quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Israel ameaça Irã com conflito militar por estreito-chave no mar Vermelho

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou o Irã com o início de um conflito militar, no qual também participaria uma coalizão internacional, caso Teerã feche uma importante via fluvial na região.
Trata-se do estreito de Bab-el-Mandeb, que, devido à sua localização na entrada meridional do mar Vermelho, é uma das rotas marítimas mais transitadas do mundo. Também é uma passagem para o tráfego marítimo ao porto de Eilat, ao sul de Israel.
"Se o Irã tentar bloquear o estreito de Bab-el-Mandeb, estou convencido de que [Irã] enfrentará uma coalizão internacional para evitar o bloqueio e esta coalizão também incluirá todas as forças militares de Israel", destacou Netanyahu aos graduados do curso de capitães de elite da Marinha de Israel em sua base de treinamento naval, em Haifa.
O primeiro-ministro israelense fez uma referência ao ataque da semana passada, em que os houthis — os rebeldes iemenitas do movimento xiita Ansar Allah — realizaram contra os barcos petroleiros sauditas no mar Vermelho, próximo das costas ocidentais do Iêmen, causando um leve dano a uma das embarcações.
A coalizão internacional, majoritariamente integrada por países do Golfo Pérsico e liderada pela Arábia Saudita, que conta com o apoio dos Estados Unidos e Reino Unido, acusa o Irã de apoiar os houthis.
Pouco depois do discurso de Netanyahu, o ministro da Defesa do país, Avigdor Lieberman, disse aos graduados que o exército Israelense, que enfrenta ameaças de segurança nas fronteiras tanto ao norte como ao sul do país, é capaz de liderar uma guerra em múltiplas frentes.
"Valentes marinheiros, nossos homens de ferro, estão prontos a qualquer momento e para qualquer missão", postou no Twitter depois da cerimônia.
"Estarão prontos no mar Vermelho, ao norte e ao sul. Estamos prontos para uma operação em todas as frentes de uma vez, a postos para atacar o inimigo com um golpe poderoso", acrescentou.

