em tramas contras os Estados Unidos e seus aliados", argumenta Zenko.
No último domingo, o jornal "Washington Post", citando fontes no governo e militares, revelou que uma cartilha de contraterrorismo que vem sendo preparada pelo governo Obama com objetivo de fixar regras claras sobre potenciais alvos de operações de assassinato seletivo nada diz sobre drones.
folha SNB