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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

armamentos do Rafale kits de bombas guiadas AASM


A experiência francesa na Guerra do Golfo e Kovoso mostrou a necessidade de armas guiadas de precisão de longo alcance com capacidade qualquer tempo para atacar alvos no solo. A precisão era necessária para evitar danos colaterais e foi conseguido com as bombas guiadas a laser.




Em Kosovo ocorreu frequentemente o problema de uma boa parte das missões serem canceladas devido ao mau tempo que atrapalhava a pontaria dos designadores a laser aéreos. Isto não acontecia com as armas JDAM americanas guiadas por GPS disparada pelos bombardeiros B-2 Spirit. Por terem controle dos satélites GPS/NAVSTAR, o ataque de precisão agora é dominado pelos EUA e a Europa ficou atrasada. Os mísseis cruise também mostraram sua importância contra alvos bem defendidos e também são guiados por satélites.



Na época não existia um projeto similar a JDAM ou produção fora dos EUA. O primeiro projeto semelhante foi o Armement Air-Sol Modulaire (AASM - armamento ar-solo modular) francês. A AASM é o resultado da experiência francesa nos conflitos citados. Será a nova arma guiada do caça Rafale.



O projeto inicial era desenvolver kits para equipar bombas de 125kg, 250kg, 500kg e 1000kg com cinco tipos de sistema de guiamento (imagem IR, anti-radar, TV/datalink, radar SAR e onda milimétrica). O tipo de alvo e o objetivo determinaria a potência da bomba e o tipo de guiamento como a distância, defesas e condições climáticas. Os módulos incluem modos dispare-e-esqueça e man-in-the-loop. O projeto inicial se concentrou na munição de 250kg e guiamento IR.



O estudo de viabilidade foi iniciado em 1994. A concorrência para o projeto AASM foi vencido pela Sagem Défense Sécurité (SAFRAN Group) com a arma "Karin" que foi escolhida em setembro de 2000. A SAGEM não tem experiência neste tipo de arma, mas produz muitos sistemas relevantes. Entre eles estão estações de planejamento de missão muito importante para o caso de lançamentos simultâneos contra alvos múltiplos. Os concorrentes foram o Aramis da Matra Bae Dynamics, a AASM da Aerospastiale Matra e a JDAM da Boeing.  A AASM irá substituir o míssil guiado a laser AS-30L e as bombas guiadas a laser Paveway e Matra BGL-1000. O AASM também irá complementar os mísseis cruise Apache (anti-pista) e SCALP-EG (Emploi Général) bem mais caros. O Apache entrará em serviço em 2001 equipando o Mirage 2000D e depois o Rafale. O Apache leva 500kg de sub-munições anti-pista numa distância de 140km. O Scalp/EG entrou em serviço em 2003 com uma ogiva de 400kg e alcance maior que 400km. A Força Aérea Francesa irá adquirir 450 mísseis e a Marinha francesa 50.




A AASM serão kits de conversão de outras bombas não guiadas. Os kits AASM podem ser produzidos em várias versões, com CEP que variam de 10 metros a menos. O sistema combina um sistema inercial (INS) com um receptor de GPS. As versões mais precisas, chamadas métricas, irão usar um sensor de imagem infravermelha (IIR) para guiamento terminal com CEP de 1 metro.



Inicialmente estarão disponíveis duas versões. A primeira versão chamada decimétrica todo tempo (décamétrique tout temps) com navegação por GPS/INS com CEP de 10 metros. A segunda versão é a métrica diurna/noturma (précision métrique jour/nuit ) que mantém o guiamento por GPS/INS e é adicionado um sistema de guiamento final por imagem infravermelha permitindo atingir um CEP de 1 metro. O alcance é de 15km disparada a baixa altitude a 50km disparada a grande altitude (15 mil metros) e também depende da velocidade da aeronave lançadora.

O uso de navegação por INS é importante pois os EUA controlam o código de GPS e assim a precisão das armas guiadas por GPS. A outra opção seria usar os similares russos (GLONASS) e futuramente o Europeu (Galileu). A França já estudou armas com guiamento por INS antes. No fim da década de 80 estava em desenvolvimento a Excalibur que era uma arma anti-pista de longo alcance guiada por INS com um peso de 120-250kg.



A propulsão por foguete é opcional que queima por 30 segundos. A Roxel está desenvolvendo um motor que pode fazer o míssil subir a até 3.000 metros se disparada a baixa altitude. A versão tem opção de escolher o modo de atacar o alvo. O motor queima por várias dezenas de segundos e permitirá que a AASM ataque pistas de pouso de uma posição vertical após ser disparada a baixa altitude.



A primeira versão da AASM terá uma ogiva de 250kg (bomba francesa de 250kg ou Mk82 americana de 227kg) e será usada no Mirage 2000D seguida do Rafale F2, mas em 2009 a integração no Mirage 2000D foi cancelada por questões orçamentárias.



Estão em estudo o uso de bombas de 400kg e 800kg, penetrador, lançadoras de submunições e kits de guiamento radar, anti-radar, anti-navio, guiamento de meio curso por INS sem GPS e uso de datalink para transmitir imagens.



Em dezembro de 2006 a AASM foi disparada pela primeira vez de um Mirage 2000N para a qualificação da versão com guiamento por GPS/INS. Um Mirage 2000N disparou a AASM contra um alvo simulando uma pista de pouso enquanto voava a 300 metros de altura a 550kt em uma curva de 5,5g´s. A arma atingiu o alvo na vertical.







Em testes em 2007, uma AASM foi disparada de um Rafale M a 7 mil metros com um alvo a 85 graus fora do eixo de disparo a 10km de distância. Em outro foram disparados três AASM em sequência rápida a 6 mil metros de altura contra alvos a 60 a 30 graus fora eixo a 20-25 km de distância.