Iskander contra ameaça marítima: nova arma para combater navios da OTAN

Com alcance de até 500 quilômetros, uma trajetória imprevisível de voo do míssil e altíssima precisão – os analistas ocidentais reconheceram o sistema tático e operacional Iskander-M como uma das mais perigosas armas russas.
Mas esse sistema único não é apenas capaz de atingir alvos terrestres. Recentemente, o sistema foi testado contra alvos marítimos. A Sputnik analisa como o sistema Iskander-M interage com os sistemas de mísseis de defesa costeira Bal e Bastion.
Resposta simétrica
As brigadas de mísseis balísticos táticos Iskander-M estão estacionadas na região de Transbaikal, Extremo Oriente, região de Leningrado e no sul da Rússia. No inverno, em resposta ao reforço do agrupamento militar da OTAN na Polônia e no Báltico, os Iskander foram também instalados na região de Kaliningrado. Na Síria, esse sistema de mísseis balísticos realizou com sucesso ataques de precisão contra alvos dos terroristas.
O sistema operacional e tático Iskander-M (SS-26 Stone, segundo a classificação da OTAN) se destina a atingir alvos de pequena dimensão e áreas – sistemas de mísseis, lançadores de foguetes múltiplos, artilharia de longo alcance, aviões e helicópteros em aeródromos, postos de comando e centros de comunicação a uma distância de até 500 quilômetros. O sistema foi adotado em serviço em 2006.
O Iskander-M foi criado como uma arma de alta precisão das forças terrestres para uso em diferentes teatros de operações, a qualquer hora do dia ou da noite, em condições de atividade de sistemas de defesa antimíssil e de guerra eletrônica. Além de um único lançamento, é possível disparar uma salva de dois mísseis. Disparar em "dueto" é uma vantagem importante deste sistema em relação aos sistemas obsoletos Tochka-U e Oka. A preparação para o lançamento pode ser realizada em apenas quatro minutos.
Sistema de mísseis balísticos táticos Iskander-M no fórum militar Exército 2017
© SPUTNIK / PAVEL LISITSYN
Sistema de mísseis balísticos táticos Iskander-M no fórum militar Exército 2017
O míssil de combustível sólido de estágio único 9M723 do sistema Iskander-M é fabricado usando a tecnologia stealth. Ele é controlado durante toda sua trajetória de voo, manobrando constantemente. Sua velocidade é de mais de dois mil quilômetros por hora. A ogiva pesa cerca de meia tonelada e está equipada com submunições de fragmentação, cumulativas, perfurantes, incendiárias e outras.
Ameaça para destróieres
Caso seja necessário, o Iskander pode disparar o míssil de cruzeiro de alta precisão R-500 Kalibr. Esta família de munições permite combater não apenas alvos terrestres do inimigo, mas também navios de guerra.
"O míssil Iskander-M tem uma trajetória de voo quase balística, ele atinge qualquer alvo terrestre", explicou o especialista militar Aleksei Leonkov.
"Mas com os mísseis de cruzeiro do tipo Kalibr, o sistema é reorientado para navios de segundo e terceiro escalão, por exemplo os destróieres norte-americanos Arleigh Burke – portadores de mísseis Tomahawk e de elementos do sistema de defesa antimísseis Aegis. Esses navios, além dos cruzadores da classe Ticonderoga, são as principais plataformas de ataque para o primeiro ataque global incapacitante", acrescentou.
Sistema de mísseis balísticos táticos Iskander-M durante o desfile de equipamento militar no polígono de Alabino no fórum internacional militar Exército 2016
© SPUTNIK / GRIGORY SYSOEV
Sistema de mísseis balísticos táticos Iskander-M durante o desfile de equipamento militar no polígono de Alabino no fórum internacional militar Exército 2016
O alcance do míssil de cruzeiro Kalibr é de até 500 quilômetros. Na fase final, ao se aproximar do alvo, o míssil desenvolve uma velocidade supersônica de até três Machs.
"Ele voa baixo – de cinco a dez metros, então é quase impossível atingi-lo com os meios de defesa antiaérea embarcados. Dependendo do peso da ogiva – de 200 a 500 quilos – os mísseis resolvem tarefas diferentes. Os mais leves são destinados a destróieres, os mais pesados – para cruzadores", continua Leonkov.
Solução integrada
O Iskander antinavio é um bom complemento dos sistemas de mísseis costeiros. Por exemplo, o míssil balístico Bal tem um alcance menor – até 120 quilômetros. Este sistema móvel equipado com mísseis Kh-35 dispara mísseis individuais ou uma salva de até 32 mísseis com um intervalo não superior a três segundos. Leva apenas 30-40 minutos a recarregar.
Sistema de mísseis de defesa costeira Bastion
© SPUTNIK / IGOR ZAREMBO
Sistema de mísseis de defesa costeira Bastion
O Bastion é uma arma mais pesada. Seus alvos são grupos aeronavais, comboios e navios de grande porte. Ele é equipado com mísseis de cruzeiro supersônicos antinavio Oniks. Esse míssil de três toneladas voa a uma altitude de 14 quilômetros.
Perto do alvo, o míssil Oniks baixa até 10 a 15 metros e produz um impacto esmagador com uma ogiva penetrante de 300 quilos. O míssil, que acelera até 2.600 quilômetros por hora e é ativamente manobrável, é mantido na trajetória pelo sistema de navegação inercial, radioaltímetro e radar de pontaria e telemetria.
"Esta é uma munição da classe pesada projetada para lidar com navios do primeiro escalão. O Bastion pode proteger um litoral com extensão de até 600 quilômetros. E se todos os sistemas de mísseis em serviço forem combinados, é possível obter uma defesa costeira escalonada muito séria. Não devemos esquecer a artilharia costeira, usada em curtas distâncias", observa Leonkov.
Uma defesa robusta é especialmente importante quando o desembarque na costa é realizado por meio do chamado desembarque anfíbio além do horizonte. Os navios não se aproximam da costa, mas lançam embarcações pequenas e manobráveis a uma distância considerável, que transportam para terra apenas um ou dois veículos blindados e pequenos grupos de fuzileiros navais. Devido ao seu tamanho compacto, velocidade e manobrabilidade, eles são difíceis de serem detectados e ainda mais difíceis de serem destruídos.
Os navios de assalto anfíbio não agem sozinhos – eles têm cobertura de um poderoso grupo de ataque.
"Se lançar ao mesmo tempo mísseis de vários tipos – Oniks, Kh-35 e Kalibr, o inimigo terá muito mais dificuldade em interceptá-los. A defesa costeira adquire flexibilidade e é capaz de se opor a todos os tipos de navios", conclui Leonkov.

