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terça-feira, 18 de maio de 2010

O embargo à venda de componentes eletrônicos de aplicação espacial, imposto à China pelos Estados Unidos, atrasou o desenvolvimento do satélite Cbers-3, uma produção binacional
entre Brasil e China. O lançamento está previsto para o segundo semestre de 2011, mas o fim das operações do satélite anterior Cbers-2, que terminou sua vida útil no espaço, deixou o Brasil sem um substituto imediato para seu principal instrumento de produção de imagens do território nacional. O Cbers-2b era usado, principalmente, para monitorar o desmatamento na Amazônia.




O vazio de imagens deixado pelo Cbers-2B está sendo compensado com o uso dos satélites americanos Terra/Modis e Landsat-5, e do indiano Resourcesat. “Existe uma restrição dos americanos ao projeto do satélite (do Brasil) com a China, e por isso eles dificultam a venda de componentes ao Brasil”, diz César Ghizoni, diretor-presidente da Equatorial, uma das fornecedoras do programa Cbers.

“Isso mostra a importância de o país ter uma estrutura para qualificar componentes de aplicação espacial.”

A restrição à venda desses componentes ocorre porque o governo dos Estados Unidos acredita que a China não segue as normas do International Traffic in Armas Regulations (Itar), afirma o coordenador do projeto no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Cartaxo. Segundo o coordenador, os EUA temem que a China faça uma aplicação militar do programa Cbers e, por isso, restringem a venda de componentes espaciais para institutos e indústrias brasileiras envolvidas no projeto.

A Equatorial desenvolveu uma câmera especial que equipará o terceiro satélite da série Cbers.



Porém, foi atingida pela restrição dos americanos. Os componentes eletrônicos que equipam a câmera são especificados e comprados pelo Inpe e integrados no equipamento pela Equatorial. O Inpe realiza a compra dos componentes por meio de empresas qualificadas na Europa e nos EUA.

Segundo o diretor-presidente da Equatorial (que tem como parceiro estratégico o grupo europeu EADS, controlador da Astrium, maior fabricante de satélites do mundo), a existência de laboratórios de testes de resistência à radiação como o do IEAv, é um passo fundamental para o Brasil conquistar a sua independência no desenvolvimento do seu programa espacial.

Com quatro contratos de fornecimento de equipamentos para o Cbers-3, a empresa Omnisys também pretende utilizar os laboratórios do IEAv para testar a blindagem à radiação que desenvolveu para alguns dos componentes que produz para o Inpe. “Não conseguimos comprar os componentes com os níveis de radiação exigidos para o ambiente espacial e por isso vamos usar os recursos do IEAv para resolver esse problema”, explica um dos diretores da empresa, Jorge Ohashi.



Um dos componentes relacionados pelo executivo é um transistor de potência que seria usado no transmissor de dados das câmeras do Cbers, mas teve que ser substituído por válvulas do tipo TWTA (Traveling Wave Tube Amplifier), adquiridas posteriormente de um fornecedor francês. “Isso causou um impacto considerável no projeto do Cbers-3, porque fomos obrigados a mudar todo o conceito de desenvolvimento do sistema”, comentou. Para o coordenador do programa no Inpe, uma das alternativas que vem sendo estudadas para superar esse tipo de obstáculo é a compra de componentes de uso comercial, menos sujeita a controle e embargos: “A situação de embargo hoje é mais crítica e os testes de resistência à radiação são importantes para que possamos utilizar um maior número de componentes comerciais, comprados no mercado de fornecedores confiáveis e depois qualificados em nossos próprios laboratórios”.

Segundo o diretor do Cbers, como o programa espacial brasileiro não produz nada em grande escala, o ideal seria ter uma linha de produção pequena para componentes mais simples, como resistores e capacitores, pois a montagem de uma infra-estrutura para todos os componentes de um satélite seria inviável pelo alto custo e nível de complexidade.

O Inpe dispõe de um Laboratório de Integração e Testes (LIT), único no hemisfério Sul

capacitado para fazer testes com qualificação espacial e militar. O laboratório realiza testes de vibração e choque, vácuo, temperatura e umidade, interferência e compatibilidade eletromagnética de satélites, de seus subsistemas e de cargas úteis para operação no espaço.

As indústrias automobilística e de telecomunicações são as principais usuárias do laboratório do Inpe, com a realização de testes de interferência eletromagnética em telefones celulares e antenas e na eletrônica embarcada dos veículos.

(VS).


Comentário Panorama Espacial: O título da matéria deveria ser: A Incompetência Governamental Atrasa Lançamentos de Satélites. Sete anos de governo LULA e não obtivemos nenhum avanço significativo nessa área. O problema com o ITAR não é de agora leitor, diversos exemplos ocorreram antes mesmo do governo LULA (inclusive no Programa CBERS) e a verdade é que nada foi feito nem antes e nem nos sete anos desse governo para pelo menos amenizar este problema. É muito fácil ficar jogando a culpa nos outros para esconder a nossa incompetência. Os componentes são americanos e eles vendem a quem eles acharem que devem vender, ponto. Cabe a nós buscar soluções para os nossos problemas e não ficar culpando os outros por adotarem regras para venda de componentes desenvolvidos por eles, afinal quem produz é que dita às regras. Tome como exemplo a CHINA, que apesar do embargo americano está com seu programa espacial em franco desenvolvimento. Um verdadeiro “Melô do Chororô”. Lamentável.

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