Parceria com a Rússia pode fazer Brasil pular etapas na corrida espacial

Um acordo em negociação entre os Governos brasileiro e russo poderá impulsionar o Brasil na corrida aeroespacial. Avaliação positiva sobre a proposta de assistência na criação de foguetes é feita pelo especialista em defesa Roberto Godoy, em entrevista à Sputnik Brasil.
"O que se pretende é queimar algumas etapas para o estágio seguinte", frisa o especialista. "Não é só [foguete de] órbita baixa, porque isso já fazemos aqui, mas para os foguetes que podem atuar em uma faixa mais elevada, levando cargas médias. Uma coisa mais importante, mais pesada. […] Não é uma coisa de altíssima tecnologia, mas é óbvio que a Rússia tem anos e anos de desenvolvimento nessa área e seria uma contribuição espetacular, sem dúvida nenhuma."
O Governo russo já formalizou a proposta ao Brasil para fornecer assistência na criação de foguetes portadores das classes leve e média, e está apenas aguardando uma resposta do Governo de Michel Temer. Em contrapartida para o fechamento do acordo, os russos poderiam utilizar as instalações do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão.
Esse acordo difere da proposta norte-americana, que levantou polêmica em diversos setores da sociedade brasileira em relação ao uso do cosmódromo maranhense. A possível restrição de acesso de brasileiros à área, que ficaria sob administração dos Estados Unidos, já foi rejeitada pelo Congresso Nacional em 2002, inviabilizando o acerto. A negociação foi retomada neste ano.
Roberto Godoy destaca que a proposta russa não envolve o controle da base de Alcântara, mas, apenas, o seu uso para lançamento de foguetes.
"É uma outra minuta, que não tem nada dessas coisas. É óbvio que ela é mais limitada que a primeira, mas acho que pode satisfazer os nossos interesses. É uma questão de uso das instalações", ressalta Godoy.
O interesse de outros países em firmar parcerias para o uso da base brasileira, modernizada recentemente, justifica-se principalmente por sua posição no globo, que facilita e permite um rendimento maior e mais econômico dos lançamentos.
Segundo Roberto Godoy, a economia de combustível dos lançamentos feitos de Alcântara pode chegar a 40% em relação aos de outras bases. O especialista destaca ainda que o clima na região é outro fator favorável à atividade.
As condições são normalmente adversas, complexas. Você tem janelas de lançamento, por exemplo, como acontece nos centros espaciais russos. Aqui, você pode programar e ter uma fartura de datas em que pode escolher praticamente qualquer dia para fazer sua operação", enfatiza o jornalista.
O acordo Brasil-Rússia, no entanto, pode ser postergado devido à imprevisibilidade da política brasileira, que terá eleições para a Presidência e para o Congresso em outubro. Roberto Godoy salienta que há um grande interesse do Governo de Michel Temer em deixar um legado positivo, mas o período de campanha eleitoral pode dificultar.
"A administração dele [Michel Temer] está muito interessada em deixar um legado positivo, depois de tanta má notícia que vem se acumulando ao longo deste período. Então, acho que há um interesse em acelerar, fazer com que as coisas sejam resolvidas mais depressa. Claro, o período da campanha eleitoral complica, porque muitas dessas coisas precisam ser aprovadas pelo Congresso. […] Mas acho que se houver empenho muitas coisas poderão ser resolvidas ainda neste ano. É difícil, mas há um certo empenho", destaca Godoy.
Em 2003, o Brasil já havia firmado um acordo de cooperação com a Ucrânia, no qual se previa o lançamento comercial de satélites através de foguetes de classe média Cyclon. Contudo, os atrasos nos prazos e as capacidades tecnológicas insuficientes fizeram com que o Governo brasileiro interrompesse a parceria com a Ucrânia em 2015.
Agora, o acordo proposto pela Rússia poderá ajudar a impulsionar o desenvolvimento aeroespacial brasileiro.